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#3298 - Sem Título

por Carlos Pereira \foleirices, em 08.07.23

Olho-me nos teus olhos

Observo a tua boca

Ausculto a tua respiração

Toco ao de leve a tua pele húmida

Entreabres a boca e

Expiras restos de mágoas e tudo fica bem

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publicado às 17:47


#3288 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.05.23

Uma ressonância que se repete

enquanto o vento se mantiver aceso e

a folhagem vibrar com  o próprio sopro.

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publicado às 18:55


#3251 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 28.12.22

Um dia contar-te-ei uma história

se tiver o tempo de várias luas

e a paciência tomar conta de mim

e a sabedoria para reunir todas as palavras

nascidas no fundo da boca.

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publicado às 11:51


#3092 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 26.03.20

A palavra procura o seu sentido como:

A chama o pavio da vela

O velame o vento

Os olhos outros olhos

Os lábios outras bocas

A verdade em agonia uma certeza

O gato em passos de dança  o pássaro desprevenido

O imbecil outro imbecil outro imbecil a bofetada na inteligência

O ridículo exibicionista a celebrar a ignorância

 

E eu o que procuro?

 

A paz a pomba que já não voa

A Páscoa os ramos de oliveira

A normalidade dos dias mansos nesta incerteza

 

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publicado às 10:50


#3086 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 18.03.20

O eco que perturba o corpo

e acorda o medo invisível 

que habita os esconderijos da pele

e uma luz bacenta derrama sobre os teus pés

lágrimas silenciosas,

enquanto o corpo,

já despido

roça nas paredes da memória

para apagar cicatrizes antigas tatuadas

no coração da alma. 

 

Sobre a mesa rude e despida

os olhos desenham no corpo do pó imagens que julgavas esquecidas

mas

que a tua mão guardou na memória dos dedos os gestos

dramáticos e teatrais das borboletas e

dos corações com "AMO-TE, MAMÃ",

que na infância desenhavas em brancas e desertas folhas de papel

e, assim amordaçavas o eco

e iluminavas a luz.

             

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publicado às 11:47


#3042 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 30.09.19

Talvez a hora tardia e um céu carregado de pragas explique a cidade vazia

e a pressa dos poucos transeuntes em chegar algures

indiferentes e vazios

esgotados, olhos cansados

em busca do seu porto de abrigo ou ao esperado desespero

onde depositarão as dores e a fadiga

porque outro dia já está à espreita e será desesperadamente igual

ao de hoje, ao de ontem e aos dias que já somam anos

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publicado às 22:29


#3029 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 06.09.19

E dizes:

o rosto é único 

apenas habitável num

corpo singular com as suas extravagâncias

e particularidades -

os olhos

a boca

a textura dos lábios e do

barco que navega 

nas lágrimas ao

longo da costa da pele e

vai atracar entre

as margens dos pés

que suportam

além do corpo

o peso das dores e

da alma.

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publicado às 21:22


#3028 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 04.09.19

 

Um vento incandescente sopra de oeste

incendiando as dunas,

as marés

a lua

e as almas paradas nas ombreiras das portas e janelas

das casas brancas das planícies meridionais

encolhendo ainda mais as rugas da idade e do

desgosto e do tempo da viagem que resta fazer

para se tornarem

oliveiras

sobreiros

laranjeiras e

muitos ramos de cheiros e de

flores.

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publicado às 18:57


#3023 - Sem Título

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.07.19

Sentado nas margens 

da sombra, quando

uma inquietação ocorre

e a penumbra escorre 

até aos  seus olhos aquosos

e uma réstea de luz

se torna oblíqua e

dormente, então percebe

que tudo termina

quando o delírio que vem da terra

a sua cabeça beija.

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publicado às 23:41


#3020 - Sem título

por Carlos Pereira \foleirices, em 04.07.19

 

Os meus olhos

fotografam e

capturam a

melancolia da alma

do pássaro

que

num voo circular

se despede da árvore

que o acolheu e

foi a sua casa nos meses da

primavera e verão

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publicado às 23:42


#3014 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.06.19

Palavra mal dita

maldita

E uma pedra disfarçada de palavra

mal pensada

arremessada

Tem tento na língua

fecha a boca               

e assim a luz não fica

baça

eu sei

que é pedir demais

adoras o som

que emite as tuas cordas vocais

mas

por favor

tem piedade

não deixes  

que a corda

no pescoço

dê o final aperto

os ouvidos já não suportam mais

ouvir as idiotices que

a tua boca vomita

 

