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#990 - Dez autores distinguidos nos Prémios Literários Whiting

por Carlos Pereira \foleirices, em 31.10.09


Dez escritores emergentes de vários países, do Vietname aos Estados Unidos, vão receber 50 mil dólares no âmbito dos Prémios Whiting para Escritores, atribuídos pela Fundação Giles Whiting.

 

 Os galardões, atribuídos anualmente desde 1985 a autores que manifestem «um talento excepcional e uma carreira promissora», vão desta vez para o escritor de ficção vietnamita Vu Tran, que agora vive em Las Vegas, e para o poeta Jay Hopler, nativo de Porto Rico e a residir na Florida.

 

A lista de vencedores inclui ainda os poetas Jericho Brown e Joan Kane, o dramaturgo Rajiv Joseph, os autores de obras não ficcionais Michael Meyer e Hugh Raffles, e os ficcionistas Adam Johnson, Nami Mun e Salvatore Scibona, cujo romance «The End» foi finalista dos National Book Awards em 2008.[diariodigital.pt]

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publicado às 01:12

 

Aquele que é considerado o "livro da feira" de Frankfurt já foi comprado por uma editora portuguesa, a Objectiva. São os diários de Nelson Mandela, que abriu os seus arquivo

 

Ler aqui o resto do artigo de Isabel Coutinho

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publicado às 00:58


#988 - Uma volta pela cabeça de António Lobo Antunes

por Carlos Pereira \foleirices, em 31.10.09

A gente quer andar mais pela rua. Ouvi-lo com o merceeiro, a cabeleireira, o flautista da GNR, a dona do quiosque, mas ele dá-nos a volta. Conde de Redondo, Gomes Freire, Gonçalves Crespo, Conde de Redondo. Quando damos por isso estamos outra vez em casa. A casa é como a cabeça dele: livros, livros, livros

Ler o resto aqui

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publicado às 00:56


#987 - Toni Morrison

por Carlos Pereira \foleirices, em 28.10.09

 

 

Último romance de Toni Morrison em Portugal

A editora Presença publicará esta semana a tradução portuguesa do último romance de

Toni Morrison, a escritora americana que venceu o Nobel da Literatura em 1993. A

Dádiva (A Mercy) foi considerado "o melhor romance" de 2008 pelo Sunday Times e "um

dos dez melhores livros do ano" pelo New York Times. A história passa-se na América do

Norte nos finais do século XVIII, quando o casal Vaark é repudiado pelos protestantes

por se recusar a ter escravos a trabalhar nas suas terras. O tema da escravatura está

assim presente no romance, bem como a intolerância religiosa e a falta de liberdade das

mulheres, tornando um texto, em certo sentido, uma parábola do nascimento

traumático dos Estados Unidos. Além do Nobel, Toni Morrison recebeu ainda o Pulitzer

(em 1988) e o National Book Critics Circle Award (em 1977).

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publicado às 00:00


#986 - Richard Zimler escreve sobre os comentários de Saramago

por Carlos Pereira \foleirices, em 27.10.09

Saramago e a insustentável leveza da ignorância

 

Os comentários de Saramago não são nem chocantes nem novos, defende neste texto o escritor Richard Zimler. E apenas representam um obstáculo à fé para quem não tenha a menor ideia do que é e do que pretendia ser o Antigo Testamento. As críticas são unicamente banalidades superficiais

Quando José Saramago decidiu espevitar o interesse pelo seu último livro afirmando que "a Bíblia é um manual de maus costumes", a minha primeira reacção - como escritor e como alguém de há muito tempo dedicado aos estudos de religião comparada - foi rir-me para comigo e murmurar "e depois?".

São várias e de ordem vária as razões por que desvalorizei os comentários de Saramago. O Antigo Testamento, praticamente na sua totalidade, nunca teve como propósito constituir qualquer coisa de parecido com um manual de boas ou más maneiras. Ao ler a Bíblia, pouco que seja, ninguém pretende encontrar um modelo para o seu comportamento nos actos do Rei David, de Betsabé, de Noé, de Adão, de Eva ou de quaisquer outras pessoas referidas nas histórias bíblicas. Na tradição judaica, tal atitude pura e simplesmente nunca existiu. Nem o mais ortodoxo dos rabinos obedece hoje à maioria das regras de conduta doDeuteronómio, mais que não fosse por estarem de tal modo datadas que seriam irrelevantes para a vida dos nossos dias. Assim como ninguém no mundo judeu modela o seu comportamento pelo de Deus. Fazê-lo seria considerado ingénuo na melhor das hipóteses ou herético na pior. O Antigo Testamento é formado em grande parte por uma compilação de histórias, muito à semelhança de um romance. E o seu tema principal é a difícil e por vezes tumultuosa relação entre Deus e Israel, entre o criador transcendente de um universo e o seu povo escolhido. É uma história de sobrevivência, de como os israelitas usaram de todos os meios à sua disposição - incluindo a guerra - para defender aquilo que consideravam a sua particular aliança com o Senhor. Como qualquer romance ou outra forma de narrativa que intente descrever todos os cambiantes da conduta humana, dela fazem parte tanto a opressão intolerável, os crimes de guerra e os assassinatos, como também o amor, a dedicação e o heroísmo. Trata de seres humanos tal como eles são, e não como eles deveriam ser. Pegar no Antigo Testamento para criticar a brutalidade dos hebreus ou de outros povos da antiguidade é o mesmo que criticar Dostoievsky por escrever sobre um assassinato premeditado emCrime e Castigo ou criticar Anne Frank por descrever como a crueldade nazi afectou a sua família.

Inclinava-me a pensar que qualquer escritor haveria de olhar como vital, tanto para ficcionistas como para ensaístas, a exploração de toda a gama das emoções e acções humanas, mas ao que parece enganava-me, pelo menos no caso particular de Saramago.

Confesso que as palavras de Saramago me deixaram perplexo de um modo muito pessoal ao implicarem que não deveríamos escrever sobre os horrendos crimes cometidos por seres humanos, pois uma boa parte do que faço nos meus romances é explorar as vidas de pessoas cujas vozes têm sido sistematicamente silenciadas por ditadores, generais e inquisidores religiosos. Penso que escrever sobre a repressão violenta e sobre os tratamentos cruéis é essencial, sobretudo quando se busca a criação de um mundo de mais justiça e humanidade. E uma das coisas que mais respeito e valorizo no Antigo Testamento - apesar de não crer num Deus pessoal e de não praticar nenhuma forma de fé, nem sequer a religião dos meus pais, o judaísmo - é o facto de aí nada ser escamoteado ou escondido. Quem quer que deseje conhecer até onde pode chegar a abominação e a crueldade humanas e até que ponto Deus - ou o Destino - pode ser impiedoso bastar-lhe-á abrir o Antigo Testamento. Para quem nunca o fez, sugeriria que lessem o tratamento dado pelo Rei David a Urias, narrado noSegundo Livro de Samuel. Será difícil encontrar descrição mais poderosa da traição e da brutalidade humanas.

