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Feira do Livro do Porto, 1 a 17 Setembro 2017, Jardins do Palácio de Cristal,
programação de Anabela Mota Ribeiro e José Eduardo Agualusa
Dia 1
Uma máquina voadora movida por vontades (Saramago), 22h
spoken word por
André e. Teodósio, encenador, e Teatro Praga;
Dia 2
Clarice Lispector por Carlos Mendes de Sousa (lição, 12h);
Miguel Sousa Tavares, Frederico Lourenço e Ana Luísa Amaral conversam sobre a poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen (19h);
Dia 3
José Luís Peixoto e Patrícia Reis conversam sobre o sagrado e o profano na literatura com moderação de João Paulo Sacadura (16h);
Han Kang, escritora coreana cujo romance, “A Vegetariana”, venceu o prestigiado Booker International de 2016, conversa sobre a sua obra com José Mário Silva (19h);
Dia 6
"Memorial do Convento" de Saramago por Carlos Reis (lição, 19h);
Dia 8
De Ana Hatherly a Tarkovsky (palavras, imagens e um fio de música) 21.30
por
Matilde Campilho (poeta)
Tomás Cunha Ferreira (artista plástico e músico)
Mariano Marovatto (poeta e músico)
Anastasia Lukovnikova (cineasta)
Dia 9
Sophia de Mello Breyner por Ana Luísa Amaral (lição, 12h);
A escritora brasileira Tatiana Salem Levy conversa com a portuguesa Dulce Maria Cardoso (que estará lançando um novo livro) sobre a importância da literatura num mundo à beira do abismo — ou da salvação. Mediação de Raquel Marinho (15h);
Que mistérios tem Clarice?
spoken word, 21.30, por
Carlos Mendes de Sousa (selecção de textos)
Ana Vidigal (imagem)
Marta Hugon (a dizer e a cantar)
Filipe Raposo (piano)
Dia 10
Teju Cole conversa com Isabel Lucas (16h);
Bruno Vieira Amaral e Djaimilia Pereira de Almeida conversam sobre a construção e a reinvenção da memória, com mediação de Carlos Vaz Marques (19h);
Dia 13
"A Máquina do Mundo", de Carlos Drummond de Andrade, por Clara Rowland
(lição, 19h);
Dia 16
David Mourão Ferreira por Fernando Pinto do Amaral (lição, 12h);
Laurent Binet conversa com Ana Sousa Dias (19h);
Dia 17
"Húmus" de Raul Brandão por Maria João Reynaud (lição, 12h);
Alexandra Lucas Coelho e Gonçalo M. Tavares conversam sobre o corpo e o mal, com moderação de Luís Caetano (19h);
"Num mundo em convulsão, atormentado por grandes e imprevistas mudanças, e em busca de novos caminhos e ideais, a literatura tem um papel cada vez mais importante: o de promover o debate e pensar o futuro. Para esta edição da Feira do Livro do Porto iremos trazer um conjunto de escritores de grande relevância a nível internacional e no espaço da lusofonia, os quais irão discutir entre si, e com os leitores presentes, temas como a construção e a reinvenção da memória, a instalação do mal, ou o lugar do sagrado e do profano na literatura e na sociedade.
Iremos ainda recordar e homenagear Sophia de Mello Breyner e Júlio Diniz.
A nossa intenção é criar um Porto de Ideias, um lugar de encontro de escritores e pensadores, dando assim continuidade a uma tradição de cosmopolitismo e de partilha, característica da natureza de todas as antigas urbes portuárias.
José Eduardo Agualusa"
"Para explicar o modo como pensei alguns eventos da Feira do Livro do Porto (1 a 17 Set), socorro-me do maravilhoso trabalho, feitas de palavras desenhadas, de Ana Hatherly. Há nele uma forma que não é definitiva, que está em mutação, como que levada pelo vento; e, nesse movimento, contagia, assume novas configurações, incorpora um saber e uma relação que vem com os outros. Aprender é isto. Aprender implica uma dinâmica, uma abertura, a contaminação. Uma nova realidade que é criada, distinta da precedente, algo que nos faz ser outros e em que intervimos. Há elementos especialmente activos nesta metamorfose. Poetas, palavras, imagens, uma evocação, a música. Princípios, partículas essenciais, que nos levam, implicam, transformam. E intérpretes (aventurosos) que prolongam o movimento, desafiam limites, convocam outros e ainda outros. Tudo parte de uma matéria orgânica.
Nas sessões de spoken word, a palavra é dita, literalmente, mas está longe de se esgotar no dizer; ao invés, ela é apropriada pela imagem, pelo som, pela diversidade linguística e de suportes. Trazemos Clarice, Saramago, vamos de Hatherly a Tarkovsky.