Não sei da tua importância

mas estás em todas:

TV, rádio, jornais, redes sociais e não sociais

para comentares as mais diversas matérias:

sarampo, eleiçoes, futebol, diarreias, política internacional, economia, enxaquecas, impotência sexual,

emigração, imigração, migração,

literatura,

carros, caspa, etc..., etc..., etc...

julgas ser um génio do renascimento italiano

um hermeneuta

o mestre da retórica

e julgas o país demasiado pequeno para a imensidão do teu ego

que ameaças abandonar

por que de ti não gostam

e seria uma bênção para

os olhos, ouvidos, coração - 

enfim para o corpo todo

e para o ambiente

que te reformasses

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publicado às 14:39


#2979 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 01.04.19

 

Gostavas...

Gostavas de ter a lua na sala

O sol no quarto de inverno

A poesia pendurada nas hélices da ventoinha

A música suspensa das maçanetas das portas

Que alguns livros retirados da estante ficassem  preguiçosamente deitados no sofá e

escolherias mais alguns para acompanhar o deleite de saborear um  "Sauvignon"

E querias ver o sonho a flutuar no corpo de borboletas  empoleiradas nas janelas verdes dos teus olhos

 

Eu gostava somente que derramasses o teu perfume "L' Interdit" sobre o seio esquerdo para animar o lado direito do  meu corpo

 

 

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publicado às 16:25


#2950 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 10.01.19

 

Há noites melancólicas

em que dispo o sonho e

com as suas roupas visto a alma

dispo o desejo

cubro o corpo

fico refém da ignorância

quando não tenho resposta à pergunta

feita pela noite que entra de mansinho na madrugada para

não acordar o medo

 

E na horizontal me fico

olhos cravados no céu do quarto

à procura de uma estrela que acolha as inquietações

que não me largam

agarram-se à pele

talvez por gostarem do perfume que uso

vou mudar ou não usar ou

aspergir um repelente daqueles que afastam

os pequenos vampiros alados

não sei

talvez resulte

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publicado às 11:48


#2882 - Sem título

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.10.18

A paisagem é uma imensa mancha branca,

não tem cheiro, não transpira.

A paisagem é uma imensa nódoa branca

sem ar,

árvores, água, ruídos, silêncios,

perdida num buraco da memória.

 

A paisagem é branca.

Não respira, não tem gente.

Nada.

Apenas as letras brancas

que gritam o teu nome.

 

Mas não as ouves:

a paisagem é branca, vazia, despovoada de gente,

por isso não existes.

És uma invenção minha

para adormecer o sonho.

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publicado às 18:23


#2694 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 27.11.17

Um corpo deitado sobre a pedra fria de um beco.

A alma é uma sombra inquieta que

sabe não ter força para

erguer o corpo.

Gotas de chuva escorrem

dos seus olhos assustados e

desaguam nas margens da boca.

Palavras surdas rasgam a pele

implorando ajuda -

ninguém as ouvirá:

está só num beco e assim ficará.

 

Na grande avenida,

a dois passos dali,

gente festiva celebra entre efusivos

beijos e promessas solenemente proclamadas

a passagem para um novo dia, um novo ano.

 

E o corpo já não os ouvirá.

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publicado às 18:24


#2592 - Sem título

por Carlos Pereira \foleirices, em 18.09.17

 

ALEXANDRA DE PINHO (SECRETOS REGISTOS) - TECIDOS, DESENHOS E RESINA DE POLIÉSTER

QUADRO COM 20x20 cm - 2005

 

O mundo escurece

para quem nunca sonha, 

não vê,

não se interroga:

como se o pavio de velas terminasse,

um a seguir ao outro,

até ao último milímetro de luz.

 

Por isso, o  medo

ganhará vontade e

tomará conta de nós,

aprisionará o dia

e será sempre noite,

e reduzirá as estações a um inverno eterno.

 

E os nossos olhos cegarão

E as nossas bocas se fecharão

pois o tempo de ver, de falar, de protestar

já esgotou.

 

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publicado às 21:45


#2504 - Sem título

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.07.17

 

No topo da mais alta montanha

onde o  ar é rarefeito por estar

muito perto do céu que

quase toco se

mais alto fosse, 

uma flor rara

filigrana de luz brilhante

imaculada

ilumina a passagem para outras dimensões

temporais

espirituais.

