Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




O escritor moçambicano Mia Couto manifestou-se hoje honrado e comovido com a receção do Prémio Eduardo Lourenço 2011, no valor de 10 mil euros, atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI), com sede na Guarda.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 20:54


#1679 - Questões de semântica

por Carlos Pereira \foleirices, em 26.04.12

"Um rato pequeno deu de caras com um gato enorme no meio de um sótão e foi por ele perseguido, sem conseguir encontrar escapatória, até ficar encurralado numa esquina. A tremer, o rato disse-lhe: "Por favor, senhor Gato, não me coma. Tenho de voltar para a minha família. Os meus filhos estão à minha espera, cheiinhos de fome. Peço-lhe por tudo que me deixe partir." Respondeu-lhe o gato: "Não te preocupes, pois não está nos meus planos comer-te. Para ser honesto, ainda que não ande para aí a gritá-lo aos quatro ventos, sou vegetariano. Não consumo qualquer espécie de carne. Foi uma sorte teres topado comigo por acaso." Ao que o rato lhe respondeu: "Ah que dia maravilhoso! Que rato mais sortudo que eu sou, por ter encontrado no meu caminho um gato vegetariano!" Palavras não eram ditas e, no segundo seguinte, o gato saltou para cima do rato, fincou-lhe as garras e imobilizou-o, cravando-lhe em seguida os dentes afiados no pescoço. O rato, agonizante, perguntou então ao gato, com as últimas forças que lhe restavam: "Mas o senhor Gato não me tinha dito que era vegetariano e que não costumava comer carne? Estava a mentir?" O gato, lambendo os beiços, disse: "É verdade que não como carne. Não estava a mentir. Por isso, vou levar-te na boca, para minha casa, e trocar-te por uma alface." (...)

 

Haruki Murakami, IQ84-2.º Volume

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 21:47


#1678 - Censura

por Carlos Pereira \foleirices, em 25.04.12

O risco rasga a palavra

aniquila o seu sentido e

ouve-se o riso sarcástico 

do lápis, de cor azul,

desdenhar a 

liberdade

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tags:

publicado às 19:43


#1677 - Em vez de flores

por Carlos Pereira \foleirices, em 25.04.12

 Henri Matisse

 

A ponte serve

para atravessar

o rio, pois

não sou peixe nem barco tenho,

apenas o irresistível desejo

de te oferecer

um beijo.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 19:06


#1676 - Notícias do bloqueio

por Carlos Pereira \foleirices, em 25.04.12

 

NOTÍCIAS DO BLOQUEIO

 

Aproveito a tua neutralidade,

o teu rosto oval, a tua beleza clara,

para enviar notícias do bloqueio

aos que no continente esperam ansiosos.

 

Tu lhes dirás do coração o que sofremos

nos dias que embranquecem os cabelos...

tu lhes dirás a comoção e as palavras

que prendemos - contrabando - aos teus cabelos.

 

Tu lhes dirás o nosso ódio construído,

sustentando a defesa à nossa volta

- único acolchoado para a noite

florescida de fome e de tristezas.

 

Tua neutralidade passará

por sobre a barreira alfandegária

e a tua mala levará fotografias,

um mapa, duas cartas, uma lágrima...

 

Dirás como trabalhamos em silêncio,

como comemos silêncio, bebemos

silêncio, nadamos e morremos

feridos de silêncio duro e violento.

 

Vai pois e notocia com um archote

aos que encontrares de fora das muralhas

o mundo em que nos vemos, poesia

massacrada e medos à ilharga.

 

Vai pois e conta nos jornais diários

ou escreve com ácido nas paredes

o que viste, o que sabes, o que eu disse

entre dois bombardeamentos já esperados.

 

Mas diz-lhes que se mantém indevassável

o segredo das torres que nos erguem,

e suspensas delas uma flor em lume

grita o seu nome incandescente e puro.

