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#2660 - Citações

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.11.17

 Blaise Pascal (1623-1662) | Filósofo, Físico, Matemático.

 

"Todos os problemas da humanidade decorrem da incapacidade de o homem ficar tranquilamente sentado sozinho no seu quarto"

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publicado às 08:34


#2638 - Efemérides

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.10.17

 Nascimento de John Dewey (1859-1952) 

 

John Dewey foi um filósofo, pedagogo e pedagogista norte-americano. É considerado o expoente máximo da escola progressiva norte-americana.

 

______________________________

 

 Joáo de Barros (1496-1570)

 

Morre João de Barros.

 

João de Barros, por Elisabeta Mariotto

 

 João de Barros
 

Retrato de João de Barros, inDécadas da Ásia, Lisboa, Ed. de 1777-1778.

Acredita-se que João de Barros tenha nascido em Viseu, em 1496. No entanto, não existe prova histórica que comprove a data e o local do seu nascimento. Filho de um nobre, Lopo de Barros, teve a sua entrada facilitada na corte de D. Manuel I. Tornou-se, ainda jovem, servidor do Paço Real e "moço do guarda-roupa" do então príncipe D. João III. Reconhecendo a capacidade do jovem, D. João III, logo que subiu ao trono, em 1521, concedeu a Barros o cargo de capitão da fortaleza de São Jorge da Mina, em África. No ano a seguir à sua nomeação, João de Barros partiu para assumir o seu posto, em África. Em 1525, já em Lisboa, foi nomeado tesoureiro da Casa das Índias, função que cumpriu durante três anos. Aquando da propagação da peste negra, em 1530, refugiou-se na sua quinta, em Ribeira de Alitém, próximo a Pombal. Regressou a Lisboa dois anos mais tarde, quando foi designado pelo rei para feitor da Casa das Índias e da Mina, uma posição de grande destaque e responsabilidade. João de Barros mostrou-se um administrador comprometido e honesto, algo raro para a época. Como resultado do reconhecimento do seu trabalho, recebeu de D. João III, em 1535, duas capitanias hereditárias no Brasil, no âmbito da política de fixação dos colonos no novo mundo. Construiu, com recursos próprios, uma armada de dez navios e novecentos homens, que partiram para o novo continente quatro anos mais tarde. No entanto, a expedição não foi bem-sucedida e não atingiu o objetivo pretendido. Demonstrando uma grande honestidade e um grande carácter, João de Barros arcou com as despesas daqueles que faleceram na expedição, indemnizando as famílias dos falecidos, o que resultaria na contração de uma grande dívida, com a qual teve que lidar por toda a sua vida.

 

 

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publicado às 19:42


#2632 - Efemérides

por Carlos Pereira \foleirices, em 18.10.17

Hoje, 18 de Outubro, é o dia de S. Lucas.

 

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A 18 de Outubro de 1909 nasceu na cidade de Turim Norberto Bobbio (1909-2004).

 Formado em Filosofia e Direito, foi professor universitário e jornalista, filósofo político, historiador do pensamento político, escritor e senador vitalício. Morreu na cidade de Turim no dia 9 de Janeiro de 2004.

 

 

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publicado às 17:42


#2465 - EDUARDO LOURENÇO

por Carlos Pereira \foleirices, em 24.06.17

 

Pensar é ser um eco do que o Cosmos tem para nos dizer. É saber o que somos como tempo passado, como História

 

In Revista "E" do Jornal Expresso de 24 de Junho de 2017 - Entrevista a Eduardo Lourenço por Luciana Leiderfarb

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publicado às 21:42


#2427 - George Steiner

por Carlos Pereira \foleirices, em 04.06.17

 George Steiner - (1929 - )

 

A retórica política é capaz de matar. A política pode assassinar por meio da linguagem. O horror do movimento nazi foi largamente baseado na retórica, na propaganda. Muito mais poderosas do que qualquer exército são as mentiras do totalitarismo. O totalitarismo funciona através da linguagem. E também existe outro fenónemo: pode ser-se um grande artista e um assassino, uma pessoa a favor do extermínio. Há um momento muito importante nos diários de Cosima Wagner, em que Wagner está lá em cima, no primeiro andar, e ela ouve-o ao piano a reveer o 3.º acto do "Tristão". Ele desce para almoçar, e de que é que eles falam? De como queimar os judeus. O homem que tinha estado a compor a melhor música do mundo desce para almoçar e discute alegremente como livrar-se dos judeus. O que quero dizer é que eu não poderia viver num mundo sem a música de Wagner. A minha dívida para com ele é enorme. A minha dívida para com Nietszche, para com Céline! Que livros belos e horrendos! Não tenho resposta para estas pessoas. Não há explicação. Perante os gigantes temos de ficar calados."

