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"Éramos um povo sem leis, mas estávamos em muito boas relações com o Grande Espírito, criador e senhor de todas as coisas. Julgáveis vós, os brancos, que éramos selvagens. Não compreendestes as nossas orações. Não procurastes compreendê-las. Quando cantávamos os nossos louvores ao Sol, ou à Lua, ou ao Vento, dissestes que éramos idólatras. Sem compreenderdes, condenaste-nos como se fôssemos almas penadas, simplesmente porque o nosso culto era diferente do vosso.
Nós víamos a obra do Grande Espírito em quase todas as coisas: no Sol, na Lua, nas árvores, no vento, nas montanhas. Por vezes aproximávamo-nos dele por intermédio destas coisas. Que mal tinha isso? Penso que tínhamos uma crença sincera no ser supremo, e uma fé maior do que a de muitos dos brancos que nos chamavam pagãos... Os índios, ao viverem junto da natureza e do Senhor da natureza, não vivem na obscuridade.
Sabíeis vós que as árvores falam? Pois falam. Falam entre elas, e hão-de, se as escutardes, falar-vos a vós. O problema dos brancos é não ouvirem. Nunca aprenderam a ouvir os Índios; por isso estimo que não ouvem outras vozes da natureza. As árvores, porém, a mim ensinaram-me muito: umas vezes a respeito do tempo, outras vezes a respeito dos animais, outras ainda a respeito do Grande Espírito."
in "A Fala do Índio", de Teri C. McLuhan, página 25, edição da Fenda Edições, Outubro de 1996
"A Terra foi criada com a ajuda do Sol, e deveria ser deixada como era... O país foi feito sem fronteiras, e não cabe ao homem dividi-la... Bem vejo os brancos enriquecerem pelo país fora, e vejo o desejo deles de nos darem terras sem valor... A terra e eu somos do mesmo espírito. A medida da terra e a medida dos nossos corpos são as mesmas. Dizei-nos, se a tal vos atreveis, que fostes enviados pelo Poder Criador para nos falardes. Julgais por certo que o Criador aqui vos enviou a fim de dispordes de nós como julgais legítimo. Se eu pensasse que fostes enviados pelo Criador, seria levado a julgar que teríeis o direito de dispor de mim. Não me entendias mal; procurai, pelo contrário, entender por completo a minha afeição pela terra. Eu nunca proclamei que a terra é minha, a fim de fazer dela o que me aprouvesse. Quem tem direito a dispor dela é quem a criou. Requeiro pois o direito de viver na minha terra, e a vós concedo-vos o privilégio de viver na vossa."
Hin-Mah-too-yah-lat-kekt (Chief Joseph), dirigente da tribo dos Nez Percé. Do Livro «A FALA DO ÍNDIO», de Teri C. McLuhan, página 48, edição FENDA EDIÇÕES, Outubro de 1996.