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O aspecto desagradável do episódio do cigarro fumado pelo primeiro-ministro não tem que ver com a denúncia dos jornalistas, nem com o exagero na cobertura mediática, mas com o aproveitamento do próprio José Sócrates da atenção recebida. Ficámos então a saber que o primeiro-ministro de Portugal está a tentar deixar de fumar. Tal qual o nosso primo ou o nosso irmão mais velho. Será que também usa aquelas pastilhas ou uns pensos quaisquer que se colam não sei onde? José Sócrates é um ser humano, um ser aliás tão humano que chega a haver uma vaga hipótese de ser nosso parente. Mal chega da Venezuela avisa sorridente num encontro em Braga que já não fuma há uma série de dias. O povo português não tem de ser informado disso mas Sócrates insiste em contar. A insistência galhofeira é um claro aproveitamento da situação em que se viu apanhado e uma tentativa de tirar partido do seu erro. Afinal, não passa de uma pessoa como outras, com um problema aborrecido, que provoca ansiedade e uma imensa empatia com os amantes de cigarros. O primeiro-ministro não deu o exemplo. Isso seria demagogia. O primeiro-ministro emenda-se e cria empatia. Isso é intimidade à força.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 24-05.08.
publicado por Charlotte
post retirado do blog "Bomba Inteligente"