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A LUZ
A luz marca o tempo das coisas invisíveis
enquanto as mãos atravessam o espesso
manto das camadas de pó que permitem ver
a forma de todas as coisas visíveis
E as mãos ficam frias e as veias
azuis como os oceanos
onde o sangue navega
subindo e descendo
constantemente
como se procurasse qualquer coisa
esquecida ou suspensa
como embarcação em mar encapelado
E a luz vai marcando o tempo e o ritmo
de todas as coisas invisíveis
assinalando com sombras os gestos
de uma carícia começada mas inacabada
que ficou suspensa nas partículas da memória
e que a mão irá lembrar mais logo
mas já demasiado tarde
porque a luz que marca o tempo
das coisas visíveis e invisíveis
se extinguiu