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A elogiada paciência dos portugueses perante a austeridade imposta pelo governo é um dos verdadeiros motivos pela situação de desastre económico em que nos encontramos
Antonio Negri, conhecido por Toni Negri, é um pensador e activista italiano. É autor de uma vasta obra em que o pensamento político radical se mistura com a filosofia de Espinosa. Foi dirigente da organização de extrema-esquerda Poder Operário. Esteve preso. É nome cimeiro da corrente marxista autonomista.
Num dos seus muitos livros, Antonio Negri fala de Kairòs, o momento em que Deus toca na história; este filósofo italiano que nasceu em Pádua em 1933 já viu muitas vezes a história ser feita. E pagou o preço por isso. Acusado, por “arrependidos”, de ser o mentor ideológico das Brigadas Vermelhas, esteve preso. A Itália assustada com o terrorismo de extrema-direita e de extrema-esquerda precisava de exorcizar os seus fantasmas, mesmo que isso significasse acusar falsamente. Tem uma vasta obra escrita, em que se destaca, depois da sua libertação da prisão, “O Império”, escrito com o norte-americano Michael Hardt. Esteve em Lisboa para falar de manifestações e dos novos manifestos que aí vêm.
Ler a entrevista aqui por Nuno Ramos de Almeida
Vídeo relativo à presença de Antonio Negri em Outubro de 2011 na Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira
Henrique Granadeiro, presidente não executivo da Portugal Telecom, diz sentir-se "encornado" com a notícia, avançada pelo semanário Sol, de que a PT fazia parte de um alegado plano do Governo de José Sócrates para controlar a Comunicação Social, revela em declarações à Visão.
Mário Crespo cessa colaboração no JN
O jornalista Mário Crespo foi até ontem colaborador de opinião do Jornal de Notícias. Essa colaboração cessou por sua vontade. Acontece que, no domingo à noite, o director do JN o contactou dando-lhe conta das dúvidas que lhe causava o texto que Mário Crespo enviara para publicação no dia seguinte. Basicamente, no entender do director do JN o texto de Mário Crespo não era um simples texto de Opinião mas fazia referências a factos que suscitavam duas ordens de problemas: por um lado necessitavam de confirmação, de que fosse exercido o direito ao contraditório relativamente às pessoas ali citadas; por outro lado, a informação chegara a Mário Crespo por um processo que o JN habitualmente rejeita como prática noticiosa; isto é: o texto era construído a partir de informações que lhe tinham sido fornecidas por alguém que escutara uma conversa num restaurante.
Da conversa entre o director e o colaborador do jornal resultou que este decidiu retirar o texto de publicação e informou que cessava de imediato a sua colaboração com o jornal, o que a Direcção do JN respeita.
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Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”.
O Artigo de opinião de Mário Crespo in "público"
Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.
Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado hoje (1/2/2010) na imprensa.
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"Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil ('um louco') a necessitar de ('ir para o manicómio'). Fui descrito como ‘um profissional impreparado’". […] Definiram-me como "um problema" que teria que ter 'solução'". As frases são de um artigo publicado hoje na página da internet do Instituto Francisco Sá Carneiro e foram escritas pelo jornalista Mário Crespo. De acordo com uma nota de rodapé no artigo em questão, a crónica deveria ter sido hoje publicada na imprensa - Mário Crespo escreve todas as segundas-feiras no Jornal de Notícias -, mas da edição do jornal consta apenas o texto do outro cronista do dia: Honório Novo, deputado do PCP.
No texto, Mário Crespo descreve uma alegada conversa a 26 de janeiro, durante um almoço que reuniu o primeiro-ministro, José Sócrates, o ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, e um "executivo de televisão", na qual terá sido "o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor", afirma, acrescentando que a conversa lhe foi relatada, tendo sido depois confirmada pelo próprio.
"Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): '(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)'", escreve o jornalista, e acrescenta ainda ser considerado pelo governo "um problema que tem que ser solucionado", tal como os casos já testemunhados da jornalista Manuela Moura Guedes, do ex-director da TVI, José Eduardo Moniz, do ex-director do jornal Público, José Manuel Fernandes, e do comentador político da RTP, Marcelo Rebelo de Sousa, todos eles dados como exemplo.