 

Diz-lhes que se resiste na cidade

desfigurada por feridas de granadas

e enquanto a água e os víveres escasseiam

aumenta a raiva

 e a esperança reproduz-se

 

 

Poema de Egito Gonçalves (1920-2001) 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 17:22


#1675 - A importância da memória

por Carlos Pereira \foleirices, em 25.04.12

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 16:52


#1674 -

por Carlos Pereira \foleirices, em 24.04.12

 

"Um dia em que Valéry se sentia aborrecido, aproximou-se da janela e, com o olhar perdido na transparência de uma vidraça, perguntou: «Qual é a maneira de ocultar um homem?» Gide estava presente; desconcertado por este laconismo estudado, calou-se. Contudo, as respostas não faltavam: todos os meios são bons, desde a miséria e a fome até aos jantares solicitados, desde a Cadeia Central até à Academia. Mas estes dois burgueses muito famosos tinham boa opinião sobre si próprios; lavavam e enfeitavam todos os dias, publicamente, as suas almas gémeas e acreditavam revelarem-se, na sua nua verdade; quando morreram muito tempo depois, um melancólico, outro contente, ambos na ignorância, nem sequer tinham escutado a jovem voz que gritava para nós todos, seus sobrinhozinhos: «Onde se ocultou o homem? Nós sufocamos; desde a infância, mutilam-nos; não há senão monstros!» (...)

 

Excerto de um texto de Jean-Paul Sartre que serve de prefácio ao livro de Paul Nizan "Aden-Arábia", editado em 1967 pela Editorial Estampa

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 18:44


#1673 - Julia Holter - Moni Mon Amie [OFFICIAL VIDEO]

por Carlos Pereira \foleirices, em 24.04.12

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 18:34


#1672 - LOCUS SOLUS. IMPRESSÕES DE RAYMOND ROUSSEL

por Carlos Pereira \foleirices, em 24.04.12

 

24 MAR - 01 JUL 2012 - MUSEU

 

O Museu de Serralves, em parceria com o Museu Reina Sofia (Madrid), apresenta a primeira grande exposição sobre a figura do poeta, dramaturgo e romancista francês Raymond Roussel (Paris, 1877 – Palermo, 1933). A mostra, intitulada Locus Solus. Impressões de Raymond Roussel, sublinha a enorme influência que Roussel exerceu em criadores contemporâneos, oriundos tanto do campo da literatura quanto das artes visuais.

A exposição é composta de aproximadamente trezentas peças, entre pinturas, fotografias, esculturas, ready mades, instalações e vídeos, para além de livros, documentos, revistas e manuscritos originais – suportes através dos quais se reflectirá sobre a influência de Roussel em alguns movimentos de vanguarda, especialmente no surrealimo. Alguns dos reconhecidos artistas com obras na exposição são, entre outros, Marcel Duchamp, Francis Picabia, Max Ernst, Salvador Dalí, Jean Tinguely, Joseph Cornell, Rodney Graham, Marcel Broodthaers, Man Ray, Roberto Matta, Guy de Cointet, Ree Morton, Terry Fox, Cristina Iglesias e Francisco Tropa.    

Comissariado: Manuel J. Borja-Villel, João Fernandes, François Piron 
Com a participação de: Guy Schranen
Co-produção: Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía e Museu de Arte Contemporânea de Serralves

Conheça AQUI o Programa paralelo a esta exposição, com teatro, performance e conversa.

 

In "Museu de Serralves"

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 17:32


#1671 - Poemas de Albano Martins

por Carlos Pereira \foleirices, em 23.04.12

 

 

ASAS QUE FOSSEM

 

Asas que fossem, tuas

mãos podiam

tocar a íntima

nervura do silêncio

 

 

ASFIXIA

 

Que árvore

tão alta

morre

asfixiada

no teu sangue?

