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Parte II (continuação)
As consequências económicas destas políticas tiveram praticamente os mesmos resultados idênticos onde quer que tenham sido aplicadas: um aumento maciço da desigualdade social e económica; um assinalável incremento da forte dependência das nações e dos povos mais pobres do mundo; um desastre ambiental global; uma economia global instável, e uma bonança sem precedentes para os ricos. Ao serem confrontados com estes factos, os defensores da nova ordem liberal argumentam que os restos do que é bom invariavelmente sobejam para a generalidade da população - desde que não se encontrem em oposição às políticas neoliberais que exacerbaram estes problemas!
No fundo, não é possível aos neoliberais, nem essa é a sua intenção, defenderem empiricamente o mundo que pretendem construir. Muito pelo contrário, eles oferecem - melhor, exigem - uma fé religiosa na infabilidade da desregulmentação do mercado, que reconduz às teorias do século XIX que muito pouco tem a ver com o mundo actual. No entanto, o último dos trunfos dos defensores do neoliberalismo é acentuar a falta de alternativas. Eles proclamam o falhanço das sociedades comunistas, da social-democracia e até dp Estado Social n a sua forma mitigada, tal como existe nos Estados Unidos, e a aceitação do neoliberalismo popr parte dos cidadãos como a única saída possível. Poderá ser considerado imperfeito, mas é o único sistema económico possível.
No início do século XX, alguns críticos apelidaram o fascismo de "capitalismo sem luvas", significando com isto que o fascismo era o capitalismo na sua forma pura sem a presença de estruturas ou direitos democráticos. De facto, todos nós reconhecemos que o fascismo é amplamente mais complexo. Por outro lado, o neoliberalismo é na verdade o "capitalismo sem luvas". Representa uma era onde a força do dinheiro é mais forte e mais agressiva, confrontando-se com oposição menos organizada que anteriormente. Neste circunstancialismo político, a força do capital procura sedimentar o seu poder político em todas as frentes possíveis, e, como resultado, dificultar progressivamente que os negócios sejam postos em causa - e seguidamente tornar impossível - por negócios concorrentes situados fora do mercaso ou que não sejam lucrativos e acabar de uma vez por todas com as forças democráticas.
Excerto de um texto escrito por Robert W. McChesney em Outubro de 1998 e que serve de introdução ao livro de Noam Chomsky "Neoliberalismo e Ordem Global-crítica do lucro, publicado em 1999 e editrado em Portugal por editorial notícias em 2000.