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#3343 - REVISTA ELECTRA

por Carlos Pereira \foleirices, em 29.01.24

Já está disponível nas bancas a Revista Electra , n.º 23, Edição de Inverno (Dezembro 2023 - Março 2024) da Fundação EDP.

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publicado às 17:42


#3275 - A INQUIETAÇÃO DEMOCRÁTICA

por Carlos Pereira \foleirices, em 06.02.23

«Vale a pena olhar para o antes com os olhos de quem olha para o depois. No seu livro The Third Wave: Democratization in the  Late Twentieth Century [A terceira vaga: democratização no final do século XX], publicado em 1991, Samuel P. Huntington, o cientista político norte-americano cujas teses sobre as mudanças na ordem mundial e o choque de civilizações provocaram densas e agressivas controvérsias, afirmou que foi a Revolução Portuguesa de 25 de Abril de 1974 a iniciar a terceira vaga da democratização que chegaria à União Soviética e a todo o Leste Euroipeu, levando, em 1989, à queda do Muro de Berlim, e que continuou na América Latina e em África...».

 

LER MAIS

 

Excerto do Editorial escrito por José Manuel dos Santos (Director) e António Soares (Subdirector) na Revista ELECTRA, n.º 19, trimestral,  [Inverno 2022 - 2023] da Fundação EDP.

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publicado às 17:51


#3104 - Os 15 livros mais vendidos de todos os tempos

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.04.20
Os 15 livros mais vendidos de todos os tempos

Os 15 livros mais vendidos de todos os tempos - Artigo de Carlos Willian Leite publicado na REVISTA BULA

Para se chegar ao resultado, foram consultadas reportagens, entidades editoriais, empresas de pesquisas de mercado e publicações especializadas. Livros religiosos, políticos, educacionais e de curiosidades como: “Bíblia Sagrada”, “Iluminatti: Sociedade Secreta”, “Corão”, “Dicionário Xinhua Zidian”, “A Arte da Guerra” e “Livro Guiness dos Recordes” não foram contabilizados, apenas livros literários.

Participaram do levantamento as publicações: “The Paris Review”, “Business Insider”, “Washington Post”, “The Guardian”, “Telegraph”, “Toronto Star”, “New York Times”, “New Yorker” “Reader’s Digest”, “Global Times”, “Financial Times”; as entidades editoriais International Publishers Association (IPA), European and International Booksellers Federation (EIBF) e International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA); e as empresas de auditagem e pesquisas de mercado Nielsen e a GfK.

Os livros, “Cinquenta Tons de Cinza” e “O Senhor dos Anéis”, apesar de terem sido publicados em mais de um volume — foram considerados como um livro único — porque, originalmente, seus autores os conceberam como obra única, diferentemente da série Harry Potter.

Embora não exista concordância sobre os números exatos do mercado de livros ao longo dos séculos, os levantamentos das publicações, instituições e empresas mencionadas, parecem ser o que mais se aproximam do consenso editorial.

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publicado às 12:33

revista ler020.jpg

 

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publicado às 18:44


#2662 - REVISTA "LER"

por Carlos Pereira \foleirices, em 14.11.17

001.jpg

 

A revista "Ler", Edição de Outono 2017. n.º 147, já se encontra disponível nas bancas.

 

 

 

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publicado às 21:22


#1851 - "LER" já nas bancas

por Carlos Pereira \foleirices, em 02.05.13

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publicado às 15:56


#1611 - AS FANTÁSTICAS SALAS DO CONHECIMENTO

por Carlos Pereira \foleirices, em 08.02.12

Biblioteca da Universidade de Coimbra (1290), Portugal

 

Ao longo de toda a existência, o homem sempre buscou formas de perpetuar o seu conhecimento e transmiti-lo a gerações futuras. O que seria da história ou do conhecimento se os episódios e vicissitudes da humanidade não estivessem escritos e armazenados em algum lugar? Simplesmente seriam factos que muito rapidamente se tornariam lendas.

Todos nós temos um local que nos fascina. Um local que possui uma aura quase mágica que nos faz pensar e reflectir sobre os mais diversos aspectos. Um dos locais que mais me fascina e atrai é uma biblioteca antiga, cheia de livros e conhecimento. Percorrer o mesmo local que alguém percorreu há centenas de anos, prateleira após prateleira, armário após armário, com livros que outrora foram a única porta aberta para o conhecimento e evolução da própria humanidade é uma experiência arrebatadora.