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 17:37


#1670 - Questões de semântica

por Carlos Pereira \foleirices, em 22.04.12

As palavras saem mudas porque o ouvido é surdo, e a boca não sabe repetir o que o corpo não ouve.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 18:19


#1669 - Soneto

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.04.12

 

SONETO

 

 

E quando eu era um príncipe e andava entre os rebanhos,

e só havia a pressa do bonde e da guitarra,

eu ia para a escola montado num carneiro,

o pássaro do sonho pousado no meu ombro.

 

E passavam por mim, a conduzir os jumentos,

aguadeiros descalços, franzinos, remelentos,

e a dor que deles tinha, ensolarada no corpo,

eu a via queimar-se no fogão da cozinha,

 

nas guelras dos pescados, na rouquidão espessa

do grito das galinhas, no retesar da corda

que prendia os cabritos, os asnos e os soinhos.

 

Mas não a imaginava nesta adulta tristeza

e que vestiram de amor, como se não bastasse

que a ave no meu ombro me bicasse as orelhas.

 

Poema de Alberto da Costa e Silva

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 22:40


#1668 - Great Lake Swimmers - Quiet Your Mind (2012)

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.04.12

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 18:15


#1667 - Sleep Party People - Everything Has An End

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.04.12

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 18:02


#1666 - Questões de semântica

por Carlos Pereira \foleirices, em 21.04.12

É minha convicção que este governo apenas governa entre rumores e murmúrios. 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 14:33


#1665 - Questões de semântica

por Carlos Pereira \foleirices, em 20.04.12

Primeiro vêm as palavras fortes ditas com convicção e fortemente amarradas em verdades que parecem ser honestas, apesar das discórdias que provocam naqueles que pensam outras verdades. Depois, vêm outras palavras que contradizem  as outras ditas, e provocam em nós arrepios de febres antigas. É o costume, dizemos nós, já habituados a tanto despudor e a que olhem para nós como se fossemos excrementos de merda humana.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 13:12


#1664 - Clarice Lispector > Domingo no cais do porto

por Carlos Pereira \foleirices, em 19.04.12

Oswaldo Goeldi, Mar Calmo, circa 1937, xilogravura a cores, sem numeração, 20,5 x 27,4cm, Coleção Frederico Mendes de Moraes.

 

Tanto sol, preso ao chão como se nascesse dele. O mar, a barriga do mar, calada, arquejante. Os peixes em domingo, volteando rapidamente as caudas e serenos continuando a abrir caminho. Um navio parado. Domingo. Os marinheiros passeando pelo cais, pela praça. Um vestido cor-de-rosa aparecendo e desaparecendo numa esquina. As árvores cristalizadas em domingo, -domingo é qualquer coisa como árvores de Natal- brilhando silenciosas, contendo, assim, assim, a respiração. Um homem passando com uma mulher de vestido novo. O homem quer não ser nada, anda ao lado dela olhando-a quase de frente, indagando, indagando: diga, mande, pise. Ela não respondendo, sorrindo, puro domingo.

 

Satisfação, satisfação. Pura tristeza sem mágoa. Tristeza que parece vir de trás da mulher de cor-de-rosa. Tristeza de domingo no cais do porto, os marinheiros emprestados à terra. Essa tristeza leve é a constatação de viver. Como não se sabe de que modo usar esse conhecimento súbito, vem a tristeza.

 

LISPECTOR, Clarice. Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p.169. IN 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 19:42


#1663 - CECILIA PAREDES: ARTE À FLOR DA PELE

por Carlos Pereira \foleirices, em 19.04.12

No cinema e na fotografia a pele é muito mais do que "o maior órgão do corpo humano". Para além de definições de anatomia e fisiologia engessadas pela ciência, a pele reivindica e assume o status de “meio e suporte” das artes visuais. Isso de certa forma confirma a tal frase: “tudo depende do ponto de vista do observador”. Feita a corruptela do postulado de Einstein em sua teoria da relatividade, vamos ao que interessa, ou seja, vamos ao ponto de vista da sétima arte.

camuflagem, cecilia, corpo, mimetismo, paredes, pele, pintura
© Cecilia Paredes.

