Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ana Sá Lopes
É um prazer ouvir Durão Barroso falar alto em Bruxelas, até porque quase nunca acontece. É verdade que está entalado entre a verdadeira presidente da Europa - a chanceler alemã, Angela Merkel, assessorada pelo seu ajudante Sarkozy - e o misterioso senhor Rompuy, que para a maioria dos cidadãos da Europa se limita a ser um presidente de sabe- -se lá o quê. Mas enquanto a Europa arde, Durão Barroso - em vez de "glorificar" Portugal, como sonharam todos os patriotas quando o deixaram largar o aborrecidíssimo governo de 2004 - tem-se limitado a cumprir um decorativo papel de flor no funeral no euro e, consequentemente, da União Europeia. Para currículo político a pensar na futura corrida a Belém haveria de certeza melhor.
Porém, ontem foi, de certa forma, um dia histórico. Durão acordou. Antes da cimeira franco-alemã, o presidente da Comissão fez uma declaração de existência a todos os títulos interessante. Se Durão consegue dizer alto e bom som, para toda a imprensa europeia, que a situação é "muito grave", então é porque finalmente está assumido que a situação não é só "muito grave", mas sim de catástrofe iminente. Afinal Durão sabe que é "muito grave" há muito tempo - só não o diz porque não pode, ou não deve, ou não tem qualquer poder, etc.
Na véspera, a chanceler Merkel tinha evidenciado o grau de loucura de que está possuída, ao avisar toda a gente de que a cimeira de hoje não iria dar em nada. A incrível declaração sobre a impossibilidade de "avanços espectaculares" na crise do euro e na ajuda à Grécia é um epitáfio.