Nas lições, recordamos os 30 anos da partida de Carlos Drummond de Andrade (e analisamos o seu mais famoso poema, A Máquina do Mundo), os 40 anos da morte de Clarice Lispector, David Mourão Ferreira que faria 90 anos, se fosse vivo, os 35 anos da invenção de uma máquina que voa movida por vontades ("Memorial do Convento") e Sophia, a autora homenageada na Feira, fada-menina-musa-tudo.
Anabela Mota Ribeiro"
A Feira do Livro do Porto conta ainda com um ciclo de cinema, exposições, discussões, entre outras iniciativas.
A INFORMAÇÃO SOBRE A FEIRA DO LIVRO DO PORTO FOI RETIRADA DO "SÍTIO" DA ANABELA MOTA RIBEIRO
Café Magestic - Rua Santa Catarina - Porto
"Acredito no rio Amazonas desde que eu era menino. Meu pai foi quem primeiro me falou dele. Disse que sua largura era tamanha que o lado de lá não se via. Eu, acostumado a pescar lambaris em ribeirões e riachinhos, ouvia ele dizer que o rio maior que tinha visto, o Grande, perto do Amazonas não passava de um mijinho de menino. No Grupo decorei e recitei feito poesia os nomes dos afluentes dele: Juruá, Tefé, Purus, Madeira, Tapajós, Xingu. Aprendi também sobre a pororoca, briga que o rio perde sempre, porque o mar é maior do que ele. Assim é a vida: o mar tem sempre a última palavra... Mas o que me fascinava mais, mesmo, era a notícia de uma planta de folha tão grande que nela se podia deitar uma criança. Tudo era assombroso.
Acreditei sem nunca ter visto, só de ouvir dizer. Acreditei tanto que cheguei mesmo a viajar para lá para ver o rio. Quem vai é porque acreditou. E vi com estes olhos, e quando o quero rever releio o poema de Heládio Brito:
Eu vim de ver o rio
o frouxo ir das águas,
pesadas delas mesmas,
grossas das lonjuras vindas
no irem sendo rio.
Líquido boi cansado
carregado de peixes,
trabalha o rio
para os homens da margem,
que ao suado lombo lhe fustigam
com seus anzóis e redes...
Cheguei mesmo a navegar nas suas águas, se atravessar de balsa é navegar. Não, não é não. Quem navega com a cabeça fora d'água nada sabe. É preciso mergulhar, penetrar fundo nas águas. Mas, para isso, serai preciso que fôssemos como os peixes. O Guimarães Rosa amava tanto os rios que desejava, numa outra encarnação, nascer crocodilo. Nós, humanos, só conhecemos os rios na superfície. Os crocodilos os conhecem nas funduras. Nas funduras os rios são escuros e tranquilos como os sofrimentos dos homens. Essa eu não sabia, que os sofrimentos são escuros e tranquilos.
Aí ele diz uma coisa inusitada: que o rio é palavra mágica para conjugar eternidade. Eu havia aprendido o contrário, que o rio é palavra para conjugar tempo. Pelo menos foi assim que ouvi de Heráclito, o filósofo: "tudo flui, nada permanece, tudo é rio..."
Mas lendo as Escrituras Sagradas percebi que certo estava o João: "a eternidade mora no fundo das águas, no fundo do tempo". Quando Deus quis fazer artes mágicas com Jonas, jogou-o no mar, onde um peixe o aguardava de boca aberta, e por três dias ficou na fundura das águas, como feto na barriga da mãe, até que se transformasse em profeta. O que não é muito diferente das metamorfoses que fazem um poeta - portanto confirmado pela Cecília Meireles e pelo T.S. Eliot que afirmam que, para fazer poesia, é preciso ter olhos de peixe. Não é por acaso, portanto, que o ritual mágico para transformação do velho em criança, a que se dá o nome de "batismo", siga a metáfora do afogamento e do nascimento: o adulto é mergulhado, de corpo inteiro, nas águas de um rio: o velho que mergulha morre; a criatura que sai das águas é menino.
Não é por acaso, portanto, que o peixe seja, a um tempo, símbolo poético e símbolo profético: é que ele nada nas funduras do tempo, onde a eternidade gera os seus milagres.
Na superfície do rio é o tempo que flui, sem parar. Assim estava escrito nos carrilhões antigos, aqueles relojões enormes de pêndulos sem pressa: tempus fugit - o tempo passa, a vida vai se perdendo nas águas do nunca mais. Resta então a saudade sem remédio, caso tenha havido amor e alegria. A festança ao fim do tempo só se justifica se amor não houve, nem alegria. A perda da coisa amada não pode ser festejada. Só pode ser lamentada.