No instigante filme O Livro de Cabeceira (The Pillow Book), a pele (e por extensão o corpo) literalmente serviu de papel para a palavra, subvertendo suas funções orgânicas e biológicas. O filme, inspirado na obra homônima da literatura clássica japonesa escrita no século X pela dama-da-corte imperial Sei Shonagon, e lançado em 1996 pelo diretor britânico Peter Greenaway, apresenta-nos Nagiko (interpretada pela bela Vivia Wu) que de forma sensual e erótica usa o corpo de seus amantes para escrever e fazer com suas peles seu livro de cabeceira.

Nas fotografias da peruana Cecília Paredes Polack, pele e corpo são suportes para a imagem pictórica. Em sessões que chegam a durar sete horas, o corpo da própria artista é minuciosamente pintado por assistentes e depois fotografado. Uma curiosidade aproxima Greenaway de Paredes: ambos têm formação em artes plásticas. No início de sua carreira profissional, o diretor britânico foi pintor e, quando dirigiu O Livro de Cabeceira, buscou inspiração em diversos pintores orientais e ocidentais como Utamaro, Hosukai e Hiroshige e Gauguin, Degas, Whistler, Schiele, Toulouse Lautrec, Vuillard e Klimt.

Tanto no filme de Peter Greenaway quanto nas photoperformances de Cecília Paredes, a arte está o tempo todo a nos provocar com reflexões estéticas, filosóficas, históricas e antropológicas. Enquanto em O Livro de Cabeceira as peles dos personagens recebem caligrafias ideográficas, resultando em 13 livros escritos sobre os corpos, nas fotografias de Cecília Paredes pele e corpo são metamorfoseados em imagens antropomórficas de animais, plantas e paisagens com a intenção deliberada de a artista de confundir o próprio corpo com a natureza e a natureza com o corpo. Nesse exercício de revela-esconde de Paredes, nada é o que parece ser, tudo é ilusão tridimensional.

camuflagem, cecilia, corpo, mimetismo, paredes, pele, pintura
© Cecilia Paredes.

camuflagem, cecilia, corpo, mimetismo, paredes, pele, pintura
© Cecilia Paredes.

Ao introduzir-se nas paisagens de natureza (a artista também é fotografada inserida em paisagens de desenhos geométricos), Cecília Paredes mostra-se presente e observadora para a questão da pele da natureza e a natureza da pele. Uma espécie de alerta para o atual processo de extinção da flora e fauna do planeta. A artista já declarou que ao inserir-se nas paisagens também trabalha a questão de construir a sua própria identificação com o ambiente, ou a parte do mundo onde ela vive e que sente que pode chamar de lar. Tudo a ver com a sua biografia, a qual define como nômade.

Talvez essa seja uma necessidade da artista em abordar o seu processo de deslocalização constante. Mudança, adaptação a ambientes, migração e equilíbrio entre o homem e a natureza são alguns dos temas de sua obra, na qual estética e antropologia estão reunidas em registros de fragmentos da memória pessoal e social da artista. Os deslocamentos de Cecilia Paredes começaram quando ela ainda era jovem e saiu de sua cidade natal, Lima, no Peru, para estudar artes na Inglaterra e Itália. Depois, voltou para as Américas. Hoje ela tem simultaneamente mais de um lar e vive e trabalha entre Filadélfia, nos Estados Unidos, e San José, na Costa Rica, país onde viveu por 23 anos e com o qual tem uma ligação forte, pois foi lá que desenvolveu sua carreira.

camuflagem, cecilia, corpo, mimetismo, paredes, pele, pintura
© Cecilia Paredes.

camuflagem, cecilia, corpo, mimetismo, paredes, pele, pintura
© Cecilia Paredes.

