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#1536 - Em fuga para o abismo

por Carlos Pereira \foleirices, em 30.11.11

 

A Europa corre para o abismo.

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publicado às 17:05


#1535 - Young Man - Enough (original song)

por Carlos Pereira \foleirices, em 29.11.11

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publicado às 22:39



Encontro Pessoa / Cioran
Nos 76 anos da morte de Fernando Pessoa e nos 100 anos do nascimento de Emil Cioran
17h00 | 30 de Novembro 2011
Sala do Departamento de Filosofia (Torre B – Piso 1) | FLUP

O Grupo de Investigação Raízes e Horizontes da Filosofia e da Cultura em Portugal do Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto tem o prazer de convidar todos os interessados para o Encontro Pessoa / Cioran - Nos 76 anos da morte de Fernando Pessoa e nos 100 anos do nascimento de Emil Cioran.

O evento terá lugar no próximo dia 30 de Novembro, pelas 17h00, na Sala do Departamento de Filosofia (Torre B – Piso 1) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e contará com as seguintes intervenções:

* “Emil Cioran e Fernando Pessoa: salto no absoluto e «fuga para fora de Deus»”, Paulo Borges (FLUL-CFUL)
* “Tempo e palavra em Cioran”, J. M. Costa Macedo (FLUP/IF)
* “Utopia em Fernando Pessoa e Emil Cioran”, José Almeida (FLUP/IF)
* “Acerca da noção de normalidade em Cioran”, Elsa Cerqueira

| Apresentação do livro “O teatro da vacuidade ou a impossibilidade de ser eu” e do 3º número da revista “Cultura Entre Culturas, dedicado a Fernando Pessoa

A sessão terminará com a apresentação do livro “O teatro da vacuidade ou a impossibilidade de ser eu”, de Paulo Borges, e do Nº 3 da Revista “Cultura Entre Culturas”, dedicado a Fernando Pessoa, por José Meirinhos (FLUP/IF).
[Entrada livre]
Mais Informações: http://ifilosofia.up.pt/gfmc/?p=activities&a=ver&id=327

 

Retirado do blog "Revista Cultura Entre Culturas"

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publicado às 22:30


#1533 - Birds Of Passage - Highwaymen in Midnight Masks

por Carlos Pereira \foleirices, em 29.11.11

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publicado às 18:29


#1532 - Percy Faith - Corcovado  (Quiet Nights Of Quiet Stars)

por Carlos Pereira \foleirices, em 28.11.11

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publicado às 22:28


#1531 -

por Carlos Pereira \foleirices, em 26.11.11

Caravaggio, St. Thomas Putting His Finger on Christ’s Wound (detail), c. 1602-03

 

In http://proustitute.tumblr.com/

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publicado às 19:26


#1530 - Mozart - Ave verum corpus

por Carlos Pereira \foleirices, em 26.11.11

A espiritualidade sugerida por "A Dobra do Grito"

 

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publicado às 19:02


#1529 - Festival de Cinema Luso-Brasileiro em Santa Maria da Feira

por Carlos Pereira \foleirices, em 26.11.11

SESSÃO DE ABERTURA [ DOM | 04 DEZ | 21H30 ]

A MÚSICA SEGUNDO TOM JOBIM – Nelson Pereira dos Santos [BR]

O extraordinário universo da música de Antonio Carlos Jobim não cabe em palavras. Foi com essa idéia em mente e a sensibilidade aguçada que o diretor Nelson Pereira dos Santos, ao lado de Dora Jobim, se dispôs a encarar o desafio de desvendar em filme a trajetória musical do grande compositor brasileiro, autor de uma obra eterna,
de alcance internacional.

SESSÃO DE ENCERRAMENTO [ DOM | 11 DEZ | 21H30 ]

AS CANÇÕES – Eduardo Coutinho [BR]

Coutinho dá vida a um mosaico de homens e mulheres que contam e cantam músicas que marcaram suas vidas. Com habilidade, o enredo liga por canções a vida de desconhecidos.

 

 

 

REALIZADOR EM FOCO – GUSTAVO SPOLIDORO

Gustavo Spolidoro é um realizador brasileiro que no início da sua carreira nutria um gosto muito particular pela construção de ficções em plano sequência (inclusive realizou uma longa metragem em plano sequência, o extraordinário “Ainda Orangotangos”) e que migrou para o documentário.