Saber que alguns dos livros de uma biblioteca foram outrora folheados por alunos e mestres que muito possivelmente alteraram a realidade humana através dos seus contributos em áreas como a medicina, filosofia, engenharia ou poesia, torna toda a experiência de estar num local destes, no mínimo, fascinante.

Deixo-vos algumas imagens destas fantásticas salas de conhecimento.

 Biblioteca Livros Conhecimento Cultura Europa Austria Suica Italia  Obvious.Pt Real Gabinete Portugues De Leitura Rio De Janeiro 3
Real Gabinete Português de leitura (1837), Rio de Janeiro, Brasil (talvez um dos espaços mais cativantes)

 Biblioteca Livros Conhecimento Cultura Europa Austria Suica Italia  Obvious.Pt Stiftsbibliothek-St.-Gallen ()
Biblioteca Abbey (613), Suíça

 Biblioteca Livros Conhecimento Cultura Europa Austria Suica Italia  Obvious.Pt Biblioteca Do Palacio E Convento De Mafra I
Biblioteca do Palácio e Convento de Mafra (1715), Portugal

 Biblioteca Livros Conhecimento Cultura Europa Austria Suica Italia  Obvious.Pt 1304080426 C394A4E76D O
Biblioteca Strahov (1143)- Sala Teológica - Praga, República Checa

 Biblioteca Livros Conhecimento Cultura Europa Austria Suica Italia  Obvious.Pt Peabody Library
Biblioteca George Peabody (1857), USA

 Biblioteca Livros Conhecimento Cultura Europa Austria Suica Italia  Obvious.Pt Bibliothek.Admont Gesamt
Biblioteca do Mosteiro Beneditino (1074), Áustria

 Biblioteca Livros Conhecimento Cultura Europa Austria Suica Italia  Obvious.Pt Melk-Library Small
Biblioteca do Mosteiro de Melk (1089), Áustria

 Biblioteca Livros Conhecimento Cultura Europa Austria Suica Italia  Obvious.Pt Sansovino's Library 2
Biblioteca Sansovino (1560), Roma

 Biblioteca Livros Conhecimento Cultura Europa Austria Suica Italia  Obvious.Pt Trinity-College-Library-Dub ()
Biblioteca do Colégio de Trinity (Séc. XVI), Dublin, Irlanda

 Biblioteca Livros Conhecimento Cultura Europa Austria Suica Italia  Obvious.Pt Vatican
Biblioteca do Vaticano (Séc. IV), Vaticano, Roma

 Biblioteca Livros Conhecimento Cultura Europa Austria Suica Italia  Obvious.Pt Vienna Austrian National Library
Biblioteca Nacional de Áustria (1493), Vienna, Áustria

 Biblioteca Livros Conhecimento Cultura Europa Austria Suica Italia  Obvious.Pt 202146600 37B58Ca97A
Biblioteca Klementium, Praga, Republica Checa


publicado em artes e ideias por benjamin júnior

Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2007/11/as_fantasticas.html#ixzz1lpOV3Qq0

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publicado às 21:21


#1387 - Revista LER - Junho 2011

por Carlos Pereira \foleirices, em 02.06.11

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publicado às 17:22


#1057 - 4 de Dezembro, nas bancas

por Carlos Pereira \foleirices, em 03.12.09

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publicado às 00:16


#885 - Nova Revista on-line sobre Livros e Leituras

por Carlos Pereira \foleirices, em 23.07.09

 

Esta segunda-feira, dia 20 de Julho de 2009, nasceu a revista LIVROS & LEITURAS. Trata-se de uma nova revista portuguesa destinada a todos os amantes dos livros.

A revista LIVROS & LEITURAS é um novo projecto editorial, sem fins lucrativos, que visa a divulgação e promoção do livro, dos hábitos de leitura e das respectivas novidades editoriais. Tal como faz alusão o seu estatuto editorial, a Revista LIVROS & LEITURAS é também um meio de contribuir para a cultura, divulgando a qualidade de obras que se vai produzindo no nosso país.

Ela visa também criar o gosto pela leitura e amor pelos livros, publicados nos mais diversos géneros literários.Esta revista resulta da colaboração entre vários críticos literários que, há muito, trabalham o livro e a leitura na imprensa regional e nacional. A revista LIVROS & LEITURAS encontra-se disponível para o mundo inteiro em http://www.livroseleituras.com, sendo actualizada, pela equipa, diariamente.