Por outro lado, considerei que no fundo não valia a pena dar importância aos comentários de Saramago, pela ingenuidade e infantilidade da interpretação literal que ele (juntamente com os fundamentalistas religiosos) faz das histórias do Antigo Testamento. Uma das mais importantes lições que retirei do estudo da história das religiões e da mitologia é que as narrativas mitológicas são - na sua maior parte - poesia e não prosa. A história de Adão e Eva é poesia. Ou será que haverá alguém que acredite que Eva foi feita de uma costela de Adão? O autor desta narrativa do Antigo Testamento está a recorrer a uma linguagem simbólica - tal como poetas muito posteriores, como Shakespeare ou Camões, recorreram à linguagem simbólica para criarem as suas obras-primas. Ou será que algum leitor de Os Lusíadas pensa que os navegadores portugueses depararam com um temível gigante chamado Adamastor nas suas viagens da época das Descobertas? Ou, quando a narrativa bíblica conta que Moisés separou as águas do Mar Vermelho no Livro do Êxodo para que o seu povo pudesse fugir do Egipto, será que alguém com mais de dez anos acredita que ele possa ter murmurado algum abracadabra hebraico e produzido tal milagre? Espero bem que não. O Antigo Testamento pode ter como referência um acontecimento histórico - a libertação do povo hebraico -, mas a linguagem utilizada é poética e simbólica. Por assim ser, está aberto a diferentes interpretações. Pode acontecer que o que aqui se pretende é falar da viagem espiritual que cada um de nós pode fazer ao longo das nossas vidas, da escravidão para a liberdade. Nesse caso, a história de Moisés será sobre a nossa aspiração - como indivíduos e como povo - à segurança, a uma vida realizada e com sentido.

Tomar à letra estas histórias é simplesmente não entender o Antigo Testamento e ignorar por completo dois mil anos da tradição poética ocidental.

As palavras de Saramago pareceram-me ainda como o "much ado about nothing", o muito barulho para nada, com que soa qualquer coisa que nem remotamente é novidade. Há cerca de dois mil anos que os filósofos judeus vêm debatendo a brutalidade de Deus e da humanidade no Antigo Testamento, em tons bastante mais emocionados do que os usados no debate em causa. Talvez a história mais criticada do Antigo Testamento seja narrada no livro deJob. Depois de um Satanás céptico dizer a Deus que a piedade de Job se deve apenas à prosperidade de que goza, Deus põe à prova a fé e a dedicação de Job arruinando-lhe a vida da forma mais horrível. Podemos encontrar comentários sobre a interpretação a dar a esta história - assim como de qualquer outra história bíblica - em centenas de livros escritos por filósofos judeus - e também alguns cristãos - ao longo dos últimos dois mil anos. Como é possível que alguém que se considera instruído não tenha consciência desta herança cultural?

As primeiras obras escritas analisando a natureza de Deus, tal como é descrita no Antigo Testamento, são o Talmude, um compêndio dos textos rabínicos sobre ética e cultura compilados entre os anos 200 e 500 da era cristã. Mais tarde, na época medieval, o tema da natureza de Deus foi explorado por dezenas de talentosos filósofos medievais, incluindo pensadores magníficos como Maimónides e Moisés de Leão, autor do século XIII, que escreveu o livro mais influente do misticismo judaico, oZohar. Mais recentemente, estudiosos como Walter Benjamin e Martin Buber acrescentaram facetas modernas ao debate. A natureza da relação de Deus com o homem - a Sua crueldade e, em particular, a Sua "surdez" face ao sofrimento humano - tornou-se num dos mais importantes tópicos de discussão no mundo judaico desde o Holocausto, pelo mais óbvio e terrível dos motivos. Simultaneamente, este debate filosófico foi sendo reflectido na literatura judaica desde os meados do século XIX, na obra de muitos escritores, de Sholem Aleichem e Shmuel Yosef Agnon - que recebeu o Prémio Nobel em 1966 - a Philip Roth.

Concluindo, custa-me compreender como é que alguém, ainda que vagamente familiarizado com a filosofia e a literatura ocidentais, pode acreditar que erguer-se em 2009 contra a crueldade contida no Antigo Testamento tem alguma coisa de novo ou de chocante. Ou sequer interessante.

O que é interessante é perguntarmo-nos por que razão exige Deus uma tão absoluta fidelidade aos israelitas e os castiga tão brutalmente por Lhe desobedecerem. Por que são outros povos, como os cananitas, olhados com tanto desprezo. O que diz tudo isto sobre as condições políticas e sociais em Israel em 500 a.C. E o que diz a relação de Deus com Israel sobre a "natureza tribal" das religiões da antiguidade.

Estes, sim, são temas importantes a merecer respostas sérias dos estudiosos.

Mas, naturalmente, nada disto mereceu a atenção de Saramago nem dos que reagiram às suas críticas ao Antigo Testamento. O que me traz ao aspecto mais perturbador e alarmante de toda esta tola controvérsia. Os jornalistas e os responsáveis religiosos portugueses de um modo geral trataram os comentários de Saramago como importantes! Graças a eles, os meios de comunicação deram-lhe mais tempo na televisão e mais espaço nos jornais do que a outras questões muito mais importantes. E alguns representantes da Igreja Católica atacaram-no com uma ferocidade emocional que revela bem que consideram tais opiniões sobre o Antigo Testamento como um obstáculo à fé. Mais uma vez, tal como salientei mais atrás, os comentários de Saramago não são nem chocantes nem novos. E apenas representam um obstáculo à fé para quem não tenha a menor ideia do que é e do que pretendia ser o Antigo Testamento. As críticas de Saramago são unicamente banalidades superficiais, que revelam uma profunda ignorância da filosofia e da religião ocidentais e uma total incompreensão da linguagem poética e narrativa de desde há mais de três mil anos. Só quem ignora tal herança, jornalistas e responsáveis religiosos incluídos, poderia tornar o patético desabafo do romancista numa tal polémica. E, para mim, essa foi a parte mais desanimadora e mais perturbante de toda esta "inventada" notícia: descobrir que na sociedade onde vivemos, entre os seus membros mais ilustres e cultivados, possa prolongar-se tão lastimosa ignorância de uma parte importantíssima do legado civilizacional da filosofia e da cultura ocidentais.

Tradução de José Lima

Artigo escrito por Richard Zimler e publicado no Jornal "Público"

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publicado às 23:46


#985 - Leitura de Blogs

por Carlos Pereira \foleirices, em 27.10.09

 

DOCE IGNORÂNCIA

 

(Foto de Robert Doisneau)

Se eu não soubesse que ia morrer, se não houvesse contagem de tempo e se todos os dias fossem surpresa, hoje não saberia a minha idade, não teria conhecimento de que o processo de envelhecimento ia acontecer nem tinha a noção dos anos. Os dias sucediam-se às noites. Apenas. A vida poderia ser um perpétuo movimento marcado por instintos de sobrevivência e prazer. As pessoas viveriam em outro mundo, sem tempo contado, aceitando as rugas e os cabelos brancos com a doce indignação de uma ignorância distribuída pelo corpo todo.
 

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publicado às 23:42


#984 - Luís Sepulveda - Entrevista ao "DN"

por Carlos Pereira \foleirices, em 27.10.09

"A minha juventude terminou no dia 11 de Setembro de 1973"

 

Luis Sepúlveda está em Portugal para lançar o seu último livro, A Sombra do que Somos (Porto Editora). Hoje, às 18.00, no El Corte Inglés, em Lisboa.