"O 'problema' Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi 'solucionado'. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser 'um problema'. Foi-se o 'problema' que era o diretor do Público. Agora, que o 'problema' Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, […] abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada", sublinha.
Mário Crespo disse entretanto ter suspendido a colaboração com o Jornal de Notícias devido à recusa de publicação do seu artigo, que deveria constar da edição de hoje do jornal diário.
Contactado pelo i, José Leite Pereira, director do JN, recusou fazer qualquer comentário sobre o assunto.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico” ***
O restaurante Buhle, noPorto, está entre os cinco finalistas do concurso “Best New Restaurant”, promovido pela revista Wallpaper, especializada em lifestyle, arte, design, arquitectura e moda.
O Buhle é o único representante português e está a competir com o restaurante DamUm, em Seul, Kaá , São Paulo, Tegui, em Buenos Aires, e o Terzo Piano, Chicago.
Quer saber qual o melhor bar do mundo para navegadores? Pois bem, o Peter - Café Sport, na Horta, Faial, foi o eleito, numa competição que pretende criar uma rede de pontos de referência para os marinheiros nas suas viagens pelo mundo, refere a Lusa.
Nesta primeira edição, o «Peter» - como é vulgarmente conhecido - conquistou o primeiro lugar, deixando em segundo o Royal Hong Kong Yacht Club, enquanto a terceira posição foi conquistada pelo IYAC, em Newport, EUA.
As listas estão na origem da cultura. Fazem parte da história de arte e da literatura. De que precisa a cultura? De tornar o infinito compreensível . Também precisa de criar ordem - nem sempre, mas frequentemente. E, enquanto seres humanos, como enfrentamos o infinito? Como se pode tentar captar o sentido do incompreensível? Por meio de listas, catálogos e colecções em museus, e recorrendo a enciclopédias e dicionários. Há um fascínio em enumerar as mulheres com quem Don Giovanni dormiu: 2063, a acreditar em Lorenzo da Ponte, libretista de Mozart. Também temos listas inteiramente práticas - listas de compras, testamentos, ementas - que são actos culturais por mérito próprio.
A pessoa culta deve ser vista como uma guardiã que tenta impor a ordem nos locais onde predomina o caos?
A lista não destrói a cultura; cria-a. Para onde quer que olhe, na história da cultura, há-de encontrar listas. Com efeito, há uma gama estonteante: listas de santos, de exércitos e plantas medicinais, de tesouros e de títulos de livros. Pense-se na natureza das colecções do século XVI. Aliás, os meus romances estão cheios de listas.
Os contabilistas fazem listas, mas elas também existem nas obras de Homero, James Joyce e Thomas Mann.
Pois. Mas estes, obviamente, não são contabilistas. No "Ulisses", James Joyce descreve o modo como o seu protagonista, Leopold Bloom, abre as gavetas e tudo o que nelas encontra. Eu considero isso uma lista literária, e ela diz muito sobre Bloom. Ou então tomemos Homero, por exemplo. Na "Ilíada", ele tenta dar a noção do tamanho do exército grego. De início, recorre a comparações: "Tal como um grande incêndio de floresta, rugindo no topo de uma montanha, se avista ao longe, assim também, ao marcharem, o brilho das armaduras iluminava o firmamento". Mas não fica satisfeito. Não consegue encontrar uma boa metáfora e, por isso, pede às musas que o ajudem. Então tem a ideia de enumerar muitos, muitos generais e os seus navios.
Mas, ao fazê-lo, não estará a desviar- -se da poesia?
No princípio, pensamos que uma lista é uma coisa primitiva e típica das culturas mais antigas, que não tinham uma concepção exacta do universo e que, portanto, estavam limitadas a enumerar as características a que conseguiam dar nome. Contudo, na história da cultura, as listas continuaram a prevalecer. Não são de modo algum uma mera expressão das culturas primitivas. Na Idade Média já havia uma imagem muito clara do universo e também havia listas. Uma nova mundividência baseada na astronomia dominou a Renascença e a época do Barroco e as listas continuaram a ser usadas. Também na era pós- -moderna as listas têm um papel importantíssimo . Têm uma magia irresistível.