Para já, nela podemos encontrar propostas de leitura, novidades editoriais, notícias, entrevistas a escritores, editores e livreiros e artigos de opinião

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publicado às 12:11


Seis Poemas de José Craveirinha

por Carlos Pereira \foleirices, em 06.06.09


 

BLASFÉMIA


No relicário que te acolhe

é-me angustioiso supor

o labor das areias

na madeira.


E meu pesadelo dos pesadelos

a iconoclasta muchém

no afã da sua lavra

orgiando-se voraz.


Blasfémia suprema

o festim.


O COVAL


Excêntrica

é a minha indignada

mesquinha forma de sofrer.


Lúcido

eu a desencher o mundo

tapando-me no mesmo coval.


MONOGRAMA


A sotavento da face

colar aquoso

se desfia


E

em sua fímbria macia

meu lenço azul-escuro

discreto humedece

o monograma

Jota

Cê.


Colar

que se desfia

no próprio lapso.


GUMES DE NÉVOA


Lágrimas?


Ou apenas dois intoleráveis

ardentes gumes de névoa

acutilando-me cara abaixo?


O SACRÁRIO


A ausência do corpo.

Amor absoluto.


Hossanas de sol.

De chuva.

De brisa.

E de andorinhas

resvalando as asas

no ombro de uma nuvem.


Com uma hérbia mantilha

por cima velando

o teu sacrário.


SILEPSES


Ajustadas ao comprido as ripas

esfarelando-se devagarinho

por entre minuciosos

dedilhos de terra.


E

em melancólicas silepses

conspícuas gralhas versejam

extemporâneas férias

da Maria.


Poemas publicados na "Colóquio Letras" n.º 110-111, Julho-Outubro de 1989


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publicado às 18:17


"Ler", edição do mês de Junho

por Carlos Pereira \foleirices, em 06.06.09

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publicado às 18:06


Capas de Revistas - Tabacaria

por Carlos Pereira \foleirices, em 31.03.09

Tabacaria - Revista de Poesia e Artes Plásticas, N.º 2, Inverno de 1996.

 

Edição: Casa Fernando Pessoa e Contexto, Editora;

Director: Nuno Júdice;

Capa: Pastel sobre papel sobre aluminium "Branca de Neve no Cavalo do Príncipe" de Paula Rego, 1996

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publicado às 21:54


Capas de revistas - Tabacaria

por Carlos Pereira \foleirices, em 06.03.09

 

Capa da Revista Tabacaria, n.º 3 - Verão de 1997

Capa: "Projecto de um monumento a Fernando Pessoa" , Instalação 1975/1996, de António Costa Pinheiro

Editor: Casa Fernando Pessoa e Contexto, Editora

Director: Nuno Júdice

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publicado às 13:28


Capas de revistas - Tabacaria

por Carlos Pereira \foleirices, em 05.03.09

Capa da revista Tabacaria, edição n.º 1, Verão de 1996;

Editora: Casa Fernando Pessoa e Contexto, Editora;

Capa: Jorge Martins "No tempo em que festejavam o dia dos meus anos" - instalação.

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publicado às 17:07


Capas de revistas - Tabacaria

por Carlos Pereira \foleirices, em 04.03.09

 

Capa da Revista Tabacaria n.º 4 de 1997

Editor: Casa Fernando Pessoa e Contexto, Editor

Director: Nuno Júdice

Capa: Óleo sobre tela de René Bertholo - Mais vale um pássaro na mão (pormenor)

Colecção particular

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publicado às 17:20


Capas de revistas - Tabacaria

por Carlos Pereira \foleirices, em 03.03.09

 

Capa da revista Tabacaria, editada pela Casa Fernando Pessoa e Contexto, Editora.

Esta edição n.º 5, Inverno de 1997, tem na capa uma pintura (pormenor)  em acrílico sobre tela de Fernando Pessoa do pintor Júlio Pomar de 1985.

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publicado às 13:19


Capas de revistas - Tabacaria

por Carlos Pereira \foleirices, em 02.03.09

 

Capa da revista Tabacaria, n.º 6, Verão 1998, edição Casa Fernando Pessoa e Contexto, Editora.

