Paradais
byFernanda Melchor
Translated by Sophie Hughes
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Paulo Scott, escritor brasileiro, é um dos 13 nomeados da edição deste ano do Prémio Booker Internacional com o livro "Marrom e Amarelo" com a tradução para a língua inglesa de Daniel Hahn.
The 13 long listed novels have been announced. They are works of fiction translated into English from 11 languages and originate from 12 countries across four continents – including Hindi for the first time.
This year’s longlist includes previous winners Olga Tokarczuk, Jennifer Croft, David Grossman and Jessica Cohen, alongside authors translated into English for the first time.
Independent presses with a mission for bringing the world’s fiction to English-speaking readers have dominated, with Tilted Axis - the publisher founded by Man Booker International Prize winner Deborah Smith - appearing on the list for the first time with three titles.
The shortlist of six will be announced on 7 April and the winners of the prize will be named on 26 May 2022.
byFernanda Melchor
Translated by Sophie Hughes
byMieko Kawakami
Translated by Samuel Bett David Boyd
bySang Young Park
Translated by Anton Hur
byNorman Erikson Pasaribu
Translated by Tiffany Tsao
byClaudia Piñeiro
Translated by Frances Riddle
byViolaine Huisman
Translated by Leslie Camhi
byDavid Grossman
Translated by Jessica Cohen
byPaulo Scott
Translated by Daniel Hahn
byJon Fosse
Translated by Damion Searls
byJonas Eika
Translated by Sherilyn Hellberg
byGeetanjali Shree
Translated by Daisy Rockwell
byOlga Tokarczuk
Translated by Jennifer Croft
byBora Chung
Translated by Anton Hur
Cristina Robalo-Cordeiro, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, venceu o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho, da Associação Portuguesa de Escritores (APE), em conjunto com a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, com a obra "O Véu de Maia - Relendo Almeida Faria".
Esta obra foi publicada por Edições Minerva em 2020.
Descobri que A Barbearia do Senhor Luís estava aberta. Fiquei feliz... pois pensava que encerrara as portas do seu distinto estabelecimento.
O dono da Barbearia, Luís Novaes Tito, continua na mesma. Coerente. inteligente, sem medos, apesar de pontuais desacordos.
O meu respeito por um velho amigo com quem aprendi algumas coisas.
Tentarei passar pela Barbearia todos os dias para o cumprimentar e pôr a conversa em dia.
Os meus cumprimentos.
Ouço um disco da Dulce Pontes, aqueles fados imortais, Canção do Mar, Povo que lavas no rio, Se voasses para perto de mim... todas canções maravilhosas.
Isso ajuda-me a suportar a distância, o tempo faz o sentimento, transforma-o e idealiza-o, imagino o brilho suave nas terras escarlates do Alentejo, naquela estrada que leva ao Sul e atravessa aldeias adormecidas. E hoje dou comigo a pensar no que a actual namorada do meu filho, o seu primeiro amor, lhe perguntará daqui a alguns anos quando se voltarem a encontrar, com uma outra vida desenhada e outras respirações partilhadas, para ambos, imagino as suas questões, se eu ainda estiver vivo, ela poderá perguntar-lhe:
E o teu pai? Ainda encerrado na sua gruta, o seu escritório e ateliê de criação? A procurar palavras e a juntá-las, transmitindo uma ideia, um momento que conseguiu captar, uma pata com os seus patinhos? uma imagem para desenhar ou colorir? uma música que não lhe sai da cabeça e não o deixa em paz até a ter gravado? Ainda tão solitário e afastado de tudo e de todos, sozinho com as suas memórias indefiníveis excepto através dos seus poemas? Continua um misantropo? revoltado contra a ignomínia dos políticos e apoiantes de movimentos políticos ou sindicais hipócritas? Ainda fala das suas noites bravas e das cores do céu cujos perfumes dizia respirar, quando dizia que alguém era um poema que vivia dentro de si e através do qual chegava ao seu coração e aos seus tormentos? Invejoso, mas com admiração, não cobiça, sentimemnto que diz nunca ter tido e que deixou aos medíocres que desperdiçam a sua energia preocupando-se com os outros.
Continua tão solitário, tão afastado de tudo, após ter conhecido certas glórias e certas luzes? Revoltado contra as sentinelas da moralidade nas suas cidadelas, intransigentes, contra aqueles que cultivam com talento a denúncia, ele que se alimenta da imprevisibilidade do som das palavras e que vê em cada velho músico uma beleza digna de uma pintura de Miguel Ângelo. Esses Mick Jaggers, esses Keith Richards, septuagenários enrugados e marcados mas tão belos pelas suas vivências.
Ainda tem aqueles ímpetos para misturar violentamente cores numa tela infernal que ninguém entende, mas na qual ele vê o deserto florescer ou um pequeno fosso amargo de riquezas íntimas? Ainda diz que as palavras são sons, a música, cores, e a çpintura, frases coloridas e que, portanto, as expressões das três artes são idênticas e se fundem?
Não sei o que o meu filho poderá responder, sei, pelo menos espero, que ele lhe dirá que passou comigo os melhores anos da sua vida familiar e que o amor que lhe dei foi o principal, a arte é apenas uma mensagem que deixarei àqueles que apreciei e amei na vida e que me terá ajudado a viver, sobreviver e morrer e, na verdade, isso é o principal.
TEXTO DE TIMOTHY HAGELSTEIN, DO LIVRO "APNEIAS EMOCIONAIS - POESIAS, PROSAS E NOTAS BIOGRÁFICAS", EDIÇÃO GUERRA E PAZ, EDITORES, NOVEMBRO DE 2021, TRADUÇÃO DE ANA PAULA FILIPE.
já não tenho tempo para ganhar o amor, a glória ou a Abissínia,
talvez me reste um tiro na cabeça,
e é tão cinematográfico e tão sem número o número dos efeitos especiais,
mas não quero complicar coisas tão simples da terra,
bom seria entrar no sono como num saco maior que o meu tamanho,
e que uns dedos inexplicáveis lhe dessem um nó rude,
e eu de dentro o não pudesse desfazer :
um saco sem qualquer explicação,
que ficasse para ali num sítio ele mesmo sítio bem amarrado
- não um destino à Rimbaud,
apenas longe, sem barras de ouro, sem amputação de pernas,
esquecido de mim mesmo num saco atado cegamente,
num recanto pela idade fora,
e lá dentro os dias eram à noite bem no fundo,
um saco sem qualquer salvação nos armazéns obscuros
POEMA DE HERBERTO HELDER in "SERVIDÕES", EDIÇÃO ASSÍRIO & ALVIM, MAIO DE 2013