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#3356 - QUESTÕES DE SEMÂNTICA

por Carlos Pereira \foleirices, em 16.03.24

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O tempo, este nosso tempo, está estranho como este mundo, este nosso mundo;

"Reivindicações" despropositadas e provocadoras, e é o começo de conflitos que ninguém dá importância e que rapidamente se transformam em guerras que ninguém sabe quando acabam

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publicado às 18:51


#3350 - OS NOVOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.02.24

A rua escorre até ao rio e termina aí

Tímida sem um motivo de interesse

Repugnante

Despida de árvores e de casas

Apenas com barracas  de paredes de zinco

Onde rasteja a mais miserável das mais miseráveis condições humanas

Semivivos, cuja riqueza são as inúmeras doenças que o corpo esconde.

E os esgotos a céu aberto

Onde as moscas se divertem

A picar cães e gente muito miúda.

 

A rua tem vergonha e com uma vontade irresitível

De se afogar no ventre do rio mas no último instante desiste

E assim continua até que a vontade e depois o arrependimento

Tome conta do seu espírito e da sua vontade

Talvez a esperança de melhores dias

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publicado às 15:34


#3346 - CARTAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 05.02.24

Gostaria me desses notícias tuas e me contasses os teus dias. Não sei se tens dias ou noites ou fins de tarde ou apenas uma luz permanente, suave e macia onde repousas o teu corpo.

Não sei se há árvores, mar, animais, ou se o teu mundo é apenas teu ou partilhado por outros nomes, ou se és um nome que habita uma estrela que é só tua e tem o teu nome.

Gostava de saber coisas tuas e se ainda andas em viagem.

 

Um grande Beijo

Saudades

 

Santa Maria da Feira, 5 de Fevereiro de 2024

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publicado às 17:43


#3345 - DA NASCENTE ATÉ ENCONTRAR ONDE DESAGUAR

por Carlos Pereira \foleirices, em 05.02.24

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Ali vai o passado, mostrando as lembranças dos tempos mansos e serenos, onde não havia pressa de avançar no tempo nem mágoas pelos dias perdidos em bancos  de jardim ou no muro do mercado ou na mesa de um café, ponto de encontro e reunião de todos os dias. Ouvíamos música num gira-discos portátil que dançávamos nos bailes improvisados num espaço que estivesse disponível e conhecíamos de cor e salteado: Otis Redding, Carlos Santana, Procol Harum, Janis Joplin, Rolling Stones, Beatles, Led Zeppelin, Jethro Tull, The Who, Melanie Safka, Moody Blues, Yes, Ten Years After, etc... etc... Os primeiros beijos...

Acolá vai o presente e o futuro mais à frente, muito mais à frente, com pose de marialva, cheio der arrogância

como que dizendo em tom desafiador "Apanha-me se puderes, se tiveres pernas e pulmão, porque o tempo é todo meu. Aproveita as brisas frescas do entardecer e os pôr-de-sóis que ainda te restam".

 

 

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publicado às 16:50


#3342 - ATÉ BREVE

por Carlos Pereira \foleirices, em 25.01.24

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FRANCISCA RIBEIRO (Pormenor)

 

ATÉ BREVE

O espanto fixou-se nas pálpebras

E a tua alma brilhou e ficou transparente revelando quem nela habita:

Espíritos; Espantos; Sorrisos; Encontros; Fins de tarde outonais; Madrugadas de Coral,

E o teu rosto de olhos verdes e boca de diamantes gravado em pedra rara,

lembrando o Taj Mahal que conheceste e amaste. e onde gostarias de ter voltado.

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publicado às 16:33


#3339 - INQUIETAÇÕES

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.01.24

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INQUIETAÇÕES

 

Vozes inquietas incendeiam bocas de fogo e

resgatam perguntas antigas tantas vezas feitas

que nunca foram respondidas

ou foram omitidas, olvidadas, assassinadas.

As palavras podem ser uma arma,

podem ser poderosas, mas também podem ser frágeis

quando se tornam incómodas e 

o seu destino pode ser a fogueira.

