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BORIS HRISTOV
O HOMEM SOLITÁRIO
Tem uma cicatriz na testa e senta-se sempre na ponta,
mesmo quando é grande o homem solitário é pequeno.
Junta ervas ou talha com a tesoura das recordações,
se não tem nada a fazer - e arrasta a sua manta gasta.
Uma cabeça de cavalo ilumina os campos e
o homem solitário vai apenas olhá-la - não quer que tenha uma crina.
Enquanto os outros gritam ou falam da arte
à mesa, o homem solitário apanha as moscas e deixa-as voar.
Mas se escreve versos deixará sem dúvida
uma lágrima nos olhos ou um arranhão na vossa memória.
Tem um lar e sopa quente, mas está tão só;
a sua vida - abandonada como uma arca no fundo do corredor.
Que a sua casa se desmorone,
comerá cinzas, mas não se ajoelhará perante ninguém.
Em que fogo ardeu? E sob que ferro de passar?
Para o saber ter-se-á de beber com ele muito vinho.
Enquanto caminha com uma mancha na camisa limpa,
o homem solitário desaparece na multidão como átomo.
Com uma das mão leva um livro para a sua alma doente,
com a outra o homem solitário segura a pequena corda que traz no bolso.
Poema do poeta bulgaro Boris Hristov