Mas pensando no que dizem os poetas e profetas, eu me descubro transformando o choro em riso: os que semeiam com lágrimas com alegria ceifarão, pois Deus é o rio mostrando as suas entranhas. No fundo, na eternidade, as águas correm ao contrário, disso sabem os peixes, que nadam contra a correnteza - a alma também; na superfície a gente nasce nenezinho, tempus fugit e a gente fica adulto, tempus fugit e a gente fica velho, tempus fugit e a gente morre. Nas funduras, onde mora a eternidade, é ao contrário. Primeiro é a velhice. Aí tempus fugit , a gente vira menino.
Deus começa sempre pelo fim. Nas Escrituras Sagradas o dia começa com a tarde e termina com a manhã. Está escrito no poema da Criação: "E foi a tarde e a manhã do primeiro dia..." O sol se põe, mais um dia se inicia. O fim é o lugar do começo.
Ao recitar as estações do ano a gente, automaticamente, diz: primavera, verão, outono, inverno. Mas lendo D. Miguel Unamuno percebi que isso não está certo. O tempo é uma roda. Se nas Escrituras o dia começa com a tarde, no ano as estações podem muito bem se iniciar com o inverno. Inverno, primavera, verão, outono... O inverno é a infância do ano. No seu silêncio profundo a primavera está em gestação... No silêncio do fim moram os começos. No silêncio da velhice mora a infância...
Tem gente que acredita em Deus com firmeza, do jeito mesmo como eu acreditava no rio Amazonas, por ouvir dizer - chegando a discorrer com autoridade, invocando teologia e dogma, feito o meu pai, que ensinava sem nunca ter ido ou visto. Não mergulha, por medo de se afogar. Agora eu acredito em Deus como crocodilo ou peixe, para me des-afogar... Eu preciso dele para o tempo andar ao contrário. E é assim que eu o imagino, como um pescador que vai lançando nas águas do tempo as redes da eternidade, para pescar tudo aquilo que foi amado e que se perdeu. Para nos devolver. É o "eterno retorno". É a "ressurreição dos mortos". É a primavera nascendo do inverno. É a criança nascendo do velho.
Isso eu desejo do ano novo, criança nascida do velho; que eu seja mais criança do que fui."
VER BIOGRAFIA DE RUBEM ALVES »»»»
CRÓNICA DE RUBEM ALVES PUBLICADA NO LIVRO "SOBRE O TEMPO E A ETERNIDADE", EDIÇÃO DA PAPIRUS, SPECULUM, 1995, BRASIL.
Gosto que gostes de mim e os
teus dedos espreitem o meu coração.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
ODE A JACKSON DE FIGUEIREDO
JACKSON,
nem amigo nem inimigo,
nem mesmo (o que seria cómodo) espectador displicente na sua poltrona
espiando teus gestos, tuas palavras e obras,
mas distante, extraordinariamente distante daquilo que foi a tua vida,
mais distante ainda dos mundos que exploraste, viajante inquieto, sem tempo para esgotá-los,
e só te conhecendo bem depois que abriste os braços para morrer,
aqui estou, testemunha, depondo.
Jackson,
os que te conheceram e te amaram,
os que te conheceram e não te amaram,
os que não tiveram tempo de te amar,
os que não cruzaram no teu destino, os que ignoram o teu nome, os que jamais saberão que exististe,
estão todos um pouco mais pobres do que eram antes.
Uns perderam o amigo.
Outros, o inimigo, o grande e belo inimigo que orgulha.
Outros nada perderam, e é tão triste, tão doloroso não perder nada.
Como estes, eu me sinto pobre da pobreza de não ter sido dos teus, Jackson,
e eu o sinto verdadeiramente por todos aqueles que jamais suspeitarão disso.
Voltou o tempo dos prodígios.
Ainda há pescas maravilhosas, eu sei,
e os peixes que arrebataste a um mar mais crespo que o de Tiberíades
estão cantando a glória do Senhor.
Milhares de escamas, milhares de dorsos, de luzes, de almas
elevam um cântico tão puro que a terra se mistura com o céu
e nem se percebe o pescador que as ondas arrebatam,
que as ondas arrebatam violentamente, para depois se apaziguar,
enquanto o corpo mergulha e os peixes cantam a glória do Senhor.
Agora sentimos que estás mais perto de nós,
que por obscuros caminhos nos chegamos mais a ti,
(pouco importam as ondas e esta camada de terra que nos separa de tuas espécies em decomposição).
Muitas coisas nos ensinou a tua morte, que a tua boca não soubera exprimir
e a tua pesca mais opulenta, Jackson, foi a de ti mesmo pelo oceano,
pesca terrível e prodigiosa de amor e de redenção.
Belo Horizonte, 1929.
COLÓQUIO | LETRAS - N.º 135/136 - JANEIRO/JUNHO 1995
"... Eu diria saudando o autor das tábuas: uma erva eterna. Possa o cavalinho branco do nosso futuro apaziguar nela uma fome do corpo e da alma, um sonho de liberdade e dignidade colectivas que nascem e se cumprem no tempo mas que tempo algum pode medir."
