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Alexandre O'Neill
OS CEGOS
Ah, Madame! que la morale des aveugles
est différente de la nôtre!
DIDEROT - Lettre sur les aveugles
Durante os meses de inverno, podemos ver os cegos, sobre os telhados, acariciando os dedos - à procura duma mãe que não seja virgem.
O prazer torna-os redondos como ovos e o vapor de água vem flutuar sobre os seus bigodes sempre em sangue.
Às vezes soluçam e deixam escapar da boca pequenas coisas - o que não basta para interromper o jogo.
Quando chega a primavera, os cegos caem dos telhados e começam a andar pelas ruas à procura da moeda de perfil de luz.
Prosa escrita por Alexandre O'Neill in POESIAS COMPLETAS & DISPERSOS - ASSÍRIO & ALVIM 2017