 

(...) O nacionalismo é um veneno absoluto. Lembro-me das palavras justíssimas de Georges Clemenceau: "Não somos patriotas, somos chauvinistas." É uma distinção importante. O patriotismo pode ser decente, mas o chauvinismo - o nacionalismo - é algo muito, muito feio. Desprezar outra pessoa por ter uma nacionalidade diferente, isso não o posso compreender nem aceitar. Porque, afinal, o que é que nós escolhemos? Não escolhemos onde nascemos, quando, com que condições. Somos convidados nesta terra. Vou dizer-lhe uma coisa central: acredito que cada lugar deste mundo pode ser interessante. Não consigo pensar num lugar que não o pudesse ser. Se fosse mais novo e tivesse de voltar a mudar de país, tentaria, primeiro, aprender a língua. Seria certamente fascinante aceder a uma nova civilização. Não há lugares aborrecidos na Terra. Isto é o que receio em relação aos mais novos hoje em dia: que  por causa da sua obsessão com os media artificiais, tenham pouco entusiasmo pelas experiências genuinamente criativas."

 

Excerto da entrevista realizada por Luciana Leiderfarb a George Steiner e publicada na Revista "E" - A revista do Expresso, Edição 2327, de 3 de Junho de 2017

 

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publicado às 19:50

MICHEL ONFRAY

Michel Onfray, filósofo francês, 58 anos de idade, fundador da Universidade Popular de Caen é o autor de Décadence onde pretende demonstrar como as civilizações são fundadas sobre religiões, como elas nascem, crescem, conquistam, declinam e morrem.

Seu pensamento se caractriza pela afirmação da razão, do  hedonismo e de um ateísmo militante  e é influenciado por Friedrich Nietzche, Albert Camus, Michel Foucault, etc...

 

As pessoas preferem uma ilusão que lhes dê segurança a uma verdade que as inquiete. Antes fábulas que prometem que a morte não existe e que a vida continua depois do falecimento, do que uma verdade científica que traz a prova de que, uma vez mortos, apenas conhecemos a decomposição e o vazio
Michel Onfray
 
Pode ler aqui a entrevista conduzida por JAN LE BRIS DE KERNE e publicada no jornal online PÚBLICO de hoje.

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publicado às 19:42


#1643 - Frases

por Carlos Pereira \foleirices, em 06.03.12

 

«Todas as doutrinas são verdadeiras pelo que afirmam e falsas pelo que negam.»

 

Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), alemão, filósofo, cientista, matemático, diplomata, bibliotecário

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publicado às 13:01


#1640 - O vazio das não-notícias

por Carlos Pereira \foleirices, em 05.03.12

 

Vivemos mum país desconhecido. Por baixo da informação tangível, dos números e das estatísticas, correm fluxos de acontecimentos inquantificáveis e que, no entanto, condicionam decisivamente a nossa vida. Quantas doenças psíquicas foram desencadeadas pela crise? Quanta energia vital se desperdiça na fabricação da imagem de um rosto jovem  necessário exigido por tal profissão? São "dados" incognoscíveis ou imateriais, não susceptíveis de se tornarem informação. São não-notícias.

 

O Público deu-nos a possibilidade, neste número, (Jornal Público, edição de 5 de Março de 2012), de fazer aparecer esse avesso do estado da nação, levantando uma ponta do véu que o recobre e o esconde. Não se tratou, pois, de informar ou de desinformar, mas de fazer pensar diferentemente no país que temos e na informação que dele dispomos.