  • DOM | 11 DEZ | 19H00
    errante
    ERRANTE
    BR | 2012 | FIC | HD | DOC | 70’
    RESUMO DO PROJETO ERRANTE - UM FILME DE ENCONTROS é um longa-metragem documental, com financiamento do FUMPROARTE/RS, feito em conjunção com o projeto de Mestrado que Gustavo S...
  • SAB | 10 DEZ | 00H15
    AINDA ORANGOTANGOS
    BR | 2007 | FIC | 35mm | COR | 81’ Durante 14 horas de um dia quente de verão, quinze personagens transitam pelas ruas e prédios de Porto Alegre. Japoneses vão ao limite no metrô. Garotas se beijam em um ônibus enquanto discutem futebol ...
  • SEX | 09 DEZ | 18H00
    MORRO DO CÉU
    BR | 2007 | DOC | HD | COR | 71’ Morro do Céu é uma pequena comunidade de descendentes de italianos, localizada no alto de uma montanha no sul do Brasil. Lá, o jovem Bruno Storti e seus amigos preenchem os dias de verão entre túneis de tr...
  • SEX | 09 DEZ 16H30
    DE VOLTA AO QUARTO 666
    BR | 2008 | DOC | VIDEO | COR | 15’ Qual o futuro do cinema? Em 1982, em Cannes, Wim Wenders convidou diversos cineastas a responderem esta pergunta. 26 anos depois, a pergunta continua a mesma, mas Wenders está do outro lado da câmera. <...
  • SEX | 09 DEZ | 18H00
    PEQUENOS TORMENTOS DA VIDA
    BR | 2006 | DOC | VIDEO | COR | 20’ Em uma escola, crianças da terceira série descobrem o universo do Poeta Mario Quintana. REALIZAÇÃO: Gustavo Spolidoro ARGUMENTO: Gustavo Splidoro PRODUTORES:  Jaquelin...

 

Ver programação aqui

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publicado às 18:47


#1528 - A alma que passa

por Carlos Pereira \foleirices, em 24.11.11

 

Sentido

 

Fujo de mim como um perfume antigo

foge ondulante e vago de um missal

e julgo uma alma estranha andar commigo,

dizendo adeus a uma aventura irreal.

 

Sou transparencia, chamma pallida, ansia,

ultima nau que abandonou o caes.

No alvôr das minhas mãos chora a distancia

prôas rachadas, longes de ouro, ideaes...

 

Sonho meu corpo como de um ausente,

naufrágo e exsurjo dentro da memoria,

accórdo num jardim convalescente,

 

vago perdido em outros num jardim,

e sinto no clarão da ultima gloria

a sombra do que sou morrer em mim...

 

Poema de Ronald de Carvalho

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publicado às 22:46


#1527 - Estéticas do modernismo em Orpheu

por Carlos Pereira \foleirices, em 24.11.11

(... ) Tocando embora a censurada e dita escolar mania das classificações, poder-se-á, quase estabelecer um esquema das variações do esteticismo órfico:

 

Paùlismo

 

Directa ultrapassagem de A Águia.

Raízes no simbolismo e decadentismo.

Influência difusa dos nossos líricos e contistas afins.

Fernando Pessoa; Sá-Carneiro; Alfredo Pedro Guisado; Cortes Rodrigues; paúlicos à margem do paùlismo, Raul Leal e Ângelo Lima.

 

Interseccionismo

 

Ajustamento a uma diferente exploração psíquica. Vaga aproximação à liberdade futurista e ao orfismo de Delaunay.

Fernando Pessoa - Álvaro de Campos; Sá-Carneiro.

 

Simultaneísmo

 

Tradução de uma visão essencialmente plástica.

 Sugestão da técnica de continuidade de James Joyce.

Almada Negreiros.

 

Futurismo

 

Profissão de fé aos manifestos futuristas. Exaltação do precursor Walt Whitman.

Álvaro de Campos; Almada Negreiros; Santa-Rita Pintor; José Pacheco; Amadeu de Sousa-Cardoso, em parte.

 

Simbolismo

 

Peristência quase pura ou contaminada de classicismo, da poética simbolista.

Luís de Montalvor; Ronald de Carvalho; Eduardo Guimarães; Fernando Pessoa.

 

Decadentismo

 

Quase sempre confundido na estética paúlica.

Emprego de verso ou de prosa.

Sá-Carneiro, Albino de Meneses; Castelo de Morais.

 

Sensacionismo

 

Classificação genérica que incluia toda e qualquer tonalidade órfica.

 

Excerto  retirado do livro ORPHEU, vol. 1, edições Ática, Lisboa

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publicado às 21:58


#1526 - Almada Negreiros

por Carlos Pereira \foleirices, em 24.11.11

 

"A mentira é o único processo para convencer os outros de que somos como eles nos querem. Como se vê, os culpados são os mentidos, os que não acreditam em mentiras."

