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#3356 - QUESTÕES DE SEMÂNTICA

por Carlos Pereira \foleirices, em 16.03.24

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O tempo, este nosso tempo, está estranho como este mundo, este nosso mundo;

"Reivindicações" despropositadas e provocadoras, e é o começo de conflitos que ninguém dá importância e que rapidamente se transformam em guerras que ninguém sabe quando acabam

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publicado às 18:51


#3355 - LIVROS - MANIAC

Um Livro do Escritor Chileno Benjamín Labatut

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.03.24

 

Maniac é uma obra de ficção baseada em factos reais que tem como protagonista John von Neumann, matemático húngaro nacionalizado norte-americano que lançou as bases da computação. Von Neumann esteve ligado ao Projeto Manhattan e foi considerado um dos investigadores mais brilhantes do século XX, capaz de antecipar muitas das perguntas fundamentais do século XXI.

Maniac pode ser lido como um relato dos mitos fundadores da tecnologia moderna, mas escrito com o ritmo de um thriller. Labatut é um escritor para quem "a literatura é um trabalho do espírito e não do cérebro". Por isso, em Maniac convergem a irracionalidade do misticismo e a racionalidade própria da ciência.
 

Maniac

de Benjamín Labatut

PropriedadeDescrição
ISBN:9789897834141
Editor:Relógio D'Água
Data de Lançamento:janeiro de 2024
Idioma:Português
Dimensões:153 x 235 x 23 mm
Encadernação:Capa mole
Páginas:336
Tipo de produto:Livro
Coleção:Ficções
Classificação temática:Livros em Português Literatura Biografias Livros em Português Literatura Outras Formas Literárias
EAN:9789897834141

 

Benjamín Labatut

BENJAMÍN LABATUT

Benjamín Labatut nasceu em Roterdão, em1980. Cresceu em Haia e Buenos Aires, e, com doze anos, mudou-se para Santiago, no Chile. O seu primeiro livro, um conjunto de contos intitulado La Antártica empieza aqui, recebeu o Prémio Caza de Letras, em 2009, pela Universidad Nacional Autónoma de México, e, em 2012, o Prémio Municipal de Literatura de Santiago. Um Terrível Verdor, publicado em 2020 e traduzido em mais de trinta línguas, foi finalista do International Booker Prize e do National Book Award, em 2021, consagrando Labatut como um dos autores mais relevantes da atualidade.
 
FONTE: WOOK 

 

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publicado às 16:00


#3354 - WOMEN'S PRIZE FOR FICTION

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.03.24

Women's Prize for Fiction 2024

The Women’s Prize for Fiction is the greatest celebration of female creativity in the world.

Watch the video below to hear the judges of the 2024 Prize talking about the 16 brilliant books on the longlist this year.

The judging panel for the 2024 Prize is chaired by author Monica Ali. She is joined by author Ayọ̀bámi Adébáyọ̀; author and illustrator Laura Dockrill; actor Indira Varma; and presenter and author Anna Whitehouse.

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publicado às 15:27


#3353 - POEMA DE ÓSSIP MANDELSTAM

por Carlos Pereira \foleirices, em 05.03.24

O corpo me é dado - e com que fim,

Meu corpo único, tão de mim?

 

Pela alegria chã de respirar,

Silenciosa, a quem devo çlouvar?

 

Sou jardineiro e sou flor - cativo

Na prisão do mundo sozinho não vivo.

 

E já nos vidros da eternidade

Cai meu calor, meu sopro respirado.

 

Nela se grava um desenho para xsempre,

Irreconhecível de tão recente.

 

Escorra do momento a água turva - 

O desenho amado não esbate à chuva.

______________

1909

POEMA DE ÓSSIP MANDELSTAM, DO LIVRO "CREPÚSCULO DA LIBERDADE" EDIÇÃO ASSÍRIO & ALVIM, JUNHO 2023

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publicado às 14:49


#3352 - LIVROS E LEITURAS

CREPÚSCULO DA LIBERDADE - ÓSSIP MANDELSTAM

por Carlos Pereira \foleirices, em 05.03.24

Óssip Mandelstam

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publicado às 14:29


#3351 - GUARDADOS DA CASA LONGA

UM POEMA DE MAR BECKER

por Carlos Pereira \foleirices, em 03.03.24

MAR BECKER

 

as meninas da casa se inclinam sobre as janelas, nos parapeitos

e dormem

 

quem vê da rua, pensa que são as próprias janelas que estão

sonhando

 

e que sonhar é algo como o transbordamento

dos cabelos

 

POEMA DE MAR BECKER, DO LIVRO «CANÇÃO DERRUÍDA», EDIÇÃO ASSÍRIO & ALVIM, JANEIRO DE 2023

 

 

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publicado às 18:45


#3350 - OS NOVOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.02.24

A rua escorre até ao rio e termina aí

Tímida sem um motivo de interesse

Repugnante

Despida de árvores e de casas

Apenas com barracas  de paredes de zinco

Onde rasteja a mais miserável das mais miseráveis condições humanas

Semivivos, cuja riqueza são as inúmeras doenças que o corpo esconde.