FINAL DO DISCURSO DE EDUARDO LOURENÇO LIDO DURANTE A HOMENAGEM A MIGUEL TORGA QUE TEVE LUGAR EM LISBOA (FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN) EM DEZEMBRO DE 1978, NA COMEMORAÇÃO DO 50.º ANIVERSÁRIO DA VIDA LITERÁRIA DO POETA E PUBLICADO NA REVISTA COLÓQIO | LETRAS
ISRAEL ELIRAZ
O ORIENTE É UMA BOCA
I .
Levanta o dedo e aponta
o centro no qual
o rapaz (de joelhos,
à tua frente) desenha
segundo as leis da luz
e as leis do ragga,
e como ele pergunta:
"estás dentro do teu corpo
ou és
o teu corpo?"
Põe no teu caminho
uma pausa de
flores
2 .
Um homem nu
levanta a alma
que levanta o corpo
à mão.
Subitamente ao corpo
falta corpo.
A boca, punho de ouro
empunha carvões de prazer.
Como uma pena,
uma mancha sobe
do calor do peito.
O que é que nasce
em ti, sem ti,
quando perguntas,
"estou mais ou menos
no centro disto?"
3 .
O oriente
é uma boca
para onde te voltas
de joelhos
à procura de matéria
mais rápida
que a luz, que o
ragga. Aprendes
com a energia do sol, com
o fruto acobreado no forno do olho:
o que há -
é isto! é o que há!
e há aquele
que antecede tudo
o que se disser
dele
e sem ele -
não somos.
Poema de Israel Eliraz traduzido por Lúcia Liba Muckznik
POR JÉSSICA CHIARELI
A revista "BULA" elaborou uma lista de 16 Bibliotecas Digitais:
.
O portal Domínio Público disponibiliza para download a poesia completa de Fernando Pessoa. Embora sem uma ordem cronológica adequada e com edições repetidas, o acervo contempla toda a obra conhecida do poeta português.
O Ministério da Educação, em parceria com a Unesco e a Fundação Joaquim Nabuco, disponibiliza para download a Coleção Educadores, uma série com 62 livros sobre personalidades da educação. O critério de escolha foram suas contribuições para o avanço da educação.
Uma parceria entre o portal Domínio Público e a Universidade Federal de Santa Catarina, sistematizou, revisou e disponibilizou on-line aColeção Digital Machado de Assis, reunindo a obra completa do autor, um do mais importantes da literatura brasileira.
A Livraria Virtual do Senado disponibilizou para download gratuito centenas de livros, raros, esgotados ou de referência nas áreas de arquitetura, jornalismos, crítica literária, fotografia, história, direito, política, biografia e literatura.
O projeto SciELO Livros disponibiliza aproximadamente 500 livros, científicos e técnicos, para download. O projeto visa à publicação on-line de coleções de livros de caráter científico, editados, prioritariamente, por instituições acadêmicas.
A Biblioteca Brasiliana, da USP, disponibiliza aproximadamente 1500 livros, além de documentos históricos, manuscritos e imagens para download ou leitura on-line. A biblioteca reúne o acervo de dois dos maiores bibliófilos brasileiros: José Mindlin e sua esposa Guita.
O Ministério da Educação em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio do projeto Banco Internacional de Objetos Educacionais, disponibiliza para download gratuito 120 histórias infantis em áudio.
A Coleção Aplauso, projeto da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, disponibiliza 260 livros sobre a vida e a obra de grandes nomes da cultura brasileira para download ou leitura on-line. Os livros podem ser baixados ou lidos no próprio site.
Aproximadamente 1200 livros da biblioteca particular de Fernando Pessoa, além de cartas e manuscritos, estão disponíveis na internet para consulta on-line. A digitalização do acervo foi feita pelo Centro de Linguística da Universidade de Lisboa.
A Biblioteca Digital Camões disponibiliza obras integrais de autores portugueses para download gratuito nas áreas de literatura, arquitetura, linguística, geografia, história, educação, arte e cinema. O acervo da biblioteca é composto por mais de 3 mil títulos.
A Biblioteca Digital Luso-Brasileira reúne preciosidades históricas de Brasil e Portugal. O acervo possui mais de 2 milhões de documentos, sob domínio público, de várias épocas e gêneros. Entre eles, a primeira edição de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, de 1572.
A Biblioteca Digital Mundial disponibiliza na internet, em formato multilíngue e gratuito, tesouros culturais de todo o mundo em um único lugar. O projeto, que tem o apoio da Organização das Nações Unidas, engloba universidades e bibliotecas de 193 países.