 

Almada Negreiros

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publicado às 21:46


#1525 - A justiça da imbecilidade

por Carlos Pereira \foleirices, em 24.11.11

Mulher condenada a 12 anos de cadeia porque foi violada

Uma mulher afegã foi condenada a 12 anos de prisão porque foi violada. Os tribunais locais consideram a violação de Gulnaz, por parte do marido de uma prima, como adultério. A única forma de evitar a prisão é casar com o violador.

 

Uma mulher afegã foi violada por um primo, há dois anos. As autoridades locais consideram-na culpada de adultério, por isso Gulnaz foi condenada a 12 anos de cadeia.

 

Da agressão que Gulnaz sofreu aos 19 anos, nasceu uma menina que agora tem dois anos. É por ela que a mulher diz que vai aceitar casar-se com o agressor, como lhe foi proposto pelo tribunal, em vez de cumprir a pena. "Assim, a minha filha pode continuar a ter uma mãe", contou a mulher, explicando como aconteceu a violação.

 

"Tinha uma roupa suja que usava para o trabalho doméstico. Quando a minha mãe saiu entrou em minha casa e fechou as portas e as janelas. Comecei a gritar mas ele tapou-me a boca com as mãos", contou Gulnaz, na prisão de Badam Bagh, à "CNN".

 

As mulheres que passam pela mesma situação de Gulnaz, consideradas desonradas, são assassinadas pela vergonha que trazem à comunidade, quer pela própria família ou pelos entes do agressor. Viver na prisão é, por agora, o mais seguro para Gulnaz.

 

 

 

 

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publicado às 15:43


#1524 - Spider ~ White Snake

por Carlos Pereira \foleirices, em 23.11.11

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publicado às 17:22


#1523 - Sigur Ros - All Alright

por Carlos Pereira \foleirices, em 23.11.11

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publicado às 17:10


#1522 - "Our Holiday" by Sergius Gregory

por Carlos Pereira \foleirices, em 23.11.11

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publicado às 17:07


#1521 - "Um Novo Rumo" - O Manifesto de Mário Soares

por Carlos Pereira \foleirices, em 23.11.11

 

Além de Mário Soares, assinam este manifesto Isabel Moreira (deputada independente do PS), Joana Amaral Dias (ex-dirigente do Bloco de Esquerda), José Medeiros Ferreira (ex-ministro dos Negócios Estrangeiros), Mário Ruivo (professor universitário), Pedro Adão e Silva (ex-dirigente do PS), Pedro Alves (líder da JS), Vasco Vieira de Almeida (advogado, ex-ministro socialista) e Vítor Ramalho (líder do PS/Setúbal).

 

UM NOVO RUMO


Este é o momento de mobilizar os cidadãos de esquerda que se revêem na justiça social e no aprofundamento democrático como forma de combater a crise.

 

Não podemos assistir impávidos à escalada da anarquia financeira internacional e ao desmantelamento dos estados que colocam em causa a sobrevivência da União Europeia.

 

A UE acordou tarde para a resolução da crise monetária, financeira e política em que está mergulhada. Porém, sem a resolução política dos problemas europeus, dificilmente Portugal e os outros Estados retomarão o caminho de progresso e coesão social. É preciso encontrar um novo paradigma para a UE.

 

As correntes trabalhistas, socialistas e sociais-democratas adeptas da 3ª via, bem como a democracia cristã, foram colonizadas na viragem do século pelo situacionismo neo-liberal.

 

Leia o resto aqui

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publicado às 16:39


#1520 -House of Wolves

por Carlos Pereira \foleirices, em 23.11.11

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publicado às 16:35


#1519 - Thalia Zedek - 1926

por Carlos Pereira \foleirices, em 23.11.11

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publicado às 16:30


#1518 - Sarah Jaffe - Pretender

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.11.11

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publicado às 15:44


#1517 - Peter Broderick - Solace In Gala

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.11.11

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publicado às 15:40


#1516 - Calane da Silva vence Prémio José Craveirinha

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.11.11

 

O escritor moçambicano Calane da Silva venceu o Prémio José Craveirinha, o maior galardão literário do país, que distinguiu a sua carreira na literatura e no ensaio, foi hoje anunciado.

 

Da sua bibliografia constam obras como "Lírica do Imponderável", "Xicandarinha na lenha do mundo", "Dos Meninos da Malanga", "Olhar Moçambique", entre outros.

 

Raul Calane da Silva, 66 anos, ex-jornalista, docente universitário e antigo responsável pelo Centro Cultural do Brasil em Maputo, sucede a escritores como Mia Couto, João Paulo Borges Coelho, Paulina Chiziane e Ungulani Ba Ka Khosa.

 

O Prémio José Craveirinha, instituído pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) tem um valor pecuniário de 700 mil meticais (cerca de 19.500 euros).

