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#1733 - Novo livro de Mário de Carvalho

por Carlos Pereira \foleirices, em 30.08.12

 

Mário de Carvalho afirmava há poucas semanas que o seu novo livro estava pronto e tinha como título O Varandim Seguido de Ocaso em Carvangel. Sabe-se agora que será lançado pela Porto Editora a 6 de setembro, que inicia assim a publicação da obra completa do escritor.

 

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publicado às 18:59


#1571 - Finalistas do Prémio Literário Casino da Póvoa 2012

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.01.12


 

- A Cidade de Ulisses, de Teolinda Gersão (Sextante)
- As Luzes de Leonor, de Maria Teresa Horta (Dom Quixote)
- Adoecer, de Hélia Correia (Relógio D’Água)
- Bufo & Spallanzani, de Rubem Fonseca (Sextante)
- Do Longe e do Perto – Quase Diário, de Yvette K. Centeno (Sextante)
- Dublinesca, de Enrique Vila-Matas (Teorema)
- O Homem que Gostava de Cães, de Leonardo Padura (Porto Editora)
- Os Íntimos, de Inês Pedrosa (Dom Quixote)
- Tiago Veiga – Uma Biografia, de Mário Cláudio (Dom Quixote)

Do júri fazem parte Ana Paula Tavares, Fernando Pinto do Amaral, José António Gomes, Patrícia Reis e Pedro Mexia. A reunião decisiva será a 22 de Fevereiro, com o anúncio oficial marcado para o dia seguinte, na abertura da 13.ª edição do Correntes d’Escritas.

 

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publicado às 22:13


#1277 - De outros blogs

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.05.10

Uma vontade de beleza

Londres
Autor: Nuno Dempster
Editora: &Etc
N.º de páginas: 47
ISBN: 978-989-815-020-2
Ano de publicação: 2010

Escritor tardio, Nuno Dempster (n. 1944) saiu da obscuridade há cerca de dois anos, com um impressionante livro de estreia que reunia, em quase 300 páginas, uma década inteira de produção poética (Dispersão, Edições Sempre-em-Pé). Para além do gesto de rebeldia contra a lógica editorial reinante e as instâncias de legitimação literária, Dempster revelava uma escrita depurada, reflexiva, de assinalável solidez e consistência, atributos que reencontramos em Londres, um poema longo publicado pela & Etc.
Do aeroporto ao centro da capital inglesa, o sujeito poético entrega-se a um «processo de fascínio» durante o qual «não pensa / senão em deslumbramento». A grande cidade suscita-lhe «pensamentos febris» e a consciência de uma verdadeira comunhão cosmopolita: «na distância que vai de Covent Garden a Piccadilly Circus / cabe o mundo todo, / e a sede que tenho dele». Uma sede que é «vontade de beleza» mas também uma sede literal, afogada com canecas de cerveja nos pubs, ao fim da tarde. Ele circula por Oxford Street, visita museus (National Gallery, British Museum), passa pela Roundhouse, encanta-se com a bruma e os «cabelos loiros» das «raparigas celtas», canta «o fluir exaltante da multidão diversa», os «corpos cheios de brilho», mas também a tristeza do hotel (esse «titanic que se afunda») e «o lado violento do desespero», porque à exultação segue-se a melancolia e de novo a exultação.
Se o poeta confirma a centralidade global («as estradas que sustentam / o planeta na sua teia passam todas por aqui»), também é capaz de reflectir sobre o carácter transitório das coisas. Olhando para o passado, evoca a antiga «certeza cega de que tudo duraria» (uma ilusão) e lamenta a actual «era sombria», não deixando de acreditar que há limites para a «subversão do humano» e que ainda vamos a tempo de «reaprender a simplicidade de Tebas». O optimismo nasce do entusiasmo com o poder da literatura («tudo é possível no que escrevo»), ensaiado num imaginário encontro de Homero com Shakespeare.
Dempster leva um certo tempo a encontrar o tom justo (as primeiras páginas são algo trôpegas), mas, assim que encontra o ritmo certo, o poema flui, reflectindo tanto a vibração da vida londrina como o seu reverso: «A descoberta da humanidade / é um acto cansativo e doloroso, // e a lucidez não serve de nada, / excepto para morrermos / todos os dias pelos outros».

