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O tempo
e
o
modo
e
a
circunstância
A
causa
e
o
efeito
e
a
consequência
Tenho uma cadeira escondida na cabeça onde sento o meu silêncio.
Não sou um homem moral (embora tente manter a minha consciência em equilíbrio) nem um sábio; não sou nem um esteta nem um filósofo. Sou apenas um homem nervoso, por força das circunstâncias e dos meus próprios actos.
Joseph Brodsky, A marca de água
Apenas dois dedos de conversa. O que tem faltado para haver uma mão cheia de conversa?
O governo "comandado" por Pedro Passos Coelho tem pessoas, se caladas e mudas, parecem ser inteligentes.
Por ti, as horas não têm relógios: Os relógios servem, apenas, para mostrar que as horas são uma excentridade do tempo.
Nada pior que ser governado por gente manhosa.
Não esperes para ver o fim da história. As várias histórias, sendo diferentes, tendo personagens diferentes, têm sempre o mesmo final.
São histórias que não acabam bem nem acabam mal. Não acabam, porque os argumentistas são todos do mesmo lado da história.
"Um rato pequeno deu de caras com um gato enorme no meio de um sótão e foi por ele perseguido, sem conseguir encontrar escapatória, até ficar encurralado numa esquina. A tremer, o rato disse-lhe: "Por favor, senhor Gato, não me coma. Tenho de voltar para a minha família. Os meus filhos estão à minha espera, cheiinhos de fome. Peço-lhe por tudo que me deixe partir." Respondeu-lhe o gato: "Não te preocupes, pois não está nos meus planos comer-te. Para ser honesto, ainda que não ande para aí a gritá-lo aos quatro ventos, sou vegetariano. Não consumo qualquer espécie de carne. Foi uma sorte teres topado comigo por acaso." Ao que o rato lhe respondeu: "Ah que dia maravilhoso! Que rato mais sortudo que eu sou, por ter encontrado no meu caminho um gato vegetariano!" Palavras não eram ditas e, no segundo seguinte, o gato saltou para cima do rato, fincou-lhe as garras e imobilizou-o, cravando-lhe em seguida os dentes afiados no pescoço. O rato, agonizante, perguntou então ao gato, com as últimas forças que lhe restavam: "Mas o senhor Gato não me tinha dito que era vegetariano e que não costumava comer carne? Estava a mentir?" O gato, lambendo os beiços, disse: "É verdade que não como carne. Não estava a mentir. Por isso, vou levar-te na boca, para minha casa, e trocar-te por uma alface." (...)
Haruki Murakami, IQ84-2.º Volume
As palavras saem mudas porque o ouvido é surdo, e a boca não sabe repetir o que o corpo não ouve.
É minha convicção que este governo apenas governa entre rumores e murmúrios.
Primeiro vêm as palavras fortes ditas com convicção e fortemente amarradas em verdades que parecem ser honestas, apesar das discórdias que provocam naqueles que pensam outras verdades. Depois, vêm outras palavras que contradizem as outras ditas, e provocam em nós arrepios de febres antigas. É o costume, dizemos nós, já habituados a tanto despudor e a que olhem para nós como se fossemos excrementos de merda humana.