 

Ordenámos a não-informação em três categorias: o que é impossível conhecer (por exemplo, aquele factor decisivo, singular, único do "talento", que não entra numa grelha de avaliação de competências de um aluno), mas é condição essencial para que se ordene de modo inteligente, ético e eficaz a infoemação que se conhece; o que não se conhece mas que se poderia e deveria conhecer (o número de mortes estimado por atraso na lista de espera de uma operação) para o fazer entrar numa decisão política ou outra; o que seria possível conhecer mas que se torna impossível saber porque o seu conhecimento poria radicalmente em questão o regime das nossas sociedades pós-democráticas (por exemplo, o número de políticos corruptos). As inúmeras perguntas que fizemos aos organismos competentes receberam não-respostas, confirmando a ideia de um vazio obrigatório de informação: na secção "Pobreza" os dados recolhidos não permitem um plano de combate exaustivo e eficaz à pobreza; na secção "Política" a ausência de números oficiais sobre os políticos que detêm depósitos em offshores indica que a transparência nesse domínio subverteria o nosso regime político; e assim por diante.

 

O nosso país está demasiado "cheio" (de informações, imagens, bugigangas de toda a espécie) e quanto mais se enche mais se enterra o vazio essencial a que não se dá a importância que tem. Acreditamos que a informação que, por definição, vive da positividade do dado, do pleno, que nos enche os olhos e o cérebro criando a ilusão de pensamento, pode ser tratada de outra forma. A massa de informação a que hoje temos acesso contribui para uma espécie de visão global que faz da realidade um conjunto de coisas e factos objectivos - de que decorre ao mesmo tempo a despoetização do mundo e um crescente caos afectivo. Contra isso, acreditemos nas virtudes do vazio.

 

O que fizemos - em trabalho extraordinário de equipa -  sugere a possibilidade de traçar um mapa de Portugal que mostre os trajectos duplos, de um pleno que constantemente atropela e exclui o vazio; e dos movimentos do vazio que abrem linhas de fuga, incita a pensar diferentemente, desencadeia poderosas forças de criação. Não estamos condenados ao que julgamos que nos condenaram. Só assim poderemos conceber reformas radicais que libertem as energias e mudem o país.

 

Editorial de José Gil no Jornal Público de 5 de Março de 2012

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publicado às 17:47


#1636 - XVI Prémio Primavera da Novela

por Carlos Pereira \foleirices, em 29.02.12

 

Fernando Savater, filósofo espanhol, venceu o XVI Prémio Primavera da Novela com a obra "Los Invitados de la Princesa".

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publicado às 12:21

 

 O filósofo, ensaísta e professor universitário José Gil foi galardoado com o Prémio Vergílio Ferreira 2012, instituído pela Universidade de Évora, revelou a academia alentejana.

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publicado às 22:04

Antonio Negri, conhecido por Toni Negri, é um pensador e activista italiano. É autor de uma vasta obra em que o pensamento político radical se mistura com a filosofia de Espinosa. Foi dirigente da organização de extrema-esquerda Poder Operário. Esteve preso. É nome cimeiro da corrente marxista autonomista.

 

Num dos seus muitos livros, Antonio Negri fala de Kairòs, o momento em que Deus toca na história; este filósofo italiano que nasceu em Pádua em 1933 já viu muitas vezes a história ser feita. E pagou o preço por isso. Acusado, por “arrependidos”, de ser o mentor ideológico das Brigadas Vermelhas, esteve preso. A Itália assustada com o terrorismo de extrema-direita e de extrema-esquerda precisava de exorcizar os seus fantasmas, mesmo que isso significasse acusar falsamente. Tem uma vasta obra escrita, em que se destaca, depois da sua libertação da prisão, “O Império”, escrito com o norte-americano Michael Hardt. Esteve em Lisboa para falar de manifestações e dos novos manifestos que aí vêm.

 

Ler a entrevista aqui por Nuno Ramos de Almeida

 

 

Vídeo relativo à presença de Antonio Negri em Outubro de 2011 na Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira


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publicado às 19:10


#1569 - Europa ou o diálogo que nos falta

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.01.12

 

O mundo da cultura portuguesa arrasta há quatro séculos uma existência crepuscular.