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publicado às 17:12


#3337 - Eleições 2024

por Carlos Pereira \foleirices, em 15.01.24

imagem_2023-04-20_195610920.pngELEIÇÕES MARÇO 2024

 

É PRECISO ESTAR VIGILANTE PARA NÃO SERMOS SURPREENDIDOS POR DISCURSOS CHEIOS DE BANALIDADES E PRENHE DE PROMESSAS EM QUE CADA FRASE É APENAS UMA ARMADILHA QUE TEM O ISCO DE QUE MUITO GOSTAS, MAS QUE NO FUTURO VAI DAR-TE AMARGOS DE BOCA.

As ruas, as praças, os mercados, as feiras vão ser invadidas por mocinhos e mocinhas que estão disponíveis para todo o tipo de tarefas, que transportam as albardas como se fossem os burros de carga, e carregadinhos de sorrisos distribuem bandeirinhas, sacos, saquinhos, sacolas, esferográficas, lápis, camisolas e tudo o que a imaginação delirante dos gurus da comunicação partidária conseguirem  parir. Não teem voz própria. São apenas a voz do dono. Encaram a política como se fosse uma profissão qualquer. O importante é estar no lugar certo na hora certa, pois há sempre um buraquinho disponível e feito à sua medida e à espera de inquilino.

E na falta de foguetes aparecerão os bombos, as cornetas, os gritos, as palavras de ordem, as palavras de desordem, os beijinhos da ordem, os perdigotos, as bitaitadas do costume, o colinho aos meninos para que nunca se esqueçam de pôr a cruzinha no buraco certo quando chegar a idade, algumas  bizarrias, dar nomes diferentes à mesma coisa - Lavoura por Agricultura, Agricultura por Lavoura - contorcionistas não de circo mas da política e as palavras que são expulsas da boca são iguais às expulsas por outras bocas,  a única diferença reside no sotaque que identifica a origem do pregador.

É uma animação. Uma festa. Devia ser feriado local  ou regional para que toda a população pudesse celebrar e cumprimentar o candidato a nosso chefe. Respeitosamente.

 

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publicado às 13:11


#3335 - O FUTURO É NÃO TER FUTURO

por Carlos Pereira \foleirices, em 03.01.24

Rasgaram as vestes que amontoaram no centro da praça. E incendiaram-nas.

Estão nus, e as cicatrizes do corpo esculpidas a ferro e a fogo no momento do seu nascimento  são a memória viva legada pelos seus ancestrais antepassados, como se fossem mapas que assinalam os percursos das suas vidas: hoje, tristes geografias humanas  de sonhos desfeitos e que narram, como se fosse um livro de história, os testemunhos dos seus pais, dos seus avós, da sua família, do seu povo. Para que não esqueçam. De outra forma não seria possível: Um nevoeiro espesso e pardo proíbe a passagem da luz do sol impedindo que as pessoas vejam e relatem depois.

 

Os corpos estão cansados de tanta porrada. Os olhos parados num tempo em que havia esperança e os lugares eram pacíficos e as cicatrizes revelavam montes e vales verdejantes, planícies de searas vivas. Hoje as cicatrizes revelam nos corpos transparentes a alma vazia de nada que já não se emociona com nada, áspera, azeda, indiferente ao nascimento, à morte, à celebração. Estão encurralados dentro das suas próprias casas à espera que do céu caiam sobre as suas cabeças pragas que matam, incendeiam e reduzem a pó corpos, casas, searas, tudo que é vida.

 

O seu futuro é não ter futuro. Por isso rasgaram as vestes e incendiaram-nas para que a luz das chamas revele ao mundo as cicatrizes das suas vidas.

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publicado às 00:35


#3332 - O SILÊNCIO, A MEDIOCRIDADE...

por Carlos Pereira \foleirices, em 30.12.23

 

Albergo o silêncio como se fosse único e precioso.

Não me incomoda o vento quando toca um instrumento de sopro.

Não me perturba a chuva quando canta ao som de uma banda de jazz.

A pauta tem muitos silêncios; permite ouvir a respiração dos instrumentos em  repouso, e sentir os corpos dos músicos marcando os compassos, os ritmos, transpirando swing, libertação, improvisação.