Mas por que razão Homero enumerou todos aqueles guerreiros e navios se sabia que nunca poderia dar nomes a todos?
A obra de Homero toca repetidamente no
topos
do inexprimível. As pessoas fazem sempre isso. Sempre sentimos fascínio pelo espaço infinito, pela interminável série de estrelas e de galáxias. Como se sente uma pessoa quando olha para o céu? Pensa que não tem línguas suficientes que descrevam o que vê. Mesmo assim, as pessoas nunca deixaram de descrever o céu, recorrendo ao simples expediente de enumerarem o que vêem. Com os amantes passa-se o mesmo. Sentem uma deficiência na linguagem, uma falta de palavras que exprimam os seus sentimentos. E será que alguma vez os amantes desistem de o tentar fazer? Fazem listas: os teus olhos são tão belos, a tua boca também, e o teu colo... É possível ser muito pormenorizado.
Porque perdemos tanto tempo a tentar completar coisas que, de um ponto de vista realista, não se podem completar?
Nós temos um limite, um limite muito desanimador e humilhante: a morte. Por isso gostamos de tudo o que para nós não tem limites e que, portanto, não tem fim. É uma fuga que nos distrai de pensar na morte. Gostamos de listas porque não queremos morrer.
Na sua exposição no Louvre também vai expor obras das artes visuais, como naturezas-mortas. Mas essas pinturas têm molduras, ou seja, limites, e não podem representar nada mais do que aquilo que de facto representam.
Pelo contrário, o que nos leva a gostar tanto delas é acreditarmos que conseguimos ver nelas para além disso. Quem contempla uma pintura sente necessidade de abrir a moldura e ver como são as coisas à esquerda e à direita do quadro. Esse tipo de pintura é verdadeiramente como uma lista, um pedaço recortado do infinito.
Porque são essas listas e acumulações tão importantes para si?
As pessoas do Louvre contactaram-me e perguntaram-me se eu gostaria de comissariar uma exposição nesse museu. Pediram-me que apresentasse um programa de actividades. Só a ideia de trabalhar num museu foi suficiente para me atrair. Estive lá sozinho recentemente e senti-me como uma personagem de um romance de Dan Brown. Foi simultaneamente estranho e maravilhoso. Percebi imediatamente que a exposição iria ter como tema central as listas. Porque me interessa tanto esse tema? Não sei bem. Gosto de listas pela mesma razão que outras pessoas gostam de futebol ou de pedofilia. Gostos não se discutem.
Mesmo assim, é famoso por saber explicar as suas paixões ...
...mas não por falar sobre mim. Ora veja, desde os dias de Aristóteles que temos tentado definir as coisas com base na respectiva essência. A definição de homem? Um animal que age de maneira deliberada. Ora, os naturalistas levaram 80 anos a arranjar uma definição para o ornitorrinco. Foi extremamente difícil descrever a essência desse animal. Vive debaixo de água e em terra, põe ovos e, no entanto, é mamífero. E como era essa definição? Era uma lista, uma lista de características.
Seria certamente possível defini-lo se fosse um animal mais convencional.
Talvez, mas será que isso tornaria o animal interessante? Pense num tigre, que a ciência classifica como predador. Como iria uma mãe descrever um tigre ao seu filho pequeno? Provavelmente através de uma lista de características: o tigre é grande, é um felino, amarelo, às riscas, e forte. Só um químico se referiria à água como sendo H2O.
Mas eu digo que é líquida e transparente, que a bebemos e que nos podemos lavar com ela. Agora pode finalmente perceber aquilo de que estou a falar. A lista é a marca de uma sociedade altamente avançada e culta porque nos permite questionar as definições essenciais. A definição essencial é primitiva em comparação com a lista.
Pode parecer que está a dizer que devemos parar de definir as coisas e que haveria vantagem se, em vez disso, as contássemos e enumerássemos.