 

Passando à margem dos três decisivos acontecimentos espirituais da idade moderna - a cisão religiosa das reformas, a criação da físico-matemática e a filosofia cartesiana -, a nossa cultura dos séculos XV e XVI perdeu o que tinha de vivo e prometedor, para conservar apenas o comentarismo ruminante e estéril, do qual aliás jamais se libertara completamente, mesmo nas suas horas mais felizes.

 

De então para cá, têm-na salvo da morte absoluta os raros que teimaram em acreditar ser possível ascender de novo ao espírito da Europa. Mas sempre que isso aconteceu, a minoria responsável pelo nosso destino cultural não hesitou em submergir os seus autores no silêncio, antepondo-lhes uma inércia premeditada ou um veto concertado e decidido.

 

 

Excerto de um texto de Eduardo Lourenço retirado do livro Heterodoxia I, edição Gradiva 2005

 

 

 

 

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publicado às 23:29


#1402 - José Gil no "EL PAÍS"

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.06.11

"Lo que dice la economía no es lo único posible"

El filósofo José Gil defiende un nuevo modelo basado en las utopías del XIX

 

El filósofo portugués Jose Gil (1939) nació en Mozambique cuando este territorio era colonia portuguesa, pero ha vivido más de 30 años en Francia donde se formó en, dice, "el gran tumulto que fue aquel país en los años sesenta y setenta". Se fue impregnando del pensamiento que emanaba de Lévi-Strauss, Sartre, Derrida y Foucault. "Fue una experiencia única para millares de estudiantes". Le ha quedado el espíritu crítico, que evidenció en Barcelona en unas jornadas sobre Portugal. Una de las cosas que tiene clara es que "el descrédito de los políticos se debe a la promiscuidad entre la política y los negocios".

 

Llegó a la filosofía a través de la oposición a la dictadura portuguesa. El marxismo, explica, "era la única doctrina que aglutinaba a los opositores al régimen". Pese a ello, no se considera marxista, aunque admire a Marx. Tampoco se ha adscrito a ningún movimiento político. "Nunca podría militar en un partido. En absoluto", sostiene con rotundidad.

Cuando mira hacia el presente de su país no tiene reparos en decir que vive una situación "terrible", en la que los recientes resultados electorales no son ni un empeoramiento ni una mejora. "Portugal tiene dos posibilidades. Una, a largo plazo, es entrar en bancarrota, porque no será posible pagar las deudas que acumulamos. Y será muy difícil elegir el camino que nos lleve a poder pagar: la transformación económica del país. Hay que cambiar nuestra posición respecto a Europa".

Su segunda receta: "Un cambio radical en el modo de gobernar respondiendo a dos principios, transparencia y vinculación directa con la población". Explica que la acción del Gobierno tiene que ser transparente y contar con el apoyo de la gente. "Los políticos están hoy desacreditados hasta unos niveles nunca vistos", reflexiona.

¿Solo en Portugal? "No. En Francia pasan cosas impensables desde hace unos años". Y esto convive con una "gran desorientación por parte de la mayoría de la población, más cierta desconfianza respecto al Estado-providencia que fue la conquista de más de un siglo de luchas". En la base de las propuestas de izquierdas estaban más igualdad, más justicia y más libertad. Pero el presente no es eso: "Lo que impera es el capitalismo global muy poco igualitario".

El futuro, opina, pasa por reelaborar un proyecto colectivo inspirado en las utopías del siglo XIX, Fourier y también Marx. "Lo que no podemos es quedarnos en las nuevas formas del capitalismo. Lo que dice la economía no es lo único posible. Hay que pensar en nuevas formas de trabajar, vincular el trabajo al individuo, no solo a las plusvalías". Aunque desprende optimismo a largo plazo, este no se reproduce al mirar hacia la actual Europa: "Se está deshaciendo. Yo no creo en ella. La Europa de los políticos no es posible. Ya somos europeos, no necesitamos ser una superpotencia. Europa es la mezcla cultural que somos los europeos".

