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O céu e a terra jamais irão desaparecer
as montanhas e os rios esses não mudarão nunca
ervas e árvores seguem regras imutáveis,
se a geada as engelha,
logo o orvalho as tornará viçosas de novo
o homem gaba-se de ser dotado de razão,
quase divino
porém ele é o único a quem as coisas
não acontecem assim
mal começa a sua viagem neste mundo,
logo parte sem data de regresso
alguém se apercebeu de que falta alguém?
pais e conhecidos pensarão nele ainda?
subsistem só os objectos que lhe pertenceram,
quando o olhar os cruza, aflito,
derrama-se em lágrimas
eu por mim não tenho o dom da imortalidade,
à mudança estou sujeito
irei morrer, sobre isso não há a mínima dúvida
segue portanto o meu conselho,
se tens por aí um bom vinho,
não o recuses assim sem mais nem menos.
POEMA DE TAO YUANMING (365-427), POETA DAS DINASTIAS DE JING E LIU SONG, INCLUÍDO NO LIVRO «POESIA E PROSA», EDIÇÃO ASSÍRIO & ALVIM, 2019. A VERSÃO PORTUGUESA É DE MANUEL AFONSO E COSTA
Fantoches feitos de pau e trapo,
pareceis mesmo gente viva.
Manejando-vos com os dedos,
três voltinhas dais,
e assim se passa o tempo.
Mas quando as mãos do homem
vos recolhem atrás do pano,
desvanece-se a ilusão.
Nós somos todos fantoches:
sonhamos que existimos.
Poema traduzido por António Ramos Rosa escrito por Hu-Han-Tsing (685-762) - China