A Europeana reúne o maior acervo cultural e científico on-line do mundo. São 30 milhões de itens, entre imagens, pinturas, desenhos, mapas, fotos, livros, jornais, cartas, diários, vídeos e áudios. O projeto, que envolve 1600 instituições, está disponível em 30 línguas.
O Portal Domínio Público é a maior biblioteca virtual brasileira. O projeto reúne obras literárias, artísticas e científicas que estão em domínio publico ou autorizadas. O acervo é composto por mais de 200 mil itens divididos entre textos, sons, imagens e vídeos.
Open Library, desenvolvido pelo Internet Archive e pela Fundação Austin, disponibiliza para download legal ou leitura on-line, mais de 3 milhões de livros. Embora a língua predominante seja a inglesa, podem ser encontrados títulos em cerca de 60 idiomas.
Criada em 1971, é a mais antiga biblioteca digital do mundo. O projeto funciona de forma colaborativa reunindo voluntários de 150 países. O acervo, que tem aproximadamente 40 mil títulos, é composto, sobretudo, por livros literários em 30 línguas.
a oscilação da vontade e da recusa em fazer alguma coisa
a fala que não se entende com a língua
a luz brilhante e quente que não aquece
a chuva que bate na vidraça em silêncio
as portas que só rangem no escuro
percorrer o quarto obliquamente suspenso do tecto sobre o ar amarelo da poeira
uma cambalhota e o corpo desmaia
um cão atravessa a madrugada
gotas de suor escorrem das torneiras
quando o sol se põe a árvore amadurece e a fruta flutua no vazio
as pedras rosnam quando são calcadas e armadilham o caminhar desprevenido do caminhante
parece caótico o carreiro das formigas dizem as cigarras
um crocodilo pisca o olho a outro crocodilo e morde-lhe o rabo
uma garrafa de cristal que julga ser a aristocrata do vidro
um grito ou um gemido?
há diferenças no prazer e na dor
o espelho parte-se discreto sem alarido sem sangue era vidro muito antigo
a vontade é resoluta a recusa também
na arte de não ceder anunciam-se acordos de paz para melhor pensar a guerra
querubins sopram trompetes
as notas da partitura guardadas em meias com mau cheiro exalam fedor
as cadeiras estão vazias o maestro perdeu a batuta a sala está vazia
silêncio absoluto
uma mosca bate as asas
o ruído provoca mais ruído e o pente que já não penteia
a cabeça está careca e em vez de cabelo nasceu musgo e o pente isso não penteia
rapidamente anoitece e as portas só rangem no escuro para amedrontar o medo
enquanto o corpo adormecido repousa sobre a membrana da água de uma piscina
É Verão simplesmente
Music:Johann Sebastian Bach
Piano:Sviatoslav Richter
The Well-Tempered Clavier, Book 1
ALEXANDRA DE PINHO (CONTRA-CORPO)
SOLIDÃO
No meio da multidão somos apenas mais um.
Anónimos.
Quase todos se devem sentir assim.
Anónimos,
sem rosto,
iguais a tantos outros,
indistintos,
como se nós fossemos todos e não nós.
Mas subitamente
sentimos que estamos sós
às escuras,
encerrados dentro de um círculo de sombras
em confronto directo connosco
e com os nossos desejos
impulsos
fantasmas
fantasias
frustraçoes.
E vemos
gente que se atropela, que se toca, que se roça.
E vemos
gente perplexa suspensa nos gestos de outrem,
as bocas que se abrem e tomam a forma do espanto.
E os olhos que não pestanejam
hipnotizados pelas luzes vermelhas
das palavras penduradas nas portas
que são um sinal,
um código
que anunciam para iminências urgentes
de corpos ardentes
que buscam o ventre da noite para se tocarem
nos sítios do desejo, e do desespero.
E das janelas dos quartos escorre uma luz coada
que ilumina as silhuetas difusas de corpos nus
que se abraçam
antes que a melancolia da noite chegue
e o prazer dê lugar ao cansaço
ou à desilusão.
E continamos sós.
Apenas nós e a solidão.
Conheço as pessoas pelo seu nome; digo bom dia, boa tarde, boa noite quando me cruzo com elas.
Algumas não me respondem como se as palavras não tivessem eco, ou então estão ensimesmadas com as suas vidas, ou porque o corpo caminha distraído, ou então não estão habituadas.
Os diálogos costumam ser breves:
Tudo bem?
A esposa... e as filhas como vão?
E a netinha quantos anos tem? Jã deve estar crescidinha.... os miúdos de hoje parece comerem fermento!...
É...
Cumprimentos a todos
Obrigado. Serão entregues.
Boa noite até um dia...
XAVIER VILLAURRUTIA (1903-1950)
NOCTURNO DOS ANJOS
Dir-se-ia que as ruas fluem serenas na noite.
