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A FADIGA
Nada me prende à vida
e se vivo,
só vivo de fadiga e se forçado
sou a continuar a fatigar-me
como sucede agora, e me nutro
de desgostos veementes e absurdos
nestes climas atrozes, a existência
receio abreviar
Outrora está tão perto que está longe:
que diferença fazem as idades, que muralha
as separa?
Nada posso dizer: o que perdi
esqueci porque as palavras
não formam já o mundo nem o mundo
forma já as palavras;
para poder beber destilo o mar
POEMA DE GASTÃO CRUZ, in Óxido, Assírio & Alvim, 2015