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#3401 - QUERIA DEPOR O GOVERNO MAS A ÚNICA COISA QUE MANDEI ABAIXO FOI A MULHER DE UM TIPO QUALQUER

POEMA DE CHARLES BUKOWSKI

por Carlos Pereira \foleirices, em 06.10.24

QUERIA DEPOR O GOVERNO MAS A ÚNICA COISA QUE MANDEI ABAIXO FOI A MULHER DE UM TIPO QUALQUER

 

30 cães, 20 homens em 20 cavalos e uma raposa

e repara, eles escrevem,

tu és um palhaço para o estado, para a igreja,

estás no sonho egóico,

lê história, estuda o sistema monetário,

repara que a guerra racial já tem 23 000 anos.

 

bem, lembro-me de há 20 anos estar sentado com um velho alfaiate judeu,

o seu nariz à luz do candeeiro era como um canhão apontado ao inimigo; e

havia um farmacêutico italiano que vivia num apartamento caríssimo na

melhor zona da cidade;  conspirámos depor

uma dinastia cambaleante, bêbedo sempre que possível,

bem lido, esfomeado, deprimido, embora, na verdade,

um belo naco de rabo tivesse resolvido o meu rancor,

mas eu não sabia isso; ouvi o meu italiano e o meu judeu

e fui por ruelas escuras a fumar cigarros cravados

e a ver as traseiras das casas a ruir em chamas

mas de algum modo falhámos: não éramos

suficientemente homens, suficientemente grandes ou pequenos,

que só queríamos falar ou estávamos apenas entediados, então a anarquia caiu por terra,

e o judeu morreu e o italiano ficou furioso porque eu fiquei

com a mulher dele quando ele foi à farmácia; ele não gostou de ter

o seu governo pessoal destituído, e ela destituiu-se com toda a facilidade

e eu tive alugma culpa: as crianças estavam a dormir no quarto ao lado;

mais tarde ganhei 200 dólares aos dados e apanhei uma camioneta para Nova Orleães,

e fiquei na esquina a ouvir a música que saía dos bares

e depois entrei nos bares

e sentei-me a pensar no judeu morto,

em como tudo o  que fez foi coser botões e comversar,

e como cedeu apesar de ser mais forte que qualquer um de nós -

ele cedeu porque a bexiga não dava mais,

e talvez isso tenha salvado Wall Street e Manhattam 

e a Igreja e Central Park West e Roma e a 

Rive Gauche mas a mulher do farmacêutico, ela era simpática,

estava cansada de bombas debaixo da almofada e de vaiar o papa,

e tinha uma silhueta fantástica e umas pernas lindas,

mas suponho que pensava como eu: que a fraqueza não está no Governo

mas em cada um dos Homens, que os homens nunca são tão fortes como as suas ideias,

e que as ideias eram eram governos transformados em homens;

e a cena começou num sofá com um martíni entornado 

e acabou no quarto: desejo, revolução,

sem nada de absurdo e as cortinas sacdiam com o vento,

sacudiam como sabres, estalavam como canhões,

e 30 cães, 20 homens em 20 cavalos perseguiam uma raposa

sob o sol através dos campos,

e eu levantei-me da cama e bocejei e cocei a barriga

e soube que cedo    muito cedo    teria de ficar

muito     outra vez.

 

POEMA DE CHARLES BUKOWSKI RETIRADO DO LIVRO "OS CÃES LADRAM FACAS", EDIÇÃO ALFAGUARA, NOVEMBRO DE 2018

Charles Bukowski

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publicado às 11:33


#3400 - QUEIMAR PELA ÁGUA

POEMA DE MAR BECKER

por Carlos Pereira \foleirices, em 06.10.24

uma cidade só  se revela verdadeiramente depois da chuva

 

em passo fundo, as ruas e as avenidas se tornam outras depois de

tocadas pela água, sugerem desvios, abre-se na cidade outra cidade

 

outra malha de rumos, e aí não importam as direções que

tomamos - todas elas desembocam num ponto cego do mapa

 

a película de óleo cobrindo uma poça d' água

digo que os espelhos do mundo se sustentam no fio entre a

malignidade e um fulgor aquarelado

 

o arco da aliança -

miragem

rastro

 

(queimar pela água os véus do sem-corpo)