 

 

In

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publicado às 19:53


#1371 - Fragmentos de Píndaro

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.05.11

 

e torna ágil o sentido, e tão longa a vida, na sua demora precipitada:

 

Por fim, pensei: deixar-me-ei eternamente abalar pelos sofismas dos bens falantes, quando nem sequer estou certo de que as opiniões que apregoam, e que, com tanto ardor, tentam forçar os outros a adoptar, são exactamente as suas? As suas paixões, que regem a sua doutrina, o seu interesse em fazer acreditar nisto ou naquilo, tornam impossível perceber aquilo em que eles próprios acreditam. Será possível procurar boa fé em chefes de partido? A sua filosofia destina-se aos outros; precisava de uma para mim. Procurá-la-ei com todas as minhas forças enquanto ainda é tempo, a fim de adquirir uma regra fixa de conduta para o resto dos meus dias. Eis-me na idade madura, na plenitude do entendimento. Já me vou aproximando do declínio. Se espero mais tempo, já não poderei servir-me de todas as minhas forças nas minhas deliberações tardias; as minhas faculdades intelectuais já terão perdido eficácia, farei menos bem o que hoje posso fazer o melhor possível: o momento é favorável; se chegou a época da minha reforma externa e material, que ela seja também a época da minha reforma intelectual e moral. Fixarei, de uma vez por todas, as opiniões, os princípios, e serei para o resto da minha vida o que achar que devo ser, depois de ter reflectido bem.

 

[J. J. Rousseau, Os devaneios do caminhante solitário, tradução de Henrique de Barros, Lisboa, 1989, pp. 36-37]

 

Retirado do livro 'Fragmentos de Píndaro', de Friedrich Holderlin, edição Assírio & Alvim, 2009

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publicado às 15:19


Fernando Savater - A escola não deve ser democrática

por Carlos Pereira \foleirices, em 31.10.10

 

"A escola não é democrática. Nem deve sê-lo. A escola é a preparação para a democracia. Uma aula é hierárquica. O professor está sempre acima dos alunos. A escola deve estar a preparar os jovens para ser cidadãos. A escola não tem os mecanismos da democracia nem deve ter."

 

Fernando Savater, filósofo e professor de Ética, em entrevista a Cristina Margato in "Atual", n.º 1983, de 30 de Outubro de 2010

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publicado às 19:44


#1184 - Tzvetan Todorov - "Literatura não é Teoria, é Paixão"

por Carlos Pereira \foleirices, em 08.02.10


O filósofo Tzvetan Todorov afirma que o excesso de "ismos" afasta os jovens da leitura, e diz que a principal função de um professor é ensinar o aluno a amar os livros

Nascido em 1939 em Sófia, na Bulgária, e naturalizado francês, o filósofo e linguista Tzvetan Todorov é um dos mais importantes pensadores do século 20. Traduzida para mais de 25 idiomas, sua obra inspira críticos literários, historiadores e estudiosos do fenômeno cultural do mundo todo. Em seu mais recente livro publicado no Brasil, A Literatura em Perigo, Todorov faz um mea culpa raro entre intelectuais. Ele diz que estudos literários como os seus, cheios de "ismos", afastaram os jovens da leitura de obras originais - dando lugar ao culto estéril da teoria. De Paris, ele falou a BRAVO! por telefone:

 


 

BRAVO!: Gostaria que o sr. falasse sobre o seu primeiro contato com a literatura quando criança, e como ela se transformou em uma paixão.

Tzvetan Todorov: Eu cresci na Bulgária durante a Segunda Guerra, quando quase ninguém vivia em Sófia, sob constante bombardeio. A maior parte da população vivia fora da capital, em apartamentos divididos por várias famílias. Dentro da coletividade em que habitávamos, havia um especialista em literatura. Foi ele que me ensinou a ler, antes que eu atingisse a idade escolar. Ele me incentivou a praticar a leitura nos livros infantis, e logo comecei a gostar dos contos populares. Apreciava especialmente as histórias dos irmãos Grimm e As Mil e Uma Noites. Essas obras faziam minha alegria. Eu já tinha um sentimento do enriquecimento pessoal que o contato com a ficção podia proporcionar.


Por que o contato com a ficção é tão importante?

Os livros acumulam a sabedoria que os povos de toda a Terra adquiriram ao longo dos séculos. É improvável que a minha vida individual, em tão poucos anos, possa ter tanta riqueza quanto a soma de vidas representada pelos livros. Não se trata de substituir a experiência pela literatura, mas multiplicar uma pela outra. Não lemos para nos tornar especialistas em teoria literária, mas para aprender mais sobre a existência humana. Quando lemos, nos tornamos antes de qualquer coisa especialistas em vida. Adquirimos uma riqueza que não está apenas no acesso às idéias, mas também no conhecimento do ser humano em toda a sua diversidade.