Como é ter 60 anos?

É uma sensação muito agradável. Tenho experiência, tenho um caminho percorrido, sinto-me bem.

É inevitável, quando se chega a esta idade, olhar para trás e sentir-se "uma sombra do que foi"?

Sinto que projecto uma sombra que é bastante forte, é a sombra da minha geração que teve uma importância muito grande naquilo que estão agora fazendo os mais jovens, acho que estes nos vêem como referências.

A ideia da sombra é positiva? Não tem a ver com sentir-se uma sombra do que já foi?

Não, não, é uma ideia bastante optimista. Primeiro, porque para haver uma sombra tem de haver bastante luz, e nós temos uma luz muito forte que é a luz da nossa razão. Por isso temos uma sombra forte, definitivamente.

Os velhos persistem nos seus livros. Aqui aparecem logo na primeira frase.

Sempre me fascinaram os velhos, têm algo muito bonito que é o percurso que fizeram, a experiência, os erros, os fracassos, algo que está aí, que se pode ver. Neste caso, queria contar a história de quatro veteranos que se juntam para uma última aventura. Estas personagens estão muito próximas de mim, têm muito da minha experiência, têm a minha idade. Chegou a hora de escrever sob o ponto de vista dos velhos.

Mas com a idade não se perde também aquela vontade de mudar o mundo, o acreditar que é possível?

Eu não perdi. Os ideais permanecem porque há coisas no mundo que continuam mal. O sentimento de justiça social não tem idade, não tem época, é algo definitivo. Claro que o mundo também muda e as atitudes das pessoas têm que se adaptar. Mas o fundamental é que o velho desejo de mudar o que está mal é igual e tão forte quanto antes.

Esse optimismo está presente neste livro?

Acho que está. A partir de um aparente desencanto, estas personagens falam do seu passado e fazem algumas perguntas, por exemplo: porque fazíamos as coisas assim? E descobrem essa figura metafórica que é a sombra os desafia e encoraja a fazer alguma coisa. Avançam para uma última aventura, que possivelmente vai fracassar, mas que revela que têm os mesmo valores e a mesma vontade de fazer.

Mas a verdade é que eles não conseguem recuperar o passado.

O passado não se pode mudar, foi o que foi. Há algo nesses quatro que é profundamente subversivo que é o humor. E isso permite-lhes olhar para o passado com uma ironia sã.

É assim que olha para o seu passado?

Sim, com muito carinho e com muito humor. Este livro nasceu há três anos, quando me juntei com um grupo de amigos da juventude para um jantar em Santiago do Chile. Começámos a falar dos netos e depois falámos do tempo de Allende, do exílio, e todos contavam as coisas com um sentido de humor extraordinário. Podíamos ter mágoa por ter sido uma desilusão, mas não tínhamos. Havia uma alegria muito grande de saber que nós, por decisão pessoal, nunca tínhamos sido corruptos. Cometemos erros, claro, éramos muito jovens e éramos poucos para um processo tão grande. Desse jantar saiu a ideia de escrever este livro com um grupo assim de veteranos que se reúne para uma última aventura.

No livro fala muito da experiência do exílio, foi uma experiência determinante para si?

Todas as experiências são determinantes, sobretudo se pensarmos que para a minha geração o 11 de setembro de 73 foi muito mais do que um golpe de estado e o fim de uma democracia exemplar, foi o fim da nossa juventude. Terminou nesse dia. Eu tinha 23 anos e, como muitos outros companheiros, e tive de começar a agir com a maturidade uma pessoa de 40 ou 50 anos para sobreviver. O exílio foi, por um lado, um castigo, muitas pessoas não o suportaram, e, por outro, uma espécie de bolsa de estudos no estrangeiro, porque foi uma oportunidade para conhecer outras realidades. E para lutar, a ver se noutros locais era possível concretizar algo do que sonhávamos.

O regresso é difícil. Procuram um país que deixaram mas já não é o mesmo.

Do exílio não se regressa nunca. É definitivo. O país que deixamos existe só conservado na memória, é, como digo no livro, o país de Peter Pan, nada envelhece, nada muda. Mas depois confrontamo-nos com o país real e é difícil. Temos saudades das pessoas que conhecemos, dos locais onde estivemos, Vivemos com o coração partido.

Mas a casa é sempre no nosso país?

A casa é onde nós estamos sentimentalmente. As casas também vão mudando. Normalmente a casa é onde está a nossa família, mas os anos passam, os filhos crescem, voam com asas próprias, porque têm de o fazer, e chegamos a um estádio maravilhoso em que a nossa família são os nossos amigos. E aí a casa muda-se.

 

 

 

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publicado às 23:26


#983 - Mário Cláudio orienta curso

por Carlos Pereira \foleirices, em 27.10.09


Uma viagem literária por sete obras dos séculos XIX ao XXI é o que propõe Mário Cláudio, a partir de 2 de Novembro, nas instalações na Sala da Música do Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto.
 

O Clube de Leitura "Amor e transgressão" realizar-se-á quinzenalmente, sempre às segundas-feiras, das 19 às 21 horas, e a participação, limitada a 30 pessoas, está sujeita ao pagamento de 70 euros.

 

"Ana Karenina", de Leão Tolstoi, "A mulher de trinta anos", de Honoré de Balzac, "Lolita", de Vladimir Nabokov, "Maurice", de E.M. Forster, "A queda de um anjo", de Camilo Castelo Branco, "Primeiro amor", de Ivan Turgeniev, e "Boa noite, Senhor Soares", o mais recente livro de Mário Cláudio, foram as obras escolhidas.

O presente curso está inserido na programação cultural no Porto da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) para os próximos meses, da responsabilidade do escritor Álvaro Magalhães.

 

Já no próximo mês, o compositor e escritor Carlos Tê vai orientar um curso de escrita criativa de canções e, logo no arranque de 2010, seguir-se-á um outro de escrita criativa de textos literários, orientado pelo também escritor Pedro Sena-Lino.

 

Depois da homenagem a Germano Silva, no início do mês, sucedem-se em breve idênticas iniciativas dedicadas a Manuel António Pina e Jorge de Sousa Braga, entre outros autores.

 

Estas iniciativas resultam de um protocolo de colaboração estabelecido entre a SPA e o Museu Nacional de Soares dos Reis, mediante o qual os eventos culturais organizados pela cooperativa de defesa dos direitos dos autores terão lugar preferencialmente naquele espaço museológico.

 

As inscrições para o curso "Amor e transgressão" podem ser feitas através do telefone 226061920.

 

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publicado às 23:16


#982 - Vladímir Nabókov

por Carlos Pereira \foleirices, em 26.10.09

VLADÍMIR NABOKÓV


Lembro como vieste: um retinir crescente,

a emoção nova no mundo que desponta.

A lua, coada dos ramos, varre o alpendre.

Cai vagarosamente a lira de uma sombra.


Jovem, via o iambo como um vestido

demasiado áspero nos teus ombros ternos.

Mas era cantante o meu verso imperfeito,

sorrindo na rima de lábios vermelhos.


Era feliz. Na mesa extinguia-se o fogo

oscilante da vela, o sonho ia em frente:

sob o vidro da mesa uma folha imortal

e rutilante nos seus raios de emendas.


