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Um rumor roça as minhas pálpebras.
Finjo que sou mouco.
Amordaço os olhos.
Tapo a boca com uma venda.
Não quero estar presente.
Mas não posso fingir que estou ausente.
Engulo em seco. Suo poeira vermelha.
Abraço o tórrido vazio.
Quero erguer os braços suplicantes, não consigo.
Pesam mais que o ar denso.
Vozes iradas vindas não sei de onde gritam ameaças.
As pernas querem fugir mas a cabeça não deixa.
Sinto o hálito mortífero do deserto e a respiração espinhosa dos cactos.
O chão cospe cortinas transparentes de fogo, o corpo não vai aguentar.
Preciso urgentemente de água.
Acordo. Ligo o interruptor. Ilumino o medo.
Adormeço.