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Em notícias como a de que o Exército pagou ilegalmente (aplicando, segundo a IGF, uma regra que "carece de suporte legal") 8,4 milhões de euros em remunerações, o que implicou ainda uma "revalorização" de outros salários que custou aos contribuintes 2,6 milhões por mês; ou a de que o Ministério da Justiça pagou centenas de milhares de euros em "subsídios de compensação" a magistrados que a ele não tinham direito, incluindo mortos; o que mais surpreende é que vêm a público e não se volta a ouvir falar no assunto.
Bem podem os portugueses interrogar-se sobre se os milhões pagos ilegalmente terão sido restituídos e se terá sido responsabilizado quem ordenou ou permitiu os pagamentos. Nunca terão resposta. Um denso pano cai sistematicamente sobre casos destes e, depois, a generalizada falta de memória faz o resto.
Em plena crise económica, o Comando-Geral da PSP gasta dinheiro em festarolas de aniversário quando muitos milhares de portugueses não têm que comer e a própria PSP vive afogada em carências de toda a ordem?; o Estado paga 15,7 milhões de euros em "estudos" a certos escritórios de advogados?; há autarquias que gastam 587 503 euros em concertos de Tony Carreira e Quim Barreiros, 4 324 163,13 em "festas" e 700 000 em corridas de automóveis?
"No pasa nada"... Os contribuintes "pergunt[am] ao vento que passa/ notícias do [seu] país/ e o vento cala a desgraça,/o vento nada [lhes] diz".
Lisbon: the city of poets, sailors, and adventurers, where the Portuguese regard their great writers as national heroes: Camões, Pessoa, Sophia, Antunes, Saramago...
Lisbon: a city that has for centuries transfixed the world's greatest writers, Byron, Woolf, Fielding, Greene, Berger, and on and on, for centuries.
Lisbon: a city possessed of its own rich literary and cultural history as well as a thriving young literary and artistic scene.
Lisbon: a city whose unique melancholy, known as saudade, continues to inspire one of the world's oldest urban folk music traditions, fado.
Lisbon: the westernmost European capital just off the beaten touristic path, with world-class beaches to boot...
Lisbon: the host of Dzanc Books' International Literary Program in 2011.
What better place to spend two weeks in intensive and intense writing workshops with leading writers from around the world?
The ILP has two primary components: 1) Two-week workshops in Poetry, Fiction, and Nonfiction. 2) A Literary and Cultural program featuring contemporary Portuguese writers, lecturers, and thinkers as well as other events such as literary walks, film screenings, and excursions.
While our inaugural roster of North American faculty and guests includes three Pulitzer Prize winners and among the most compelling and interesting writers working today, we select our teaching faculty primarily on the basis of their strong reputations as just that: teachers of writing and the arts.
The ILP programming will take place at venues throughout Lisbon, which is easily and cheaply navigable by subway, streetcar, and bus, including the Center for National Culture, NOVA the New University, the University of Lisbon, the American Embassy, at the headquarters for the Luso-American Development Foundation and others.
The ILP is open to writers of all levels and all ages. We invite you to join us for writing workshops and an absolutely unique immersion in one of the mythic literary epicenters of the world.
The ILP workshops are small groups of writers critiquing each other's work led by an accomplished writer. Workshops meet six times during the two weeks of the program. 2011 workshops are as follows:
"...Vivemos num país de aldrabões congénitos. De facto, existe uma linha horizontal que divide a Europa. A norte, a mentira é tida como uma falta grave; a sul fazemo-lo todos os dias"
Maria Filomena Mónica, In O Plágio e o Perjúrio, Expresso, 25 de Junho de 2011
Várias vezes Natália Correia me desafiou para as festas do Divino Espírito Santo, nos Açores - ela era espírito-santista. Então, não foi possível. Mas este ano aconteceu.
É capaz de ser a festa mais humanista do mundo. Ah!, aquela coisa dos "impérios"! Chegue quem chegar, senta-se e come e bebe fartamente, sem que alguém lhe pergunte quem é, donde é, o que faz. De graça. No "império" a que me acolhi, lá estava o espírito: "A hora de repartir/Que a gente tanto gosta./Pão, carne, massa e vinho/Temos sempre a mesa posta." Ali, foram servidas mais de 600 "sopas" (um ensopado de carne excelente).
Se formos à procura da origem destas festas, encontraremos um monge célebre do século XII, Joaquim de Fiore, que deu o joaquimismo. Segundo ele, a História do mundo está dividida em três Idades: a Idade do Pai ou da Lei, que é a idade da servidão e do medo; a Idade do Filho, que é a idade da submissão filial; a Idade do Espírito Santo, na qual se ia entrar, e que é a idade do Amor, da Liberdade e da Fraternidade.