Agora é diferente. Não trocava o sono

matinal pela estrela da madrugada.

Já escasseia o ânimo para tanto esforço,

sobretudo para os trabalhos da vaidade.


Sou experiente agora, avaro, intolerante.

Tem um brilho de cobre o meu verso polido.

Agora eu e tu raramente falamos,

através da cerca, como velhos vizinhos.


Sim a maturidade é rigorosamente

pitoresca: uma parra, uma pêra, meia melancia

e - o cúmulo da mestria - ar transparente.

Estou gelado. É outono, ó Musa fria.


Poema de Vladímir Nabókov  (1899-1977) traduzido por Nina Guerra e Filipe Guerra

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publicado às 13:04


#981 - Recinto, Poema de Carlos Pellicer

por Carlos Pereira \foleirices, em 26.10.09

CARLOS PELLICER (1899-1978)


RECINTO


Onde porei o ouvido que não escute

minha voz a chamar-te?

E onde não escutar este silêncio

que te afasta lentamente triste?


Eu caminho as horas presenciadas

em nós por nós os dois.

Sei desse fruto maduro das vozes

em campos de setembro.


Sei da noite esbelta e já tão nua

em que nossos corpos eram um.

Sei do silêncio perante a gente obscura,

de calar este amor que é de outro modo.


Enquanto chove a ausência liberto

a escravidão de carne e a alma só

no ar suspende sua águia amorosa

que as nuvens pacíficas igualam.


Poema de Carlos Pellicer traduzido por José Bento

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publicado às 12:53


#980 - Clube Jazz ao Norte

por Carlos Pereira \foleirices, em 26.10.09

 

6ª feira
30/10/2009
22:00


AUDITÓRIO JOSÉ DUARTE


Entrada: 8,00€

 

Duo Sofia Ribeiro/Marc Demuth

Cruzam-se em Barcelona, em 2003, na Escola Superior de Música da Catalunha, onde ambos frequentam um ano de estudos no âmbito do programa Erasmus.


Este encontro marca o início de uma estreita colaboração com a formação de diferentes projectos, a gravação de dois CDs ("Dança da Solidão", em duo, e o segundo, "Orik", em quinteto, ambos ao vivo no "L'Inoui", Luxemburgo) e numerosos concertos por toda a Europa, E.U.A. e África.

"Temas bem conhecidos, rejuvenescidos pelos arranjos feitos pelo duo, a que Sofia empresta uma voz belíssima e Marc serve com virtuosismo. Quem os ouve, quer ouvi-los novamente, o que explica o crescente sucesso da formação aqui e além fronteiras."


Paula Telo Alves, "Contacto", Luxemburgo.

É com enorme orgulho que mais uma vez iniciamos a programação 2009/10 com estes 2 fantásticos músicos, juntos inseparavelmente:

  • Sofia Ribeiro - Voz
  • Marc Demuth - Contrabaixo

Jazz Ao Norte - Ensino, Apoio e Promoção do Jazz, LDA.
NIF - 507 727 266
Rua General Norton de Matos nº 448
4050-424 Porto
Portugal

+351 96 250 26 26
+351 22 831 62 06

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publicado às 11:58


#979 - Susanna and The Magical Orchestra

por Carlos Pereira \foleirices, em 24.10.09

 

 

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publicado às 22:22


#978 - XXIX Prémio Príncipe das Astúrias das Letras

por Carlos Pereira \foleirices, em 24.10.09

 

ISMAIL KADARÉ, albanês,  foi premiado com o prémio Príncipe das Astúrias das Letras

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publicado às 20:06


#977 - RACHMANINOFF: Vocalise, Op. 34, No. 14; STOKOWSKI Anna Moffo

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.10.09

 

 

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publicado às 13:21


#976 - Uma lâmpada sobre o mundo

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.10.09

 

Fotografias de Ciuco Gutiérrez

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publicado às 13:08


#975 - Novo romance de José Rodrigues dos Santos

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.10.09

 

Romance de José Rodrigues dos Santos vai ser apresentado por ex-operacional da Al Qaeda

«O novo romance de José Rodrigues dos Santos, Fúria Divina, vai ser apresentado em Lisboa por um dos primeiros operacionais da Al-Qaeda. Abdullah Yusuf já se encontra em Portugal, tendo chegado há alguns dias de África especificamente para apresentar esta obra.
Abdullah Yusuf reuniu-se por diversas vezes com Osama Bin Laden no Afeganistão e foi autor de um atentado reivindicado pela Al-Qaeda. Contactado por José Rodrigues dos Santos durante o processo de pesquisa para a obra Fúria Divina, tornou-se consultor deste romance protagonizado por Tomás Noronha sobre o islão radical.
Abdullah Yusuf irá falar este sábado, 24 de Outubro, na apresentação de Fúria Divina, cerimónia que está marcada para a praça central do Centro Colombo, em Lisboa, às 17h00 – um evento aberto ao público. Outro apresentador do novo romance de José Rodrigues dos Santos será o General Leonel Carvalho, antigo chefe do gabinete de segurança interna do Governo português.
A cerimónia de apresentação do livro contará ainda com a representação teatral de uma cena de Fúria Divina, a cargo do grupo de teatro Fatias de Cá, de Tomar."

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publicado às 12:47


#974 - João Tordo - Vencedor do Prémio Literário José Saramago

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.10.09

João Tordo: «Não tenho paciência para os puros contadores de histórias»


Novo romance, pelos vistos. É diferente dos anteriores? Explica lá porquê.

Porque é maior, mais estruturado, mais denso, com mais personagens e uma história que atravessa um quarto de século e que faz viagens constantes a outros momentos marcantes do século XX, a guerra civil espanhola, a Segunda Guerra Mundial… E, também, porque conta a saga da família Millhouse Pascal, vista através dos olhos do protagonista, na qual temos um pouco de tudo: um velho misterioso com poderes mágicos, três netos rebeldes, um jardineiro assas­si­no, funâmbulos na corda bamba… e um final secreto em que o destino de uma das personagens principais se intersecta com uma das grandes catás­trofes do nosso século. E também porque deu imenso trabalho. Contente?

Nem por isso. Uma vez mais, a história é contada na primeira pessoa. Alguma coisa de «pessoal» nisso ou vais aldrabar e continuar a dizer que não?

Claro que é pessoal. Todos os escritores mentem quando dizem que não existe nada de seu nos seus romances: no meu caso, acho que as personagens reflectem, cada uma à sua maneira, os meus pontos de vista e sentimentos em relação ao mundo. Começo sempre na primeira pessoa porque gosto de um ponto de vista limitado, que não seja omnisciente, que me aproxime do leitor, isto é: só sabemos uma parte da história, não sabemos o todo. Somos limitados, finitos, queremos tudo mas, infelizmente, não dá. Depois o romance utiliza outros pontos de vista e narradores, mas o fundamental é que, uma vez que as histórias acontecem no mundo a partir do momento em que as imaginamos, gosto de olhar para elas a partir dos olhos dos meus narradores.

Já que falas nisso, continuas a achar que escrever e viver são coisas incompatíveis? Continuas a achar que é uma angustiante dicotomia?

