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O país do TGV, do novo aeroporto de Mário Jamé Lino e dos fatinhos Armani da classe dirigente é o mesmo que deixa morrer o património histórico e cultural. Percebe-se: reabilitar monumentos não dá votos. Mais vale inaugurar cento e oitenta e quatro rotundas e quatrocentos e sessenta e três fontanários. O que vale a janela do Convento de Cristo comparada com o computador Magalhães, distribuído como bacalhau a pataco?
Post escrito por Pedro Correia e retirado do blogue "Delito de Opinião
Delito de Opinião é um novo blogue que vem enriquecer a blogosfera. Sejam Bem-Vindos.
O escritor português José Viale Moutinho foi eleito académico da Real Academia Galega, em Espanha. A decisão foi tomada por unanimidade a 20 de Dezembro, mas ainda não foi marcada uma data para a cerimónia de posse, referiu a mesma fonte. Nascido no Funchal em 1945, José Viale Moutinho é poeta e ficcionista, autor de uma vasta obra que inclui «Natureza morta iluminada», «No país das lágrimas», «Histórias do tempo da outra senhora», «Romanceiro da terra morta» e «Hotel Graben». É também autor de livros para crianças - «O cavaleiro de tortalata», «O menino gordo» e «Os dois fradinhos», entre outros - e de colectâneas sobre música popular e de resistência como «O nosso amargo cancioneiro», «Memória do canto livre em Portugal» e «Cancioneiro de Abril». Algumas das suas obras estão traduzidas em russo, búlgaro, castelhano, catalão, alemão, italiano e galego. Na Galiza, onde foi distinguido em 1995 com o prémio Pedrón de Honra, Viale Moutinho editará este ano a obra «Negra sombra, negra sombra e outros contos», com narrativas sobre a guerra civil espanhola. Para esta obra, o escritor português seleccionou textos publicados anteriormente nos seus livros «Cenas da vida de um minotauro», Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco/APE, e «Já os galos pretos cantam», Prémio do Conto Edmundo Bettencourt. A Real Academia Galega foi fundada em 1906 e nomeou anteriormente figuras portuguesas como o historiador Hernâni Cidade, o professor universitário Ivo Castro, o dramaturgo Júlio Dantas, o ensaísta Jacinto Prado Coelho e o filólogo José Leite Vasconcellos. [in diariodigital.pt]
O misterioso músico norte-americano Jandek vai dar um concerto raro, o primeiro em Portugal, no próximo sábado, às 19 horas, no Auditório de Serralves, a abrir um ano de festas de aniversário da fundação e museu do Porto. O concerto é o primeiro evento neste auditório integrado nas comemorações do vigésimo aniversário da Fundação de Serralves e do décimo aniversário do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, que se celebram este ano. "É a estreia em Portugal de um dos mais fascinantes e enigmáticos músicos contemporâneos e uma das poucas oportunidades de ver uma apresentação ao vivo deste norte-americano do Texas, que raramente faz concertos ou dá entrevistas", salienta a fundação, em comunicado. A fundação destaca o que se pode ler na primeira página do site de Jandek na internet (http://tisue.net/jandek/). "Toda a gente sabe uma coisa sobre Jandek: ninguém sabe nada sobre Jandek. Não há nada, a não ser a música". "Jandek não é uma pessoa, mas um projecto musical. Os álbuns e os (poucos) concertos são atribuídos a Jandek, mas o homem que aparece nas capas dos álbuns e em palco é apresentado como 'um representante da Corwood Industries', a misteriosa editora discográfica que editou todos os seus 54 álbuns, desde 1978 até 2008", salienta a fonte. Em Serralves, Jandek apresentar-se-á sozinho em palco, ao piano, e no dia seguinte, às 16 horas, será exibido um documentário (www.jandekoncorwood.com) em torno de Jandek e da Corwood Industries realizado por Chad Freidrichs em 2003, um ano antes da primeira aparição em público do músico. A estreia pública de Jandek aconteceu em Outubro de 2004, com um concerto em Glasgow, Escócia, no festival Instal.04, a que se seguiu uma série de outras apresentações, "quase todas com o mesmo formato: o músico, completamente vestido de preto, canta e toca guitarra, acompanhado por músicos locais". "A música é, por regra, eléctrica e com uma grande dose de improviso, mas em concertos recentes Jandek tocou temas mais calmos, por vezes ao piano, acompanhado por harpas ou flautas", acrescenta a fonte. [In JN]
Porto acolhe a estreia em Portugal do norte-americano no próximo sábado
"...
Falhei em tudo.
Como não fiz de propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa,
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra,
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?..."
"In "Tabacaria", de Álvaro de Campos, Colecção Centauro n.º 003, edição Guimarães Editores, Lisboa 2008"
Quantos maristas cabem numa passadeira?
Quatro ou cinco?
Quantas colcheias tem um tenório?
1.230.424.
Estas perguntas são fáceis.
Uma tecla é um piolho?
Vou constipar-me para os braços da minha amante?
Excomungará o Papa as embaraçadas?
Sabe um polícia cantar?
Os hipopótamos são felizes?
Os marinheiros são pederastas?
Estas perguntas - também são fáceis?
Dentro de instantes virão pela rua
duas salivas de mão
conduzindo um colégio de surdos-mudos,
Seria indelicado vomitar-lhes um piano
desde a minha janela?
Poema de Luis Buñuel retirado do livro "Luis Buñuel - Poemas", publicado em julho de 1974 pela Editora Arcádia e traduzido por Mário Cesariny
Este poema de 1927 publicado em Luis Buñuel,..., um dos primeiros poemas do livro Un Chien andalou. Quase todas as suas imagens foram utilizadas por Buñuel em filmes: em L'Âge d'Or comprovamos (na sequência da perseguição dos amantes) que, de facto, só cabem quatro maristas numa pequena ponte.
O "tenório" faz alusão a um tenor, mas também às representações surrealistas de "D. João Tenório", na "Residência". O piano, o Papa, etc., já aludidos. Deitar pela janela objectos burgueses é uma sequência de L'Âge d'Or. O colégio de rapazes surdos-mudos aparece em "Tristana".