Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A FADIGA
Nada me prende à vida
e se vivo,
só vivo de fadiga e se forçado
sou a continuar a fatigar-me
como sucede agora, e me nutro
de desgostos veementes e absurdos
nestes climas atrozes, a existência
receio abreviar
Outrora está tão perto que está longe:
que diferença fazem as idades, que muralha
as separa?
Nada posso dizer: o que perdi
esqueci porque as palavras
não formam já o mundo nem o mundo
forma já as palavras;
para poder beber destilo o mar
POEMA DE GASTÃO CRUZ, in Óxido, Assírio & Alvim, 2015
O livro A Moeda do Tempo (Assírio & Alvim, 2006), de Gastão Cruz, é o vencedor por unanimidade do Prémio Literário Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa 2009, este ano dedicado à poesia e com o valor de 20 mil euros. Do júri fizeram parte Ana Luísa Amaral, Casimiro de Brito, Fernando Guimarães, Jorge de Sousa Braga e Patrícia Reis. A lista dos outros 11 finalistas pode ser consultada aqui.
[In Bibliotecário de Babel]