E os esgotos a céu aberto

Onde as moscas se divertem

A picar cães e gente muito miúda.

 

A rua tem vergonha e com uma vontade irresitível

De se afogar no ventre do rio mas no último instante desiste

E assim continua até que a vontade e depois o arrependimento

Tome conta do seu espírito e da sua vontade

Talvez a esperança de melhores dias

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publicado às 15:34


#3349 - LIVROS E LEITURAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.02.24

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publicado às 15:29


#3348 - ESTÁ QUALQUER COISA A BATER À PORTA

Poema de Charles Bukowski

por Carlos Pereira \foleirices, em 16.02.24

ESTÁ QUALQUER COISA A BATER À PORTA

 

uma grande luz branca amanhece sobre o 

continente

enquanto adulamos as nossas tradições falhadas,

muitas vezes matamos para as preservar

ou às vezes matamos só por matar.

parece não ter importância: as respostas balouçam

fora do alcance,

fora de mão, fora da mente.

 

os líderes do passado eram insuficientes,

os líderes do presente não estão preparados.

enroscamo-nos nas nossas camas à noite e esperamos.

é uma espera sem esperança, uma

oração pedindo graças imerecidas.

 

tudo se parece cada vez mais com o mesmo velho

filme.

os actores são diferentes mas o enredo é o mesmo:

absurdo.

 

devíamos ter aprendido ao observar os nossos pais.

devíamos ter aprendido ao observar as nossas mães.

eles não sabiam, eles próprios não estavam preparados

para ensinar.

éramos demasiado ingénuos para ignorar os seus

conselhos

e agora adoptámos a sua

ignorância como

nossa.

somos eles, multiplicados.

somos as suas dívidas não saldadas.

estamos falidos

de dinheiro e

de espírito.

 

há algumas excepções, claro.

mas estas oscilam

sobre o precipício

e a qualquer momento

caírão para se juntar

a nós,

os delirantes, os derrotados, os cegos e os tristemente

corruptos.

 

uma grande luz branca amanhece sobre o

continente,

as flores abrem-se cegamente no vento fétido,

enquanto o nosso século XXI, 

grotesco e em última instância

inabitável,

se esforça por

nascer.

 

Poema de Charles Bukowski retirado do livro «Os cães ladram facas [Antologia Poética]» edição Alfaguara, Novembro de 2018

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publicado às 13:41


#3347 - ESCREVER

UM POEMA DE CHARLES BUKOWSKI

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.02.24

buk

CHARLES BUKOWSKI

 

ESCREVER

 

começas a sorrir

todo agitado

por dentro

enquanto as palavras saltam

dos teus dedos

para as teclas

e é como um

sonho de circo;

tu és o palhaço, o domador de leões,

és o tigre,

és tu próprio

enquanto

as palavras saltam

através de arcos em chamas,

e fazem triplos mortais

de trapézio em

trapézio, e

abraçam o 

Homem-Elefante

enquanto

os poemas continuam a surgir,

um a um

escorregando para

o chão,

e tudo vai na esgalha e bem;

as horas passam

e logo 

acabaste,

vai até ao quarto,

atira-te para cima da cama

e dorme o sono dos justos

aqui na terra,

por fim, a vida perfeita.

 

a poesia é o que acontece

quando nada mais pode.

 

Poema de Charles Bukowski, do livro «Os cães ladram facas - Antologia Poética», edição Alfaguara, Novembro de 2018.

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publicado às 11:46


#3346 - CARTAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 05.02.24

Gostaria me desses notícias tuas e me contasses os teus dias. Não sei se tens dias ou noites ou fins de tarde ou apenas uma luz permanente, suave e macia onde repousas o teu corpo.

Não sei se há árvores, mar, animais, ou se o teu mundo é apenas teu ou partilhado por outros nomes, ou se és um nome que habita uma estrela que é só tua e tem o teu nome.

Gostava de saber coisas tuas e se ainda andas em viagem.

 

Um grande Beijo

Saudades

 

Santa Maria da Feira, 5 de Fevereiro de 2024

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publicado às 17:43


#3345 - DA NASCENTE ATÉ ENCONTRAR ONDE DESAGUAR

por Carlos Pereira \foleirices, em 05.02.24

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Ali vai o passado, mostrando as lembranças dos tempos mansos e serenos, onde não havia pressa de avançar no tempo nem mágoas pelos dias perdidos em bancos  de jardim ou no muro do mercado ou na mesa de um café, ponto de encontro e reunião de todos os dias. Ouvíamos música num gira-discos portátil que dançávamos nos bailes improvisados num espaço que estivesse disponível e conhecíamos de cor e salteado: Otis Redding, Carlos Santana, Procol Harum, Janis Joplin, Rolling Stones, Beatles, Led Zeppelin, Jethro Tull, The Who, Melanie Safka, Moody Blues, Yes, Ten Years After, etc... etc... Os primeiros beijos...