Avaliação: 7/10

[Texto publicado no número 90 da revista Ler]

 

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publicado às 21:42


#1267 - Lançamento de ‘Mulher ao Mar’

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.04.10

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Finalmente, eis o muito aguardado primeiro livro de poemas de Margarida Vale de Gato: Mulher ao Mar (Mariposa Azual). A autora, sobretudo conhecida pelos seus excelentes trabalhos de tradução a partir do inglês, vai celebrá-lo, ao livro, com um «Baile da Revolução» na noite do dia 25 de Abril, o que me parece mais do que adequado.
Pela minha parte, depois de ouvir Hélia Correia, tenciono dançar ao som de Bella Ciao & etc.

 

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publicado às 22:21


#1247 - Lançamento da revista ‘Ítaca’

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.03.10

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Eis uma nova revista literária, Ítaca, fundada por três investigadores do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: André Simões, J.P. Moreira e Tatiana Faia. «Cadernos de Ideias, Textos & Imagens» é como o trio define a coisa. O primeiro número vai ser lançado esta tarde na Livraria Trama, a partir das 19h00, com apresentação de Fernando Pinto do Amaral.
Mais informações no blogue da revista.

 

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publicado às 21:48

O escritor irlandês Colm Tóibin venceu, com o romance Brooklyn, o Costa Novel Award, superiorizando-se a Wolf Hall, de Hilary Mantel, livro que ganhou o Man Booker Prize em 2009 (prémio no qual Tóibin não passou da longlist). Os outros vencedores nas várias categorias também foram anunciados hoje e são os seguintes: Raphael Selbourne, Melhor Primeiro Romance, por Beauty; Graham Farmelo, Melhor Biografia (The Strangest Man: The Hidden Life of Paul Dirac, Quantum Genius); Christopher Reid, Melhor Livro de Poesia (A Scattering); e Patrick Ness, Melhor Livro Infantil (The Ask and the Answer).
Cada vencedor recebe, para já, um cheque de cinco mil libras (cerca de 5600 euros) e candidata-se a 25 mil libras suplementares (cerca de 27800 euros), caso ganhe o prémio final, Costa Book of the Year, anunciado no próximo dia 26.

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publicado às 22:29


#1062 - O adeus a todas as coisas belas

por Carlos Pereira \foleirices, em 03.12.09


Um caçador de leões


Autor: Olivier Rolin
Título original: Un chasseur de lions
Tradução: Tiago França
Editora: Sextante
N.º de páginas: 198
ISBN: 978-989-8093-95-0
Ano de publicação: 2009


Na génese deste magnífico romance está um golpe do acaso. Ao visitar o Museu de Arte de São Paulo, Olivier Rolin deparou pela primeira vez com o Retrato do Senhor Pertuiset, Caçador de Leões (1881), no qual Edouard Manet imortaliza um «pacóvio» de olhar inexpressivo e «farto bigode de morsa». Diante do quadro, o escritor lembra-se de já ter visto aquele homem grosseiro e recupera-o de um «obscuro recanto» da memória onde o sepultara, 25 anos antes, depois de ler a história da sua «rocambolesca» expedição à Terra do Fogo, num livrinho (Pequena História Austral) comprado em Punta Arenas, nas margens do Estreito de Magalhães.


À atracção pela invulgar personagem, junta-se uma perplexidade: a de saber como é que o percurso de Pertuiset se cruzou com o do sofisticado Manet (esse artista revolucionário que vivia como um burguês); ou melhor, a de saber como terá acontecido esta amizade entre tipos humanos diametralmente opostos. «É uma das poéticas consequências do tempo que passa: as testemunhas morrem, depois morrem os que ouviram contar as histórias, faz-se silêncio, as vidas desaparecem no esquecimento, o pouco que não se perde torna-se romance.» Eis a ficção a beber na realidade, a literatura como operação de resgate (nada contra).


Rolin começa justamente por resgatar Eugène Pertuiset: mitómano compulsivo, fanfarrão, caçador desastrado, traficante de armas, inventor de «balas explosíveis», mestre em fogos-de-artifício e crente nos poderes da sua própria «força magnética». Ele é o típico arrivista, ansioso por chegar às altas esferas políticas; o aventureiro irresponsável que se intromete nos conflitos militares do Peru e do Chile; o aldrabão aldrabado que acredita na existência de um tesouro inca, por desenterrar, na Terra do Fogo. O escritor segue-lhe os passos, descobrindo histórias picarescas nas bibliotecas da América do Sul e nunca escondendo um fascínio similar ao que Pertuiset decerto provocou em Manet — cujos dilemas artísticos e andanças pelos boulevards também acompanhamos, em paralelo, tendo a História francesa (final do séc. XIX) como pano de fundo. E como são admiráveis, essas páginas em que se evoca o cerco de Paris pelos prussianos (1870), os dias da Comuna e a «semana sangrenta».