E como fazer para que as crianças e os jovens tenham acesso a esse conhecimento tão importante?

A escola e a família têm um papel importante. As crianças não têm idéia da riqueza que podem encontrar em um livro, simplesmente porque eles ainda não conhecem os livros. Deveríamos então ser iniciados por professores e pais nessa parte tão essencial de nossa existência, que é o contato com a grande literatura. Infelizmente, não é bem assim que as coisas acontecem.

 

Por quê?

Quando nós professores não sabemos muito bem como fazer para despertar o interesse dos alunos pela literatura, recorremos a um método mecânico, que consiste em resumir o que foi elaborado por críticos e teóricos. É mais fácil fazer isso do que exigir a leitura dos livros, que possibilitaria uma compreensão própria das obras. Eu deploro essa atitude de ensinar teoria em vez de ir diretamente aos romances, por que penso que para amar a literatura - e acredito que a escola deveria ensinar os alunos a amar a literatura - o professor deve mostrar aos alunos a que ponto os livros podem ser esclarecedores para eles próprios, ajudando-os a compreender o mundo em que vivem.


Ao comentar esse assunto no livro, o sr. fala em "abuso de autoridade". Poderia explicar melhor?

É um abuso de autoridade na medida em que é o professor quem decide mostrar aos alunos o que é importante, com base em um programa definido previamente pelo Ministério da Educação. E isso é sempre uma decisão arbitrária. Não temos o direito de reduzir a riqueza da literatura. O bom crítico - e também o bom professor - deveria recorrer a toda sorte de ferramentas para desvendar o sentido da obra literária, de maneira ampla. Esses instrumentos são conhecimentos históricos, conhecimentos linguísticos, análise formal, análise do contexto social, teoria psicológica. São todos bem-vindos, desde que obedeçam à condição essencial de estar submetidos à pesquisa do sentido, fugindo da análise gratuita.


Como conciliar esse desejo de liberdade num sistema em que o professor tem que atribuir notas, como ocorre no Brasil e na França?

Acredito que o essencial é escolher obras literárias que sejam, por sua complexidade e temas, acessíveis à faixa etária a que se destinam. Cabe ao professor mostrar o que esses livros têm de enriquecedor para os alunos, levando em consideração a realidade deles. O importante é não ter medo de estabelecer pontos em comum entre o presente dos alunos e do sentido dos livros.


O escritor italiano Umberto Eco fala que o livro, ao lado da cadeira, é o objeto de design mais perfeito criado pela humanidade. Num momento em que se questiona isso, o senhor vê futuro para o livro?

É verdade que hoje lemos muito diante da tela, mas não acho que o livro vá desaparecer. Ele estabelece uma relação de possessão e de interiorização que nós não podemos estabelecer com algo tão imaterial quanto o texto na tela do computador. Claro que eu mesmo, quando busco uma referência, o faço facilmente diante da tela. Mas se eu desejo me embrenhar em um livro, se eu quiser me render a seu interior, é preciso que seja com o objeto "livro". A isso ele se presta maravilhosamente.


Por Anna Carolina Mello e André Nigri, in Revista Bravo

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publicado às 15:08


#1042 - A sobrevivência da civilização

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.11.09

Anselmo Borges

 

 

 

Leszek Kolakowski morreu no dia 17 de Julho último, em Oxford. Era pouco conhecido entre nós, mas foi um filósofo ilustre. Nasceu em Radom (Polónia), em 1927. Partidário de um "marxismo humanista", foi expulso do Partido comunista e da cátedra universitária, por causa da oposição ao regime e luta pela liberdade. Deixou o país e leccionou em Universidades afamadas, como Oxford, Yale e Berkeley. "Correntes principais do marxismo" é uma obra fundamental para conhecer o marxismo, que considerou uma religião secular.

Pouco antes de morrer, o alemão DIE WELT entrevistou-o. Fica aí uma síntese da entrevista.

