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A aparente resignação e derrota de um homem que perdeu tudo; a brutalidade de um drama que se repete todos os anos, que destrói, rouba e mata.
A força de uma fotografia que mostra, também, a enorme dignidade de um homem perante a desgraça.
Fotografia de Adriano Miranda, Jornal Público
Todos os anos há violentos incêndios, há violentas inundações.
Chegou o momento do ajuste de contas, de medir forças, de contar espingardas; é tempo de eleições. E as desgraças muito recentes vão servir, infelizmente, esse propósito.
Os partidos da oposição vão esquecer que já foram poder e olvidaram os conselhos sábios e avisos prudentes de pessoas eminentes nas áreas da floresta e ordenamento territorial, e vão exigir com algazarra que as cabeças comecem a rolar.
O partido no poder vai defender-se acusando, quem os acusa, de nada terem feito, e de aproveitamento da desgraça para obterem proveito.
Inquéritos vão ser abertos - pura perda de tempo - ninguém vai ser culpado e condenado: é o costume. A culpa é sempre da responsabilidade não se sabe muito bem de quem, ou, então, se se descobre um culpado o processo é arquivado por falhas processuais.
É tempo de eleições, a seguir ao Verão. Vai ser o tempo das promessas mil vezes prometidas, vai ser o tempo da caça ao eleitor. Todos os anos a floresta arde. Todos os anos há inundações. E há, e haverá sempre vítimas para vergonha nossa.
E as velhas políticas com ou sem novos protagonistas irão continuar de incêndio em incêndio, de juramento em juramento, de acusação em acusação até acontecer uma desgraça maior.