Além destas duas linhas narrativas principais (servidas por uma escrita poderosamente visual, descritiva, cheia de cores e contornos, sempre à beira de se tornar pintura), há uma terceira: a do narrador/autor que interrompe (com judiciosos parêntesis curvos e rectos) o fluxo do romance, relatando a sua deambulação pelos lugares onde se deram os triunfos e as tragédias de Pertuiset e Manet, para confirmar o trabalho demolidor que o tempo exerce sobre as coisas, os homens e a sua memória, seja nos confins do mundo (Valparaiso, Porvenir), seja nas ruas parisienses onde os cabarés e outros antros de boémia foram substituídos por sucursais bancárias, armazéns de calçado e lojas de quinquilharia.
Atravessando este cafarnaum, que só por milagre nunca se torna confuso, há um sopro proustiano. Rolin vai atrás do tempo perdido. O do modelo, o do pintor e o seu. Fixa o «adeus a todas as coisas belas» (Villiers), segue o rasto do que se dissipou, sabendo que esta é «a única caça onde se tem a certeza de acabar morto pela fera, a única exploração onde se termina sempre entre os dentes dos antropófagos».

Avaliação: 9/10

[Texto publicado no suplemento Actual, do semanário Expresso]

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publicado às 21:54


#991 - Prémio Goncourt para Marie NDiaye

por Carlos Pereira \foleirices, em 02.11.09


Hoje, durante o tradicional almoço no restaurante Drouant, em Paris, os membros da Academia Goncourt decidiram atribuir o mais importante prémio literário francês à escritora de origem senegalesa Marie NDiaye, pelo romance Trois femmes puissantes (Gallimard). A decisão foi tomada à primeira volta, quando NDiaye recebeu cinco votos, contra dois para Jean-Phillipe Toussaint (La vérité sur Marie, Éditions de Minuit) e um para Delphine de Vigan (Les heures souterraines, JC Lattès).


Entretanto, foram igualmente revelados os vencedores dos Prémios Renaudot. Ficção: Un roman français, de Frédéric Beigbeder (Grasset). Ensaio: Alias Caracalla: mémoires, 1940-1943, de Daniel Cordier (Gallimard). Renaudot Poche (para livros de bolso): Palestine, de Hubert Haddad (Zulma). Registe-se que o romance de Haddad
já tem edição portuguesa, da Quetzal, com tradução de Ana Cristina Leonardo.

 

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publicado às 23:10


Arménio

O escritor cabo-verdiano Arménio Vieira, Prémio Camões 2009, que esteve em Lisboa esta semana (para ser homenageado na Casa Fernando Pessoa), terá o seu último livro de poesia, Mitografias, editado pela Nova Vega «já para a próxima rentrée». Ou seja, em Setembro ou Outubro. Vieira mantém assim a ligação ao editor Assírio Bacelar, que publicou em Portugal o seu primeiro livro de ficção: O Eleito do Sol (na então Vega).


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publicado às 12:05


Prémio PT de Literatura (Brasil) com seis finalistas portugueses

por Carlos Pereira \foleirices, em 25.05.09

Os finalistas portugueses: Inês Pedrosa (A eternidade e o desejo), José Saramago (A viagem do elefante), Gonçalo M. Tavares (Aprender a rezar na era da técnica), José Luís Peixoto (Cemitério de pianos), António Lobo Antunes (Ontem não te vi em Babilónia) e Miguel Sousa Tavares (Rio das Flores). Na lista de 50 finalistas, há ainda um cabo-verdiano (o poeta José Luís Tavares, por Lisbon Blues), um angolano (Pepetela, com Predadores) e dois moçambicanos (Mia Couto, com Venenos de Deus, remédios do Diabo; e Luís Carlos Patraquim, com O osso côncavo e outros poemas). Entre os 40 escritores brasileiros candidatos ao prémio de 100 mil reais estão Fabrício Carpinejar, Eucanaã Ferraz, Daniel Galera, Moacyr Scliar, Manoel de Barros, Luiz Ruffato, Dalton Trevisan e Milton Hatoum.
A shortlist de apenas dez finalistas será revelada em Setembro.

