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#1826 - Leitura de outros blogs

por Carlos Pereira \foleirices, em 31.01.13

Somos todos iguais, disse o banqueiro


 

 

Há algo de delirante em muito do que acontece hoje, naquilo que nos é apresentado como notícia, e nos actores dessas notícias, como se vivêssemos num estado perpetuamente febril e nesse estado ajuizássemos a normalidade do mundo.

Só num cenário de delírio, e de delírio colectivo, se poderia apresentar o responsável por uma empresa que acaba de auferir pouco mais de 249 milhões de euros de lucro (no mesmo ano em que apresentou um pedido de ajuda ao Estado de 1.5 mil milhões de euros) e afirmar o que afirmou:

Se os gregos aguentam uma queda do PIB de 25% os portugueses não aguentariam porquê? Somos todos iguais, ou não? Se você andar aí na rua e infelizmente encontramos pessoas que são sem-abrigo, isso não lhe pode acontecer a si ou a mim porquê? Isso também nos pode acontecer. E se aquelas pessoas que nós vemos ali na rua, nessa situação e a sofrer tanto aguentam porque é que nós não aguentamos”

Já sabem que quem proferiu estas declarações foi Fernando Ulrich, presidente do BPI e criador do mantra “ai aguenta, aguenta” que a elite nacional vem repetindo com fervor crescente. Esta evocação dos gregos e dos sem-abrigo como exemplo, supõe-se que de estoicismo e resiliência, é insultuosa e este ainda é o adjectivo mais manso que me ocorre.

Ulrich está muito, mas mesmo muito longe de sentir empatia seja pelos gregos seja pelas pessoas sem-abrigo e quem tiver dúvidas disto pode ir ver as imagens das declarações, que não é preciso ser especialista em comunicação não-verbal para percebê-lo. Citá-los porque lhe dá jeito não é reconhecê-los como gente, é só mais uma forma de reduzi-los a parte da casuística do desastre económico, danos colaterais sem maior transcendência.

Enfiar-se a si mesmo nos seus argumentos como alguém a quem, em teoria, a crise poderia afectar, é um recurso manco. Porque não podem estar no mesmo plano a possibilidade remota de Ulrich vir a ser um sem-abrigo e os factos concretizados da Grécia ter sofrido uma redução de 25% do PIB e de que quase um milhão de portugueses esteja desempregado.

Não é igualmente delirante que possamos ouvir da boca de um banqueiro a frase, que infelizmente não lhe vai servir de mantra, “somos todos iguais, ou não?”, quando o que mais tem mercado a situação económica e social actual é o aprofundamento das desigualdades, e sendo a banca de longe o sector mais privilegiado?

É ou não delirante, para não dizer filho da puta, que se apele ao estoicismo e ao sacrifício, citando como exemplo quem dorme nas ruas, quando se apresentam resultados de 249 milhões de euros de lucro?

E que se remate tudo com a cínica pergunta: “Somos todos iguais ou não?”


Post retirado do blog "AVENTAR"

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publicado às 20:21


#1825 - COSTA BOOK OF THE YEAR

por Carlos Pereira \foleirices, em 31.01.13


BRING UP THE BODIES BY HILARY MANTEL NAMED 2012 COSTA BOOK OF THE YEAR

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publicado às 18:33


#1824 - Billie Holiday - I'm A Fool To Want You

por Carlos Pereira \foleirices, em 27.01.13

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publicado às 21:53


#1823 - Billie Holiday - Strange Fruit

por Carlos Pereira \foleirices, em 27.01.13

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publicado às 21:49


#1822 - Lana Del Rey - Born To Die (Acoustic)

por Carlos Pereira \foleirices, em 26.01.13

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publicado às 18:39


#1821 - Obra revisitada

por Carlos Pereira \foleirices, em 23.01.13

 

Confira entrevista com o colombiano Jerónimo Pizarro, que é um dos maiores conhecedores de Fernando Pessoa na atualidade. Nos últimos anos, ele se dedicou ao estudo do espólio do autor português e descobriu alguns inéditos.

 

O guardador de livros de Pessoa

“Ele é como aquele personagem do Humberto Eco. É capaz de andar de olhos fechados na biblioteca e não se perder. Domina como ninguém o espólio.” A frase de Antonio Cardiello sobre Jerónimo Pizarro define bastante bem a posição alcançada pelo pesquisador colombiano no universo da pesquisa sobre Fernando Pessoa. Em 2003, quando começou a estudar os milhares de folhas deixados pelo poeta, Pizarro ficou tão encantado que praticamente morava na Biblioteca Nacional de Lisboa. Os muitos anos debruçados sobre os papéis na tarefa quase detetivesca de compreender sinais gráficos, montar quebra-cabeças que faziam de folhas soltas um conjunto, procurar relações entre documentos, fez do jovem pesquisador um dos maiores conhecedores na atualidade da obra de Pessoa. Organizado e metódico, conseguiu reunir um grupo de investigadores e revolucionar os estudos acadêmicos sobre o autor. Além disso, com o apoio de uma editora, levou ao grande público esses achados.

