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DIA DE FESTA NA MINHA TERRA
Ano dezanove do século vinte e um
domingo
janeiro
vinte
inverno
lua vermelha
eclipse total para ver mais logo na madrugada
É dia de festa na minha terra e da grande procissão
fanfarras e bandas pipocas e balões algodão-doce
bancas de fogaças e outros doces "regionais"
meninas de branco vestidas
cinturadas de vermelho ou azul
cabeças coroadas de fogaças para honrar a promessa feita há séculos
varandas enfeitadas por tecidos adamascados
gente anónima e de todas as condições
verga-se respeitosamente à passagem dos andores e do pálio
e das suas bocas saem silenciosos murmúrios em forma de oração
e foguetes troam anunciando o princípio e o fim da festa
animada pelos trapezistas dos negócios ambulantes
montados no palanque das suas viaturas anunciam
com voz peculiar pomadas e elixir para todas as maleitas
descontos na compra de cobertores ou
de um molho de peúgas
"...não é 100, nem 90, nem 80, nem 50... se comprar agora, e ainda leva este relógio como oferta...
vai pagar, nem mais nem menos, duas notas de 20... uma pechincha!
aproxime-se freguesa aproveite a minha boa disposição
hoje é dia de festa..."