In Bibliotecário de Babel

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publicado às 16:39


Quase a chegar

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.05.09

Falta pouco para os muitos fãs de Stieg Larsson, entre os quais me incluo (O autor do post), deitarem mãos (e olhos, e horas de sono) ao terceiro volume da trilogia Millennium: A Rainha no Palácio das Correntes de Ar.


O livro, editado pela Oceanos, estará cá fora no próximo mês. No Bibliotecário de Babel, já houve recensões ao volume 1 (
aqui) e ao volume 2 (aqui).

 

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publicado às 00:38


A voz de Chico Buarque

por Carlos Pereira \foleirices, em 31.03.09

Desta vez não canta. Desta vez lê em voz alta excertos do seu próximo romance: Leite Derramado (Companhia das Letras).

 

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publicado às 23:23


CORRENTES d'ESCRITAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.02.09

Prémio Literário Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa para Gastão Cruz

O livro A Moeda do Tempo (Assírio & Alvim, 2006), de Gastão Cruz, é o vencedor por unanimidade do Prémio Literário Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa 2009, este ano dedicado à poesia e com o valor de 20 mil euros. Do júri fizeram parte Ana Luísa Amaral, Casimiro de Brito, Fernando Guimarães, Jorge de Sousa Braga e Patrícia Reis. A lista dos outros 11 finalistas pode ser consultada aqui.

[In Bibliotecário de Babel]

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publicado às 13:16


Eugénio de Andrade

por Carlos Pereira \foleirices, em 16.01.09

Uma nova edição de ‘À Sombra da Memória’

Na próxima segunda-feira, dia 19, Eugénio de Andrade faria 86 anos. Assinalando a data, a Fundação do poeta (Rua do Passeio Alegre, 584, Porto) lançará, a partir das 18h30, uma nova edição do livro À Sombra da Memória, com um texto inédito de Gonçalo M. Tavares, que será lido durante a sessão, assim como outros textos de Eugénio de Andrade. A entrada é livre.

 

Adeus

Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos,
ou, se preferes, minha boca nos teus olhos
carregada de flor e dos teus dedos;
como se houvesse uma criança cega
aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve - e tu calavas
a voz onde contigo me perdi.
Como se a noite se viesse e te levasse,
eu era só fome o que sentia;
Digo-te adeus, como se não voltasse
ao país onde teu corpo principia.
Como se houvesse nuvens sobre nuvens
e sobre as nuvens mar perfeito,
ou, se preferes, a tua boca clara
singrando largamente no meu peito.

 

parte do post foi publicado por o "Bibliotecário de Babel" às 11:22 de Quinta-feira, 15 de Janeiro de 2009

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publicado às 19:01


Atiq Rahimi

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.01.09

O romance Pedra-de-Paciência, com que Atiq Rahimi ganhou o Prémio Goncourt, em Novembro, está prestes a sair do prelo, com chancela da Teorema e tradução de Carlos Correia Monteiro de Oliveira. A capa é esta:

Quem desejar conhecer a obra anterior do escritor afegão radicado em França, igualmente publicada pela Teorema, pode comprar na FNAC, por apenas cinco euros, um pack com os seus dois primeiros romances (Terra e Cinzas + As Mil Casas do Sonho e do Terror).


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publicado às 19:50


Gonçalo M. Tavares na Porto Editora

por Carlos Pereira \foleirices, em 07.01.09

Segundo um comunicado que acabo de receber (BIBLIOTECÁRIO DE BABEL), a Porto Editora (PE) vai publicar «uma nova linha de ficção» de Gonçalo M. Tavares, um escritor que amplia assim a considerável lista de editoras com que trabalha ou já trabalhou (Caminho, Relógio d’Água, Campo das Letras, Assírio & Alvim, Difel, Teatro do Campo Alegre). Embora o projecto não esteja completamente definido, Tavares avança que a nova «linha» terá como ponto de partida «o conceito de cidade».
No final de 2008, o escritor publicara já um texto – Bucareste-Budapeste: Budapeste-Bucareste – numa colectânea da PE intitulada Contos Policiais. Cláudia Gomes, responsável pela Divisão Editorial Literária do Porto da PE, congratula-se com o acordo e adianta que este é mais um passo dado no sentido de «reforçar a presença no âmbito da ficção portuguesa e apostar nas novas vozes da nossa literatura».