Acolá vai o presente e o futuro mais à frente, muito mais à frente, com pose de marialva, cheio der arrogância

como que dizendo em tom desafiador "Apanha-me se puderes, se tiveres pernas e pulmão, porque o tempo é todo meu. Aproveita as brisas frescas do entardecer e os pôr-de-sóis que ainda te restam".

 

 

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publicado às 16:50


#3344 - TIM BERNARDES

por Carlos Pereira \foleirices, em 30.01.24

Tim Bernardes, a nova geração de músics brasileiros

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publicado às 12:23


#3343 - REVISTA ELECTRA

por Carlos Pereira \foleirices, em 29.01.24

Já está disponível nas bancas a Revista Electra , n.º 23, Edição de Inverno (Dezembro 2023 - Março 2024) da Fundação EDP.

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publicado às 17:42


#3342 - ATÉ BREVE

por Carlos Pereira \foleirices, em 25.01.24

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FRANCISCA RIBEIRO (Pormenor)

 

ATÉ BREVE

O espanto fixou-se nas pálpebras

E a tua alma brilhou e ficou transparente revelando quem nela habita:

Espíritos; Espantos; Sorrisos; Encontros; Fins de tarde outonais; Madrugadas de Coral,

E o teu rosto de olhos verdes e boca de diamantes gravado em pedra rara,

lembrando o Taj Mahal que conheceste e amaste. e onde gostarias de ter voltado.

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publicado às 16:33


#3341 - Albion - Herstmonceux

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.01.24

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publicado às 17:38


#3340 - Albion - Shining Spires

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.01.24

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publicado às 17:31


#3339 - INQUIETAÇÕES

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.01.24

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INQUIETAÇÕES

 

Vozes inquietas incendeiam bocas de fogo e

resgatam perguntas antigas tantas vezas feitas

que nunca foram respondidas

ou foram omitidas, olvidadas, assassinadas.

As palavras podem ser uma arma,

podem ser poderosas, mas também podem ser frágeis

quando se tornam incómodas e 

o seu destino pode ser a fogueira.

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publicado às 17:12


#3338 - ESCREVO AGORA COMO QUEM ME DÁ A MÃO

UM POEMA DE LEONARDO MARONA

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.01.24

ESCREVO AGORA COMO QUEM ME DÁ A MÃO

 

aqui te embalo para  sempre em meus sonhos, 

a ti, o próprio, fruto de todo prazer indubitável,

a quem ferimps com nomes e histórias de famílias,

mas que está aqui e agora, ainda circulando em peixe

dentro das veias e da pulsação que nos levará à morte

e estar diante desta inafiançável situção é também

uma chance de  contrapor a essa pobre velha cansada,

a morte, e que respeito tenho por ti, ò morte, agora,

quando me faltam as veias e as batidas do coração,

como à velha mãe faltaram na hora  do  enterro cego,

é você que guia os passos que não damos, a dor

que sentimos enquanto dizemos sou eu que sinto,

mas é mais que outra coisa, é mais que tudo isso,

e seria tão só você pudesse esta mesma coisa louca:

estar ao menos bem vestida quando me cuspisse da

seus tenebrosos  decassílabos, além do que odeio

o cheiro do seu caviar russo, e antecipo suas cáries.

 

POEMA DE LEONARDO MARONA, RETIRADO DO LIVRO "NAQUELA LÍNGUA - CEM POEMAS E ALGUNS MAIS" (Antologia da Novíssima Poesia Brasileira)

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publicado às 12:23


#3337 - Eleições 2024

por Carlos Pereira \foleirices, em 15.01.24

imagem_2023-04-20_195610920.pngELEIÇÕES MARÇO 2024

 

É PRECISO ESTAR VIGILANTE PARA NÃO SERMOS SURPREENDIDOS POR DISCURSOS CHEIOS DE BANALIDADES E PRENHE DE PROMESSAS EM QUE CADA FRASE É APENAS UMA ARMADILHA QUE TEM O ISCO DE QUE MUITO GOSTAS, MAS QUE NO FUTURO VAI DAR-TE AMARGOS DE BOCA.

As ruas, as praças, os mercados, as feiras vão ser invadidas por mocinhos e mocinhas que estão disponíveis para todo o tipo de tarefas, que transportam as albardas como se fossem os burros de carga, e carregadinhos de sorrisos distribuem bandeirinhas, sacos, saquinhos, sacolas, esferográficas, lápis, camisolas e tudo o que a imaginação delirante dos gurus da comunicação partidária conseguirem  parir. Não teem voz própria. São apenas a voz do dono. Encaram a política como se fosse uma profissão qualquer. O importante é estar no lugar certo na hora certa, pois há sempre um buraquinho disponível e feito à sua medida e à espera de inquilino.

E na falta de foguetes aparecerão os bombos, as cornetas, os gritos, as palavras de ordem, as palavras de desordem, os beijinhos da ordem, os perdigotos, as bitaitadas do costume, o colinho aos meninos para que nunca se esqueçam de pôr a cruzinha no buraco certo quando chegar a idade, algumas  bizarrias, dar nomes diferentes à mesma coisa - Lavoura por Agricultura, Agricultura por Lavoura - contorcionistas não de circo mas da política e as palavras que são expulsas da boca são iguais às expulsas por outras bocas,  a única diferença reside no sotaque que identifica a origem do pregador.