Director: Nuno Júdice

O desenho da capa é de um quadro de José Escada de 1979 a óleo sobre tela "A queda do Skylab" da Colecção de Lagoa Henriques

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publicado às 11:58


Capas de revistas - Tabacaria

por Carlos Pereira \foleirices, em 01.03.09

Capa da revista Tabacaria, n.º sete, Maio de 1999, editada pela Casa Fernando Pessoa e Contexto, Editora.

Director Nuno Júdice.

Na capa, obra de José de Guimarães - Máscara (pormenor) - acrílico sobre tela, 1972

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publicado às 22:08


Capas de revistas - Tabacaria

por Carlos Pereira \foleirices, em 01.03.09

Capa da Revista TABACARIA - Revista de poesia e artes plásticas editada pela Casa Fernando Pessoa, edição n.º 9, II Série, Outono 2000.

Directora - Maria Calado.

A capa mostra um trabalho em gesso de Simone Boisecq - Sol Nocturno - 1998

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publicado às 13:51


Revista Tabacaria

por Carlos Pereira \foleirices, em 17.12.08

A revista Tabacaria vai voltar a ser editada, «não necessariamente com esse nome», garantiu hoje Inês Pedrosa, directora da Casa Fernando Pessoa, em entrevista ao jornal Público. «Tem de ser bilingue, além de fortemente literária. Pessoa já não é só de Portugal - aliás, nunca foi. Temos também um projecto de edição contínua de textos em torno de Fernando Pessoa com o grupo editorial Leya. Estamos a estudar o modelo.»

 

Post retirado do blog "LER"

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publicado às 12:02


Legado Pessoano

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.11.08

Ricardo Marques escreve sobre o legado pessoano na revista STORM

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DEAMBULAÇÕES PELO LEGADO PESSOANO, NUM ANO DE COMEMORAÇÕES

“Anglomaniac, myopic, courteous, evasive, dressed darkly, reticent and agreeable, a cosmopolitan who preaches nationalism, “solemn investigator of futile things”, humorist who never smiles but chills our blood, inventor of other poets and destroyer of himself, author of paradoxes as clear as water and, as water, dizzying: “to pretend is to know yourself”, mysterious man who does not cultivate mystery, mysterious as the mid-day moon, taciturn phantom of the portuguese mid-day – who is Pessoa?”
Octavio Paz


Enganemos o leitor, e esquivemo-nos tal como o faria Pessoa, deixando esta longa citação para o fim. A ela voltaremos depois de terminado o arrazoado. Escritas há vinte e cinco anos, as seguintes palavras de Fernando J. B. Martinho parecem proféticas nos dias de hoje:

“Fácil será imaginar que a “vaga pessoana” irá continuar a submergir o “horizonte cultural em Portugal” nos tempos mais próximos, sobretudo se atendermos à circunstância de se avizinharem as datas das comemorações do cinquentenário da sua morte (1985) e do centenário do seu nascimento (1988)”
(Fernando J. B. Martinho, Pessoa e a Moderna Poesia Portuguesa (Do Orpheu a 1960), Lisboa, ICLP, Colecção Biblioteca Breve, vol. 82, 1991 (1983), pp.12-13)