 

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publicado às 17:44


Leitura de outros blogs - A morte da Byblos

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.11.08

Equívocos

A história da Byblos é uma história de equívocos, a começar pelos mal medidos sonhos de grandeza do seu proprietário (Américo Augusto Areal, aqui fotografado a 9 de Dezembro de 2007, cinco dias antes da inauguração da loja) e a acabar em pequenos pormenores que foram mostrando um desfasamento (maior ou menor) com essa coisa tramada que se chama realidade.
Olhando agora para a curta vida deste projecto, há qualquer coisa de cruel na constatação de um erro básico que perdurou, em letras de bronze, numa das paredes da Byblos. Refiro-me a esta citação de Jorge Luis Borges:

Uma bela frase, cheia de efeito. Acontece que Borges escreveu outra coisa. O que Borges escreveu foi: «Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de biblioteca.» Suponho que alguém terá traduzido a citação a partir do inglês, sucumbindo a um famoso falso amigo (library). O certo é que uma biblioteca não é uma livraria, como os bolsos de qualquer leitor bem sabem. Borges nunca imaginaria o paraíso como um sítio onde temos que pagar por livros que talvez nem estejam disponíveis. Biblioteca, sim, de preferência infinita como a de Babel. Já Américo Augusto Areal acredito que imaginasse o paraíso sob a forma de uma livraria, de preferência a sua livraria gigante e high tech. Em vez disso, porém, saiu-lhe um inferno.

 

Quando os fornecedores é que ficam a arder

Jorge Reis-Sá, editor das Quasi, olha para o fecho da Byblos de um ângulo particular. O de quem fornecia a matéria-prima do negócio (os livros) aparentemente a fundo perdido, já que nunca viu um cêntimo sequer:

«Vou contar. Não resisto. Vou contar. A Byblos pagava (ou dizia que pagava) a 120 dias. 120, meus queridos, 120. A Byblos pedia um desconto de 40% sobre o preço de capa. 40%, meus queridos, 40%. A Byblos nunca, desde que em Fevereiro vendi o primeiro livro e coloquei uma consignação, me pagou um tostão. Um tostão que fosse. Mas a culpa não é deles. Fevereiro com quatro meses (120 dias) dá Junho. Metem-se as férias. Depois em Setembro é o escolar. Outubro e Novembro o grande veículo de espantosa gestão estaria a pensar no Natal, pagar não dava. Em Janeiro devolvia-se tudo e vinha o acerto (”sem a nota de crédito não podemos efectuar o pagamento”, parece que estou a ouvir, mesmo que a nota de crédito fosse de 20,34 euros e o pagamento devido – desde Junho – de 3409,89 euros). Depois era a Feira do Livro e a Byblos iria ter um grande e maravilhoso stand. Depois vinham as férias, e desta maneira podemos ir vivendo à custa dos fornecedores.
Mas, meus amigos, acham a Byblos a única? Eu consegui ir buscar os livros há quinze dias, depois de dizer que ia facturar tudo e meter tudo em tribunal. Ah, o tribunal. Agora o Estado quer o seu – que está em atraso (aposto como a segurança social também quer o seu) – e depois há os bancos. Os fornecedores? Que carreguem no botão. Mas dizia: a única? Deixem-me rir, dizia o Jorge Palma. O pão nosso de cada dia é este. Os editores que carreguem no botão

O texto completo pode ser lido aqui.

 

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publicado às 17:44


Três poemas musicais de Manuel de Freitas

por Carlos Pereira \foleirices, em 06.11.08

GUSTAV LEONHARDT, 2005

Às vezes, por breves instantes,
a beleza habita sobre a terra,
tão urgente e impronunciável
como o rosto em trompe l’oeil
na abóbada da igreja de São Roque.

Com isto, estarei talvez a fazer
a mesma triste figura da rapariga espanhola
que ao meu lado rabiscava poemas
dialécticos – «Argumentos» e Contra-
Argumentos» velozmente incinerados
pela fundamentação física do génio.
Nós, poetas, só escrevemos disparates.

A beleza, dizia eu. Mas os meus pés,
o seu indiscutível peso sobre a terra,
coincidiam com o mármore da sepultura
número 44 (dois terços de paixão, outro de pó).

