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AMANHECER
Que se faz na hora de morrer? Volta-se
a cara contra a parede?
Agarra-se pelos ombros o que está perto e ouve?
Deita-se cada um a correr, como o que tem
as roupas incendiadas, para chegar ao fim?
Qual é o rito desta cerimónia?
Quem vela a agonia? Quem puxa o lençol?
Quem afasta o espelho por embaciar?
Porque a esta hora não há mãe nem parentes.
Já não há soluço. Nada, mais que um silêncio atroz.
Todos são uma face atenta, incrédula
de homem de outra margem.
Porque o que sucede não é verdade.
Poema de Rosario Castellanos