Agora já acho que são as duas coisas idênticas. Julgo que a vida quotidiana é apócrifa deste ponto de vista: o mundo exterior é menos real, em muitos sentidos, do que o mundo da literatura. Menos real porque menos interessante, pelo menos para quem escreve ou, se estou a exagerar, pelo menos para mim. Mas escrever pode ser equivalente a viver no sentido em que é na escrita que me descubro enquanto pessoa: a vida quotidiana é o que é, raramente feliz, muitas vezes deprimente; a vida de um livro tem a obrigação de ser interessante, fascinante, aventurosa, desafiar todos os instintos de quem está lançado a uma história. Por vezes, viver todos os dias pode ser muito parecido com uma forma lenta de morte; na escrita tudo está mais vivo, mais iluminado.

Ora pensa lá bem: o que é que costumas fazer enquanto escreves, sem te dares conta disso?

Que pergunta tão estúpida. Então olha: às vezes ouço os Beatles, sobretudo o Abbey Road ou o White Album; coloco o CD no computador sem sequer pensar no assunto. Mas grande parte das vezes não ouço nada, gosto do silêncio e do barulho dos dedos nas teclas. Não sou capaz de escrever à mão – não só tenho uma caligrafia ilegível como me cansa imenso o pulso, ao final de um bocado. Teclo tipo «secretária», isto é, muito depressa e sem olhar para o ecrã. Quando estou a escrever um romance é também das poucas alturas do ano em que bebo café e fumo cigarros logo de manhã. Tenho a televisão ligada sem som. A sensação de um romance por acabar angustia-me e, ao mesmo tempo, motiva-me. É esquisito. Também tremo as pernas e bato com os pés no chão, repetidamente, que é uma espécie de banda sonora dos meus livros.

Já que falamos em desordens obsessivas, continuas a ter as mesmas obsessões, paranóias e minudências?

Tenho uma razoável obsessão com a medição das obras. Isto é, enquanto estou a escrever gosto de manter uma média diária de número de palavras (para As Três Vidas, por exemplo, escrevi duas mil por dia). Não sei de onde é que isto vem. Claro que não «contabilizo» a coisa, mas tento manter um registo idêntico todos os dias porque o tempo é escasso – tenho de «tirar férias» do mundo real para escrever – e é preciso chegar ao final. É uma corrida a contra-relógio, na verdade. Outras paranóias: deixar um parágrafo em aberto para o dia seguinte; procurar não ler autores de que gosto muito durante essas alturas, ou tendo a começar a imitá-los; deitar-me cedo; tentar não beber. Essas coisas. Ser como um desportista na aldeia olímpica, só que sem as medalhas, a consagração e o hino nacional.

Quais são as tuas mais recentes embirrações?

Cada vez menos aprecio os escritores em «série», do género Dan Brown e derivados. Dá-me a sensação de que estão sempre a escrever o mesmo livro, numa linha contínua que não tem altos nem baixos. Embora eu pertença a uma linha muito anglo-saxónica do romance, confesso que não tenho muita paciência para os puros contadores de histórias, funcionais e mecânicos. Tem de haver alguma coisa de muito íntima, um ponto de vista, uma dor ou uma perda, no momento de escrever um romance. É para isso que serve toda a construção narrativa, tem de existir uma metáfora, nunca forçada, ou então é mera ginástica textual. Para isso existem os dicionários e as enciclopédias. Gosto de autores que se entregaram, que renderam a sua vida à obra, cuja existência passa por ali, passa pelo texto, ao ponto de quase se confundirem com aquilo que escrevem, até para eles próprios. O grande exemplo contemporâneo disto é o Javier Cercas, cuja fronteira obra/vida é quase indiscernível.

 

Há precisamente um ano, quando lançava As Três Vidas, João Tordo passou pelo sofá da LER e aceitou o desafio de se entrevistar: JoãoTordo por João Tordo.

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publicado às 22:43

Jorge Luis Borges, William Faulkner e Ernest Hemingway são alguns dos 10 escritores cujas entrevistas à Paris Review chegam agora a Portugal, compiladas num volume editado pela Tinta-da-China

 
Algumas das entrevistas que a revista realizou vão ser publicadas em Portugal

E.M. Forster, Graham Greene, Truman Capote, Lawrence Durrell, Boris Pasternak, Saul Bellow e Jack Kerouac são os outros autores presentes nestas entrevistas com selecção e tradução do jornalista Carlos Vaz Marques.

"The Paris Review" foi uma revista criada em 1953 por um grupo de jovens intelectuais norte-americanos em Paris, que inventaram a entrevista literária, tal como hoje a conhecemos.

“Os seus autores dificilmente terão tido a percepção de que estavam a fazer nascer uma abordagem nova à literatura e à arte da escrita e de que, por outro lado, se constituiria a partir dali o mais extraordinário arquivo do fascínio que uma entrevista literária pode alcançar”, escreveu Carlos Vaz Marques no prefácio da obra.

Em “Entrevistas da Paris Review”, encontram-se frases como esta, de William Faulkner (1897-1962): “Se eu não tivesse existido, alguém me teria escrito, a mim, a Hemingway, a Dostoiévski, a todos nós”.

Ernest Hemingway, por sua vez, afirmou, quando entrevistado, que “quanto melhor o escritor, menos ele falará do que escreveu”.

Já Borges declarou: “Quando eu escrevo, escrevo porque algo tem de ser feito. Não me parece que um escritor se deva intrometer demasiado no seu próprio trabalho. Deve deixar o trabalho escrever-se a si próprio”.

Neste volume da Tinta-da-China, com ilustrações de Vera Tavares, foi mantida a ordem pela qual as entrevistas foram publicadas na revista literária trimestral, tendo decorrido 15 anos entre a de E.M. Forster e a de Jack Kerouac.

Segundo Carlos Vaz Marques, “o tempo que corresponde a uma mudança social drástica que a literatura soube espelhar e que estas peças também revelam por inteiro: do aprumo formal de Forster à conversa com anfetaminas em casa de Kerouac.

O jornalista lamenta que a nenhum jornalista tenha ocorrido, por exemplo, entrevistar escritores como Mark Twain, Herman Melville ou Walt Whitman.

“Que extraordinários documentos literários possuiríamos hoje se isso tivesse sido possível”, observa.

E sublinha que, embora “sem a 'Paris Review' tivéssemos as mesmas obras de Faulkner, Hemingway ou Borges, não teríamos a mesma imagem que temos hoje de alguns dos escritores decisivos para a arte literária no século XX”.

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publicado às 22:32


#972 - Nova colecção dedicada à narrativa espanhola

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.10.09

Já chegaram às livrarias os títulos inaugurais da Minotauro, colecção integrada nas Edições 70 que pretende dar a conhecer ao público português nomes cimeiros da literatura espanhola contemporânea.

A publicação dos títulos da Minotauro irá ocorrer em três períodos ao longo do ano e, embora circunscrita, de momento, a autores consagrados, é intenção dos responsáveis alargarem a publicação a escritores emergentes da literatura espanhola actual.

São três os títulos que já se encontram disponíveis no mercado nacional. Da autoria de Álvaro Pombo, "Contra-natura" narra a história de Javier Salazar, um editor reputado cuja aposentação tranquila chega ao termo no momento em que conhece, por mero acaso, o jovem Ramón Durán.

