Na manhã de ontem, a primeira-ministra britânica Theresa May forneceu alguns dados sobre o autor do atentado da véspera, em Westminster, na vizinhança do Parlamento. May disse que ele era "britânico de nascimento" e tinha sido investigado há alguns anos por extremismo violento, pelo MI-5 (as secretas para a segurança interna). E ela acrescentou que o terrorista não estava atualmente sujeito ao radar das polícias. O jornal The Guardian confirmou esta informação: o homem não estava entre os 800 indivíduos do núcleo duro que a polícia seguia, nem tão-pouco do círculo mais largo de três mil suspeitos. Entre todas estas especificações talvez nenhuma fosse mais reveladora do que esse "britânico de nascimento", que a primeira-ministra se achou obrigada a dar.
Horas antes da declaração de May, tinha sido lançada uma campanha de Nigel Farage contra a política laxista nas fronteiras, permitindo que os terroristas as atravessem ao deus-dará - como o atentado, dizia ele, demonstrava. No ano passado, já Farage e o seu partido, o UKIP, levaram o primeiro-ministro David Cameron a convocar o referendo do brexit. Era uma manobra para mostrar que os nacionalistas extremistas, que andavam a mordiscar o eleitorado conservador, não tinham tanta força como se supunha... Mas o brexit venceu, Cameron mordeu o pó e demitiu-se. A sua sucessora, Theresa May, preferiu não menorizar o poder de Farage e apressou-se a combater a ideia que ele fazia passar. O homem do atentado era bem um britânico feito em casa, não um terrorista importado!