É uma animação. Uma festa. Devia ser feriado local  ou regional para que toda a população pudesse celebrar e cumprimentar o candidato a nosso chefe. Respeitosamente.

 

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publicado às 13:11


#3336 - O HOMEM E A VERDADE

por Carlos Pereira \foleirices, em 08.01.24

» O verdadeiro valor de um homem não é determinado pela posse, suposta ou real, que ele tem da Verdade, mas antes pela sua sincera determinação em chegar à Verdade.

Não é a posse da Verdade, mas antes a procura da Verdade, que faz com que ele expanda os seus poderes e na qual a sua sempre crescente perfeição se encontra. A posse torna uma pessoa passiva, indolente e orgulhosa. Se Deus guardasse toda a Verdade na sua mão direita, e na sua esquerda apenas a constante e diligente procura da Verdade, juntamente com a condição de que eu de modo constante e para todo o sempre havia de errar no processo, e se Ele me pedisse para escolher, eu com toda a humildade optaria pela mão esquerda, e diria:

Pai, escolho esta - a pura Verdade é só para ti.»

 

Gotthold Ephraim Lessing, "

"Anti-Goeze"

EINE DUPLIK

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publicado às 18:05


#3335 - O FUTURO É NÃO TER FUTURO

por Carlos Pereira \foleirices, em 03.01.24

Rasgaram as vestes que amontoaram no centro da praça. E incendiaram-nas.

Estão nus, e as cicatrizes do corpo esculpidas a ferro e a fogo no momento do seu nascimento  são a memória viva legada pelos seus ancestrais antepassados, como se fossem mapas que assinalam os percursos das suas vidas: hoje, tristes geografias humanas  de sonhos desfeitos e que narram, como se fosse um livro de história, os testemunhos dos seus pais, dos seus avós, da sua família, do seu povo. Para que não esqueçam. De outra forma não seria possível: Um nevoeiro espesso e pardo proíbe a passagem da luz do sol impedindo que as pessoas vejam e relatem depois.

 

Os corpos estão cansados de tanta porrada. Os olhos parados num tempo em que havia esperança e os lugares eram pacíficos e as cicatrizes revelavam montes e vales verdejantes, planícies de searas vivas. Hoje as cicatrizes revelam nos corpos transparentes a alma vazia de nada que já não se emociona com nada, áspera, azeda, indiferente ao nascimento, à morte, à celebração. Estão encurralados dentro das suas próprias casas à espera que do céu caiam sobre as suas cabeças pragas que matam, incendeiam e reduzem a pó corpos, casas, searas, tudo que é vida.

 

O seu futuro é não ter futuro. Por isso rasgaram as vestes e incendiaram-nas para que a luz das chamas revele ao mundo as cicatrizes das suas vidas.

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publicado às 00:35


#3334 - LOENDRO

Um poema de José-Alberto Marques

por Carlos Pereira \foleirices, em 02.01.24

Rosa-loura

E canta-se que um dia era a tua boca uma concha, um vidro de metal cheio de melodia e esponjas encontrado no loesse, ao lado dos detritos e do vento passado, assim uma forma de raio ou cometa, latejante no caudal do núcleo onde se abrigava o sono interminável, eu disse dessa fonte o canto, o amarelo, a cor própria de deixar as mãos ao poente enquanto partia para o teu silêncio e para a tua ausência, e eis a despedir-me à beira do sol, junto das pedras, por dentro, com uma cicatriz,

com sabor, saborosamente viajando a morte e o seu espanto, abrindo portas e janelas, numa visita ao espelho e à memória, descendo ruas, o peito ao longo das avenidas, das cidades noturnas, das navalhas cintilantes, do

revérbero das lâminas, com o pullover e a língua, Dusseldorf, Marselha, a fonte verde,

correndo,

senta-se na Índia uma e outra e outra alvéola sobre a árvore de folha perene, aos bandos, como em baixo lofíneos desenham circunferências molhadas e é pela tarde que a neblina insinua e o corpo estremece, ah os  frutos maduros de

quem rasga a pele do animal ferido, recoberto de feltro, cravado de ferros junto a

loucura navegando

as águas de mágoas em

as súbitas

as margens de

o loendro

 

Poema de José-Alberto Marques in "Loendro", Editora Átrio, 1991

_____________________________________________________________________________________________

Natural de Torres Novas, frequentou a Licenciatura em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Obrigado a abandonar os estudos por razões económicas, exerceu diversas  profissões ao mesmo tempo que fazia o Curso de História. Radicado em Abrantes desde a década de 1960, foi professor efetivo de Português na Escola D. Miguel de Almeida. Das diversas atividades de intervenção cultural e artística, destaque-se participação no segundo número da revista Poesia Experimental (1966), Operação 1 (1967) e na Conferência-Objecto (Galeria Quadrante, 1967). Recebeu o 1º Prémio Nacional de Literatura Infantojuvenil nas comemorações dos 20 anos do 25 de Abril, com o livro A Magia dos Sinais (1996). Em 1996 recebeu a medalha da cidade de Abrantes. Ligada ao movimento da poesia experimental portuguesa desde as suas primeiras manifestações no final de década de 50, a obra de José-Alberto Marques alia a experimentação fonossemântica e grafossemântica com um lirismo autobiográfico e uma aguda consciência social e política. O quotidiano pessoal surge reenviado ao espaço social coletivo, e a insistente presença de um e de outro são reflexivamente interrogadas pela materialidade da língua e da escrita. Estas são, por vezes, objeto de operações de fragmentação e constelação gráfica, mas também de experimentação narrativa.

