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As televisões massacram-nos com as peripécias da preparação da selecção portuguesa de futebol para o Campeonato da Europa que começa este mês na Suíça e na Aústria.
Mostram-nos, como se todos nós quisessemos assumir o papel de voyeurs, as grandiosas, magnânimas e interessantes vidas públicas e privadas dos intervenientes no espectáculo.
Ao pegar, por acaso, no livro de João Aguiar, "O navegador Solitário", abri, também por acaso, o livro na página 128 que tem o seguinte parágrafo:
(...) "O futebol, explica a Teresa, transformou-se na via pela qual a democracia e a própria sociedade de desagregam. A democracia embruteceu-se em demagogia, com os políticos a fazer públicas masturbações ao desporto-rei (palavras textuais de Teresa), com a agravante de nesse contexto se escrever desporto sem aspas, o que é um logro porque o futebol há muito que se transformou em espectáculo de massas, ritual para extravasar frustrações e concelebração de violência - o futebol é tudo isso mas não é desporto. E os políticos vergam-se e quem nos governa são afinal os dirigentes dos grandes "clubes" que também precisam de aspas porque deixaram de o ser para se tornarem seitas, dotadas até dos seus bandos de fanáticos e cujo objectivo é o poder e o dinheiro.''