 

in

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publicado às 15:21


#1515 - Ler um romance

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.11.11

por Orhan Pamuk

 

Acompanhamos essas histórias como se observássemos uma paisagem e, transformando-a em pintura com os olhos da mente, deixamos que ela nos influencie

 

Um romance é uma segunda vida. Como os sonhos de que fala o poeta francês Gérard de Nerval, os romances revelam cores e complexidades de nossa vida e são cheios de pessoas, rostos e objetos que julgamos reconhecer. Assim como no sonho, quando lemos um romance, às vezes ficamos tão impressionados com a natureza extraordinária das coisas que nele encontramos que esquecemos onde estamos e nos vemos no meio dos acontecimentos e das pessoas imaginárias que contemplamos. Em tais ocasiões, achamos o mundo fictício que descobrimose apreciamos mais real que o mundo real. O fato de essa segunda vida nos parecer mais real que a realidade muitas vezes indica que substituímos a realidade pelo romance. Ou no mínimo o confundimos com a vida real. Mas nunca lamentamos essa ilusão, essa ingenuidade. Ao contrário, assim como em alguns sonhos, queremos que o romance que estamos lendo prossiga e esperamos que essa segunda vida continue evocando em nós uma sensação consistente de realidade e autenticidade. Apesar do que sabemos sobre a ficção, ficamos irritados e aborrecidos se um romance deixa de sustentar a ilusão de que é, na verdade, a vida real.

 

LER O RESTO AQUI

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publicado às 18:49


#1514 - Onde estás?

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.11.11

Mas onde pára o dinheiro?

Os bancos não teem dinheiro, dizem os banqueiros. As empresas não teem dinheiro, dizem os patrões. Os estados não teem dinheiro, explicam os burocratas e os ministros.  A esmagadora maioria das pessoas não tem dinheiro porque os seus rendimentos diminuiram por força do desemprego, aumento de impostos, aumento dos transportes, energia, combustíveis, etc..

 

O dinheiro não desapareceu, ninguém o queimou ou  lançou pela sanita abaixo. Afinal, onde pára o dinheiro?

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publicado às 18:14


#1513 - Regresso

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.11.11

 

REGRESSO

 

 

- Quem é? Quem vem?

A porta não estacou

e todos pela mesa olham pasmados.

Só eu animo a voz:

- Olhem quem vem! Reparem quem voltou!

Rolam silêncios fundos e pesados.

 

Imóvel, no meu barco de luar,

os meus olhos venceram as ramadas.

Música longa... Um sino a palpitar.

Calçadas e calçadas...

Presépios com pastores de palmo e meio.

Velas que são faróis... Cresceu a bruma.

Deitem-se assim, num jeito de criança,

e envolvam-me de espuma.

 

- Olhem quem vem! Reparem quem voltou,

que tem os braços que eu gritei além!

 

- Vou com ele, não volto, minha Mãe!

 

Vou com  ele nos uivos da tormenta,

com ele vou pregada na paixão.

Medo de quê? Oceanos azulados...

Medo de quê? Neblinas e canções...

- Dentro do Espaço adoçam-se pecados

e morrem solidões.

 

Sem braços me tomou na posse enorme.

Roçou-me os lábios, frio, sem ter boca.

Ele é quem diz: - Sossega, dorme, dorme...

E nunca mais me toca!

 

Às tardes, mesmo ao longo dos casais,

cegos: falas de gestos a ninguém...

 

- Quem é? Quem vem?

Para sempre me tomou...

 

- Vou com ele, não volto, minha Mãe!

 

 

Poema de Natércia Freire [Horizonte Fechado - 1942]

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publicado às 17:53


#1512 - M83- Kim & Jessie

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.11.11

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publicado às 15:49


#1511 - Angelo Badalamenti - Dark Spanish Symphony

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.11.11

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publicado às 15:07


#1510 - Uma semana crucial

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.11.11

VIRIATO SOROMENHO-MARQUES

 

Os próximos cinco dias vão, muito provavelmente, ficar na história. Destaco três notas de agenda:

1. A Zona Euro enfrenta uma inédita míngua de crédito em duas grandes economias: a Itália e a Espanha. A tese que até agora tem prevalecido da epidemia e do contágio, ilustrada pela queda em sucessão de três pequenas economias (Grécia, Irlanda e Portugal) vai ser submetida ao teste definitivo da realidade. Tudo indica que a explicação sistémica (que temos defendido desde sempre nestas crónicas) é a única que se adequa à realidade. A Zona Euro não poderá sobreviver indefinidamente ao ataque simultâneo e em pinça sobre Roma e Madrid. A taxa de 7% para a dívida pública a 10 anos mostra que toda a resiliência tem limites.