 

Agora, de volta à Colômbia para comandar uma cátedra que leva o nome do poeta, o acadêmico tem por objetivo disseminar a cultura portuguesa e tornar cada vez mais conhecido, também em castelhano, o nome de Fernando Pessoa.

Leia a entrevista que Jerónimo Pizarro concedeu à BRAVO!.

 

Bravo!: Qual o critério que vocês têm para publicar Fernando Pessoa. Todos os papéis deixados por ele são considerados “publicáveis”? Como funciona a seleção?

 

Jerónimo Pizarro: Consideramos que essa seleção [entre publicável e não publicável] deve ser aplicada daqui a 40, 50 anos, não agora, quando ainda desconhecemos a maior parte desse material. Admito critérios mais rígidos, ontológicos, no futuro. Quando tivermos uma visão do conjunto, fará muito sentido começar a limitar. Mas fazê-lo de maneira subjetiva, individual, é muito difícil. Até porque o que pode ser interessante para mim pode não ser para outra pessoa. E se fizéssemos assim, atingiríamos um público mais restrito, faríamos um trabalho menos completo. E acabaríamos por dar muita seriedade aos nossos juízos. Acho que temos que suspender os nossos juízos para que outras pessoas, mais tarde, com uma visão diferente das nossas, possam construir uma obra mais seleta.

 

Bravo!: Você tem a impressão de que Pessoa sabia que um dia grupos de investigadores como vocês se debruçariam sobre o espólio e publicariam esse material?

 

JP: Acho que o Pessoa sabia que a posteridade estava a sua espera, mesmo com algumas frustrações de não reconhecimento em vida. Sabia que estava a deixar alguma coisa quase armada, que são as arcas, para a posteridade. Sabia que sua vida dependia do que fosse a sua existência futura, ainda que não soubesse qual seria ela. Imaginava que sua obra, e o que tinha deixado arquivado durante anos, ia continuar a construir essa figura que ele próprio tinha construído em vida.

 

Bravo!: Ele deixou pistas para facilitar a vida de quem viria fazer esse trabalho?

 

JP: Praticamente não. Algumas pistas, mas mínimas. Acho que parte da brincadeira era deixar esse labirinto, não era deixar uma coisa já preparada. Então seria muito fácil, se tivesse deixado um mapa, instruções, seria só armar o que estava. Seria menos vanguardista, menos do seu tempo. O que muitos modernistas fizeram, tipo [James] Joyce e Pessoa, foi deixar uma coisa complexa para mais tarde porque, se as pessoas se perderem no caminho e ficarem cativadas por algo misterioso – e há muito mistério nessas arcas –, ficam presas durante muito mais tempo. Se as arcas tivessem instruções, acho que teríamos nos desinteressado muito tempo atrás.

 

Bravo!: É coincidência que tantos estrangeiros estejam estudando e publicando Pessoa?

 

JP: Acho que o que está a acontecer com grande parte da cultura e literatura portuguesa, e não só agora, se calhar há muitos séculos, é que ela atrai pessoas de todo o mundo. Lembro-me de umas palavras de Antero de Quental [escritor e poeta português do século 19] a afirmar que alguns autores portugueses estavam a ser estudados por pessoas vindas de fora. Pessoa, neste momento, é um dos motivos que estão a atrair mais interessados na cultura portuguesa.

 

Bravo!: O cálculo de vocês é de que cerca de 10 mil folhas deixadas por Pessoa, mais ou menos 30% do espólio, ainda não foram publicadas. É possível prever quanto mais de trabalho e quantos anos ainda serão necessários para conhecermos tudo?

 

JP: Sei que posso ter 40 anos mais de trabalho e não vou concluir, e podia ter 80 ou 120, e não iria concluir. E nem sequer posso muito bem imaginar como seria a conclusão. Penso em um caso com Dante Alighieri, que continuamos a pensar a Divina Comédia a escrever sobre ela. Não é só a questão de editar Fernando Pessoa, que vai continuar a ser editado durante séculos. A questão é que não há uma única maneira de editar pessoa. O Livro do Desassossego é paradigmático nesse ponto. Da mesma maneira, podemos continuar a armar muitos livros mais.

 

Bravo!: Como funciona o trabalho entre esse grupo chefiado por você? Trabalham sempre em equipe, trabalham só...

 

JP: Há uma parte que terá que ser sempre solitária, de transcrever certos manuscritos, percorrer os papéis, ler certos livros. Mas depois há uma parte coletiva, de discutir certas leituras, de discutir textos e livros que estão a ser preparados. E é uma dimensão coletiva que está em crescimento, e a única maneira que acho que faz sentido existir uma “equipe” para editar Pessoa.