 

Fonte: WOOK

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publicado às 14:57


#3333 - UM POEMA DE ANTÓNIO RAMOS ROSA

ANTÓNIO RAMOS ROSA

por Carlos Pereira \foleirices, em 01.01.24

 

Os amantes imponderáveis são archotes da matéria na sua frondosa verdura

e através da distância perfumada cintilam como as constelações

Como é magnífica a ébria lucidez do esplendor

e como é alta elástica e incandescente essa torre vermelha

que os dois corpos formam numa coluna do universo!

Uma lua desdobra-se num grande leque branco

enquanto o fogo dança sob os arcos nas grutas efervescentes

As pálpebras fecham-se para ver melhor as linhas do cristal

da nudez revelada com os seus veios e anéis de mercúrio e ouro

Despenham-se um no outro como violentas dunas

e na vermelha colmeia da amante o tenso peixe explode

em constelações de pólen ou em arabescos de fogo

A doçura queima a seda porejante dos músculos repousados

e os corpos dilatam-se na tranquilidade de uma grande dália de água

 

Poema de António Ramos Rosa, do livro "GÉNESE", editado por Roma Editora, em Abril de 2007, com posfácio de Pascal Fleury

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publicado às 15:38


#3332 - O SILÊNCIO, A MEDIOCRIDADE...

por Carlos Pereira \foleirices, em 30.12.23

 

Albergo o silêncio como se fosse único e precioso.

Não me incomoda o vento quando toca um instrumento de sopro.

Não me perturba a chuva quando canta ao som de uma banda de jazz.

A pauta tem muitos silêncios; permite ouvir a respiração dos instrumentos em  repouso, e sentir os corpos dos músicos marcando os compassos, os ritmos, transpirando swing, libertação, improvisação.

 

Pouca coisa me incomoda, excepto todos aqueles que diariamente se poêm em bicos de pé para aparecerem nas redes sociais exibindo os seus títulos académicos, ou vestirem o papel de comentadores com a capacidade extraordinária de falarem sobre os assuntos mais diversos e complexos, como se fossem verdadeiros hermeneutas.

 

O importante é aparecer, seja a propósito ou despropósito, não interessa. O que importa é ser visto, e esboçar no momento certo, um sorriso de circunstância cínico  quando a máquina do fotógrafo capturar o momento

 

Há que esconder a todo o custo, a ignorância, a mediocridade, o mau gosto e ser visto "em boas companhias",

de preferência que sejam um bocadinho mais ignorantes, para poder exibir com vaidade a sua superioridade intelectual.

 

Que Deus nos livre de gente assim. É o meu desejo para o ano de 2024.

Amen

 

Santa Maria da Feira, 30 de Dezembro de 2023

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publicado às 19:31


#3331 - LIVROS E LEITURAS

Paul Celan Os Poemas

por Carlos Pereira \foleirices, em 26.12.23

 

 

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publicado às 18:48


#3330 - CAÇADORES DE PEIXES

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.12.23

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publicado às 13:46


#3329 - O ÚLTIMO PASSO DE DANÇA ANTES DA QUEDA SUAVE NA RELVA

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.12.23

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publicado às 13:41


#3328 - NÚMEROS PRIMOS

FOTOGRAFIA

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.12.23

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publicado às 13:29


#3327 - O EXTERIOR VISTO DO INTERIOR

FOTOGRAFIA

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.12.23

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publicado às 13:21


#3326 - sem título

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.12.23

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A casa está vazia

Apenas um toco de vela sobre o tampo rugoso de uma mesa com várias camadas de pó e tempo que

são as testemunhas de uma casa que teve vida lá dentro:

Silêncios, amuos, repreensões, discussões

apaziguamentos, cumplicidades, troca de sorrisos,

os dedos que procuram outros dedos

as mãos que se abraçam

e os corpos que respiram...

 

A casa está em ruínas

Já lhe pesam os verões e os invernos

As primaveras e os outonos.

Mas já não  importa

Já teve muita vida

muitas gargalhadas 

algumas lágrimas.

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publicado às 19:29


#3325 - Coming Out of Silence - Antonymes

por Carlos Pereira \foleirices, em 18.12.23

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publicado às 18:34


#3324 - Coming Into Silence - Antonymes

por Carlos Pereira \foleirices, em 18.12.23

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publicado às 18:28


#3323 - A PALAVRA E O RIO

por Carlos Pereira \foleirices, em 18.12.23

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A PALAVRA E O RIO

 

A palavra e o rio

As sombras espreitam as margens e gritam impropérios

O desassossego assume a forma de peixes

E as pérolas veleiros.