 

2. O silêncio do Directório terá de ser quebrado esta semana. Suspeito que a clivagem, até agora quase silenciosa, entre Paris e Berlim vai tornar-se visível e vocal. Prova clara disso é a entrevista do ministro francês, François Baroin, reclamando para o FEEF uma licença bancária, que lhe permitiria, por via indirecta e sem molestar os Tratados, fazer do BCE o instrumento de combate eficaz na guerra que a Zona Euro trava contra as paixões mistas dos mercados (o pânico da maioria, e a gula dos especuladores). Suspeito que Berlim tirará da cartola mais uma ideia esdrúxula (o financiamento do FMI pelo BCE?), que corre o risco de adensar a fuga de capitais de tudo o que cheire a Europa.

 

3. Para Portugal, apenas um conselho. O primeiro-ministro deve concentrar-se em impedir que a opinião pública acabe mesmo por acreditar que é Miguel Relvas quem chefia o governo. Seria útil que o PM deixe o Presidente da República trabalhar. Depois de muitos erros e ambiguidades, Cavaco Silva é hoje a mais sensata voz de Portugal em matéria de crise europeia. Não será isso "cooperação estratégica"?

 

In

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publicado às 11:58


#1509 - Mad world

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.11.11

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publicado às 19:56


#1508 - Pedro Osório - O Beijo do Sol

por Carlos Pereira \foleirices, em 19.11.11
Cantos da Babilónia o último trabalho de Pedro Osório

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publicado às 21:35


#1507 - Algumas proposições com pássaros e árvores

por Carlos Pereira \foleirices, em 16.11.11

 

Algumas proposições com pássaros e árvores

Os pássaros nascem na ponta das árvores

As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração

 

Poema de Ruy Belo

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publicado às 18:19


#1506 - Frases

por Carlos Pereira \foleirices, em 15.11.11

"A senhora Merkel é a mulher mais perigosa da Europa"

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publicado às 19:34


#1505 - A imagem

por Carlos Pereira \foleirices, em 15.11.11

A IMAGEM

 

 

Esperar a imagem. Queimar o incenso,

Deixar a luz entrar na casa,

Escolher as melhores cores, fixar a seda branca,

Esperar que a imagem cresça no silêncio.

Era assim que fazia Kuo Hsi.

Além dos tons de branco,

O azul da azurite ou "Azzurra della Magna",

O vermelho da poeira de coral, o amarelo do pavão,

O verde da malaquite, o vermelho fulgurante do cinábrio,

Todas as cores, primeiro expectantes,

Eram gritos no acto da criação.

Mas, querido Mestre Kuo Hsi,

No nosso mundo, as imagens não nascem enquanto o incenso arde.

Quando não se escondem, deixando apenas cactos e poeira,

Irrompem com furor na noite escura,

E, sílaba a sílaba, lágrima a lágrima,

derramam-se sobre o papel, não sobre a seda branca.

Por vezes, acompanha-as o vento das estrelas,

Que sucede ao vento solar,

Com memórias do gelo dos anéis de Saturno

E da Grande Mancha Vermelha de Júpiter.

Porém, quase sempre nascem mais perto,

Dubrovnik sob as bombas, o Arboretum em chamas,

Sarajevo, a Somália, o sangue, e o sono de Deus,

As águas da Normandia e os muitos deuses da guerra.

Um lugar mágico por vezes, o café de Rick,

E mágicos também os écrans azuis dos computadores,

L.A. ao romper do dia, o Harlekin de Stockhausen,

Um cavaleiro através da névoa,

O Tejo outrora tão verde em Toledo.

Mas sempre a ameaça do vento nos gélidos caminhos,

Não obstante Proust, o feiticeiro do tempo,

A cadeia da criação, Picasso, Rilke e a Quinta Elegia,

A tinta castanha de Da Vinci.

 

Oeste, terra dos mortos, dizem os egípcios.

O grito é de Munch.

 

Poema de Maria Amélia Neto do livro "Quinteto para o Império do Meio"

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publicado às 17:48


#1504 - O outro lado do espelho

por Carlos Pereira \foleirices, em 15.11.11

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publicado às 00:52


#1503 - Maré

por Carlos Pereira \foleirices, em 14.11.11

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publicado às 23:24


#1502 - Palavras

por Carlos Pereira \foleirices, em 14.11.11

 

 

 

 

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publicado às 23:02


#1501 - Deambulações

por Carlos Pereira \foleirices, em 14.11.11

 

O silêncio é fundamental para ouvir os ruídos do corpo.

