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Apenas sei que não sabia. Se me contaram, já esquecera.
Mais tarde ouvi rumores que narravam o acontecido. O homem morrera com flores cravadas no peito.
Ninguém morre com flores espetadas no peito, cogitei. Estava enganado. O boletim médico o confirmava. Sim senhor, o homem morrera com flores cravadas no peito.
Não consigo imaginar uma morte assim, florida, alegremente florida. Rectifico, tristemente florida. Afinal, as flores servem para celebrar quase tudo, inclusivé a morte. Mas morrer com flores cravadas no peito...?
Então uma inquietação me assaltou: Será que era sua vontade obsequiar alguém, com flores, de maneira elegante, cavalheiresca e respeitosa, e esse alguém, com desdém as recusou e o acusou de assédio? E perante a humilhante negação e acusação, num gesto dramático, abraçou com tamanha raiva e força o ramo (suponho que era um ramo) de flores que lhe rasgaram o peito e lá ficaram gravadas como se fosse uma tatuagem ?
Gostava que o homem estivesse vivo para contar a sua versão dos factos.