"Bingo", de Esther Tusquets, também se debruça sobre o ocaso da existência. O protagonista é um sexagenário que lida mal com o envelhecimento, recusando os habituais paliativos para iludir a passagem dos anos. Quando conhece Rosa, uma dotada jogadora de bingo, a sua vida adquire nova e inesperada vitalidade.

Em "Crematório", Rafael Chirbes descreve a existência do já falecido Matías Bartomeu, um ideólogo que trocou a revolução pela agricultura biológica. Através da perspectiva dos amigos que com ele conviveram ao longo dos anos, ficamos a conhecer as várias facetas da vida de Bartomeu.

Além destes três títulos, há outros tantos com publicação assegurada em breve: "Sem necessidade", de Julian Rodríguez; "O perdão dos pecados", de António Fontana, e "O pai da Branca de Neve", de Belén Gopegui

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publicado às 22:24


#971 - Novo livro de José Luís Peixoto

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.10.09
José Luís Peixoto: Livro em Março

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No blogue das Quintas de Leitura estão disponíveis as fotos da sessão Livre com José Luís Peixoto, que encheu o Teatro do Campo Alegre no passado dia 24 de Setembro. O escritor leu excertos do seu próximo livro - que se chamará, precisamente, Livro e será publicado em Março. Entretanto, brevemente estarão de novo nas livrarias Uma Casa na Escuridão, Cal e Cemitério de Pianos, todos reeditados com a chancela da Quetzal.

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publicado às 22:05


#970 - Prémio LeYa 2009 para João Paulo Borges Coelho

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.10.09
João Paulo Borges Coelho

João Paulo Borges Coelho


João Paulo Borges Coelho nasceu no Porto, em 1955, mas adquiriu nacionalidade moçambicana. É historiador. Ensina História Contemporânea de Moçambique e África Austral na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, e, como professor convidado, no Mestrado em História de África da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Tem-se dedicado à investigação das guerras colonial e civil em Moçambique, tendo publicado vários textos académicos em Moçambique, Portugal, Reino Unido, Espanha e Canadá. As Duas Sombras do Rio é a sua primeira obra de ficção.

Obras publicadas na Caminho

Hinyambaan
(1.ª edição, 20082008)
«Outras Margens», n.º 70

As Duas Sombras do Rio
(1.ª edição, 2003; 2.ª edição, 2004)
«Outras Margens», n.º 15

As Visitas do Dr. Valdez
(1.ª edição, 2004)
«Outras Margens», n.º 34

Índicos Indícios I. Setentrião
(1.ª edição, 2005)
«Outras Margens», n.º 40

Índicos Indícios II - Meridião
(1.ª edição, 2005)
«Outras Margens», n.º 45

Crónica da Rua 513.2
(1.ª edição, 2006)
«Outras Margens», n.º 49

Campo de Trânsito
(1.ª edição, 2007)
«Outras Margens», n.º 62

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publicado às 21:53


#969 - Herta Muller

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.10.09



"... Amalie pendura o mapa da Roménia na parede.


«Todos os meninos moram em blocos de apartamentos ou em casas», diz Amalie.  «Cada casa tem quartos. Todas as casas juntas formam uma grande casa. Esta grande casa é a nossa terra. A nossa pátria.»


Amalie aponta para o mapa. «Esta é a nossa pátria», diz ela. Com a ponta do dedo procura os pontos negros no mapa. «Isto são as cidades da nossa pátria», diz Amalie. «As cidades são os quartos desta grande casa, da nossa terra. Nas nossas casas moram o nosso pai e a nossa mãe. São os nossos pais. Cada criança tem os seus pais. Tal como o nosso pai na casa em que nós vivemos é o pai, assim o camarada Nicolau Ceausescu é o pai da nossa terra. E tal como a nossa mãe na casa em que nós vivemos é a nossa mãe, assim a camarada Elena Ceausescu é a mãe da nossa terra. O camarada Nicolau Ceausescu é a mãe de todas as crianças. Todas as crianças amam o camarada porque eles são os seus pais.»


A mulher da limpeza põe um cesto de papéis vazio junto da porta. «A nossa pátria chama-se República Socialista da Roménia», diz Amalie. «O Camarada Ceausescu é o Secretário-Geral do nosso país, a República Socialista da Roménia.»..."


Excerto retirado do livro de Herta Muller «O homem é um grande faisão sobre a terra», Edições Cotovia, Lisboa. 1993.

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publicado às 22:29


#968 - 2º Festival Internacional de Paraty

por Carlos Pereira \foleirices, em 10.10.09

2º Festival Internacional de Paraty

Até segunda-feira, 12/10, BRAVO acompanha o que acontece de melhor no Festival de Cinema que acontece na cidade histórica carioca. Acompanhe notícias sobre os filmes exibidos, entrevistas com atores e cineastas e os debates que acontecem no evento

 

A segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Paraty, que começa nesta sexta-feira, 9 de outubro, exibirá cerca de 40 títulos, entre longas e curtas, filmes nacionais e internacionais. As sessões - todas gratuitas - serão realizadas no Cine Teatro Paraty (uma sala desativada há 40 anos e que receberá o Festival pela segunda vez), no centro histórico da cidade, e no Cine Tela Brasil (um cinema itinerante, com 225 lugares e projeção em 35mm).

 

BRAVO! acompanha a exibição de filmes ainda inéditos no circuito comercial, como os novos longas de Karim Ainouz e Marcelo Gomes, Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, de Daniela Thomas e Felipe Hirsch, Insolação, de Marco Ricca, com Cabeça a Prêmio e de Paulo Machline, Natimorto, baseado no livro de Lourenço Mutarelli.

 

Além de filmes inéditos, serão exibidos com o propósito da formação de público filmes infantis como A Era do Gelo 2, Kiriku e a Feiticeira, Wall-e, filmes campeões de bilheteria, como E SE Eu Fosse Você 2, Mulher Invisível e Divã, uma mostra dedicada à França e uma sessão de filmes Maldita, com filmes de suspense e terror no sábado e domingo à meia-noite.

 

A propósito do crescente número de documentários produzidos no país, o festival traz o debate a respeito das novas propostas de linguagem para esse gênero e seus limites com a ficção, em uma mesa com a participação Fabio Barreto e Wagner Morales (diretor de Preto Contra Branco, realizado através do DOCTV e que acaba de ser finalizado, em 35mm). O encontro, "Navegar é Preciso, Filmar Também", será realizado no sábado, em um barco, às 12h30.

 

Também haverá a exibição de títulos como O Milagre de Santa Luzia (Sergio Roizenblit), Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei (Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal), Alô Alô Terezinha (Nelson Hoineff) e Herbert de Perto (Roberto Berliner e Pedro Bronz)

 

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publicado às 01:35


#967 - Jean-Marie Le Clézio - Como se Fosse um Memoralista

por Carlos Pereira \foleirices, em 10.10.09

Jean-Marie Le Clézio - Como se Fosse um Memoralista

O francês Jean-Marie Le Clézio, prêmio Nobel de Literatura de 2008, recupera detalhes do passado para refletir sobre o presente

Por Heitor Ferraz


 

Prêmio Nobel de Literatura de 2008, o francês Jean-Marie Le Clézio possui um estilo límpido que lembra o do memorialista, aquele que recupera em detalhes passagens significativas do passado para recolocá-las no presente em sua plena pulsão. Em seu novo romance, Refrão da Fome, o escritor parece tocar, com a delicadeza dessa escrita, não apenas na ferida aberta pela Segunda Guerra Mundial, mas também nas feridas do presente.