E aquele homem ajudava-nos a morrer
melhor.


LEONARD COHEN, 1979

 

Era bem claro, nessa noite,
o quanto a sua música
se afastava de «other forms
of boredom advertised as poetry»,
denúncia que se mantém válida.

Não serão bússolas duradouras
– tudo, enfim, falece –,
mas são palavras que nos protegem
da avalanche dos dias e dos meses,
destas poucas horas a que chamamos nossas.

Uma maneira de voltar a morrer?
Talvez,
quando até nas cinzas encontramos lume.


PINA BAUSCH, 2008

Müller,
Café Müller.

 

A morte sabe onde fica.

[in Jukebox 2, de Manuel de Freitas, Colecção Poesia Portuguesa Contemporânea, Teatro de Vila Real, 2008]


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publicado às 17:31


Livros e Leituras

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.10.08

Amanhã  (hoje) , o novo opus de Herberto Helder, A Faca não Corta o Fogo - súmula & inédita (Assírio & Alvim), começa a chegar às livrarias. É, não tenham dúvidas, um dos maiores acontecimentos editoriais do ano. E para o comprovar basta que leiam três dos poemas inéditos do livro:

a vida inteira para fundar um poema,
a pulso,
um só, arterial, com abrasadura,
que ao dizê-lo os dentes firam a língua,
que o idioma se fira na boca inábil que o diga,
só quase pressentimento fonético,
filológico,
mas que atenção, paixão, alumiação
¿e se me tocam na boca?
de noite, a mexer na seda para, desdobrando-se,
a noite extraterrestre bruxulear um pouco,
o último,
assim como que húmido, animal, intuitivo, de origem,
papel de seda que a rútila força lírica rompa,
um arrepio dentro dele,
batido, pode ser, no sombrio, como se a vara enflorasse com as faúlhas,
e assim a mão escrita se depura,
e se movem, estria atrás de estria, pontos voltaicos,
manchas ultravioletas a arder através do filme,
leve poema técnico e trémulo,
linhas e linhas,
línguas,
obra-prima do êxtase das línguas,
tudo movido virgem,
e eu que tenho a meu cargo delicadeza e inebriamento
¿tenho acaso no nome o inominável?
mão batida, curta, sem estudo, maravilhada apenas,
nada a ver com luminotecnia prática ou teórica,
mas com grandes mãos, e eu brilhei,
o meu nome brilhou entrando na frase inconsútil,
e depois o ar, e os objectos que ocorrem: onde?
fora? dentro?
no aparte,
no mais vidrado,
no avêsso,
no sistema demoroso do bicho interrompido na seda,
fibra lavrada sangrando,
uma qualquer arte intrépida por uma espécie de pilha eléctrica
como alma: plenitude,
através de um truque:
os dedos com uma, suponhamos, estrela que se entorna sobre a mesa,
poema trabalhado a energia alternativa,
a fervor e ofício,
enquanto a morte come onde me pode a vida toda

*

aparas gregas de mármore em redor da cabeça,
torso, ilhargas, membros e nos membros,
rótulas, unhas,
irrompem da água escarpada,
o vídeo funciona,
água para trás, crua, das minas,
tu próprio crias pêso e leveza,
luz própria,
levanta-os com o corpo,
cria com o corpo a tua própria gramática,
o mundo nasce do vídeo, o caos do mundo, beltà, jubilação, abalo,
que Deus funciona na sua glória electrónica

*

rosto de osso, cabelo rude, boca agra,
e tão escuro em baixo até em
cima a linha
de ignição das pupilas
¿em que te hás-de tornar, em que nome, com que
potência e inclinação de cabeça?
o rosto muito, o ofício turvo, o génio, o jogo,
as mãos inexplicáveis,
a luz nas mãos faz raiar os dedos,
que a luz se desenvolva,
e a madeira se enrole sobre si mesma e teça e esconda a obra
e retorne e abra e mostre então
a abundância intrínseca,
porque se eriça num arrepio e se alvoroça
o espaço, e brilha quando,
no dia global,
espacial, no visível,
o caos alimenta a ordem estilística:
iluminação,
razão de obra de dentro para fora
— mais um estio até que a força da fruta remate a forma

 

 

publicou o Bibliotecário de Babel às 19:49 de Quarta-feira, 8 de Outubro de 2008

 

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publicado às 18:18


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