 

Há vida em todo o lado; aqui, lá, acolá

E as pedras invocam palavras antigas para estarem ali;

juntas da vida, do sol, das perplexidades, do espanto.

 

O rio tem pressa de chegar ao mar

Precisa de descansar

A viagem foi longa e difícil...

As palavras estão exaustas de tanto escárnio e cinismo, mas não têm pressa

Vão resistindo

Mesmo assassinadas resistem e ressuscitam

As palavras sempre foram resistentes.

 

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publicado às 17:41


#3322 - OS DIAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.12.23

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OS DIAS

 

As banalidades caminham de braço dado com outras banalidades.

Os dias apodrecem no fim do dia;

e as madrugadas de Ícaro suicidam-se com os primeiros filamentos de sol.

E os dias somam dias;

e a soma dos dias assume outros nomes e

as borboletas

no seu voo desajeitado

querem enganar o seu destino:

Mas os seus corpos são frágeis, não aguentam muito tempo.

As cadeiras estão vazias

Eram ocupadas por gente que já partiu.

Só resto eu no topo da mesa;

As fotografias pousadas nos pratos lembram os lugares que ocuparam.

 

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publicado às 13:54


H#3321- ESPELHO

POEMA DE EUGÉNIO DE ANDRADE

por Carlos Pereira \foleirices, em 01.12.23

ESPELHO

Que rompam as águas:

é de um corpo que falo,

 

Nunca tive outra pátria,

nem outro espelho;

nunca tive outra casa.

 

È de um rio que falo;

desta margem onde soam ainda,

leves,

umas sandálias de oiro e de ternura.

 

Aqui moram as palavras;

as mais antigas,

as mais recentes;

mãe, árvore,

adro, amigo.

 

Aqui conheci o desejo

mais sombrio,

mais luminoso;

a boca 

onde nasce o sol,

onde nasce a lua.

 

E sempre um corpo,

sempre um rio;

corpos ou ecos de colunas,

rios ou súbitas janelas

sobre dunas;

corpos:

dóceis, doirados montes de feno;

rios:

frágeis, frias flores de cristal.

 

E tudo era água,

água,

desejo só

de um pequeno charco de luz.

 

De luz?

Que sabemos nós

dessas nuvens altas,

dessas agulhas

nuas

onde o silêncio se esconde?

Desses olhos redondos,

agudos de verão,

e tão azuis

como se fossem beijos?

 

Um corpo amei;

um corpo, um rio;

um prqueno tigre de inicência

com lágrimas

esquecidas nos ombros, 

gritos

adormecidos nas pernas,

com extensas,

arrefecidas nas mãos.

 

Quem não amou

assim? Quem não amou?

Quem?

Quem não amou

está morto.

 

Piedade,

também eu sou mortal.

Piedade

por um lenço de linho,

debruado de feroz melancolia,

por uma haste de espinheiro

atirada contra o muro,

por uma voz  que tropeça

e não alcança os ramos.

 

De um corpo falei:

que rompam as águas.

 

POEMA DE EUGÉNIO DE ANDRADE, DO LIVRO "POESIA"  EDIÇÃO FUNDAÇÃO  EUGÉNIO DE ANDRADE, DEZEMBRO DE 2005

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publicado às 15:56


#3320 - QUOTIDIANOS

por Carlos Pereira \foleirices, em 01.12.23

 

 

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QUOTIDIANOS

 

Os dias empoleirados em outros dias;

Diversas luas assumiram  diferentes formas;

Os sonhos empoleirados  na cabeça escorrem até à boca;

Os passos seguem-se a outros passos a não ser que queiram parar;

O acordar previamente combinado com o despertador;

Caminhar com agilidade para apanhar o autocarro;

A marmita, sempre a mesma, de cor  vermerlha, já não suporta mais a comida que é sempre igual;

São horas de fazer o caminho inverso;

E só se vê cabeças empoleiradas em corpos cansados;

O silêncio é absoluto. Ninguém fala com ninguém;

Não há pressa de chegar a casa. A viagem  de regresso é apenas o intervalo, espera-os a rotina, a monotomia, o mesmo desespero de sempre.

Até amanhã

 

 

 

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publicado às 15:15


#3319 - QUESTÕES DE SEMÂNTICA

por Carlos Pereira \foleirices, em 16.11.23

Ajoelho-me perante o desconhecido; não é por medo.

É por humildade.