Num ano de comemorações como é este, 120 anos volvidos do seu nascimento tão bem assinalados com a colocação de uma nova escultura do escritor, pelo belga Jean-Michel Folon (1934-2005), mesmo em frente à casa onde nasceu, pensamos ser pertinente “deambular” pelo legado de Pessoa, e pensar se faz sentido ainda pensar em Pessoa neste início de século. A premissa de trabalho que me proponho é falsa, de uma certa falsidade retórica e deveras pessoana, uma vez que desde logo o leitor minimamente informado saberá a resposta. Os exemplos desta herança que a sociedade teima em retomar são tão quotidianos quanto frequentes e não é sequer preciso este ensaio para provar que Pessoa está aqui para durar.
Posto isto, a deambulação que aqui faremos será, se quisermos, uma deambulação textual, no sentido semiótico do termo – veremos três diferentes tipos de texto e de que forma todos eles actualizam a figura, o homem e o mito na nossa cultura de hoje, bem como três momentos cronológicos deste ano, também ele, pessoano.
Em primeiro lugar, um texto escrito, poesia, evocando não Fernando Pessoa per se mas sim Esteves, o homem-personagem do longo e famoso poema de Álvaro de Campos intitulado Tabacaria (1928). Falamos de Esteves!, último livro de poesia, editado entre nós em Fevereiro, do poeta holandês René Huigen (1962-)
É muito interessante verificar esta nova vida que uma personagem tão simbólica como é o “Esteves sem metafísica” ganha neste longo poema narrativo, sobretudo por, na verdade, Esteves ter um papel tão indefinido quanto passivo no texto de Campos. Ao invés disso, Huigen pega em Esteves e dá-lhe um papel preponderante na acção narrada no poema, uma nova vida (literária) que expande a vida literária que ele tem no poema de Campos. Assim, e no que toca à forma de o concretizar, pensamos ser a definição do poeta neerlandês que apresenta este livro, Gerrit Komrij (1944-), a mais sucinta e clara: “ uma demanda, com acentos bíblicos, dantescos e homéricos, arcaica e moderna, sobre o que leva a acção a alguém que se sabe não ser levado a nada”. ( René Huigen, Esteves!, Lisboa, Assírio e Alvim, 2008
Efectivamente, é de uma viagem, de um poema épico que estamos perante, bem à maneira desses três intertextos fundamentais para a cultura ocidental que Komrij sugere e bem – a Bíblia, a Divina Comédia, e a Odisseia. Se quisermos, esta é a “demanda” do “Esteves sem metafísica” à procura da própria metafísica, num percurso que é simultaneamente pessoal e iniciático, e depois uma aventura de escrita poética bem ao gosto dos nossos dias, onde o escritor, o narrador e as personagens invocadas se misturam numa promiscuidade de níveis narrativos. Usando de um estilo torrencial e com laivos surrealistas, há uma constante citação, que se torna muito explicita em certas passagens, desses grandes poemas em prosa supracitados.
Assim, o poema começa por exortar longamente a musa Calíope para que ajude o poeta a falar “de um homem que ficou em casa/ Julgando ser-lhe o mundo um assento/ de onde um herói digno de seus feitos/ não precisava de erguer-se para,/dormindo, ir enfrentá-lo” . E assim se resume o que se passarão nas páginas do livro, todo ele uma metafórica reflexão sobre a metafísica e a vida dentro do livro, a vida das personagens como se fossem reais, e de que Esteves é clara símbolo na obra pessoana.
Na esteira desta ideia, convocaremos a novela de Mário Cláudio, Boa-Noite, Senhor Soares, saída a meio do ano, que vem retratar mais uma vez este aspecto da vida apenas pelo livro, com a nova vida que ganha Bernardo Soares, o semi-heterónimo de Pessoa, e autor da sua “autobiografia possível”, O Livro do Desassossego. Efectivamente, isto torna-se ainda mais credível se virmos que a intenção do autor com a escrita desta história foi “ver o Pessoa através de Bernardo Soares”. Assim, somos transportados para a Lisboa de entre as guerras, numa altura igualmente de afirmação do Estado Novo em Portugal, espelhado nos inúmeros episódios do quotidiano em que o livro se desdobra. Desta forma, mais do que a personagem central que é António, natural do interior profundo e que, como tantos, se desenraizou à força num contexto urbano duro a troca de uma melhor vida, poderíamos dizer que o que ganha mais importância, talvez por se sempre falar nele, mas quase nunca intervir, é “o senhor Soares”. Alvo de reverência por parte deste seu jovem de colega de trabalho, não só por “constar que é poeta”, mas precisamente devido ao seu desapego em relação à vida quotidiana que António não tem outra escolha senão viver, para sobreviver.
Por outro lado, é Lisboa a outra personagem central desta novela. Bernardo Soares, António, e as restantes personagens ( algumas retiradas igualmente d' O Livro do Desassossego, como o Patrão Vasques) são todas engolidas num contexto citadino que é, de um modo geral, muito bem ficcionado e pormenorizado por Mário Cláudio, naquilo que pensamos ser a homenagem a esse outro lado do mito pessoano que é a Lisboa por onde deambulou e sobre a qual amplamente escreveu, e que tantas vezes é indissociável de uma leitura do próprio poeta. Retenhamos esta ideia de “lugar” para o exemplo final deste ensaio.
Falemos de uma exposição, inaugurada na Gulbenkian, denominada - “Weltliteratur - Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o Mundo!”, acontecimento artístico deste final de ano. O pressuposto inicial deste evento foi o de mostrar como era possível expôr museograficamente textos literários, conjugando-os com outro tipo de textos como quadros e esculturas, presentes no museu.
Nos textos de apresentação desta referida exposição, o seu comissário, António M. Feijó, defende que a Literatura é passível de ser mostrada num espaço desses, lembrando claramente a etimologia grega da palavra museu, “o assento das musas”, e da qual a Biblioteca de Alexandria, espaço simultâneo de repositório de obras de artes e fonte de saber livresco, é um claro exemplo. A única limitação que se impõe na escolha de textos foi a de marcar um período e determinar quem e a como expôr, bem como os nexos que depois se estabeleceriam. A escolha, neste ano tão simbólico, foi a de mostrar Pessoa e alguns contemporâneos. Como o próprio diz -