As luzes não são nítidas que ajudem a revelar o segredo,
o segredo dos homens que passeiam, conhecem,
porque estão todos imersos no segredo
não ganhariam nada em fragmentá-lo
sim, é bom guardá-lo
e dividi-lo só com a pessoa eleita.
Se cada um falasse uma vez só,
e com uma só palavra, aquilo que pensa,
as letras do desejo moldariam uma grande cicatriz cintilante,
uma constelação antiga, mais viva ainda que as outras.
Seria uma constelação ardente como o sexo
no corpo profundo da noite,
ou como os gémeos que pela primeira vez na vida
se olham de frente, e se abraçam para sempre.
A rua enche-se como um rio de seres ávidos,
caminham, aguardam, prosseguem.
Trocam olhares, ensaiam sorrisos,
formam pares imprevisíveis...
Há esquinas e bancos sombrios,
auras indistintas, formas profundas,
e súbitos vãos com uma luz que cega
e portas que cedem à mais leve pressão.
A rua fica deserta num instante.
Parece afugentar de si mesmo
o desejo de começar de novo.
Está paralisado, mudo, ofegante
como o coração entre dois espamos.
Mas uma nova pulsação
lança ao rio da rua outros seres sedentos.
Cruzam-se, e sobem,
voam ao rés do chão,
nada de forma milagrosa
e ninguém se atreveria a dizer que não caminham.
São anjos,
desceram à terra
através de degraus invisíveis.
Vieram do mar, espelho do céu,
em barcos de fumo e sombra,
a fundir-se e confundir-se com os mortais,
a inclinar os seus rostos entre as coxas das mulheres,
a deixar que outras mãos apalpem febrilmente os seus corpos,
e que outros corpos procurem os seus até encontrá-los
como os lábios que se fecham,
a fatigar a boca tanto tempo estagnada,
a libertar as suas línguas de fogo,
a dizer juramentos, canções, e palavras porcas
com que os homens concentram o antigo mistério
da carne, do sangue, e do desejo.
Têm nomes fictícios, sinceramente divinos.
Chamam-se Dick ou John, Marvin ou Louis.
Em nada, senão na beleza, se distinguem dos mortais.
Passeiam, aguardam, e seguem.
Trocam olhares, ensaiam sorrisos,
formam pares imprevisíveis.
Sorriem astuciosos ao entrar nos elevadores dos hotéis
donde ainda praticam um voo lento e vertical.
Em seus corpos nus há vestígios celestiais,
signos, estrelas, e letras azuis.
Deixam-se cair nas camas,e afundam-se nas almofadas
que os fazem pensar um momento nas nuvens.
Mas logo fecham os olhos para se entregar aos gozos da sua misteriosa encarnação,
e quando dormem não sonham com os anjos, mas com os mortais.
Poema do poeta mexicano Xavier Villaurrutia
KÓSTAS OURÁNIS (1890-1953)
MULHERES DE PASSAGEM
Mulheres a quem vi por um instante
dentro de trens à hora em que partiam
para outro lugar, mulheres que riam
nos braços de um outro homem, exultantes;
mulheres em balcões, a olhar diante
de si, tão distraídas, o vazio,,
ou a agitar do convés de um navio
que zarpava seus lenços vacilantes:
se soubésseis com quanta nostalgia
eu vos trago de novo ao pensamento
pelas tardes de chuva, tardes frias,
mulheres que passastes um momento
em minha vida - e agora conduzis
minha alma a um exótico país!
POEMA DE KÓSTAS OURÁNIS, POETA GREGO
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Ouranis (1850 - 1953) was born in Constantinople, the son of Nikolaos Niarchos and Algeliky Giannusi.He received his Elementary and High School educations in Leonidio and Nafplion, Greece and Constantinople, Turkey, respectively; and his college education in Paris, France. In 1920, he was appointed Greek Consul General of Lisbon, Portugal; and in 1924 he settled in Athens, where he subsequently held a number of prominent journalistic and managerial positions in a number of newspapers and magazines there. He died in the Athens area on 12 June 1953
His poetic works published prior to his death include: "Like Dreams" (1909), "Spleen" (1912), and "Nostalgias" (1920). He is known as the last Greek romanticist of the modern times.
DISCURSO DO GRANDE PÁSSARO
Ai de mim! As flores, ainda que tenham resisitido no ano anterior, são levadas pelo gelo no ano seguinte;
Assim é levado este tempo impermanente e ilusório;
O arco-íris, por mais soberbas que sejam as suas cores, desaparece no espaço;
Assim desaparecem os trajos de gala, por mais faustosos que sejam.
A palavra, embora o seu eco seja claro, não tem poder para durar;
Assim como não duram os poderes mundanos, por mais amplos que sejam.
