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O medo esborratara-lhe a alma
O vento assobiava uma canção de amor sarcástica
Cabeças espreitavam por entre as frestas da janela, a casa espiada
Um limão sobre a mesa
Um corpo rugoso sentado, as mãos cansadas sobre as pernas
Um virar de cabeça na direcção do nada
Uma nódoa na parede
A alma um calendário
A melancolia um ponto escondido no armário
Um cravo murcho e cabisbaixo vergado pela vergonha
Um olhar azul magoado
Um fio de água
A serpente no copo
A taça vazia
O coração remendado
Gotas de suor eruginosas
Sulcos esculpidos na pele, a idade do corpo, a idade do medo
Fugir parada
A pancada no corpo
A saudade da idade jovem e de um tempo de rara felicidade