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publicado às 17:39


#3318 - MEMÓRIAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 15.11.23

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publicado às 15:20


#3317 - MEMÓRIAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.11.23

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publicado às 15:47


#3316 - MEMÓRIAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.11.23

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publicado às 15:35


#3315 - O PRESÉPIO DOS PÁSSAROS

por Carlos Pereira \foleirices, em 10.11.23

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publicado às 12:53


#3314 - LIGAÇÕES

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.11.23

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publicado às 16:01


#3313 - ALMAS AMACHUCADAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.11.23

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publicado às 15:56


#3312 - Superfícies

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.11.23

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publicado às 15:17


#3311 - GEOGRAFIAS (PERSPECTIVAS)

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.11.23

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publicado às 13:03


#3310 - COISAS DO QUOTIDIANO

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.11.23

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publicado às 12:55


#3309 - O CÉU TAMBÉM TEM OS SEUS HUMORES

por Carlos Pereira \foleirices, em 09.11.23

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publicado às 12:30


#3308 - A ÚLTIMA VIAGEM

POEMA DE CARLOS PEREIRA

por Carlos Pereira \foleirices, em 07.11.23

A ÚLTIMA VIAGEM

 

Quando a estrada acaba

É o fim do caminho

Nada mais existe 

Nem becos para calcar novos caminhos

À tua frente uma parede infinita

Intransponível

Espessa

Fria

Negra 

Com uma frase desenhada em tubos de neon:

"Aqui termina o teu caminho, a tua viagem. Não há lugar para arrependimentos, pois já não podes voltar atrás.

Põe-te comfortável."

 

Santa Maria da Feira, 3 de Novembro de 2023

O teu mundo acaba ali

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publicado às 11:20


#3307 - POEMA DOS DESAFORTUNADOS

CARLOS PEREIRA

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.10.23

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publicado às 11:37


#3306 - OUTONO - UM PASSEIO PELA ALAMEDA DE CASTANHEIROS

CARLOS PEREIRA

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.10.23

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publicado às 11:31


#3305 - CORO DAS NOITES BRANCAS

CARLOS PEREIRA

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.10.23

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publicado às 11:28


#3304 - PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 2023

por Carlos Pereira \foleirices, em 05.10.23

https://www.nobelprize.org/

O Prémio Nobel da Literatura 2023 foi atribuído ao escritor norueguês Jon Fosse

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publicado às 12:14


#3303 - SEM TÍTULO

Carlos Pereira

por Carlos Pereira \foleirices, em 04.10.23

      Quando a noite entra pela madrugada adentro e estou só, os pensamentos  invadem o coração e tomam conta do corpo inquieto. 

                 A alma fecha-se como um punho cerrado que aperta não sei o quê, e esmaga a vontade, a força e a inteligência.

                  Forma-se um nó doloroso na garganta .

                  Perco-me no interior dos teus olhos verdes e nas memórias edificadas ao longo dos anos  que  escorrem até a um labirinto confuso e sofucante que muda constantemente de forma.

                 E grito. 

                 E grito. Procuro uma saida. Está escuro. O corpo bate constantemente contra as paredes do medo. E o medo que enlouquece. E o medo que tem medo do medo.

                Ausência de luz.

                Tropeço contra mim mesmo na busca aflitiva duma porta que permita espreitar os alvores de um novo dia.

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publicado às 13:54


#3302 - DESENHOS

por Carlos Pereira \foleirices, em 16.08.23

 

 

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publicado às 17:57


#3301 - LIVROS E LEITURAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 16.08.23
 

 
 
“Há nesta colectânea contos e crónicas ou mesmo contos-crónicas, arte mista em que Zambujal é mestre: dois dedos de psicologia, uma pitada de atmosfera, um grão de inconveniência e muita graça. Por vezes dialogando com o leitor, brincando com as palavras, Mário Zambujal oferece-nos flashes de existências banais-extraordinárias, que a vida é amiúde mais inverosímil e absurda do que qualquer fértil imaginação possa concebê-la.”
 

Fora de Mão

prosas revisitadas e inéditas

de Mário Zambujal

PropriedadeDescrição
ISBN:9789895550142
Editor:Oficina do Livro
Data de Lançamento:abril de 2003
Idioma:Português
Dimensões:150 x 232 x 16 mm
Encadernação:Capa mole
Páginas:164
Tipo de produto:Livro
Classificação temática:Livros em Português Literatura Poesia
EAN:9789895550142
Idade Mínima Recomendada:Não aplicável
 
Mário Zambujal
 

Jornalista e escritor português, nascido em 1936, trabalhou na televisão e em jornais como A Bola, Diário de Lisboa e Diário de Notícias, em especial na área do desporto. Publicou vários livros de ficção: Crónica dos Bons Malandros, em 1980, que teve grande sucesso e deu origem a uma longa-metragem de Fernando Lopes; Histórias do Fim da Rua, em 1983; À Noite Logo se Vê, em 1986 e Talismã em 2015, entre outros.

(ver mais)
 
FONTE: WOOK.PT

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publicado às 14:16


#3300 - LIVROS E LEITURAS

por Carlos Pereira \foleirices, em 16.08.23

 
Misericórdia é um dos livros mais audaciosos da literatura portuguesa dos últimos tempos. Como a autora consegue que ele seja ao mesmo tempo brutal e esperançoso, irónico e amável, misto de choro e riso, é uma verdadeira proeza.

Não são necessárias muitas palavras para apresentá-lo - o diário do último ano de vida de uma mulher incorpora no seu relato o fulgor das existências cruzadas num ambiente concentracionário, e transforma-se no testemunho admirável da condição humana.