Em um primeiro olhar pode-se pensar que o que Cecília Paredes faz é camuflagem corporal. Mas um olhar mais apurado revela que a artista não tem a intenção de desaparecer por completo, tanto que deixa à mostra os próprios cabelos negros. Mimetismo talvez seja a definição mais apropriada. Ao mesmo tempo que partes do corpo dela são detectadas,este é confundido com o cenário.

Aqui uma curiosidade: se o cabelo negro à mostra é uma pista para denunciar o corpo da artista, no filme de Peter Greenaway ele está ali para sugerir o brilho da tinta preta. Na versão inicial do roteiro de O Livro de Cabeceira, construído em forma de verbetes em 1984 e intitulado "26 APONTAMENTOS SOBRE A PELE E A TINTA* - O Livro de Cabeceira, de A a Z", Peter Greenaway escreve o seguinte verbete: “A - A pele mais adequada para ser escrita deve ser muito clara, talvez a de um corpo cujo cabelo bem escuro sugira o brilho da tinta preta”.

camuflagem, cecilia, corpo, mimetismo, paredes, pele, pintura
© Cecilia Paredes.

camuflagem, cecilia, corpo, mimetismo, paredes, pele, pintura
© Cecilia Paredes.

Entramos então nos campos da inspiração e da sugestão. Vale lembrar que a arte de Cecília Paredes caracteriza-se pela cartografia que nos possibilita entrar no intrincado arquivo da imaginação, segundo o escritor e crítico de arte Luis Fernando Quiros. Podemos imaginar assim uma simbiose pictótorica onde o sagrado e o profano interagem, onde pele e corpo são ao mesmo tempo coadjuvantes e protagonistas.

Desde o início da carreira da artista, a questão corpo (e sua memória) estão presentes. O corpo é apresentado como o fundamento da cultura e já houve quem observasse que, ao metamorfosear-se em natureza, o corpo-objeto de Paredes rompe com a perniciosa tradição judaico-cristã da vitimização feminina. Na arte de Cecília Paredes o corpo não é uma dimensão inferior e limitada, contraposto à alma (perfeita, eterna e imutável), tal como afirmava Platão. Ao contrário, esse “veículo biológico frágil, instável e perecível” revela-se poderoso e infinito de possibilidades.

Enquanto no filme de Peter Greenaway o corpo serve para a metáfora do “livrocorpo”, na arte de Cecília Paredes ele é “telacorpo”, objeto de experiências estéticas e espaço de repercussões dialéticas e metafóricas. Foi o francês Maurice Merleau-Ponty em seu ensaio O Olho e o Espírito (L’oeil et l’esprit) quem disse: “É emprestando o seu corpo ao mundo que o pintor transforma o mundo em pintura”. Cecília Paredes não apenas empresta o seu corpo ao mundo, mas a sua própria alma. E nesse processo de transmutação no qual o corpo é mais do que pele, carne, sangue, músculos, células e nervos ela transforma o mundo em arte, vida e poesia. Não necessariamente nessa ordem. Conheça mais sobre a arte de Cecilia Paredes no site da artista.

camuflagem, cecilia, corpo, mimetismo, paredes, pele, pintura
© Cecilia Paredes.

camuflagem, cecilia, corpo, mimetismo, paredes, pele, pintura
© Cecilia Paredes.

camuflagem, cecilia, corpo, mimetismo, paredes, pele, pintura
© Cecilia Paredes.

camuflagem, cecilia, corpo, mimetismo, paredes, pele, pintura
© Cecilia Paredes.



In 'Obvious' e publicado em artes e ideias por keli lynn boop

 

 

 

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 19:23


#1662 - "Nos países desenvolvidos"

por Carlos Pereira \foleirices, em 19.04.12

 

É conhecida a anedota da singular noção de causalidade daquele investigador que cortou as patas a uma rã e lhe disse: "Salta!"; e que, como a rã não saltasse, concluiu que, quando se cortam as patas às rãs, elas deixam de ouvir. 