 

Pouca coisa me incomoda, excepto todos aqueles que diariamente se poêm em bicos de pé para aparecerem nas redes sociais exibindo os seus títulos académicos, ou vestirem o papel de comentadores com a capacidade extraordinária de falarem sobre os assuntos mais diversos e complexos, como se fossem verdadeiros hermeneutas.

 

O importante é aparecer, seja a propósito ou despropósito, não interessa. O que importa é ser visto, e esboçar no momento certo, um sorriso de circunstância cínico  quando a máquina do fotógrafo capturar o momento

 

Há que esconder a todo o custo, a ignorância, a mediocridade, o mau gosto e ser visto "em boas companhias",

de preferência que sejam um bocadinho mais ignorantes, para poder exibir com vaidade a sua superioridade intelectual.

 

Que Deus nos livre de gente assim. É o meu desejo para o ano de 2024.

Amen

 

Santa Maria da Feira, 30 de Dezembro de 2023

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publicado às 19:31


#3330 - CAÇADORES DE PEIXES

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.12.23

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publicado às 13:46


#3329 - O ÚLTIMO PASSO DE DANÇA ANTES DA QUEDA SUAVE NA RELVA

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.12.23

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publicado às 13:41


#3328 - NÚMEROS PRIMOS

FOTOGRAFIA

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.12.23

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publicado às 13:29


#3327 - O EXTERIOR VISTO DO INTERIOR

FOTOGRAFIA

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.12.23

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publicado às 13:21


#3326 - sem título

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.12.23

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A casa está vazia

Apenas um toco de vela sobre o tampo rugoso de uma mesa com várias camadas de pó e tempo que

são as testemunhas de uma casa que teve vida lá dentro:

Silêncios, amuos, repreensões, discussões

apaziguamentos, cumplicidades, troca de sorrisos,

os dedos que procuram outros dedos

as mãos que se abraçam

e os corpos que respiram...

 

A casa está em ruínas

Já lhe pesam os verões e os invernos

As primaveras e os outonos.

Mas já não  importa

Já teve muita vida

muitas gargalhadas 

algumas lágrimas.

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publicado às 19:29


#3323 - A PALAVRA E O RIO

por Carlos Pereira \foleirices, em 18.12.23

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A PALAVRA E O RIO

 

A palavra e o rio

As sombras espreitam as margens e gritam impropérios

O desassossego assume a forma de peixes

E as pérolas veleiros.

 

Há vida em todo o lado; aqui, lá, acolá

E as pedras invocam palavras antigas para estarem ali;

juntas da vida, do sol, das perplexidades, do espanto.

 

O rio tem pressa de chegar ao mar

Precisa de descansar

A viagem foi longa e difícil...

As palavras estão exaustas de tanto escárnio e cinismo, mas não têm pressa

Vão resistindo

Mesmo assassinadas resistem e ressuscitam

As palavras sempre foram resistentes.

 

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publicado às 17:41


#3322 - OS DIAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.12.23

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OS DIAS

 

As banalidades caminham de braço dado com outras banalidades.

Os dias apodrecem no fim do dia;

e as madrugadas de Ícaro suicidam-se com os primeiros filamentos de sol.

E os dias somam dias;

e a soma dos dias assume outros nomes e

as borboletas

no seu voo desajeitado

querem enganar o seu destino:

Mas os seus corpos são frágeis, não aguentam muito tempo.

As cadeiras estão vazias

Eram ocupadas por gente que já partiu.

Só resto eu no topo da mesa;

As fotografias pousadas nos pratos lembram os lugares que ocuparam.

 

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publicado às 13:54


#3320 - QUOTIDIANOS

por Carlos Pereira \foleirices, em 01.12.23

 

 

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QUOTIDIANOS

 

Os dias empoleirados em outros dias;

Diversas luas assumiram  diferentes formas;

Os sonhos empoleirados  na cabeça escorrem até à boca;

Os passos seguem-se a outros passos a não ser que queiram parar;

O acordar previamente combinado com o despertador;

Caminhar com agilidade para apanhar o autocarro;

A marmita, sempre a mesma, de cor  vermerlha, já não suporta mais a comida que é sempre igual;

São horas de fazer o caminho inverso;

E só se vê cabeças empoleiradas em corpos cansados;

O silêncio é absoluto. Ninguém fala com ninguém;

Não há pressa de chegar a casa. A viagem  de regresso é apenas o intervalo, espera-os a rotina, a monotomia, o mesmo desespero de sempre.