As profecias racionalistas sobre a religião mostraram-se falsas. "Não conto com a morte da religião nem de Deus. O país tecnologicamente mais desenvolvido do mundo, os Estados Unidos, não é de modo nenhum o mais secularizado. A secularização, longe de conduzir inexoravelmente à morte da religião, levou à busca de novas formas de vida religiosa. Nunca se chegou à vitória iminente do reino da razão. Nem só de razão vive o Homem."

Um admirável mundo novo, tecnologicamente avançado, no qual a Humanidade esquecesse "a sua herança religiosa e a sua tradição histórica" - por isso, sem fundamento para captar a sua própria vida em conceitos morais -, significaria "o fim da Humanidade". Aliás, "é sumamente improvável que a Humanidade, privada da sua consciência histórica e das suas tradições religiosas, por serem tecnologicamente inúteis, pudesse viver em paz, satisfeita com as suas conquistas".

A razão disso está em que os desejos do Homem não têm limites: "Podem crescer incessantemente, numa espiral sem fim de avidez." Mas, uma vez que o nosso planeta é limitado, somos forçados a limitar os nossos desejos. Ora, sem uma consciência dos limites, que "só pode provir da história e da religião", toda a tentativa de limitá-los "terminará numa terrível frustração e agressividade", possivelmente em grande escala. "Todas as tradições religiosas nos ensinaram ao longo de séculos a não nos vincularmos a uma só dimensão: a acumulação de riqueza e ocuparmo-nos exclusivamente com a nossa vida material presente." Assim, "a sobrevivência da nossa herança religiosa é condição para a sobrevivência da civilização".

A mais perigosa ilusão da nossa civilização consiste em o Homem pretender libertar-se totalmente da tradição e de todo o sentido preexistente, para abrir a perspectiva de uma autocriação divina. Esta "confiança utópica" e esta "quimera moderna" de inventar-se a si mesmo numa perfeição ilimitada "poderiam ser o mais impressionante instrumento do suicídio criado pela cultura humana". É que, "quando a cultura perde o sentido do sagrado, perde todo o sentido".

A religião não deve entrar no lugar que pertence à ciência e à técnica. Ela surge de outra dimensão, que "nos capacita para conviver com o fracasso, o sofrimento e a morte". Ela é o caminho que nos leva a "aceitar a derrota inexorável". Para a Humanidade, não há a última vitória, já que, "no fim, morremos".

Não se fundamentam os valores éticos na razão? "Evidentemente, os indivíduos podem manter altos padrões morais e ser a-religiosos. Mas duvido de que também as civilizações o possam fazer. Sem tradições religiosas, que razão haveria para respeitar os direitos humanos? Vendo as coisas cientificamente, o que é a dignidade humana? Superstição? Do ponto de vista empírico, os homens são desiguais. Como justificar a igualdade? Os direitos humanos são uma ideia a-científica."

As normas morais não podem assentar apenas no medo, segundo o modelo de Hobbes. Até certo ponto, "estamos programados instintivamente para a conservação da espécie". Mas não se pode esquecer que "a história do século passado mostrou inequivocamente que podemos, sem grandes inibições, aniquilar membros da nossa própria espécie. Por isso, precisamos de instrumentos de solidariedade humana, que não assentam nos nossos instintos, interesses próprios ou violência". "A falta da dimensão da Transcendência enfraquece o acordo social."

 

Artigo do Professor Anselmo Borges publicado no DN de hoje

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publicado às 19:27


#827 - "O verdadeiro Madoff é o sistema financeiro"

por Carlos Pereira \foleirices, em 24.06.09


Taleb diz que crises haverá sempre, mas que se pode trabalhar para evitar grandes impactos no futuro. Destruir o sistema bancário, por exemplo.


Corrosivo, stressado, agressivo no discurso, mas cordial. Nassim Teleb, filósofo natural do Líbano, cidadão dos Estados Unidos, já foi corretor de bolsa. Chegou ontem a Lisboa. Falou sobre os males da ordem política e económica mundial. Diz-se conservador, chama nomes aos professores de Harvard, tem pouca fé na humanidade. Diz que ninguém no poder o ouve. Está pessimista porque errar é humano. E cometer erros fatais, como os que levaram a esta crise, também.


Ler Entrevista no "i"

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publicado às 12:47


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