 

Ocorreu-me essa história ao saber do estudo que sustenta mais uma nova redução das indemnizações por despedimento que o ministro Álvaro (quem haveria de ser?) anunciou que levará à Concertação Social, estudo que conclui que... nos países desenvolvidos indemnizar trabalhadores despedidos não é obrigatório. Assim, acabam-se com as indemnizações por despedimento e, zás!, passamos a "país desenvolvido". E poder-se-ia ainda aumentar também os salários para os níveis praticados nos países desenvolvidos e então é que ficaríamos tão desenvolvidos, ou mais, que os países desenvolvidos. A ideia, no entanto, não ocorreu ao ministro Álvaro, como não lhe ocorreu a ideia de se demitir, pois nos países desenvolvidos ninguém salta da blogosfera para ministro...

 

mesma provinciana lógica causal foi recentemente invocada pelo secretário de Estado da Saúde para justificar uma nova cruzada antitabagista: nos países desenvolvidos - mais um esforço, portugueses, se quereis ser nova-iorquinos! - é proibido fumar na rua, no automóvel, na própria casa de cada um.

 

E, já agora, por que não restaurar também a pena de morte, seguindo esse exemplo extremo de país desenvolvido que são os Estados Unidos?

 

Crónica de Manuel António Pina in 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 19:15


#1661 - As finalistas do Prémio Orange para Ficção

por Carlos Pereira \foleirices, em 17.04.12

 

Três escritoras americanas, uma canadiana, uma britânica e uma irlandesa estão nomeadas para a 17ª edição do Prémio Orange para Ficção que vai ser atribuído a 30 de Maio, em Londres. Entre as seis finalistas está Ann Patchett, a vencedora deste prémio em 2002, e Anne Enright, vencedora do prémio Man Booker, em 2007.

A presidente do júri, Joanna Trollope, considerou terem chegado este ano a uma "shortlist" onde é "notável" a qualidade e variedade. "É um privilégio apresentar esta lista. Só tenho pena que as regras do prémio não permitam que a lista seja mais longa. De qualquer maneira estou convencida de que as 14 obras que tivemos de deixar para trás vão ter o sucesso que merecem", disse a escritora britânica. 

,, que já recebeu o Prémio Orange para Ficção há dez anos, em 2002, com o romance "Bel Canto" (ed. Gradiva), está nomeada, este ano, outra vez. É a terceira vez que a escritora norte-americana é seleccionada e concorre com "State of Wonder", romance que se passa na floresta amazónica, no Rio Negro, e é descrito como "um épico". Reflecte sobre a ciência e a memória através da história de uma cientista que trabalha numa droga que poderá mudar a vida das mulheres para sempre. 

Outra das seis finalistas da 17ª edição do único prémio literário britânico que distingue o trabalho de escritoras em língua inglesa, é a irlandesa Anne Enright, que já venceu o Man Booker em 2007 com "The Gathering" ("Corpo Presente", ed. Gradiva). Foi escolhida por "The Forgotten Waltz", uma obra que trata da "memória do desejo", conta uma história de amor e traição num subúrbio moderno de Dublin. 

Uma primeira obra, "The Song of Achilles", está entre as finalistas. É da escritora norte-americana Madeline Miller, que ensina latim e se inspirou na "Ilíada", de Homero. O júri considerou o livro, que conta a história de Aquiles e das guerras de Tróia, "fabuloso". 

A americana Cynthia Ozick, 84 anos, foi escolhida pelo seu sétimo romance, "Foreign Bodies", e tornou-se na escritora com mais idade a ter estado alguma vez na "shortlist" na história deste prémio. Inspirou-se na obra de Henry James para contar a história de Bea Nightingale, uma nova-iorquina que nos anos 1950 parte para França. 