O interesse em usar Pessoa é que, por um lado, em Portugal, há um lugar-comum, corrente em pessoas ligadas à literatura, que afirmam estarem cansadas de Pessoa, fadiga essa que parece, no mínimo, bizarra. (Newsletter da FCG, nº96, Lisboa, Setembro de 2008, pp.17-18)

Por outro lado, e no seguimento daquilo que diz, há a ideia, muito corrente no nosso país, que se está farto de um poeta de que se fala abundantemente, sem na verdade haver um verdadeiro acto de leitura individual e solitário dos seus textos, que esta exposição procura igualmente salvaguardar e promover. Por outro lado, o título da exposição pretende evocar uma dialéctica, sempre constante nas nossas letras, entre “os outros e nós”, o que nós produzimos num determinado lugar e o que os outros fazem, daí a ironia do conceito goethiano de “literatura universal” aqui presente – estamos, no fundo, perante uma geração cosmopolita, encabeçada por Pessoa, mas que extravassa as fronteiras de uma nação. “Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!” é verso de Cesário Verde mostrando que só há uma literatura verdadeiramente universal se for, em primeiro lugar, nacional, ecoando depois ligações que podem aproximar escritores e criadores de diversas nações e gerações. Mais uma vez, como o comissário refere a propósito desta exposição - “É a literatura do mundo partindo deste lugar, uma percepção em que a nossa capacidade foi capaz de a colocar no mundo porque ela é eminentemente deste lugar”

Assim, e como prometido, acabamos com a citação de início. Para Octavio Paz (1914-1998), amplo conhecedor de várias tradições poéticas europeias e tradutor de Fernando Pessoa para espanhol, a figura literária que é Fernando Pessoa constituia o mesmo polifacetado enigma que para nós, leitores com quase um século de distância, ainda nos faz escrever, ler e criar.
Agora, mais do que nunca, a pergunta em que urge pensar quando se evoca esta figura, pelos exemplos que deixámos atrás, talvez não seja tanto - “who is Pessoa?” (não há vida que dure tal investigação) mas sim why ou porquê Pessoa. A própria forma de ser Pessoa, como vimos neste citação e como podemos ler na sua produção literária diversa, é ser várias coisas ao mesmo tempo. Na verdade, esta pergunta final de Paz apenas está lá por cuidados retóricos do seu autor, também ele escritor, uma vez que a resposta já é dada pela enumeração que a antecede. Assim, a nossa actualização constante do homem, escritor e mito literário marca-se, em mais um ano em que não o esquecemos, pela não-aproximação a ele – e parece agora ser a época em que viveu, bem como as personagens e personas literárias que criou, o foco crescente de interesse pelos diversos agentes do meio cultural que não se cansam em retomá-lo.

 

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publicado às 14:49


LER 73 já na rua!

por Carlos Pereira \foleirices, em 13.10.08

 

Já sabe: a LER está nas bancas — com um conto inédito de José Cardoso Pires, que  morreu a 26 de Outubro de 1998 – mas ainda parece que foi ontem que entrou na antiga redacção da LER para entregar o conto. Revisitar a obra do autor de O Delfim é ir para além de todas as páginas que escreveu. Textos de Alexandre Pinheiro Torres (recuperado da época), Pedro Tamen, João Rodrigues, Nelson de Matos, Fernando Venâncio, José Mário Silva, Filipa Melo, Inês Pedrosa e Francisco José Viegas. Fotografias de João Francisco Vilhena (que assina a bela foto da capa).