 

também as aves reaparecem depois da chuva

a praça da cuia, não há quem cruze por ela sem ter medo de

adoecer no caminho, assistindo às pombas, a plumagem num

cinza que sobe pelo pescoço em multicolor metálico

 

há uma catedral em frente a essa praça, e é curioso, eu a vejo

ainda como se parada no meu olhar de vinte e dois anos, ainda

deslocada nesse tempo, na época em que o sino tocava à noite, 

de meia em meia hora

 

poucos meses depois o seu evaldo faria um abaixo-assinado

pedindo o fim das badaladas, dizia que acordava, que tinha

insônia, que outros no  bairro talvez tivessem insônia

 

e aconteceu, os sinos pararam, uma pena: as mulheres à volta

gostavam que o som as acompanhasse nos seus gemidos de atriz,

no guinchar dos agudos, num e outro orgasmo falso

 

POEMA DE MAR BECKER, in «CANÇÃO DERRUÍDA», LIVRO PUBLICADO EM PORTUGAL PELA ASSÍRIO & ALVIM EM JANEIRO DE 2023

 

_____________________________________________________

biografia

Mar Becker (Marceli Andresa Becker) nasceu em Passo Fundo (Rio Grande do Sul). Formou-se em Filosofia, com especialização em Metafísica e Epistemologia, pela Universidade Federal da Fronteira do Sul. Em 2020, publica A Mulher Submersa, livro vencedor do Prémio Minuano e finalista do Prémio Jabuti, na categoria poesia, ao qual se seguiu, dois anos mais tarde, o livro Sal. Em Portugal, sai agora Canção Derruída (2023): obra que reúne os poemas de Sal e uma revisitação, com «ecos e variações», de A Mulher Submersa.
 
 

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publicado às 10:23


#3399 - CANÇÃO DERRUÍDA

UM POEMA DE MAR BECKER

por Carlos Pereira \foleirices, em 03.10.24

o que eu chamo de anjos são como que

as sombras que ninguém viu mas certamente 

pousaram sim nas

flores na hora em que por costume frida tomando sol no

quintal

tocou-as com

o seu pé-fantasma

para sentir o orvalho

ignorando por alguns segundos a perna

amputada

há um ano

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publicado às 09:29


#3398 - TENHO TANTAS SAUDADES TUAS

JAMES BLAKE - WHEN WE'RE OLDER COURTNEY - DEUS, EU SÓ QUERO SENTIR AQUILO DE NOVO

por Carlos Pereira \foleirices, em 29.09.24

JAMES BLAKE

COURTNEY

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publicado às 17:56


#3397 - IMPOSSÍVEL O ESQUECIMENTO

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.09.24

impossivel

Muito perto de ti 

Perto do teu coração 

Muito perto da tua respiração

Por que ainda respiras

até que uma gota de sal

caminhe pelas linhas do teu rosto

do teu corpo

e se cale em definitivo na tua boca.

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publicado às 19:48


#3396 - UM NOVO CICLO ESTÁ QUASE A CHEGAR

por Carlos Pereira \foleirices, em 07.09.24

guimbras2.jpg

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publicado às 11:07


#3395 - QUEM VÊ CARAS NÃO VÊ CORAÇÕES

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.08.24

muitas caras.JPG

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publicado às 15:04


#3394 - A SINGULARIDADE DOS OBJECTOS

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.08.24

vista alegre.JPG

vista alegre1.JPG

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publicado às 14:43


3393 - CAMELOS

UM POEMA DE JUAN VICENTE PIQUERAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.08.24

CAMELOS

 

Que Saara terei de atravessar

se sonho todas as noites com camelos?

 

Camelos de rei mago

pastando à porta da minha primeira casa,

camelos  beduínos e camelos anões de Tozeur

enchendo as divisões da casa paterna.

 

Camelos  a galope atravessando os rios

com seu caudal de areia transbordando,

riachos que agora são dunas,

pontes de sede, em fuga incessante.

 

Na sala, em frente da lareira

onde impera Santiago Matamouros

em seu cavalo branco rampante

espada ao alto, pisando crescentes,

bigodes e turbantes,

a minha mãe obstina-se

em montar um camelo da  cor dos seus olhos.

Ao levantar-se o camelo derruba-a.

Ajudo-a a pôr-se em pé e ela pergunta-me:

Que Saara terás de atravessar

se sonhas com camelos e comigo?