 

Publicada no ano passado na França, a narrativa conta a história da jovem Ethel, entre os 12 e 20 anos de idade. A infância e a adolescência da protagonista coincidem com o período que vai dos anos 30 até o fim da guerra, em 1945. Filha de uma família abastada que vive na parte nobre de Paris, ela passa sua infância ao lado do tio-avô, Samuel Soliman. A ligação lírica entre os dois, com passeios e cumplicidades, ajuda a construir o caráter da menina. Na trama poética armada por Le Clézio, o leitor acompanha a formação de Ethel: sua amizade e paixão por Xénia, uma imigrante russa, de família nobre mas empobrecida; seu amor pelo jovem inglês Laurent; as andanças com o tio; e, momento crucial, a derrocada econômica da família, o início da guerra e a invasão da França pelos alemães. Tudo ocorre, aparentemente, no ritmo tranquilo do relato de uma vida, suas atribulações e desejos curiosos — como o sonho do tio-avô que durante a Exposição Colonial de 1931 comprara todo um pavilhão indiano para reconstruí-lo um dia no seu quintal.

 

Mas Le Clézio parece montar mesmo um grande quebra-cabeça, pois todos os elementos — de certa maneira rememorados — formam um conjunto intrincado no qual a burguesia francesa alienada e infantilizada, a invasão alemã, a história das ex-colônias francesas e a atual imigração árabe, que aparece apenas no final, acabam levando a uma leitura política do presente. Como se por trás da história de uma menina que cresce e consegue salvar os pais falidos e inaptos existissem camadas que afloram hoje, com sua carga embutida de violência.

 

O título parece não deixar dúvidas ao referir-se a um "refrão" (ritournelle, em francês), que tem como referência o Bolero, do compositor Maurice Ravel, citado no final do livro. Como o narrador diz, referindo-se à orgia de timbres que, na partitura, desemboca num impressionante crescendo: "O Bolero não é uma peça musical como as outras. É uma profecia. Conta a história de uma cólera, uma fome. Quando acaba em violência, o silêncio que se segue é terrível para os sobreviventes aturdidos". Assim, Le Clézio faz o balanço de um mundo que afundou e aponta para um outro, o nosso, que nasceu de suas ruínas e que muitas vezes parece fadado ao naufrágio.

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Heitor Ferraz é jornalista, editor e poeta, autor de Um a Menos, entre outros.

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publicado às 01:27


# 966 - João Ubaldo - O Albatroz Azul

por Carlos Pereira \foleirices, em 10.10.09

João Ubaldo - O Albatroz Azul

Depois de vencer a depressão e o alcoolismo, o escritor baiano ressurge renovado com o solar - e ótimo - O Albatroz Azul

Por Cristiane Costa

 

 

Sete anos separam o soturno Diário do Farol do solar O Albatroz Azul. Entre o último romance, publicado em 2002, e o mais novo, que chega às livrarias neste mês, João Ubaldo Ribeiro viu a vida lhe sorrir. Nesse período, o escritor de 68 anos ganhou o Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa, teve seu passe disputado por várias editoras num vultoso leilão, saiu de uma profunda depressão e venceu o alcoolismo. Hoje, esbanja vitalidade e já fala até em parar de fumar. O humor que perpassa as páginas de O Albatroz Azul, uma volta ao universo e aos tipos inesquecíveis de sua lendária Itaparica, reflete esse momento. O escritor está de bem com a vida.

 

O Albatroz Azul é João Ubaldo em estado puro. Tem aquele barroquismo sem gorduras que é característico de sua prosa. Tanto a escrita quanto a falada (porque, como bom baiano, o homem conta até piada desse jeito mesmo, com ponto e vírgula e letra maiúscula). Traz aqueles personagens tão de carne e osso que parecem velhos conhecidos do leitor, como Tertuliano Jaburu e Ia Cencinha. Inventa diálogos divertidíssimos, recriando a fala do povo e salpicando aqui e ali ditados como "De burra que faz him e mulher que sabe latim, livra-te tu e a mim" ou "Marido velho com mulher nova, corno ou cova".

 

É um livro deliciosamente despretensioso em sua celebração da sabedoria popular. "A única pretensão deste livro é mostrar um universo, com seus valores, sua visão de mundo, que muita gente não conhece. Ou, se conhece, não participa dele", diz o autor. Como, por exemplo, a importância que as pessoas mais simples dão à escolha do nome, que vai acompanhar a criança a vida inteira. Numerosas questões filosóficas, filológicas e até hagiográficas vão levar Tertuliano a nomear seu neto, antes mesmo de nascer, de Raymundo Penaforte, com direito a ipsilone e tudo, como faz questão de frisar. É como se, invocando a proteção do santo certo, seu destino estivesse marcado em cada letra.

 

A sonoridade dos nomes e apelidos é uma das características da ilha de Itaparica transpostas para a ficção de João Ubaldo. O escritor retorna todos os anos, em janeiro, à casa onde nasceu. Afinal, a data de seu aniversário, dia 23, já faz parte do calendário turístico local. "Se pudesse, ficava lá pra sempre", suspira. Mas tem os compromissos, os filhos, o trabalho.

 

"O que eu faço lá? Nada!"

 

É em Itaparica onde estão os amigos de infância que, mesmo depois de o escritor ter aparecido no programa de TV Fantástico como ganhador do prêmio Camões, em 2008, ainda têm dúvidas sobre sua verdadeira importância para a literatura nacional. "Eu acho que não deixam de ter sua razão, sob certa perspectiva. Um amigo meu lá até me disse: 'Hoje eu posso dizer para você sem medo de errar: entre os escritores vivos da ilha, você é dos maiores'. Avaliei os outros e pensei: por que não? Eles são muito importantes na perspectiva da ilha. Então, para que me meter a besta?"

 

A verdade é que ter aparecido em cadeia nacional contribuiu grandemente para calar os céticos e solidificar a reputação de João Ubaldo em Itaparica. "O chato é que agora todo mundo acha que eu estou milionário. As pessoas confundem US$ 100 mil com US$ 100 milhões. Se eu aparecer a apenas alguns quarteirões daqui, na Delfim Moreira [rua mais valorizada do Leblon, no Rio de Janeiro], com US$ 100 mil, o porteiro vai dizer: 'Boa tarde, a entrada de serviço é por ali'. Isso não compra a dependência de empregada de um apartamento daqueles de frente para o mar", brinca.

 

Se o prêmio de US$ 100 mil não chegou a fazer cócegas e foi devidamente guardado na poupança que um dia garantirá a aposentadoria do escritor, o mesmo não se pode dizer dos valores pagos pela editora Objetiva para ficar com o passe de João Ubaldo depois que ele deixou a Nova Fronteira, que publicou seus livros por quase três décadas — O Albatroz Azul, aliás, é o último deles, uma vez que o romance já estava contratado quando a transferência aconteceu. Ninguém sabe ao certo o valor real acertado, mas o agente americano Thomas Colchie, que até então só representava João Ubaldo no exterior, começou o leilão pedindo US$ 1 milhão.