Pode ser libertador. A idade do Barroco era uma época de listas. De repente, todas as definições eruditas feitas na era precedente deixaram de ser válidas. As pessoas tentaram ver o mundo a partir de uma perspectiva diferente. Galileu revelou novos pormenores sobre a Lua. E, na arte, as definições consagradas foram objectivamente destruídas e a diversidade de temas expandiu-se enormemente. Por exemplo, eu vejo as pinturas do Barroco holandês como listas: as naturezas-mortas com todos aqueles frutos e as imagens de gabinetes de curiosidades opulentos. As listas podem ser anárquicas.
Mas também disse que as listas podem trazer ordem. Quer então dizer que tanto a ordem como a anarquia se aplicam neste caso? Isso tornaria perfeitas para si a internet e as listas criadas pelo motor de pesquisa Google.
Sim, no caso do Google, ambos os conceitos convergem. O Google cria uma lista, mas no momento em que olho para a lista que o Google gerou, ela já mudou. Essas listas podem ser perigosas - não para os adultos como eu, que adquiriram conhecimento de outro modo -, mas para os jovens, para quem o Google é uma tragédia. As escolas deveriam ensinar a arte da discriminação.
Está a dizer que os professores deviam ensinar aos estudantes a diferença entre bom e mau? E, nesse caso, como o fariam?
A educação deveria regressar às estratégias das oficinas da Renascença. Aí, os mestres podiam não ser capazes de explicar aos alunos por que razão uma pintura era boa em termos teóricos, mas faziam-no de maneiras mais práticas. Olha, isto é o aspecto que o teu dedo pode ter e este é aquele que deve ter. Olha, esta é uma boa combinação de cores. A mesma abordagem deveria ser utilizada nas escolas quando se lida com a internet. O professor deveria dizer: "Escolham qualquer assunto: a história da Alemanha ou a vida das formigas. Pesquisem em 25 páginas web diferentes, comparando-as, e tentem descobrir qual tem informação importante e pertinente". Se dez páginas disserem a mesma coisa, pode ser sinal de que essa informação está correcta. Mas isso também pode acontecer porque alguns sites se limitaram a copiar os erros dos outros.
Quanto a si, é mais provável que trabalhe com livros; tem uma biblioteca de 30 mil volumes. Provavelmente não funciona sem uma lista ou catálogo.
Receio bem que, nesta altura, já sejam 50 mil livros. Quando a minha secretária os quis catalogar, pedi-lhe que não o fizesse. Os meus interesses mudam constantemente, tal como a minha biblioteca. A propósito, se os nossos interesses mudarem constantemente, a nossa biblioteca dirá algo de diferente sobre nós. Além disso, mesmo sem um catálogo, vejo-me forçado a lembrar-me dos meus livros. Tenho uma sala para literatura com 70 metros de comprimento. Percorro-a várias vezes por dia e sinto--me bem quando o faço. Cultura não é saber quando morreu Napoleão. Cultura significa saber como vou descobrir isso em dois minutos. Claro que, hoje em dia, posso encontrar esse tipo de informação na internet em menos de um ai. Mas, como disse, com a internet nunca se sabe.
Incluiu uma lista simpática feita pelo filósofo francês Roland Barthes no seu novo livro, "A Vertigem das Listas". Ele enumera as coisas de que gosta e as de que não gosta. Gosta de salada, de canela, de queijo e de especiarias. Não gosta de ciclistas, de mulheres de calças compridas, de gerânios, de morangos e de harpa. E o senhor?
Eu seria louco se respondesse; significaria rotular-me. Fiquei fascinado com Stendhal aos 13 anos e com Thomas Mann aos 15 e, aos 16, adorava Chopin. A seguir, passei a vida a tentar conhecer o resto. Neste momento, Chopin voltou a estar no topo da lista. Quando interagimos com as coisas da nossa vida, tudo muda. Se nada mudar, somos idiotas.
"Novos tempos, novos desafios, novas ideias." O fundador e militante número um do PSD, Francisco Pinto Balsemão, correspondeu ontem ao mote da primeira edição do Ciclo de Encontros organizados pelo Instituto Francisco Sá Carneiro. O objectivo era reflectir sobre o futuro do PSD e o discurso de Balsemão foi contundente. Criticou a "acomodação" do partido, apontou baterias à falta de clareza na sua "identidade ideológica" e lançou o alerta: "Temos de sair deste impasse, sob pena de caminharmos para um lento suicídio."
