por Carlos Pereira \foleirices, em 21.12.17

ALEXANDRA DE PINHO | TRANSFRAGMENTOS
PÂNICO
É Inverno
o pássaro foge,
não gosta da noite.
o pinheiro enrola as raízes mais fundo.
o cristal parte-se.
a porta abre-se.
o dia afoga-se entre coxas e mamas e
perde a memória.
o vento uiva por entre espinhos e espelhos.
a chuva que tudo limpa e o
carrossel onde os cães se escarrancham.
almas frígidas montadas em cavalos com cio.
espadas, superstições, cânticos.
a noite que engole o dia, sôfrega, num
espasmo de
dor e prazer.