 

Milionário ou não, o escritor continua com sua vida de sempre, na mesma pequenina cobertura no Leblon que foi de Caetano Veloso no início da carreira. Ele é dono de um Ford Fiesta 1.0 que não dirige, acorda às 5h da madrugada para escrever, trabalha até o meio-dia e lê e pesquisa na internet o resto do tempo. Apenas a tela do computador, do tamanho de uma enorme televisão de plasma, revela que o autor deve estar muito bem de vida. É seu mais novo brinquedo.

 

ALCÓOLICOS ANÔNIMOS E DEUS

João ainda pode ser visto nos botecos do Leblon, jogando conversa fora com os amigos no meio da tarde. Mas que seus fãs não se enganem com o conteúdo amarelo do copo cheio de gelo. É guaraná. Ele parou completamente de beber há sete anos. "Cheguei a ir aos Alcoólicos Anônimos, mas parei de beber por conta própria. Foi uma experiência muito pessoal, que eu atribuo a minha fé. Não parece, mas sou um homem de fé. Não sou católico, mas sou cristão e leitor dos evangelhos."

 

Nos AA, João Ubaldo aprendeu que, quando alguém deixa a bebida, deve evitar a companhia do pessoal "da ativa". Fez exatamente o contrário. E deu certo. "Na semana em que parei de beber — e eu bebia direitinho —, fui para um boteco, pensando em exercer minha força de vontade. Mas absolutamente não fiz força nenhuma. Continuo comparecendo quase religiosamente ao Tio Sam, o boteco onde tenho mesa cativa e encontro minha turma. E não toco em álcool", garante. Só falta parar de fumar. "Estou pensando mesmo. Começo a me sentir sem fôlego."

O inferno ficou para trás, com o ex-padre de Diário do Farol. É curioso reparar que aquele personagem destrutivo, verdadeira personificação do mal, vivia isolado numa ilha inóspita, que em nada se assemelha à alegre e populosa Itaparica, onde João Ubaldo ambientou outros livros e agora O Albatroz Azul. Embora o animal do título só apareça no final, passa uma ideia de transcendência. "Dizem que é lenda, mas tem gente do mar que garante que o albatroz dorme lá em cima, no céu. Vive no ar, se aproveitando das correntes. É uma ave majestosa que se confunde com o próprio céu", diz o autor.

 

O que ela significa? A epígrafe do livro, a frase "Ninguém sabe", dá uma pista. João diz que é bem possível que seu romance tenha parentesco com o Livro de Jó, do Velho Testamento. "Isso deve soar como uma pretensão inaudita, o que de certa forma seria, se não fosse o fato de eu estar dizendo isso com humildade. Quando Deus fala a Jó, não pede desculpas por ter maltratado tanto aquele filho fiel. Ele apenas aparece e diz: 'O que é que você sabe?'. E devolve tudo que lhe foi tirado, sem mais conversa. Parece-me uma pretensão enorme querer entender algo que está fora do tempo. Como dizia Padre Vieira, para Deus todos os tempos são presente."

 

A metafísica é uma questão que inflama o escritor, especialmente a pretensão da ciência em refutar o divino. "Do mesmo modo que ninguém pode provar a existência de Deus, ninguém pode desprovar. O método científico não é a única maneira de se abordar a realidade. Ele recusa a chancela de verdade a tudo o que não pode ser submetido à verificação científica. Ou seja, converte a própria incapacidade numa vantagem. Já que não nos é dado conhecer, essa coisa não existe."

 

Nos sete anos em que ficou sem publicar um romance, João Ubaldo chegou a esboçar outros dois projetos. O primeiro seria um livro intitulado simplesmente Si, sobre a consciência de si. "Comecei a fazer, mas tive problemas de computador terríveis, parecia maldição. Aí perdi a embocadura. Então comecei a escrever outro livro, que parecia ser este. Mas estava me saindo descomunal, uma Montanha Mágica qualquer. Eu ia fazer um livrão, mas ele se recusava a sair. Aí pensei cá comigo: 'Ninguém lê livrão'. Deixa sair pequenininho mesmo."

O jogo entre pretensão, representada pela arrogância intelectual do padre de Diário do Farol, e a despretensão da sabedoria popular dos personagens de O Albatroz Azul é a lente com que João Ubaldo vê a própria vida. "Toda vez em que eu estou me achando, aparece um jeito de eu parar de me achar. Se eu estou me achando extrafamoso, não preciso nem ir para Itaparica. Basta entrar numa livraria. Frequentemente eu peço um livro que não tem na hora e o camarada pergunta meu nome e pega meu telefone. 'Seu João Paulo, quando chegar aviso.' Aí vejo que não sou tão famoso assim."

 

Planos para um novo romance, agora pela nova editora, a Objetiva, João Ubaldo ainda não tem. "E eu sei? Já vivi muito para saber que não adianta planejar. A vida dá voltas por ela mesma." Ainda bem que a dele escolheu dar a volta por cima.

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Cristiane Costa é jornalista e doutora em comunicação e cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

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publicado às 01:23


#965 - Frases

por Carlos Pereira \foleirices, em 10.10.09

Roberto Saviano

 

"A Máfia não tem medo de mim, tem medo dos meus leitores. Se eu tivesse vendido 5000 exemplares não havia problema nenhum."

 

"A geografia do Porto, as ruas e a arquitectura fazem-me sentir na minha casa"

 

"Estás vivo mas tens uma aura de morte à tua volta"

 

"O isolamento faz-me sofrer muito"

 

"A comunidade europeia está cheia de mafiosos"

 

"A palavra mete medo aos políticos, ao poder"

 

"O importante é espalhar um boato. É suficiente para destruir uma pessoa"

 

"Um país tão católico como Itália mata 2 padres..."

 

"Hoje existe dois mercados de referência no mundo: o petróleo e a cocaína"

 

"O dinheiro do tráfico vai influenciar a política financeira dos bancos"

 

"A África está a ser colonizada pelos traficantes; está na mão dos traficantes"

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publicado às 00:55


#964 - Prémio Nobel da Literatura 2009

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.10.09

Herta Müller
 
 

HERTA MULLER nasceu em 1953 em Nitzkydorf, Roménia.

Pertence a uma minoria de origem alemâ. Entre 1973 e 1976 faz estudos germanísticos e romanísticos na Universidade de Timisoara. Em 1987 deixa a Roménia, passando a residir em Berlim.


O homem é um grande faisão sobre a terra é o retrato de uma comunidade que vive entre o embrutecimento, a resignação e uma esperança débil


O homem é um grande faisão sobre a terra  (Der Mensch ist ein grober Fasan auf der Welt) foi publicado pela Rotbuch Verlag, Berlim, 1986 e por Edições Cotovia, Lda, Lisboa, em 1993. Tradução de Maria Antonieta C. Mendonça.

 

O título da obra reporta-se ao provérbio romeno " O homen é um grande faisão sobre a terra", o qual pretende estabelecer a associação entre o voo desajeitado do faisão e os defeitos e a acção desatrosa do homem sobre o mundo que o rodeia.

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publicado às 12:21


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