A única britânica finalista, Georgina Harding, concorre com "Painter of Silence", um romance no tempo do pós-guerra na Roménia sobre Iasi, um homem surdo-mudo artisticamente dotado. 

Por fim, o júri escolheu "Half Blood Blues" da canadiana Esi Edugyan, que foi finalista, do prémio Man Booker 2011 com este romance sobre o remorso e músicos de jazz negros a viver em Paris na altura em que estava ocupada pelos nazis. 

O nome da vencedora do prémio no valor de 30 mil libras (pouco mais de 36 mil euros) vai ser anunciado no dia 30 de Maio numa cerimónia no Royal Festival Hall de Londres. O ano passado o prémio foi atribuído a Téa Obreht pelo "A Mulher do Tigre" (ed. Presença). 

 

In 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 21:33


#1660 - Sentir o perigo

por Carlos Pereira \foleirices, em 17.04.12

por VIRIATO SOROMENHO-MARQUES

 

Max Weber considerava serem três as qualidades que permitem a um ator político tornar-se num estadista. São elas: a paixão; o sentido da responsabilidade; e a capacidade de avaliação. Quem tenha escutado Passos Coelho e Paulo Portas no "debate" parlamentar sobre a ratificação dos Tratados da chanceler Merkel facilmente perceberá que Portugal, nem remotamente, é governado por estadistas. Os Tratados de Merkel não valem nada por si próprios. Nunca serão cumpridos. A Espanha do socialista Zapatero apressou-se a inserir a regra de ouro (do défice orçamental) na Constituição, e o resultado foi um explosivo valor de 8,5% em 2011! A Grécia, que está em estado comatoso, foi o primeiro país a votar o Tratado Orçamental. A falta de capacidade de avaliação de Passos e Portas é tal que nem percebem o ridículo de nos juntarmos aos gregos na pressa de ratificar tratados que nunca iremos cumprir! O sentido da ratificação destes tratados por Portugal não pertence à política, mas à etologia, à ciência do comportamento animal. A UE, agora que o Tratado de Lisboa está enterrado, pode ser comparada a um bando de gorilas, trocando entre si gestos de domínio e submissão. A irresponsabilidade de Passos e Portas apenas diz: "A chanceler manda, e nós obedecemos!" Berlim está a conduzir a Europa de uma situação de crise para a catástrofe geral. Os danos materiais e morais causados pela rigidez germânica na periferia europeia são já de um valor incalculável. A Passos e Portas falta, ainda, uma qualidade mais básica para o bom governo: ser capaz de pressentir o perigo iminente. O País está exangue, face a um abismo onde a sombra da morte do projeto europeu se insinua, avassaladora. Passos e Portas apenas têm paixão para sussurrar ao ouvido de Merkel: "Vamos em frente!"

 

In 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 18:53

 

 

www.hpip.org

 

Imagine-se a dar a volta ao mundo. Uma viagem aos lugares por onde outros portugueses passaram ao longo do tempo e deixaram a sua marca, arquitetónica e urbanística, como resultado do intercâmbio cultural com povos de diversos continentes: América do Sul, Ásia e Oceânia, Norte de África, mas também Mar Vermelho, Golfo Pérsico e África Subsaariana. Agora imagine um dicionário online de matriz geográfica, que reúne toda a informação sobre esses lugares, numa base de dados georreferenciada. Imagine também que quer dar o seu contributo, com textos ou conteúdos gráficos (fotografias, desenhos, iconografia, etc.), acrescentando ou corrigindo a informação já existente.

 

Não precisa de imaginar. Bem-vindo ao sítio do Património de Influência Portuguesa. Junte-se a nós, navegando e colaborando.