 

Entrevista com António Manuel Pires Cabral: o jornalista Carlos Vaz Marques deixou-se conduzir pelo poeta transmontano através das ruas de Vila Real sempre com poemas por perto – e polémicas, recordações, histórias, Camilo e Torga. E termina com um aviso: Pires Cabral tem tudo para ser uma extraordinária revelação para muita gente.

 

Nobel: Retratos do galardão mais cobiçado. Olhámos para a história e fizemos as nossas escolhas: os galardoados que nunca mais se recompuseram, os eternos favoritos, os que caíram no esquecimento, os que recusaram, etc. Por José Mário Silva.

 

José Mattoso surpreendeu-se como livro O Mito das Nações, de Patrick J.Geary — e escreve sobre isso.

 

Listas: Miguel Real escolhe os cinco personagens que gostaria de ter criado nos seus romances e Maria Filomena Mónica aponta, um a um, os livros da sua vida.

 

Rogério Casanova sobre G.K. Chesterton: Cem anos depois, a leitura de O Homem Que Era Quinta-Feira continua a ser uma boa maneira de combater a anarquia do aborrecimento, garante Casanova, que também escreve sobre Martin Amis na sua coluna Pastoral Portuguesa, onde analisa os «programas culturais» da SIC e da TVI.

 

A Sala do Escritor: Manuel António Pina trabalha prerencialmente de madrugada, entre gatos, livros e fotografias – à espera do «remorso» de Borges.

 

Frederico Lourenço. Novos Ensaios Helénicos e Alemães é o próximo livro deste escritor e tradutor premiado. Como sempre, editado pela Cotovia.

 

Crónicas de Abel Barros Baptista, José Eduardo Agualusa, Pedro Mexia, Eduardo Pitta, Filipe Nunes Vicente, Francisco Belard, Inês Pedrosa e Onésimo Teotónio de Almeida. Colunas sobre livros de ensaio, de Rui Bebiano, de economia & gestão, de Fernando Sobral, e infantis, de Carla Maia de Almeida.

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publicado às 13:06


Revista LER

por Carlos Pereira \foleirices, em 08.09.08

 

 

Já está disponível o novo n.º da Revista Ler

 

 

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publicado às 16:28


Cidades Invisíveis

por Carlos Pereira \foleirices, em 15.05.08

Valparaíso é um velho balcão debruçado sobre o Pacífico. Viajantes, cineastas, poetas, pintores, fotógrafos gravaram a sua história sob os céus secretos do Cruzeiro do Sul.

Mas quem melhor  descobriu a sua alma profunda de porto de partidas e chegadas foi Neruda, que a reiventou a partir da sua casa La Sebastiana, construída no cerro Florida.

 

...Valparaíso é um lugar metafísico, situado para além da física, para lá do tempo e do espaço, para lá da história, uma urbe parada no tempo, fora desta época e que, todavia, vive e muda constantemente. É um centro mágico da existência.

 

Excertos de um texto de Sergio Vuskovic Rojo publicados na Revista Atlântica, N.º 5

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publicado às 20:04


...

por Carlos Pereira \foleirices, em 06.05.08

2008/05/02

||| Acordo ortográfico - Interpretações

Esta fotografia foi tirada a um anúncio colado na montra de uma loja, em Melgaço.

Posted by carlos pereira at 13:17:19 | Permanent Link | Comments (0) |

||| Rui Tavares, exposição de pintura



DECLINING SYMMETRIES
é o nome que Rui Tavares deu à exposição de pintura que pode ser vista até ao final do mês
de Maio na AO QUADRADO - Galeria de Arte Contemporânea, em Santa Maria da Feira.
Posted by carlos pereira at 12:58:16 | Permanent Link | Comments (0) |

||| Imaginarius - Festival Internacional de Teatro de Rua

8.ª Edição - IMAGINARIUS - Festival Internacional de Teatro de Rua.

15 a 17 de Maio

Santa Maria da Feira

Posted by carlos pereira at 12:49:53 | Permanent Link | Comments (0) |

2008/04/24

||| Sou parvo, porque sim!

"Sou um tipo inteligente que se faz de parvo para ganhar."

Boris Johnson, conservador britânico
Posted by carlos pereira at 20:42:07 | Permanent Link | Comments (0) |

||| Revista LER


Posted by carlos pereira at 18:14:22 | Permanent Link | Comments (0)

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publicado às 17:19


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