 

POEMA DE JUAN VICENTE PIQUERAS RETIRADO DO LIVRO "INSTRUÇÕES PARA ATRAVESSAR O DESERTO - POEMAS ESCOLHIDOS",EDIÇÃO ASSÍRIO & ALVIM, FEVEREIRO DE 2019

 

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publicado às 09:54


#3392 - QUESTÕES DE SEMÂNTICA

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.08.24

Todo o princípio terá um fim, nem que o princípio seja infinito.

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publicado às 10:01


#3391 - QUESTÕES DE SEMÂNTICA

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.08.24

Das ruínas erguer-se-á o Belo ou o Medonho.

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publicado às 09:56


#3390 - QUESTÕES DE SEMÂNTICA

por Carlos Pereira \foleirices, em 08.08.24

Quantos algarismos cabem num número? Somente aqueles que podes suportar.

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publicado às 18:02


#3389 - QUESTÕES DE SEMÂNTICA

por Carlos Pereira \foleirices, em 08.08.24

Há um princípio, um meio e um fim... E o que há nos seus intervalos?

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publicado às 18:00


#3388 -

por Carlos Pereira \foleirices, em 08.08.24

 

Era o seu território. Vasto como a sua imaginação. Conhecia de cor todos os caminhos, carreiros, becos e atalhos que ia descobrindo entre montes, vales, desfiladeiros, na sua jornada de pastoreio. Dava-lhes um nome como se fossem gente, como fossem da sua igualha, como se fossem o prolongamento do seu corpo, da sua mente. Partilhavam o mesmo espaço, a mesma terra, as mesmas pedras, as mesmas angústias e dúvidas, respiravam o mesmo ar. E os nomes de baptismo eram aspergidos com borrifos de água tornando-se oficiais; e a partir daquele instante os diversos caminhos, os carreiros, os becos, os atalhos, os montes e os vales que a sua vista alcançava formavam uma nova geografia,  uma vida própria, saíam do limbo e do esquecimento, do anonimato e passavam a ter vida própria, a ter direito a um nome.

E os nomes dados eram extraordinários, cheios de força, «roubados»  de livrinhos aos quadradinhos que herdara de seu pai que não sabia ler nem escrever, mas tinha uma paixão pelo desenho não importando o assunto que tratasse. E de seu pai herdara o fascínio da banda desenhada. Apesar de já saber ler e escrever, sentia-se mais à vontade na interpretação das linhas e das formas de onde saíam animais, casas, pessoas de todas as idades e feitios, pobres ou ricas, e conseguia perceber muito facilmente a história que o autor queria contar. E muito novo conseguiu perceber que havia histórias que desenhavam ânsias, desejos, vontades, e que era nas várias  diversidades que assentava todo o edifício da humanidade, o respeito e o equilíbrio de todas as coisas que povoavam o mundo - o seu mundo - e fez um juramento, tendo como testemunhas o seu cão, o seu rebanho, as árvores, as pedras, a terra que pisava, o vento, as ervas, as flores e a água límpida que corria no riacho, do seu propósito de defender com lealdade todo o território que a sua vista conseguia abarcar.

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publicado às 15:17


#3387 - O PASSAGEIRO DO ÚLTIMO BARCO

por Carlos Pereira \foleirices, em 08.08.24

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O PASSAGEIRO DO ÚLTIMO BARCO

 

Transportas a espada que te matará

Pousas a cabeça nos últimos filamentos de sol

E a ceara embala a cor do oiro, e esperas mansamente

sem remorsos, sem mágoas, sem rancores

pacificada e lúcida esperando que o rio inunde

a  tua alma e desague no coração

As margens brilham na tua boca antes de se fecharem

E o dique abrir-se-á e

dos teus olhos cairão as últimas águas

que te transportarão até ao jardim

onde as gaivotas cheiram a alecrim.

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publicado às 14:35


#3386 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 27.07.24

Procuro as letras que faltam. Julgo que caíram, ou se perderam na viagem da memória até à mão. Não as encontro. Chamo-as pelo seu nome; não respondem. Imagino-as a suspender a respiração para não denunciar o  seu esconderijo. Às vezes gostam de brincar até se cansarem, e mostram-se com um brilho irónico na boca, percebendo o meu desespero.

Sem as letras não consigo acabar a palavra suspensa sobre a folha do  caderno que acabará por cair de cansaço, e o seu corpo frágil e inacabado morrerá. Procuro uma palavra substituta mas também me faltam  as letras. 