As propostas do militante mais antigo do PSD tiveram como ponto de partida a necessidade de "inverter o pessimismo" e "acabar com a resignação, lamúria e desgraça que só ajudam os coveiros". Nomeadamente os que diz existirem "dentro do partido", embora se tenha recusado a nomeá-los durante o seu discurso no Hotel Tivoli.
Sublinhando a urgência de recuperar o cariz "reformista e interclassista" do PSD, Francisco Pinto Balsemão propôs também o equilíbrio entre a responsabilidade da sociedade civil nas "tarefas de desenvolvimento social, cultural, ambiental e até económico" e as responsabilidade do Estado em áreas como a defesa nacional, a polícia ou a justiça. Mas lançou também as bases para uma agenda mais "tolerante e aberta" no partido: com particular enfoque na legalização da droga e no casamento homossexual.
"Devíamos ser um partido capaz de antecipar e apreender as novas realidades sociais, de não ser conservador e de mobilizar os sectores mais dinâmicos da sociedade para as enfrentar e absorver, sejam elas as emissões excessivas de CO2, a legalização da droga ou o casamento dos homossexuais", sugeriu Balsemão.
Defensor da imposição de rankings anuais para "as actividades mais relevantes", o fundador do PSD aplaudiu a lógica da avaliação em sectores como as escolas, universidades, hospitais, esquadras de polícia, tribunais ou misericórdias. "Sem se premiar o mérito e punir o demérito, a sociedade não progride", apontou. Sobre as "grandes, urgentes e imperiosas" reformas da Justiça, Educação, Saúde e Administração Pública - e também sobre a mudança da lei eleitoral para um sistema misto de representação proporcional e uninominal -, Balsemão defendeu que o PSD só deve abordar esses dossiês se a iniciativa assentar "em pactos de fundo ou acordos de regime" subscritos pelo "maior número possível de partidos, por um prazo superior a duas legislaturas".
O primeiro encontro deste ciclo organizado pelo Instituto Francisco Sá Carneiro contou ainda com a participação do antigo director do "Público", José Manuel Fernandes, e do jurista Miguel Morgado como oradores.
In Jornal "i"
O facto é pouco conhecido. Entre 1957 e 1959, o artista pop Andy Warhol, então com cerca de 30 anos, ilustrou o clássico da literatura infantil "The Little Red Hen".
O conjunto de desenhos vai agora a leilão, dia 9 de dezembro, em Nova Iorque. As peças não estão sozinhas. Fazem parte de um total de 365 livros e ilustrações originais.
Entre as peças mais cobiçadas estão a correspondência entre o autor Roald Dahl ("O Fantástico Mr. Fox", "Charlie e a Fábrica de Chocolates") e o editor Alfred A. Knopf, com um preço indicativo entre os 675 e os 1025 euros.
Vai estar também à venda uma edição rara do primeiro livro de Maurice Sendak, "Gabbos". O norte-americano é o autor de "O Sítio das Coisas Selvagens", adaptado ao cinema por Spike Jonze e com estreia marcada para 2010.
Pode ver
uma fotogaleria com todas as ilustrações de Warhol para "The Little Red Hen"
O Breyner 85 é um dos lugares mais originais do Porto: é simultaneamente bar, escola de música, estúdio de gravação, galeria de arte e, em breve, loja de instrumentos. Uma bela surpresa.
Com o tempo, o Porto tem vindo a encaixar no seu puzzle mental a Casa da Música. Se, por um lado, chamou a atenção dos portuenses para o sector e os fez perceber que, afinal, já antes do meteorito da Rotunda da Boavista havia pequenas grandes ideias de apoio à actividade musical postas em prática (como a do reciclado centro comercial Stop, autêntico viveiro de bandas), por outro o carácter messiânico que lhe foi atribuído ampliou a evidência das suas lacunas e dos erros ali cometidos. Até hoje, o edifício de Koolhaas tem sido uma espécie de Algarve do tempo em que este sobrestimava os estrangeiros e desprezava os portugueses.