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publicado às 17:02


#1500 - Geografias

por Carlos Pereira \foleirices, em 14.11.11

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publicado às 16:52


#1499 - Zelig em São Bento

por Carlos Pereira \foleirices, em 14.11.11

VIRIATO SOROMENHO-MARQUES

 

A política doméstica de Portugal é hoje, inteiramente, política europeia, ou melhor, política alemã. O que se passa em Portugal, como ficou provado na discussão do Orçamento, é uma grosseira simulação de uma liberdade que o País já não tem. O Executivo de Passos Coelho, salvas as devidas distâncias, tem tanta margem de manobra sobre o guião das políticas públicas como os governos de Quisling, na Noruega, ou de Pétain, em França, nos anos da Ocupação. Para esta grotesca ficção de aparente normalidade, colaboram também os ardores retóricos da Oposição, em particular os antigos ministros de Sócrates, agora sem gravata, e indumentária mais leve. A nossa política entrou, definitivamente, para o registo das actividades circenses. Ficou definitivamente confirmado que o chefe do Governo padece do sindroma de Zelig, bem abordado no filme com o mesmo nome, rodado por Woody Allen, em 1983. Já se percebeu que Passos Coelho não consegue estabilizar uma ideia, pois o centro do seu discurso oscilatório não se encontra no âmbito de uma actividade mental endógena, a que chamamos pensamento, mas nas trocas emocionais com os seus interlocutores, sobretudo se forem vislumbrados como poderosos. Junto de Merkel, nega os eurobonds, que antes defendera. Junto de Juncker, recusa negociar com a troika qualquer correcção do memorando, quando antes o havia sugerido. Agora, que a Zona Euro está à beira do abismo, Passos Coelho pisa a única hipótese de salvação, que até o distraído Cavaco Silva considera fundamental: a declaração por parte do BCE da disponibilidade para intervir "ilimitadamente" no mercado secundário da dívida pública. Portugal, nesta hora crítica, continua órfão de liderança. Mas a senhora Merkel está de parabéns. Mesmo neste "indisciplinado" país, encontrou um feitor à sua altura.

 

In

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publicado às 16:34


#1498 - Olhares

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.11.11

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publicado às 23:03


#1497 - Nocturne n.º 1 - Maria João Pires

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.11.11

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publicado às 22:38


#1496 - Despedida

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.11.11

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publicado às 22:25


#1495 - As inquietações de "A Dobra do Grito"

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.11.11

Um humilde contributo que poderá acalmar a sua inquietação sobre o espaço e o tempo: um texto de Jacques Bonnet retirado do livro "bibliotecas cheias de fantasmas".

 

A biblioteca protege da hostilidade exterior, filtra os ruídos do mundo, atenua o frio que reina em volta, mas confere, igualmente, uma sensação de omnipotência. Porque a biblioteca faz recuar as pobres capacidades humanas: ela é um concentrado de tempo e de espaço. Reúne nas suas prateleiras todos os estratos da passado. Ali estão os séculos que nos precederam.

 

"A escrita (...) grande, muito grande ao permitir-nos conversar com os mortos, com os ausentes, com aqueles que não chegaram a nascer, através de todas as distâncias do tempo e do espaço".

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publicado às 19:40


#1494 - Declínio e morte

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.11.11

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publicado às 19:22

O volume “A Criança que Ri.” valeu a Carlos Torres Figueiredo o Prémio de Poesia Eugénio de Andrade, lançado este ano pelo editor portuense José da Cruz Santos e pela chancela Modo de Ler.

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publicado às 19:05


#1492 - ANEL DO VENTO

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.11.11

1.

 

Aqui tudo é julgamento.

Todos os atos vividos

tamborilam neste eito

e sou de mim saltimbanco.

E do que vem. Os viventes

se apresemtem. São tão reais

quanto sois. Não me desmentem.

 

2.

 

Sabei que esta forma humana

nem se compra nem vende.

Tampouco a força que jaz

sob a alma, renitente.

 

Ou a renitência

de ver, se desvendo

nas águas do poema

ou no seu olhar latente.

 

É vosso o que nele vedes.

 

3.

 

Viventes, o que sabeis

- que mundo o poema!-?

Em sua terra

nada se queima.

 

Viventes, o que sabeis

da morte e o resto

se nem sabemos de nós

no anel do vento?

 

Se nem sabemos de nós

ou donde o ingresso

na condição de estar só

com a alma ao menos

 

na alma de quem vos ama

dentro do poema.

Viventes, o que sabeis

da morte? O excesso

 

vinga com sua lei.

Tempo vivente

com estes que somos nós

e os que descendem.

 

Viventes, o que sabeis

deste poema?

Aqui está vivo quem

vivendo teima.

