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#2237 - UM A MENOS

por Carlos Pereira \foleirices, em 25.03.17

 LEONARDO MARONA

 

UM A MENOS

 

por ora os abutres sobrevoam

a lagoa fetal e, muito em breve já munidos

com as devidas garras de enxofre,

eles darão o rasante metálico

e tudo isso será apenas uma história,

um mito, um-terá-alguma-vez-acontecido,

mas os amantes estarão esfarelados

em suas carnes antigas, abraçados numa confusão pagã

a carne nova estará no balcão vermelho dos negócios de feira,

as breves frases delicadas ter-se-ão tornado

bustos pesados de paz em vírus.

 

a galope o pequeno órgão ratifica

a vaga culpa, estamos nus sob um sol desdenhoso,

não há realmente porque falar sobre isso com ninguém.

as salas minúsuculas e os alquimistas calvos

afunilaram o ambiente com paciência e muito ânimo.

serás processado, triturado e lançado ao acaso

em tua própria tendência succínica, e não será possível

abrir mão deste silêncio como osso tranca-traqueia,

ainda nem uma cabeça, um todo

germinal que no entanto pulsa.

 

a morte da grécia está nas ruas

e já não poderei vê-la porque a partir de agora

os olhos forçam para dentro as mágoas,

as covas rasas se alinham ao ventre,

não há realmente porque falar sobre isso com ninguém.

entende-se que a morte do pai reaproxima o par,

pois que assim seja, saberemos renunciar

a qualquer passado por uma nova vida, daremos

as mãos em nosso pior inverno, riremos como clowns

e poderemos até assaltar um banco, costuraremos

as máscaras dos sorrisos heróicos e caminharemos

com um pedaço a menos, adiante.

 

Poema do poeta brasileiro Leonardo Marona

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publicado às 19:46


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