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T. S. Eliot
OS HOMENS OCOS
Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada. Ai de nós!
Nossas vozes dessecadas,
Quando juntos sussurramos,
São quietas e inexpressas
Como o vento na relva seca
Ou pés de ratos sobre cacos
Em nossa adega evaporada
Fôrma sem forma, sombra sem cor
Força paralisada, gesto sem vigor;
Aqueles que atravessaram
De olhos retos, para o outro reino da morte
Nos recordam — se o fazem — não como violentas
Almas danadas, mas apenas
Como os homens ocos
Os homens empalhados.
II
Os olhos que temo encontrar em sonhos
No reino de sonho da morte
Estes não aparecem:
Lá, os olhos são como a lâmina
Do sol nos ossos de uma coluna
Lá, uma árvore brande os ramos
E as vozes estão no frêmito
Do vento que está cantando
Mais distantes e solenes
Que uma estrela agonizante.
Que eu demais não me aproxime
Do reino de sonho da morte
Que eu possa trajar ainda
Esses tácitos disfarces
Pele de rato, plumas de corvo, estacas cruzadas
E comportar-me num campo
Como o vento se comporta
Nem mais um passo
— Não este encontro derradeiro
No reino crepuscular
(Trecho de Os Homens Ocos, de T.S. Eliot.)
WILFRED OWEN (1893-1918)
CÂNTICO DA JUVENTUDE CONDENADA
Que sinos dobram por estes que morrem como gado?
- Apenas a monstruosa ira das armas.
Apenas o estrépito veloz do gaguejar das espingardas
Lhes pode recitar maquinalmente apressadas preces.
Por eles não há agora motejo; nem orações nem sinos,
Nem nenhuma voz de pranto a não ser a dos coros -
Coros estridentes e loucos de granadas lastimando-se;
E clarins reclamando-os em terras tristes.
Que velas se poderão acender para os apressar a todos?
Não nas mãos dos rapazes, mas nos seus olhos
Brilharão os sagrados lampejos das despedidas.
Os rostos pálidos das raparigas são as suas mortalhas;
As suas flores, a ternura de mentes resignadas,
E cada lento anoitecer um cerrar de persianas.
Poema do poeta inglês Wilfred Owen
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Wilfred Edward Salter Owen (18 de março, 1893 – 4 de novembro, 1918) foi um poeta e militar inglês (Plas Wilmot, Shropshire, 1893-Batalha de la Sambre, 1918). Estudou nas Universidades de Liverpool e Londres, e veio a morrer em combate, sete dias antes do armistício. As suas elegias sobre a guerra — Poems — publicadas por S. Sassoon em 1920, revelam-nos um poeta, na linha de Keats, de gosto depurado e pleno de autenticidade, que veio a exercer um fascínio decisivo na poesia inglesa da década de 30. Alguns dos seus poemas inspiraram o War Requiem de B. Britten.
What will survive of us is love.
Do poeta inglês Philip Larkin