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YOLANDA PANTIN
EU SOU OUTRO
Aceitei o convite para viajar.
No carro,
a paisagem passa demasiado depressa.
Roça o ouvido
a música surda que o interior repele.
Atravessamos o país sem parar,
a não ser para urinar ou beber um gole de água
nas estações de serviço.
O verão castiga cinzento e estático
como o céu.
Conversas banais distraem o assédio
das horas mortas.
Montamos as tendas
na margem de um rio largo e lamacento.
As aves chilreiam ao levantar voo.
Abeiro-me do rio
como Narciso do lago.
As águas turvas não me reflectem o rosto.
Sonhei com isto