Até amanhã

 

 

 

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publicado às 15:15


#3319 - QUESTÕES DE SEMÂNTICA

por Carlos Pereira \foleirices, em 16.11.23

Ajoelho-me perante o desconhecido; não é por medo.

É por humildade.

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publicado às 17:39


#3314 - LIGAÇÕES

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.11.23

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publicado às 16:01


#3313 - ALMAS AMACHUCADAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.11.23

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publicado às 15:56


#3312 - Superfícies

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.11.23

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publicado às 15:17


#3311 - GEOGRAFIAS (PERSPECTIVAS)

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.11.23

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publicado às 13:03


#3310 - COISAS DO QUOTIDIANO

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.11.23

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publicado às 12:55


#3308 - A ÚLTIMA VIAGEM

POEMA DE CARLOS PEREIRA

por Carlos Pereira \foleirices, em 07.11.23

A ÚLTIMA VIAGEM

 

Quando a estrada acaba

É o fim do caminho

Nada mais existe 

Nem becos para calcar novos caminhos

À tua frente uma parede infinita

Intransponível

Espessa

Fria

Negra 

Com uma frase desenhada em tubos de neon:

"Aqui termina o teu caminho, a tua viagem. Não há lugar para arrependimentos, pois já não podes voltar atrás.

Põe-te comfortável."

 

Santa Maria da Feira, 3 de Novembro de 2023

O teu mundo acaba ali

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publicado às 11:20


#3307 - POEMA DOS DESAFORTUNADOS

CARLOS PEREIRA

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.10.23

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publicado às 11:37


#3305 - CORO DAS NOITES BRANCAS

CARLOS PEREIRA

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.10.23

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publicado às 11:28


#3303 - SEM TÍTULO

Carlos Pereira

por Carlos Pereira \foleirices, em 04.10.23

      Quando a noite entra pela madrugada adentro e estou só, os pensamentos  invadem o coração e tomam conta do corpo inquieto. 

                 A alma fecha-se como um punho cerrado que aperta não sei o quê, e esmaga a vontade, a força e a inteligência.

                  Forma-se um nó doloroso na garganta .

                  Perco-me no interior dos teus olhos verdes e nas memórias edificadas ao longo dos anos  que  escorrem até a um labirinto confuso e sofucante que muda constantemente de forma.

                 E grito. 

                 E grito. Procuro uma saida. Está escuro. O corpo bate constantemente contra as paredes do medo. E o medo que enlouquece. E o medo que tem medo do medo.

                Ausência de luz.

                Tropeço contra mim mesmo na busca aflitiva duma porta que permita espreitar os alvores de um novo dia.

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publicado às 13:54


#3302 - DESENHOS

por Carlos Pereira \foleirices, em 16.08.23

 

 

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publicado às 17:57


#3298 - Sem Título

por Carlos Pereira \foleirices, em 08.07.23

Olho-me nos teus olhos

Observo a tua boca

Ausculto a tua respiração

Toco ao de leve a tua pele húmida

Entreabres a boca e

Expiras restos de mágoas e tudo fica bem

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publicado às 17:47


#3297 - Zambujeira do Mar

por Carlos Pereira \foleirices, em 08.07.23

As ruas

As pessoas

As árvores

As flores

Os cheiros

O mar

A música tocada pelas ondas do mar

De vez em quando,  no horizonte,  um veleiro com a vela inchada pelo vento

As casas

Branco, azul, amarelo

Mais branco que azul mais branco que amarelo

O sol

Mais tarde a lua numa das suas fases

A luz, a cor do céu

Velas acesas no interior das casas que iluminam as sombras

que deixam de ser sombras e acalmam os espíritos

Numa varanda um cigarro incandescente desenha no ar figuras efémeras

Mais um dia que é diferente de outros dias

 

 

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publicado às 17:26


#3296 - QUESTÕES DE SEMÂNTICA

por Carlos Pereira \foleirices, em 05.07.23

Os dias passam e a idade vai avançando

O tempo esgota-se

E o fim aproxima-se

Inexorável.

