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VIRIATO SOROMENHO-MARQUES
Os próximos cinco dias vão, muito provavelmente, ficar na história. Destaco três notas de agenda:
1. A Zona Euro enfrenta uma inédita míngua de crédito em duas grandes economias: a Itália e a Espanha. A tese que até agora tem prevalecido da epidemia e do contágio, ilustrada pela queda em sucessão de três pequenas economias (Grécia, Irlanda e Portugal) vai ser submetida ao teste definitivo da realidade. Tudo indica que a explicação sistémica (que temos defendido desde sempre nestas crónicas) é a única que se adequa à realidade. A Zona Euro não poderá sobreviver indefinidamente ao ataque simultâneo e em pinça sobre Roma e Madrid. A taxa de 7% para a dívida pública a 10 anos mostra que toda a resiliência tem limites.
2. O silêncio do Directório terá de ser quebrado esta semana. Suspeito que a clivagem, até agora quase silenciosa, entre Paris e Berlim vai tornar-se visível e vocal. Prova clara disso é a entrevista do ministro francês, François Baroin, reclamando para o FEEF uma licença bancária, que lhe permitiria, por via indirecta e sem molestar os Tratados, fazer do BCE o instrumento de combate eficaz na guerra que a Zona Euro trava contra as paixões mistas dos mercados (o pânico da maioria, e a gula dos especuladores). Suspeito que Berlim tirará da cartola mais uma ideia esdrúxula (o financiamento do FMI pelo BCE?), que corre o risco de adensar a fuga de capitais de tudo o que cheire a Europa.
3. Para Portugal, apenas um conselho. O primeiro-ministro deve concentrar-se em impedir que a opinião pública acabe mesmo por acreditar que é Miguel Relvas quem chefia o governo. Seria útil que o PM deixe o Presidente da República trabalhar. Depois de muitos erros e ambiguidades, Cavaco Silva é hoje a mais sensata voz de Portugal em matéria de crise europeia. Não será isso "cooperação estratégica"?
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