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O autor de O Nosso Reino (Temas e Debates), O Remorso de Baltazar Serapião e O Apocalipse dos Trabalhadores (ambos na Quidnovi) regressa com um novo romance em Fevereiro com o selo da Objectiva. Em Julho, Valter Hugo Mãe adiantava nas páginas da LER (nº 82). «Estou a meio do livro. Trata-se do senhor Silva que tem 84 anos e acaba de perder a esposa com quem passou mais de 50 anos de vida em comum. A narrativa pretende fazer um exercício de justificação para a vida depois de uma perda desta dimensão. A morte da companhia é uma fractura terrível mas o ser humano segura-se à vida mesmo sem perguntar o que é que ainda falta. Trata-se de um texto muito forte com passagens muito duras mas também com páginas de uma certa casmurrice, senilidade e ternura. [...] No livro digo que a velhice é suportável porque vamos perdendo a consciência das coisas. O que parece uma asneira para os mais novos é um mecanismo de sobrevivência dos mais velhos para manter o corpo vivo, apreciando alguns raios de sol depois de uma tragédia tão grande. Tenho a certeza que não vou chegar a velho, por isso escrevo o pensamento de um homem mais velho do que eu. Vi chegar a minha calvície aos 19 anos, aí percebi a precocidade da discrepância entre idade real e idade aparente.»
Fotografia de Pedro Loureiro.
In Revista Ler