 

E cria a sua própria vez.

 

4.

 

Vos ponho nomes

- nomes não tendes -,

sois meus parentes

intransponíveis.

 

Ou apenas tendes

aqueles nomes

que vos pressentem:

sinete ou risca.

 

Aqueles nomes

de manjedoura

ou julgamento.

Nomes avulsos

 

e indossolúveis

a quem procura

desnomeá-los.

São criaturas

 

os nomes, naves.

E se designam

ao navegarem.

 

5.

 

Nós, os viventes

e conviventes

de um mundo antigo.

 

A rima é cântaro

perto da fonte.

 

Cântaro à noite

cântaro, cântaro

o ritmo um jorro

que se levanta.

 

6.

 

Vos ponho nomes

ou nome pondes

em quem vos põe.

 

Como se o lanço

dalguma escada

fosse alcançado

antes dos pés

ou a digital

de um ser viesse

antes do mal.

 

Ou nome tendes

antes de mim.

 

7.

 

Povo submisso

junto ao meu peito,

contigo fico.

O mais esqueço.

Contigo fico

quando for pátria

o nosso corpo,

esta fuligem.

Povo submisso

junto ao meu peito,

contigo fico.

O mais esqueço.

Contigo fico

quando for pátria

o nosso corpo,

esta fuligem

de sofrimento.

 

O mais nos foge.

 

8.

 

Vientes, jazemos

dsavindos.

 

Em força obstinada

mundo sempre domingo.

 

O galo não cantou.

Acordou um juízo.

 

A aurora sabe dosar

as coisas.

 

Que outros frequentam

a criação?

 

Tempos de um só,

sopesados e vivos.

 

Pode a moléstia mortal

ser entretida?

 

Apodrece a aurora.

 

Não nos conformamos

com o que não é luz.

 

Nossa pobre glória

sujeita ao vento,

à intempérie

da solidão.

 

9.

 

Não há pátria

a quem ama.

 

Porque não posso

separar o amor

do amante

que se faz a pátria dele.

 

E ser da solidão

é se perder.

 

10.

 

Ainda voltarei  a estes campos,

a este chão, ao zumbido

das abelhas pelo tempo

querendo voejar e nelas preso.

 

Ainda voltarei aos meus viventes

para vê-los andar comigo

às faldas da montanha.

 

Ainda voltarei: os mortos sabem

soluções piedosas

e as mormuram de ouvido.

 

Poema de Carlos Nejar, do livro Os Viventes, edição Leya Brasil 2011

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publicado às 19:56


#1491 - Citações

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.11.11

Há os que escrevem de dentro

das cavernas e outros, mais raros,

que escrevem de dentro do céu.

 

(LONGINUS, Livro das Vidências)

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publicado às 19:50

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publicado às 19:43


#1489 - ADAMO ,Tombe la neige

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.11.11

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publicado às 19:35


#1488 - le temps qui reste - Serge Reggiani

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.11.11

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publicado às 19:31


#1487 - La décadanse...Serge Gainsbourg - Jane Birkin

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.11.11

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publicado às 19:18


#1486 - jacques Brel _ La Chanson des Vieux Amants

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.11.11

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publicado às 19:06


#1485 - Robbie Williams and Nicole Kidman - Somethin' Stupid

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.11.11

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publicado às 19:02


#1484 - Something Stupid - Frank Sinatra

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.11.11

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publicado às 19:01

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publicado às 18:44


#1482 - Etta James - I' ve Got Dreams To Remember

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.11.11

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publicado às 18:41


#1481 - Campos de Jordão (S.Paulo - Brasil)

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.11.11

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publicado às 00:50


#1480 - O ouro do Reno

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.11.11

 

A União Europeia parece hoje uma ópera de Wagner, de onde foram retirados todos os deuses, todas as ninfas, todos os heróis, todos os gigantes, e apenas restaram os anões. Dia 9, quando a Itália atravessou o Rubicão dos 7% da dívida a dez anos, ficou patente o fracasso absoluto da estratégia que foi imposta, com disciplina e método, pelo Governo alemão, com a cumplicidade do Eliseu: a) esvaziar as instituições europeias, em especial os Presidentes da Comissão e do Eurogrupo; b) levar a cabo medidas de quarentena para evitar o "contágio" do vírus da dívida soberana, começado na Grécia; c) violentar todas as regras da lógica formal, da ciência económica, e do bom senso, ao acreditar que é pela austeridade recessiva que a Europa poderá reequilibrar-se; d) recusar qualquer reforma estrutural dos Tratados, como se o problema sistémico da Zona Euro não tivesse origem no carácter monstruoso da UEM, como obra imperfeita e inacabada.