 

Dispo-me

só deixo ficar a pele que me aquece e protege

na minha viagem  de peregrino

para descobrir a matéria de que é feita

a minha alma ou

se ela existe

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publicado às 16:32


#2254 - Sem título

por Carlos Pereira \foleirices, em 31.03.17

Acendes um cigarro, 

Procuras no bar o teu uísque favorito,

Sentas-te no sofá

Soltas o cabelo com 

um gesto gracioso.

Escolhes um livro

abres na página interrompida.

O disco está pronto a ser escutado,

Apuras os sentidos

Relaxas após as primeiras notas do adagietto

da Quinta Sinfonia de Mahler.

Comoves-te

Uma pequena lágrima sublinha

os gestos de Valery Gergiev

e rola até à boca.

Adormeces ao recordar o

teu último beijo na Praça de S. Marcos

em Veneza.

 

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publicado às 18:54


#2248 - Sem título

por Carlos Pereira \foleirices, em 29.03.17

Subo as escadas até ao limite

no último degrau

uma porta em frente

fechada

um muro de silêncio que tem tanto tempo...

devo ultrapassá-la?

Recordo:

As flores a murcharem naquele quarto

Um gato espadachim em cima do armário

Um vento agoirento e frio a escorrer das muralhas

Mulheres novas e viúvas envoltas em xailes negros a derramarem seus

prantos em lágrimas mansas

Um rei sem trono sentado

numa cadeira forrada a tecido grosso esperando

que lhe devolvam o poder do decreto

Caras estúpidas

todas tinham cornos

a olharem de soslaio

 

É o que recordo

ali parado suspenso no medo

 

O grilo assobia uma canção ridícula

quem o terá alimentado?

Uma aragem cinzenta anima fantasmas e

partículas de pó dançam o rufar de pandeiretas

Parece haver vida naquele quarto apesar de

há muito tempo não ser habitado

Um palhaço de trapos vermelhos e amarelos

botões no lugar dos olhos

joelhos remendados

escancara a porta e gesticula

palavras infantis que não percebo

 

É o que recordo de uma noite

de pesadelo

ali parado

sem medo.

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publicado às 23:43


#2229 - Sem título

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.03.17

Um homem parado na esquina dum

beco feio e triste ladra

com o cão seu companheiro de viagem;

O cão ladra com o homem seu

companheiro de viagem;

um diálogo filosófico sobre a

pertinência das suas vidas que transportam

num pequeno saco de plástico

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publicado às 14:00


#2228 - Sem título

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.03.17

Não posso conter mais o

silêncio das sombras que habitam as

casas adormecidas

reclamam luz

precisam de ar

a alma quer respirar

 

Um grito 

rebenta o peito

a língua

um grande alento

e a boca sacode as letras

há tanto tempo paradas

nas últimas camadas 

do corpo

 

 

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publicado às 13:10


#2209 - Sem título

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.03.17
 

foto de alberto viana d'almeida

 

Sentada na raiz do pessegueiro

esperas que a lua amadureça.

olhas o livro

olhas as horas

olhas o sol

olhas as sombras

olhas o fim-de-tarde

olhas o início da noite

olhas o início do fim

e continuas sentada à

espera da lua cheia

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publicado às 22:56


#2175 - Sem título

por Carlos Pereira \foleirices, em 28.02.17
 

As pálpebras

inclinadas sobre lenços de partidas -

bandeiras de vidas doridas -

lágrimas que rolam até à doca

e perdem-se no silêncio rancoroso do metal.

frio, indiferente

como a saudade que restará embrulhada,

para sempre, em ventres

sem desejo ou vontade.

 

E, o vapor já ronca

em suspiros de grosso fumo

carregando no seu ventre

demónios e fantasmas que,

antes de o serem,

eram oliveiras e carvalhos,

montes,

um casario em ruas de gargalhadas

e afectos

e miudagem,

e murmúrios,

e seios que ardiam as mãos,

a banda no coreto.

os domingos.

 

E, hoje é domingo.

poderia ser outro qualquer.

ou não ser nenhum.

já não importa se os dias somam meses,

se as estações têm nome,

frio,

chuva

ou calor.

A rua está despida,

nua

frágil

severa.

as casas envelheceram

as flores murcharam em hortas magoadas;

apenas raízes,

grandes

grossas

tentaculares,

esganam a cor do sol

e uma névoa densa, espessa,

aprisiona e definha

as bocas dos que não partiram.

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publicado às 17:02


#2031 - Sem Título

por Carlos Pereira \foleirices, em 30.05.16

 

As palavras saem mudas porque

o ouvido está surdo 

e a boca não sabe repetir

o que o corpo não ouve.

 

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publicado às 17:53


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