Os visitantes da feira, embora tenham estado reunidos, estão agora dispersos.
Assim se dispersa o círculo de família, por mais unido que tenha sido.
Embora acumulado pelas abelhas, o mel não serve a ninguém.
O mesmo se passa com os bens, as riquezas, e as fortunas.
As acções do mundo são como brincadeiras de crianças.
Ainda que o corpo e as palavras sejam reduzidos a nada, as causas não são eliminadas.
Renunciai pois a este mundo ilusório e falso.
Segui a boa e santa doutrina, ó passaros reunidos.
O corpo no fim recusa alimentar-se:
Bom é se o nosso ser se realizou.
Os bens acumulados gastam-se até ao derradeiro:
Bom é se antes se deram esmolas.
Um homem perdeu todos os que ama até ao derradeiro:
Bom é se a partir de agora, rompeu todos os seus laços.
Um palácio desmorona-se até ao derradeiro muro:
Bom é se se fica solitário sem certeza.
O recurso aos poderosos é o começo da prova:
Bom é se nos apoiamos num Reverendo Lama.
O mundo perecível destrói-se até à sua derradeira realização:
Bom é se nos afastamos do desejo.
Abraçar a Boa Lei é um mérito duradoiro para o presente e o futuro.
E bom é se a ensinamos desde agora.
As (Três) Jóias são um refúgio duradoiro para o presente e o futuro:
Bom é se lhes rezámos neste mundo.
Enquanto os seres, torturados pelo amor, matam com prazer a sede na água da miragem.
É bom abstrairmo-nos na meditação.
Por isso, renunciai ao mundo e cumpri a Boa Lei!
Poema tibetano do século XVIII traduzido por Maria Jorge Vilar de Figueiredo
A terra treme sob o peso de botas militares que avançam em passo firme, agressivo, intimidador.
O Poder do medo imposto por cínicos grotescos, avança firme e resoluto na Europa, América, Ásia, África. Qualquer pretexto serve - ou fabrica-se um qualquer para o impôr. Usa-se, sem vergonha, a mentira tantas vezes repetida e amplificada por rádios, jornais, televisões e outros canais ao serviço do regime. Estamos a ficar encurralados - muitas vezes por culpa própria ao avalizarmos as políticas e comportamentos com o nosso voto, a nossa cumplicidade, o nosso silêncio.
Vivemos momentos nada recomendáveis. E o mundo, que por causa das suas idiossincrasias é naturalmente perigoso, está a tornar-se paulatinamente num espaço onde os garnisés desta vida estão dispostos a tudo para obterem o título máximo de galo. A disputa é violenta, vai ser ainda mais violenta.
Esta é a minha convicção. A convicção de um optimista pessimista.
Agora a ficção:
Na cumplicidade da noite vingamos as nossas fraquezas e cobardias e usamos as latrinas para pendurar os retratos dos tiranos, usamos os jornais com as sua fotografias para limpar a merda com a qual os afogamos. É a nossa secreta e pegajosa vingança, às escuras para não sermos apanhados, até ao dia em que temos de mostrar que ainda temos "tomates" para lhes enfiar pela goela abaixo as pragas que contra eles proferimos nas deseperadas noites de insónia e vigília, ou então seremos eliminados.
CHRISTOPHER OKIGBO (1932-1967)
VEM TROVÃO
Agora que a marcha triunfante entrou nas últimas esquinas da rua,
Recordai, ó dançarinos, o trovão entre as nuvens...
Agora que a gargalhada, partida em duas, trémula, está suspensa nos dentes,
Recordai, ó dançarinos, o relâmpago além da terra...
O cheiro do sangue já flutua na neblina que, na tarde, cheira a lavanda.
A sentença de morte está emboscada nos corredores do poder;
E uma enorme coisa pavorosa é já arrastada pelos cabos do ar livre,
Uma névoa imensa e incomensurável, uma noite de águas profundas -
Um sonho de ferro que não pode ser nomeado nem impresso, uma vereda de pedra.
As cabeças sonolentas das vagens em quintas maninhas testemunham-no,
As casa abandonadas no matagal durante o fogo deste século testemunham-no:
Os múltiplos olhos de maçarocas de milho abandonadas em celeiros ardidos testemunham-no:
Pássaros mágicos com o milagre do relâmpago nas suas penas...
As setas de Deus tremem nos portões da Luz,
Os tambores do recolher prestam-se a uma doença de morte;
E a coisa secreta no seu impulso
Ameaça com máscara de ferro
A última torcha alumiada do século...
POEMA DO POETA NIGERIANO CHRISTOPHER OKIGBO, TRADUZIDO POR JOSÉ ALBERTO OLIVEIRA
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--- Ricardo Domeneck
ANTÓNIO RAMOS ROSA
JOÃO LUÍS BARRETO GUIMARÃES
João Luís Barreto Guimarães, poeta portuense, venceu a 6.ª Edição do Prémio de Poesia António Ramos Rosa com o seu livro "Mediterrâneo" publicado em Março de 2016 pela Editora Quetzal.
