Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Na passada quinta-feira abriu em Leça da Palmeira, Matosinhos, mais um centro comercial denominado "Mar Shopping". O "JN", de hoje, noticia que cerca de 80.000 (oitenta mil) pessoas visitaram , ontem, o novo espaço comercial.
Os portugueses adoram e veneram grandes espaços comerciais. Para muitos é a sua segunda casa e o seu jardim. É como se fosse um espaço público ao ar livre: a sua rua com as suas lojas, mercearias, prontos-a-vestir, restaurantes, cafés, cinemas, etc, mas mais chique. E os pais levam os filhos, os filhos levam os pais, os namorados passeiam entre outros namorados, outros carregam os seus telemóveis à cintura como acessório dos seus fatos de treino, muitos outros simplesmente passeiam pelos corredores olhando as montras fingindo que estão a passear numa avenida junto ao mar.
Não consigo entender este fascínio quase hipnótico, claustrofóbico e esquizofrénico por centros comerciais, em vez do prazer e liberdade dos espaços abertos com sol, ar, o cheiro das árvores, das flores e do mar...
A vida dos portuguesese é assim tão vazia, amorfa, cinzenta, e o centro comercial funcione como terapia? Alguém quer estudar este assunto?
Nas avenidas, ruas e becos mora gente nervosa que remói as notícias que anunciam o fim do mundo. E olham por cima do ombro, com tiques de pavor e desconfiança, com receio de serem mortalmente atropelados pela crise que rola em grande velocidade.
Os sistemas mecânicos e electrónicos já não funcionam e a crise desliza desgovernada sem hipótese de controlo.
A crise é um topo de gama de uma marca de luxo comprada a prestações através de um sistema financeiro credível, sólido - responsável pela sua manutenção (está escrito no contrato assinado entre o prestamista e o utilizador do serviço) - e gerido por gente experiente e sábia. E o utilizador do serviço nem desconfiava que a crise, de rosto humano e afável, que dizia respeitar o programa das revisões, era uma vigarista que utilizava produtos e peças tóxicas e defeituosas recomendadas por engenheiros e mecânicos classificados como "os gurus XPTO".