Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
a oscilação da vontade e da recusa em fazer alguma coisa
a fala que não se entende com a língua
a luz brilhante e quente que não aquece
a chuva que bate na vidraça em silêncio
as portas que só rangem no escuro
percorrer o quarto obliquamente suspenso do tecto sobre o ar amarelo da poeira
uma cambalhota e o corpo desmaia
um cão atravessa a madrugada
gotas de suor escorrem das torneiras
quando o sol se põe a árvore amadurece e a fruta flutua no vazio
as pedras rosnam quando são calcadas e armadilham o caminhar desprevenido do caminhante
parece caótico o carreiro das formigas dizem as cigarras
um crocodilo pisca o olho a outro crocodilo e morde-lhe o rabo
uma garrafa de cristal que julga ser a aristocrata do vidro
um grito ou um gemido?
há diferenças no prazer e na dor
o espelho parte-se discreto sem alarido sem sangue era vidro muito antigo
a vontade é resoluta a recusa também
na arte de não ceder anunciam-se acordos de paz para melhor pensar a guerra
querubins sopram trompetes
as notas da partitura guardadas em meias com mau cheiro exalam fedor
as cadeiras estão vazias o maestro perdeu a batuta a sala está vazia
silêncio absoluto
uma mosca bate as asas
o ruído provoca mais ruído e o pente que já não penteia
a cabeça está careca e em vez de cabelo nasceu musgo e o pente isso não penteia
rapidamente anoitece e as portas só rangem no escuro para amedrontar o medo
enquanto o corpo adormecido repousa sobre a membrana da água de uma piscina
É Verão simplesmente