 

Bravo!: Ouvi você dizer que se pesquisa pouco no espólio, que não se vai à fonte primária. Por quê?

 

JP: É um defeito das universidades. Estão muito acostumadas com a uma visão do texto como uma entidade abstrata, uma análise do texto que esquece os condicionamentos materiais. A internet e a digitalização dos arquivos vão tornar mais simples uma consciência necessária da existência material dos textos. Temos que regressar aos textos, e não só ler o que já lemos, mas perceber que os textos costumam ser um percurso, que não é uma coisa imediata. Estamos a trabalhar com um produto final e esquecer a história que está por trás, e para mim são tão importantes o texto em si e a sua análise quanto a história do texto. É muito mais complexo, interessante, e acho que pode ser uma das maneiras para sairmos da crise das humanidades.

 

REVISTA "BRAVO"

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publicado às 19:26


#1820 - Os ventos que sopram a Oriente, com muito amor!

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.01.13

Ministro japonês diz que idosos doentes devem “morrer rapidamente” para o bem da economia

 

 

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publicado às 20:31


#1819 - Melanie Safka - The Saddest Thing

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.01.13

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publicado às 01:25


#1818 - Jacques Brel - Voir un ami pleurer

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.01.13

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publicado às 01:10


#1817 - Mireille Mathieu & Charles Aznavour - Une vie d'amour

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.01.13

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publicado às 23:57


#1816 - RY COODER

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.01.13

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publicado às 23:44


#1815 - Charlie Musselwhite w/ Richard Bargel

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.01.13

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publicado às 23:39


#1814 - The Kinks - LOLA

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.01.13

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publicado às 23:23


#1813 - Johnny Cash - The first time ever I saw your face

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.01.13

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publicado às 23:18


#1812 - Johnny Cash - Hurt

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.01.13

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publicado às 23:13


#1811 - Jonjo Feather - Paper Mache Stars

por Carlos Pereira \foleirices, em 19.01.13

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publicado às 23:55


#1810 - Grouper - Vital

por Carlos Pereira \foleirices, em 19.01.13

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publicado às 23:52


#1809 - O Estado social

por Carlos Pereira \foleirices, em 16.01.13

VIRIATO SORMENHO-MARQUES



Encerra hoje, em Lisboa, uma conferência sobre a reforma do Estado. Já se sabe o que em português corrente isso significa: trata-se de perguntar onde é que o nosso débil "Estado social" pode ser (ainda mais) sangrado para se atingir o desiderato de reduzir quatro mil milhões de euros na despesa.

 

A hostilidade deste Governo contra as políticas públicas de proteção social assenta em duas premissas ideológicas, totalmente erradas.

A primeira consiste em acreditar que o Estado social nasceu de uma posição política de esquerda. A segunda assenta na ideia de que só em períodos de crescimento se poderá consentir no "luxo" de políticas sociais.

 

A história - essa dimensão do conhecimento esquecida por quem hoje manda na Europa - ensina-nos o contrário.

 

O Estado social moderno nasceu com o chanceler Bismarck, numa Alemanha recentemente unificada. Bismarck era profundamente hostil a tudo o que cheirasse a "socialismo", mas integrou a classe operária alemã no contrato social através da Lei dos Seguros de Saúde (1883), da Lei do Seguro de Acidentes de Trabalho (1884), da Lei do Seguro de Velhice e Invalidez (1889).

 

A segunda premissa também está errada. O impulso para o Estado social foi dado no meio das ruínas da Grande Depressão dos anos 30, com altos níveis de desemprego e a queda brutal do PIB. Foi em 1933 que Salazar lançou o Estatuto do Trabalho Nacional. Foi em 1935 que Roosevelt fez aprovar o Social Security Act. Foi em 1936 que, na França governada por Léon Blum, os trabalhadores tiveram férias pagas e na Suécia se efetuou o grande acordo entre patronato e sindicatos que ainda hoje explica como esse país se tornou um farol de civilização. Mas numa conferência inaugurada por Carlos Moedas seria demasiado pedir que os factos contassem para alguma coisa.




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publicado às 19:06


#1808 - Jason Lytle - "Somewhere There's A Someone"

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.01.13

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publicado às 19:18


#1807 - I am Oak - Horizons

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.01.13

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publicado às 19:14


#1806 - Quando o FMI fabrica a miséria

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.01.13

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publicado às 18:18

 

Antonio Muñoz Molina ha sido el escritor elegido por el jurado para recibir este año el prestigioso premio de Literatura de Jerusalén. Se trata de un galardón que se entrega cada dos años y que recientemente han recibido autores como Ian McEwan, Haruki Murakami o J.M. Coetzee. El otro español galardonado en Jerusalén fue Jorge Semprún en 1997.

 

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publicado às 18:24


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