 

A partir de 17 de abril, o trabalho de inventariação de todo o património arquitetónico e urbanístico de influência portuguesa, um projeto único no mundo que a Fundação Gulbenkian tem vindo desenvolver desde 2007, sob a direção de José Mattoso, está agora reunido num site interativo, em versão portuguesa e inglesa: www.hpip.org

 

O novo portal HPIP – Heritage of Portuguese Influence / Património de Influência Portuguesa – é uma evolução natural do projeto editorial Património de Origem Portuguesa no Mundo – Arquitetura e Urbanismo, reunindo o conteúdo dos volumes publicados e permitindo que este trabalho de inventariação se mantenha em permanente atualização. Este acervo de características únicas passa a estar acessível a todos, em qualquer parte do mundo.

 

 São 1865 entradas, de obras espalhadas em 565 locais, organizadas numa base de dados georreferenciada, apresentando-se a informação de forma integrada e cruzada.

 

Concebido para ser aberto a contribuições externas, o novo portal convida os internautas a propor novas entradas, acrescentar conteúdos escritos ou gráficos, sugerir alterações ou denunciar erros. As propostas são submetidas online, ao que se segue um circuito interno de verificação e validação da informação. Os novos dados são incorporados no texto original, que assim passará a ter uma autoria partilhada e devidamente identificada.

 

Retirado do site da Fundação Calouste Gulbenkian

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 18:43


#1658 - CHROMATICS "INTO THE BLACK"

por Carlos Pereira \foleirices, em 17.04.12








Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 18:25


#1657 - O primeiro livro infantil de José Luís Peixoto

por Carlos Pereira \foleirices, em 12.04.12

 

O protagonista do primeiro livro infantil de José Luís Peixoto é filho da chuva. Com uma mãe tão original, tão necessária a todos, tem de aprender a partilhar com o mundo aquilo que lhe é mais importante: o amor materno. Através de uma ternura invulgar, de poesia e de uma simplicidade desarmante, este livro homenageia e exalta uma das forças mais poderosas da natureza: o amor incondicional das mães.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 18:20


#1656 - Frases

por Carlos Pereira \foleirices, em 11.04.12

 

"A ingénua ideia de que através da educação se pode transmitir a cultura à totalidade da sociedade, está destruindo a alta cultura, pois a única maneira de conseguir uma democratização universal da cultura é empobrecendo-a."

 

 

"Com uma tão grande  irresponsabilidade como a nossa irreprimível vocação pelo jogo e diversão, fizemos da cultura um dos mais vistosos, mas frágeis castelos de areia que se desfazem ao primeiro golpe de vento."

 

"A literatura light, como o cinema light e a arte light, dá a cómoda impressão ao leitor e ao espectador de ser culto e de estar na vanguarda com um mínimo esforço intelectual"

 

Mario Vargas Llosa

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 19:54


#1655 - Último livro de Tabucchi já chegou às livrarias

por Carlos Pereira \foleirices, em 10.04.12

 

"O tempo envelhece de depressa", o último título de Antonio Tabucchi, escritor falecido em Lisboa no passado dia 25 de março, chega hoje às livrarias, com a chancela das Publicações D. Quixote. 

 

A obra é uma antologia de nove contos, em que "todas as personagens parecem estar empenhadas numa confrontação com o Tempo", escreve a editora sobre o derradeiro livro de Tabucchi, que é editado quase 30 anos após o primeiro publicado em Portugal, em 1983, "A mulher de Porto Pim", também uma coletânea de contos.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 20:00


#1654 - José Rentes de Carvalho regressa com "O Rebate"

por Carlos Pereira \foleirices, em 02.04.12

 

Chama-se O Rebate, foi escrito por José Rentes de Carvalho em 1971 e chega às livrarias no dia 13 pela mão da Quetzal. A chancela que tem vindo a reeditar toda a obra deste autor.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 11:44


Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

  Pesquisar no Blog



Castelo Santa Maria da Feira (Pormenor)


Arquivo



Links

Outras Foleirices

Comunicação Social

Lugares de culto e cultura

Dicionários

Mapas

Editoras

FUNDAÇÕES

Revistas