Isso acontece porque o milagre da literatura está presente. Nos tempos que correm, depois do enfrentamento global de provas tão decisivas para a Humanidade, esperávamos por um livro assim. Lídia Jorge escreveu-o.
 

Misericórdia

de Lídia Jorge

PropriedadeDescrição
ISBN:9789722075718
Editor:Dom Quixote
Data de Lançamento:outubro de 2022
Idioma:Português
Dimensões:156 x 234 x 31 mm
Encadernação:Capa mole
Páginas:464
Tipo de produto:Livro
Classificação temática:Livros em Português Literatura Romance
EAN:9789722075718

 

 
Lídia Jorge

 

Romancista e contista portuguesa. Nasceu em 1946, no Algarve. Viveu os anos mais conturbados da Guerra Colonial em África. Foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. É professora do ensino secundário e publica regularmente artigos na imprensa. O tema da mulher e da sua solidão é uma preocupação central da obra de Lídia Jorge, como, por exemplo, em Notícia da Cidade Silvestre (1984) e A Costa dos Murmúrios (1988). O Dia dos Prodigíos (1979), outro romance de relevo, encerra uma grande capacidade inventiva, retratando o marasmo e a desadaptação de uma pequena aldeia algarvia. O Vento Assobiando nas Gruas (2002) é mais um romance da autora e aborda a relação entre uma mulher branca com um homem africano e o seu comportamento perante uma sociedade de contrastes. Este seu livro venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores em 2003.
Venceu o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas 2020.

(ver mais)
 
INFORMAÇÃO RECOLHIDA NO SÍTIO DA WOOK

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publicado às 13:56


#3299 - Annie Ernaux

por Carlos Pereira \foleirices, em 16.07.23

«A época em que eu era uma jovem ficou-me na memória como a época das coisas  sem nome. São terríveis, essas coisas sem nome.»

 

«Quando se faz desaparecer uma pessoa, quando se destrói um país, é uma língua que está a ser assassinada.» Estas palavras, proferidas por Pinar Selek - escritora turca presa e torturada no seu país pelas suas actividades pró-arménias e hoje exilada em França -, tiveram um efeito especial sobre mim. Lembraram-me as do meu pai quando, à falta de outras ameaças, antes de bater-me, me dizia: «Cala-te, ou corto-te a língua!»

          Nas Metamorfoses de Ovídio, Tereu aprisiona Filomela e corta-lhe a língua antes de molestá-la, para que ela não possa denunciá-lo a Procne, mulher de Tereu. Mas Filomela faz chegar a Procne um pano onde bordou o rosto de Tereu, identificando-o pelo nome. Como vingança, Procne mata o seu filho mais novo, corta-o aos bocados, assa-o e serve-o de jantar ao marido.

"Quando as palavras faltam, a agressão toma o seu lugar"

Partes de uma entrevista a Annie Ernaux, por Simonetta Greggio, Revista Marie Claire, 08.03.2021, retirada da revista Electra n.º 20, Fundação EDP

________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 2022

Annie Ernaux nasceu em Lillebonne, na Normandia, em 1940, e estudou nas universidades de Rouen e de Bordéus, sendo formada em Letras Modernas. É atualmente uma das vozes mais importantes da literatura francesa, destacando-se por uma escrita onde se fundem a autobiografia e a sociologia, a memória e a história dos eventos recentes. Galardoada com o Prémio de Língua Francesa (2008), o Prémio Marguerite Yourcenar (2017), o Prémio Formentor de las Letras (2019) e o Prémio Prince Pierre do Mónaco (2021) pelo conjunto da sua obra, destacam-se os seus livros Um Lugar ao Sol (1984), vencedor do Prémio Renaudot, e Os Anos (2008), vencedor do Prémio Marguerite Duras e finalista do Prémio Man Booker Internacional. Em 2022, Annie Ernaux foi distinguida com o Prémio Nobel de Literatura.

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publicado às 18:47


#3298 - Sem Título

por Carlos Pereira \foleirices, em 08.07.23

Olho-me nos teus olhos

Observo a tua boca

Ausculto a tua respiração

Toco ao de leve a tua pele húmida

Entreabres a boca e

Expiras restos de mágoas e tudo fica bem

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publicado às 17:47


#3297 - Zambujeira do Mar

por Carlos Pereira \foleirices, em 08.07.23

As ruas

As pessoas

As árvores

As flores

Os cheiros

O mar

A música tocada pelas ondas do mar

De vez em quando,  no horizonte,  um veleiro com a vela inchada pelo vento

As casas

Branco, azul, amarelo

Mais branco que azul mais branco que amarelo

O sol

Mais tarde a lua numa das suas fases

A luz, a cor do céu

Velas acesas no interior das casas que iluminam as sombras

que deixam de ser sombras e acalmam os espíritos

Numa varanda um cigarro incandescente desenha no ar figuras efémeras

Mais um dia que é diferente de outros dias

 

 

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publicado às 17:26


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