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Que a palavra seja um volume ardente e preciosamente nu
e que trema porque o seu centro é obscuro e incerto
e que se perca na sua chama como numa nuvem
que o seu brilho não apague o movimento da sua sombra
e errante se extinga agravando a solidão de um exílio como um país de sangue
Ese for veementemente como uma onda vermelha
que nela perpasse um húmido murmúrio de névoa
Que a argila reverdeça na prateada lama das suas luas de areia
e mais do que tudo o coração e o olvido se reúnam
entre as luzes e as sombras do seu outono de água
Que a fronte se torne alta de terra vento e chama
porque nela o silêncio é a pureza que vibra
sobre o sangue incessante
Se arder para o corpo do dia que arda para o corpo da noite
Como um arco lentíssimo sobre um espaço de vento e solidão
ou um ouvido solitário de árvore
ela será luminosa harmonia que se esvai
na sua imperfeição de sombra enamorada
e unir-nos-á docemente à sua fugidia sombra