Ora, isto produz efeitos colaterais. Para o caso, que já se dirá qual é, pensemos apenas num positivo: o fazer música, que antes era uma espécie de dado adquirido, como se as coisas caíssem do céu, subiu à esfera do interesse social. E passou a ser possível viabilizar ideias comerciais que juntam o útil de apoiar quem faz ao agradável de servir quem assiste. E até, por vezes, promover a troca de papéis entre uns e outros. Eis-nos chegados ao caso: o Breyner 85.
O nome, desde logo, indica-nos que antes de ser um caso era uma casa. Lindíssima. Construída em 1906, na Rua do Breyner, alguns dos seus tectos são originais de Aurélia de Sousa. Tem quatro pisos. O de baixo, que é a cave, e o de cima, que é bem mais do que um sótão, são os de menor pé direito e os que mais se adequam às funções para eles designadas: estúdio e escola de música, respectivamente. Naquele ensaia-se e grava-se, nesta aprende-se. O rés-do-chão, digamos assim, é o núcleo duro do edifício, com o bar central, a varanda para o enorme jardim/esplanada/palco de concertos (à cota da cave) e ainda uma sala ampla que, a partir de Setembro, funcionará como loja de instrumentos. Por fim, o primeiro andar, onde se pode fumar, engloba uma galeria de arte, um palco para projectos mais portáteis ou experimentais e uma sala pequena de convívio, munida de bar.
Rui Pina e David Fialho, autores do conceito e parceiros na gestão da casa, quiseram corporizar a sua visão da música, enquanto circuito que, como o curso de um rio, tem uma nascente e uma foz. Não se trata aqui, porém, da foz do Douro. Estamos em plena nova Baixa, junto à Miguel Bombarda (rua das galerias) e a Cedofeita (cada vez mais a recuperar o seu antigo estatuto no comércio) e perto dos Clérigos (zona que parece tocada por Midas), um outro rio que, de charco, após alguém ter atirado a primeira pedra, virou onda.
A vida diária do Breyner 85 vai das duas da tarde às duas da manhã, com aulas (que variam do regime livre a cursos certificados por prestigiadas instituições britânicas), ensaios, gravação de discos, música ambiente, copos, concertos dentro e fora de casa, exposições, venda de instrumentos, sessões de poesia, tertúlias filosóficas e o mais que haja. As sextas e os sábados estendem-se pela noite, até às 4h00, "e com gente de todas as idades", como sublinha Beatriz Bastos, um dos rostos da mansão, cujas portas abriram apenas em Janeiro deste ano. É, pois, de saudar mais um exemplo do renascimento criativo do Porto. Uma caixinha de música.
Morada: Rua do Breyner, n.º 85, Porto
Horário: quarta, quinta e domingo, das 14h00 às 2h00; sexta e sábado, das 14h00 às 4h00. Fecha segundas e terças.
Telefone: 226 109 760
Maria Filomena Mónica diz que com a idade está a perder a raiva, porque a raiva cansa muito. Mas continua a fazer e a dizer tudo o que lhe apetece.
Maria Filomena Mónica, em entrevista ao "i", conversa sobre Eça de Queirós
Taleb diz que crises haverá sempre, mas que se pode trabalhar para evitar grandes impactos no futuro. Destruir o sistema bancário, por exemplo.
Corrosivo, stressado, agressivo no discurso, mas cordial. Nassim Teleb, filósofo natural do Líbano, cidadão dos Estados Unidos, já foi corretor de bolsa. Chegou ontem a Lisboa. Falou sobre os males da ordem política e económica mundial. Diz-se conservador, chama nomes aos professores de Harvard, tem pouca fé na humanidade. Diz que ninguém no poder o ouve. Está pessimista porque errar é humano. E cometer erros fatais, como os que levaram a esta crise, também.
"Pacheco Pereira é a loira do PSD"
In Jornal "I", 20 de junho 2009, entrevista a Luís Filipe Menezes