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Há muito tempo que desconfio de algumas palavras e termos usados no mundo da economia, das finanças, dos negócios, da política, do futebol, da justiça, da saúde, do ensino, da cultura...
Há muito tempo que desconfio da inteligência, da seriedade, da bondade de comentadores, analistas e estrategas...
Há muito tempo que desconfio daqueles que aparecem nas televisões a debitarem opiniões sobre tudo, mesmo que não entendam nada da poda....
Há muito tempo que desconfio daqueles que estão confortavelmente sentados em cima do dinheiro e têm o desplante de darem palpites sobre as nossas vidas, desconhecendo, em absoluto, as realidades económicas, sociais, culturais e as diversas geografias humanas de um mundo onde não penetram porque vivem em redomas confortáveis, e distantes das vivências rudes, cruas, amargas e negras da maioria das gentes que povoam este planeta.
Desconfio dos "gurus" que apenas têm como objectivo ganhar muito dinheiro em livros e conferências por "ideias" desenhadas em noites de insónias, e vendidas nas feiras da ganância como banha-da-cobra.
Desconfio dos "engenheiros financeiros???" que constroem fortunas suportadas em estratagemas do "chico espertismo".
Desconfio daqueles que, com veemência, auguravam que, antes do mundo dar duas voltas sobre o seu eixo, o preço do barril do petróleo iria atingir os 200 dólares.
Desconfio daqueles que defenderam de forma esquizofrénica a invasão do Iraque porque era preciso descobrir e destruir armas com grande poder destrutivo e que a operação duraria o tempo de vida de uma borboleta.
Desconfio daqueles que vêm o mercado como se este fosse apenas o único meio de atingirmos a redenção das nossas vidas e nada mais houvesse para além dele senão o vazio.
Desconfio daqueles que apenas falam de números e que nunca leram livros de história, geografia, filosofia, sociologia, poemas.
Desconfio daqueles que não sonham.
Desconfio daqueles que não brincam.
Desconfio daqueles que nos tratam de forma paternalista como se fossemos um bando de imbecis.