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Pedras, "cocktails molotov", ovos, gritos ou insultos, as diferenças que a raiva tem assumido nas ruas de Atenas, Paris, Lisboa, Roma, Copenhague e mais cidades, não chegam para ocultar semelhanças fundamentais. Dirigidas por contabilistas sem outra ideologia senão o mesmo vácuo discurso anti-ideológico do "fim da História" (ou das "terceiras vias"), burocratas incapazes de uma ideia ou um ideal minimamente mobilizadores, as democracias europeias, muitas vezes sob a tutela de partidos com a designação de "socialistas" ou "sociais-democratas" também eles transformados em gestores de interesses e clientelas, tornaram-se lugares onde deixou de haver motivos de esperança e onde exércitos cada vez mais numerosos de excluídos convivem com a riqueza escandalosa, a ostentação e a corrupção.
Num tal ambiente social, uma centelha, como aconteceu com o assassínio de um jovem em Atenas, pode incendiar toda a pradaria. Depois, para a guerra civil social começar a assumir contornos antidemocráticos, basta saltar de qualquer esquina um populista. É isto que as lideranças europeias parecem não compreender.