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A notícia veio em vários jornais de Los Angeles e foi reproduzida, com fotos, nos espanhóis "El país" e "El mundo" (não sei se terá saído em algum jornal português; pelo menos não a encontrei nas edições "online" que frequento): o Rato Mickey, o Pato Donald, a Branca de Neve, a Gata Borralheira, a Fada Sininho, Peter Pan e outros dos meus melancólicos heróis infantis foram detidos pela Polícia à porta da Disneylândia, em Anheim, e metidos na cadeia como se fossem (eles, os bons) irmãos Metralha.
Parece que se manifestavam exigindo melhores condições de trabalho e terão desobedecido às ordens do Coronel Cintra (ou, visto que a coisa se passou na Califórnia, do Chief O'Hara) para destroçarem. Pelos vistos, as coisas correm mal até no reino da fantasia. Os sindicatos acusam a Disneylândia de querer impor salários que impedirão a maior parte dos seus 21 mil trabalhadores de pagar os seguros de saúde. Procurei o Pateta entre os manifestantes e não dei com ele. Aposto que não está sindicalizado; ou então que foi na habitual conversa do Tio Patinhas de que "não pode pagar mais" e furou a greve.
Crónica de Manuel António Pina publicada no Jornal "JN"
Intransigentes são aqueles que negam os seus demónios e os seus medos e fingem ser poderosos, superiores, altivos, arrogantes, imortais, sem qualquer mancha ou detentores do pecado original, e que têm pavor da sua humanidade, de revelar as suas fraquezas, intranquilidades, fragilidades e abrir o sacrário da alma que mostre as rugas profundas de angústias, misérias e tristezas, comum dos pobres e simples mortais.
Por isso, são amargos e infelizes.
"As noites estão grávidas, ninguém sabe o dia que vai nascer amanhã"
Provérbio árabe
Intervalos de tempo são as perplexidades entre o passado e o futuro. São apenas sopros, apenas instantes microscopicamente breves.
"O homem não se define por aquilo que nega, mas por aquilo que afirma"
Do livro "DIA" de Elie Wiesel, Texto Editores, 2004, Editions du Seuil, 1961
Suporto alguém ou alguma coisa quando amo verdadeiramente alguém ou alguma coisa.
Suporto o silêncio, porque amo o silêncio.
Quando as pessoas falam demais, e não dizem nada, é porque têm medo do silêncio.
Risco,
com vários riscos, o teu nome
e escondo-o
e afogo-o no ventre cinzento do grafite.
Mas ele renasce - a espuma escura e densa
do nevoeiro não o mata -
e transforma essa massa
disforme e cinzenta em
luz
cores
formas e
respiração e,
sussurra:
O nosso amor é
profundo,
antigo,
nunca o conseguirás matar.
Somos como as gaivotas - que são ondas que
escolheram o céu para voar - que somente
escondem os medos
quando há,
apenas,
tempestades no mar.
Festas em Agosto, outrora, eram celebradas com pirolitos e camarinhas.
A nódoa espalha-se da alma
até à boca e
as palavras
o veneno
as transforma em
alfabeto cínico e
disléxico
gritadas com som de urros a
ouvintes desesperados
que pensam ser elas a
redenção das suas vidas.
A chuve escorre entre os dedos do vento
formando límpidas lágrimas que
libertam a respiração
lenta e ofegante da
terra seca.
"... Acho que Emerson escreveu algures que uma biblioteca é uma espécie de caverna mágica cheia de mortos. E esses mortos podem renascer, podem voltar à vida quando abrimos as suas páginas."...
Jorge Luis Borges
"... Somos mortais porque vivemos no passado e no futuro - porque recordamos um tempo em que não existíamos e antevemos um tempo em que já teremos morrido..."
Jorge Luis Borges
Post retirado do blog "A Origem das Espécies" de Francisco José Viegas
Adormeço o tédio em poltronas de filigrana e cetim.