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publicado às 17:49


#3293 - ZAMBUJEIRA DO MAR

por Carlos Pereira \foleirices, em 03.07.23

A   água desagua no fundo dos meus olhos.

As gaivotas voam suavemente,  desenhando no transparente ar círculos

e pousam graciosamente no topo da torre sineira da capela empoleirada 

no ponto mais alto da falésia

A água é imensa e quase encostada na linha do horizonte um veleiro bolina à boleia do vento,

e a água é empurrada até à costa provocando pequenas ondas que se desfazem em espuma branca.

Forças graníticas emergem poderosas tomando a forma da  proa e da ré de um enorme navio naufragado.

Zambujeira do mar, na costa alentejana. No seu chão estão ancoradas casas brancas ornamentadas com faixas amarelas ou azuis como se fossem fitas que  encerram as prendas de natal. Ouve-se diferentes falas de gente de diversas origens e paragens que fazem parte integrante da geografia do território como se aqui tivessem nascido e viessem para dizer olá e depois adeus até um dia qualquer que pode ser já amanhã.

 

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publicado às 17:09


#3290 - QUESTÕES DE SEMÂNTICA

por Carlos Pereira \foleirices, em 18.06.23

Imagino um soldado que, depois da guerra traga o espelho que o acompanhou

nos dias duros, se olhe nele e pense: como o espelho muda; como o rosto muda.

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publicado às 19:03


#3288 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.05.23

Uma ressonância que se repete

enquanto o vento se mantiver aceso e

a folhagem vibrar com  o próprio sopro.

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publicado às 18:55


#3286 - ADÁGIO PARA NININHA

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.04.23

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publicado às 19:20


#3285 - O TEU PERFUME

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.04.23

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publicado às 19:12


#3283 - SAUDADE

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.04.23

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publicado às 19:04


#3282 - PRECE

por Carlos Pereira \foleirices, em 15.04.23

Peço.

Rogo.

A flor nos lábios da boca.

A alma, uma aguarela de canela e alfazema, respira

Saudade.

Pergunto por ti, ninguém sabe;

Apenas que partiste para uma longa viagem, e

que voltarás um dia para resgatares o teu sorriso.

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publicado às 17:26


#3278 - EM MEMÓRIA DO MEU PÁSSARO AZUL QUE QUIZ VOAR

por Carlos Pereira \foleirices, em 30.03.23

Para ti, estejas onde estiveres, que gostavas muito de a ouvir. Era a tua música...

Até breve, meu amor.

No sítio do costume.

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publicado às 16:26


#3276 - SWEET AND MELLOW MELANCHOLY

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.02.23

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publicado às 19:49


#3271 - SAUDADE

por Carlos Pereira \foleirices, em 25.01.23

de preferência usar auscultadores

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publicado às 18:11


#3263 - NEM POMPA, NEM CIRCUNSTÂNCIA

por Carlos Pereira \foleirices, em 14.01.23

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publicado às 09:21


#3260 - GAIVOTAS (PEIXES QUE SABEM VOAR)

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.01.23

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publicado às 13:07


#3259 - INFINITAMENTE INFINITO

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.01.23

Do outro lado do muro

O avesso,  a noite, a respiração ofegante de quem foge de alguma coisa e

Bruscamente um silêncio plúmbeo

Tudo fica parado, suspenso:

Gente, o vento, as árvores, os animais, as águas do rio, do mar, os contadores de histórias e

Até as pedras, todas as pedras.

E as estrelas que, apesar de estarem muito longe, 

Deixaram de brilhar.

Os olhos de todos os seres vivos cegaram

Os ouvidos ficaram surdos, as bocas mudas

Os dias já não têm dias e noites, nem horas, nem acordar, nem dormir,

O silêncio é absoluto

Plúmbeo

È o fim. 

Infinitamente infinito.

