Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
O rio que mergulha noutro rio
o caudal aumenta e afoga a terra
casas viradas ao contrário
o céu é um imenso mar onde as estrelas são gaivotas.
Homens nus pescam insectos
mergansos pescam crocodilos
crocodilos apanham homens nus com canas de pesca
e velas que iluminam o caminho aos morcegos.
O vento sopra de lado nenhum
o ar está parado
e gente de boca aberta engole o espanto
mas o ar está parado, não há vento.
Uma rosa para iludir o tempo e o bocejo
rebenta os balões
da festa de um menino que gosta
de fazer o pino enquanto sonha.
O palhaço é um cão que mia
cujo nariz
cabe no seu
enorme sapato.
O sapo namora com uma melga
mas esta ainda não sabe e
graceja ridicularizando a sua incompetência
e o boi ressuscitou no corpo de uma minhoca.
E o rio continua a mergulhar num outro rio
e o caudal engrossa cada vez mais e
a terra é um imenso pano bêbedo
onde os crocodilos pescam insectos
sentados em cadeiras de pernas cruzadas
o rabo na boca como se fosse um cigarro.
Ratos com asas
infâmias
putin e trump
diabruras
a história que às vezes se quer repetir.
Ironias...
A história do sarcasmo e da estupidez
ignorantes com boca e poder e
as casas ao contrário e
as árvores ao contrário
o mundo ao contrário
irreal
digital
kafkiano
um carro no espaço há-de servir para quê...
E os crocodilos
sentados em cadeiras de pernas cruzadas
rabo na boca
usam canas de pesca
para apanhar
homens nus e desprevenidos.