Então fecho o caderno. Pode ser que amanhã elas me surpreendam e se mostrem com um largo sorriso cheio de ironia.

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publicado às 10:44


#3385 - SEM TÍTULO

por Carlos Pereira \foleirices, em 17.07.24
 

a lua pousou nos teus olhos

e da tua boca

saíram palavras

que iluminaram o caminho

no regresso a casa

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publicado às 19:13


#3384 - GRANDE PRÉMIO DE CONTO BRANQUINHO DA FONSECA

por Carlos Pereira \foleirices, em 17.07.24

MIA COUTO

Mia Couto, escritor moçambicano, foi distinguido com o Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca da Associação Portuguesa de Escritores com o livro "Compêndio para desenterrar nuvens"

O Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca, instituído em 2023 pela Associação Portuguesa de Escritores, e patrocinado pela Câmara Municipal de Cascais e Fundação D. Luís I, destina-se a galardoar anualmente uma obra de contos em português.~~

 

No universo literário de Mia Couto, em que uma coisa, um animal, por exemplo, pode ser uma pessoa, as nuvens, que, com os nossos olhos, vemos circulando pelo céu, podem, se consideradas com a imaginação, existir debaixo da terra. E se é assim, um Compêndio para Desenterrar Nuvens tem para nós a maior utilidade.

Nestes vinte e dois exercícios de imaginação mais uma vez Mia Couto nos serve de guia para descobrirmos o que está no que vemos com os olhos e no que a imaginação nos dá a ver.

E atenção: nem sempre as duas imagens coincidem.
 
 
______________________________________________________________________________________
 
Mia Couto

Nasceu na Beira, Moçambique, em 1955.
Foi jornalista e professor, e é, atualmente, biólogo e escritor. Está traduzido em diversas línguas.
Entre outros prémios e distinções (de que se destaca a nomeação, por um júri criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, de Terra Sonâmbula como um dos doze melhores livros africanos do século XX), foi galardoado, pelo conjunto da sua já vasta obra, com o Prémio Vergílio Ferreira 1999 e com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas 2007. Ainda em 2007 Mia foi distinguido com o Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura pelo seu romance O Outro Pé da Sereia.
Jesusalém foi considerado um dos 20 livros de ficção mais importantes da «rentrée» literária francesa por um júri da estação radiofónica France Culture e da revista Télérama.
Em 2011 venceu o Prémio Eduardo Lourenço, que se destina a premiar o forte contributo de Mia Couto para o desenvolvimento da língua portuguesa.
Em 2013 foi galardoado com o Prémio Camões e com o prémio norte-americano Neustadt.
Em 2020 foi galardoado com o Prémio Jan Michalski de Literatura, atribuído anualmente pela Fundação suíça Jan Michalski, tem o valor monetário de 50.000 francos suíços e inclui também uma escultura em madeira do artista nigeriano Alimi Adewale, e distingue a trilogia As Areias do Imperador, publicada em Portugal pela Editorial Caminho em 2015-2018

FONTE: EDITORIAL CAMINHO, WOOK

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publicado às 18:32


#3383 - UMA MENTIRA MIL VEZES REPETIDA CONTINUA A SER UMA MENTIRA

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.07.24

A minha verdade é a minha verdade. Diferente da tua que dizes ser a verdadeira.

Cada um tem a sua verdade que está de acordo com as suas convicções, as suas certezas, as suas crenças, os seus códigos morais e éticos, a sua greografia emocional e de nascimento, o que viu e assimilou dos escritos, das conversas, dos mundos que pisou, as rupturas e a solidificação do pensamento que assenta sobre pilares que sustentam e suportam a sua personalidade, o seu carácter.

A minha verdade pode ser diferente da tua, apesar de acreditarmos nas mesmas coisas, mas que são vistas com o meu olhar, o meu coração, o meu corpo. É na diferença e no confronto das ideias que a verdade se mostra e se impõe: diferente das pretensas verdades que são ditas em função das circunstâncias e dos momentos, e que depois se atropelam porque caminham em sentidos opostos. Por que a verdade só tem um sentido e não cabem duas verdades no mesmo espaço ao mesmo tempo.

E uma mentira mil vezes repetida passa a ser verdadeira?

Uma mentira mil vezes repetida continua a ser uma mentira.

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publicado às 11:36

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publicado às 19:53


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