Este Prémio foi criado em 1999 pela Câmara Municipal de Faro e a cerimónia de entrega realizar-se-á no dia 9 de Setembro.
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Nasceu no Porto, a 3 de Junho de 1967.
Vive em Leça da Palmeira.
É licenciado em Medicina e Cirurgia pela Universidade do Porto, especialista em Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia.
Divide o seu tempo entre Leça da Palmeira e Venade.
Publicou o primeiro livro de poemas Há Violinos na Tribo, em 1989, a que se seguiram Rua Trinta e Um de Fevereiro(1991), Este Lado para Cima (1994), Lugares Comuns (2000), 3 (poesia 1987-1994), em 2001, Rés-do-Chão (2003), Luz Última (2006), A Parte pelo Todo (2009), Poesia Reunida (2011), Você Está Aqui (2013) e Mediterrâneo (2016).
Organizou a antologia de poesia mundial sobre gatos Assinar a Pele (2000).
A sua obra está editada em antologias e revistas literárias de uma dezena de países.
«Gosto muito» da «Viagem Medieval» que se realiza todos os anos em Santa Maria da Feira.
Aprecio, de maneira particular, o «perfume» que envolve o corpo do seu velho burgo.
Mas há um dia muito especial do qual gosto ainda mais: o dia a seguir ao seu encerramento...
Há palavras que se inclinam obedecendo à vontade do corpo
e letras que subitamente se empertigam reagindo contra a vontade do corpo.
E a escrita soluça
fica suspensa
em alerta
a língua se dobra num último esforço para
expulsar a palavra que por baixo dela se esconde.
É a memória que se apaga
fica vazia
numa luz negra qual
nuvem de algodão que a afoga
e as gavetas estão fechadas
onde estão escondidas
as urgentes palavras.
Era Primavera, e as árvores voaram para os seus pássaros.
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Quatro estações do ano e nenhuma quinta para se decidir por uma delas.
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Era tão grande o seu amor por ela que teria conseguido levantar a tampa do caixão - se a flor que ela aí colocou não fosse tão pesada.
POEMAS DE PAUL CELAN DO LIVRO ARTE POÉTICA - O MERIDIANO E OUTROS TEXTOS, PAGS. 23 E 24, EDIÇÕES COTOVIA, 1996.
ESTES POEMAS FORAM PUBLICADOS NO JORNAL DIE TAT, DE ZURIQUE, EM 12 DE MARÇO DE 1949.
Casario e Figuras de um Sonho - Dominguez Alvarez
Na rua cheia de sol vago há casas paradas e gente que anda.
Uma tristeza cheia de pavor esfria-me.
Pressinto um acontecimento do lado de lá das frontarias
e dos movimentos.
Fernando Pessoa in «Poemas Ocultistas»
(Selecção e Glosa de Petrus - O. C., 2.º v., p.262),
C.E.P., s/d (p.43)
Retirado do Catálogo "Azares da Expressão ou a Teatralidade na Pintura Portuguesa - Algumas obras do CAM
A próxima estação é a estação das eleições autárquicas. O ambiente já começa a ficar poluído com o ruído das mensagens dos candidatos anunciando vulgaridades e disparates.
vote em mim e as suas rugas desaparecerão...
tem problenas de celulite? então eu sou o candidato perfeito
E prisão de ventre?
E problemas de impotência? Comigo vai ser feliz sexualmente
Caspa?
Olheiras?
Pêlos nos ouvidos e no nariz?
Tem dificuldade de relacionamento?
Mau hálito?
A sua sanita está entupida?
Há quanto tempo não come um robalo?
Vou propor que os meus gatos sejam candidatos, pelo menos são sedutores e não miam promessas, vulgaridades e disparates.
O silêncio é, muitas vezes, mais subversivo e revolucionário do que a tagarelice de um discurso.
Um velho jornal enxotado pelo vento cai-me no regaço.
As letras húmidas, quase transparentes dão corpo a efemérides, notícias e artigos de opinião.
A impressão tem uma data - Janeiro de 1900 - início do século XX.
O editorial escrito pelo seu director cujo nome é ilegível anuncia
em letra robusta
o acontecimento
e prevê com enorme entusiasmo
tempos de prosperidade, paz, grandes avanços na ciência e na economia...
Só não foi capaz de perceber
as fragilidades dos sistemas político, económico e social
e a decadência de vários estados,
alguns deles imperiais,
que iriam tornar o século xx
catastrófico, sangrento, violento, brutal, mortal.
Capa da revista LER, edição Verão 2017, n.º 146