 

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publicado às 13:00


#3258 - O PÁSSARO AZUL QUE GUIA OS MEUS PASSOS NA ESCURIDÃO

por Carlos Pereira \foleirices, em 07.01.23

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publicado às 19:02


#3257 - MÁGOA

por Carlos Pereira \foleirices, em 06.01.23

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publicado às 14:53


#3255 - DOMINGO

POEMA DE CARLOS PEREIRA

por Carlos Pereira \foleirices, em 30.12.22

DOMINGO

 

O ponto de encontro é no sítio do costume

Naquele sítio onde as flores transpiram odores de canela

E os pássaros testemunham os nossos gestos

equilibrando-se sobre os trémulos ramos sacudidos

pela brisa fresca de início de verão.

É domingo.

Estou sentado no banco de ripas vermelhas

Espero e observo:

Não se vê pessoas agitadas, nem apressadas

Apenas o vagaroso deslizar dos corpos distraídos

e aparentemente ausentes, 

os namorados trocam furtivos beijos

e tocam-se, contidos.

É domingo

Continuo à espera

Uma banda toca no coreto

e inflama os sentidos

e os corpos involuntariamente

se mexem ao ritmo dos sons

saídos das gargantas dos instrumentos.

É domingo

Continuo à espera.

À tua espera.

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publicado às 16:30


#3251 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 28.12.22

Um dia contar-te-ei uma história

se tiver o tempo de várias luas

e a paciência tomar conta de mim

e a sabedoria para reunir todas as palavras

nascidas no fundo da boca.

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#3247 - NUM BANCO DE UM JARDIM OBSERVANDO A RESPIRAÇÃO DO SILÊNCIO

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.12.22

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publicado às 19:44


#3229 - ÚLTIMO SOPRO - A DESPEDIDA DA ALMA DO CORPO

por Carlos Pereira \foleirices, em 23.07.22

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publicado às 13:46


#3227- OS CAMINHOS DE SANTIAGO - PEREGRINAÇÕES

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.07.22

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publicado às 18:47


#3221 - ORAÇÃO

por Carlos Pereira \foleirices, em 01.03.22

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publicado às 19:07


#3220 - O POETA DAS IMAGENS

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.02.22

São corpos pendurados em paredes de sombras, registados em papel com a ajuda de um relâmpago emitido por uma velha máquina fotográfica. Poses  artísticas forçadas de pais, avós, filhos dos filhos, tias solteiras, putos ranhosos que também aparecem mas que não foram convidados por falta de espaço e não ser domingo - era o argumento...

Ser fotógrafo era também ser encenador e mestre na arte de dispor as almas nas suas diversas posições e atitudes para, no final, parecerem actores ou figurantes numa cena de teatro burlesco, de marionetes . Era considerado no seu meio e entre os seus pares um verdadeiro mestre na arte de fixar para a posteridade os momentos em memórias que alguém guardaria numa caixa qualquer ou num caixilho que ficaria em equilíbrio numa parede qualquer de um compartimento da casa.

As expressões do rosto e as formas diversas que o corpo assumia reflectiam estados psicológicos, de humor, de hierarquias bem vincadas pela posição de cada um no espaço geográfico da lente da máquina que dava para perceber a  importância que cada um tinha e o seu papel na estrutura social e familiar.

Era um verdadeiro alquimista, um mágico que no quarto escuro apenas iluminado por uma luz vermelha conseguia dar vida a películas  mergulhadas num caldo químico, como se fosse o útero onde se formava, célula a célula, um corpo que era expulso depois de estar completamente pronto.

Era um poeta que escrevia e fixava um momento da vida para a posteridade.

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#3215 - AS PALAVRAS NA BOCA DOS TAGARELAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.01.22

O vazio está sentado no centro de uma estrela

com a cabeça apoiada num pensamento incolor, transparente, inodoro,

inclinando-se para o lado que o vento soprar

provocando o tédio

bocejando até a boca não poder abrir-se mais

criando um sopro de ar

que circula entre a garganta e o exterior do corpo

situado no limite da vertigem,  da tolerância, do vómito

e que devora a vontade de se opôr ao ruído opaco das palavras

sentado ao lado do vazio que deixa de ser, por isso,

o centro da estrela.

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