 

Se a Itália cair, a crise europeia entrará num buraco negro. Numa fase de turbulência total, como ocorre num metal que entra em colapso sob uma pressão térmica insuportável. Ontem, o BCE fez saber que ia ajudar a Itália, e de imediato os juros da dívida de Roma recuaram. Depois veio Klaas Knot, o Presidente do Banco Central holandês, dizer que, afinal, o BCE pouco pode fazer, lançando sombra sobre a única esperança que nos resta... Reina a cacofonia. Em Berlim já se fala de mutualização da dívida europeia, perante uma chanceler inamovível. Sar-kozy sonha com uma Europa quase só franco-alemã. Ao evocarmos, hoje, os dez milhões de jovens europeus sacrificados na Grande Guerra, talvez seja preciso recordar ao Presidente francês que entre a França e a Alemanha há o Reno. Um rio onde jaz o anel de sangue, de uma violenta história. Prestes a regressar, pelo desvario dos anões nibelungos que nos desgovernam.

 

In

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publicado às 21:44


#1479 - Guarujá (S. Paulo . Brasil)

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.11.11

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publicado às 19:01


#1478 - Teoria Sentada

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.11.11

Um lento prazer esgota a minha voz. Quem

canta empobrece nas frementes cidades

revividas. Empobrece com a alegria

por onde se conduz, e então é doce

e mortal. Um lento

prazer de escrever, imitando

cantar. E vendo a voz disposta

nos seus sinais, revelada entre a humidade

dos corpos e a sua

glória secular. Uma dor esgota

a idade, com cravos, da minha voz.

E eu escrevo como quem imita uma vida e a vida

de uma inconcebível

magnitude. Ou somente de uma

voz. Um lento desprazer, uma

solidão verde, ou azul, esgota por dentro e para cima,

como um silêncio, o antigo

de minha voz.

 

O que digo é rápido, e somente o modo

de sofrer

é lento e lento. É rapidamente fácil e mortal

o que agora digo, e só

as mãos lentamente levantam o alcool

da canção e a formosura

de um tempo absorvido. Digo tudo o que é

mais fácil da vida, e o fácil

é duro e batido pela paciência.

Porque a terra dorme e acorda de uma

para outra estação.

 

Porque vi crianças alojadas nos meus

melhores instantes, e vi

pedaços celestes fulminados na minha

paixão, e vi

textos de sangue marcados desordenadamente

pelo ouro. Porque vi e vi, na saída

de um dia para o começoda primeira noite, e no despadaçar da noite.

E porque me levantei para sorrir

e ser cândido. E porque então

estremeci com a rapidez das palavras e a quente

morosidade

da vida. Eu disse o que era fácil

para dizer e eu tão

dificilmente havia reconhecido. Porque eu disse:

um prazer, um pesado prazer de cantar

a vida, consome a única voz

de uma vida mais sombria e mais funda.

E eu mudo sobre este campo parado

de cravos, quando a lua

rebenta, quando

sóis e raios crescem para todos os lados do seu

fulminante país.

 

Alguém se debruça para gritar e ouvir os meus

vales

o eco, e sentir a alegria de sua expressa

existência. Alguém chama por si próprio,

sobre mim, em seus terríficos confins.

E eu tremo de gosto, ardo, consumo

o prnsamento, ressuscito

dons esgotados. Escrevo à minha volta,

esquecido de que é fácil, crendo

só no antigo gesto que alarga a solidão contra

a solidão do amor.

Escrevo o que bate em mim - a voz

fria, a alarmada malícia

das vozes, os ecos de alegria e a escuridão

das gargantas lascadas. Para os lados,

como se abrisse, com a doçura de um espelho

infiltrado na sombra. Fiel

como um punhal voltado para o amor

total de quem o empunha.

 

Alguém se procura dentro do meu ardor

escuro, e reconhece as noites

espantosas do seu próprio silêncio. E eu falo,

e vejo as mudanças e o imóvel

sentido do meu amor, e vejo

minha boca aberta contra minha própria boca

numj amargo fundo de vozes

universais.

 

Alguém procura onde eu estou só, e encontra

o campo desbaratado

e branco da sua

solidão.

 

 

Poema de Herberto Helder retirado do livro "Poesia Toda", edição Assírio & Alvim

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publicado às 18:22

 

Era considerado um ícone da dissidência checoslovaca. O poeta checo Ivan Martin Jirous, que esteve preso quase dez anos por defender a liberdade de expressão durante o comunismo e que inspirou a Revolução do Veludo em 1989, morreu esta quarta-feira aos 67 anos com uma hemorragia, anunciaram os seus amigos.

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publicado às 17:20

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