Houve sempre, ao longo da história da Igreja, um conflito entre os que acentuam o lado visível, institucional, hierárquico, e os que sobrepõem à Igreja visível uma Igreja espiritual, carismática, fraterna. O joaquimismo constituía uma mensagem revolucionária de contestação de uma Igreja pecaminosamente mundana; os franciscanos "espirituais" - fraticelli (irmãozinhos) -, desgostados com os Papas que abafavam o Espírito, aderiram à inspiração carismática, espírito-santista do joaquimismo.
Em 1282, D. Dinis casa com D. Isabel de Aragão, a futura Rainha Santa. O casamento realizou-se em Trancoso, que, significativamente, havia de ser a terra do sapateiro Bandarra, profeta do Quinto Império, tão querido do Padre António Vieira e Fernando Pessoa. Toda a família da nova rainha de Portugal era partidária dos frades espirituais, e a própria rainha possuía um conceito franciscano da vida: simplicidade, desapego dos bens terrenos, amor aos pobres e fracos. Santa Isabel protegia os franciscanos, e foi por seu intermédio que entrou um culto especial ao Espírito Santo. Fundaram-se confrarias do Espírito Santo, irmandades de socorro mútuo, e instauraram-se as Festas do Império do Espírito Santo, nas quais se celebrava o Pentecostes, comemorando a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos.
A principal cerimónia desse culto, durante a semana do Pentecostes, realizada por um franciscano, constava da coroação com três coroas, uma imperial e duas reais, do Imperador e dois Reis, geralmente na pessoa de uma criança e dois homens do povo pertencentes à Confraria do Espírito Santo. O Imperador, um menino, símbolo da humanidade renovada, religada às verdades básicas da pobreza evangélica e do amor ao próximo, empunhava o ceptro com que, tocando na fronte, se significava a bênção do Espírito Santo, e, depois de ter recebido as homenagens da população e das autoridades civis, militares e religiosas "fora" da igreja, procedia à libertação dos presos e à distribuição do pão, não como esmola, mas como preâmbulo da instauração na Terra da era da fraternidade profetizada.
Esta Festa dos Imperadores generalizou-se e encontramo-la em muitos pontos do País, mas de modo especial em Tomar e a sua Festa dos Tabuleiros ou do Divino Espírito Santo. Aqui, no fim da procissão, há a distribuição do bodo aos pobres.
Mas as festas do Divino Espírito Santo enraizaram sobretudo nos Açores e, por causa da emigração, em vários núcleos portugueses dos Estados Unidos e do Canadá. Nos Açores, temos as chamadas Igrejas "paralelas", de que ainda hoje é possível encontrar vestígios. No quadro das celebrações religiosas, continuam com lugar destacado as Festas do Divino Espírito Santo e do "Império", procedendo-se à coroação de uma criança, que segue na procissão com o ceptro, sendo igualmente de destacar as referidas "sopas". A soçobrar na crise, é bom lembrar estas Festas da Fraternidade universal. A utopia tem duas funções essenciais: criticar o presente e obrigar a transformá-lo. Outro mundo é possível.
A Adolescência de Holderlin
Os deuses correm sobre a relva e atam
o sol ao seu redor.
Lançam o efémero
amanhecer no areal.
E, sendo a venda
que levam sobre os olhos pouco espessa,
aprendem nossos rostos,
para a morte.
Nosso fel escondido
só veriam
e o escuro das vísceras,
se, amantes,
não suasse a beleza em nossa pele.
(Por isso, contra os deuses,
há o eterno.)
(Ao lado de Vera)
Celestial
Quando tentei ser santo,
queria apenas ser um santo
sem compromisso
de fazer milagres.
Seria uma espécie de santo avulso,
desses que permanecem
desconhecidos no céu
e que só vêem Deus
de muito longe,
sem direito a carro oficial.
(Terminal)
poema de Álvaro Alves de Faria
"...Ao longo do século XX, o vanguardismo conservador português, assumindo diferentes nomes, de messianismo a providencialismo, de nacionalismo a patriotismo, acolheu-se em três instituições poderosas e dominantes que, historicamente, não podem deixar de arcar com as culpas da decadência recente de Portugal, mantendo-o num estado de miséria económica, ignorância cultural, passividade científica, credulidade supersticiosa e acriticismo social: o Estado, através do regime do Estado Novo, promovendo uma política de exclusão do cidadão, de cerceamento das liberdades constitucionais, de sistemático afunilamento das elites culturais e de disseminação de uma cultura da ignorância, substituindo a promoção da aptidão para o conhecimento pela divulgação heroificante do futebol; a Igreja, que, apóps ter sofrido a humilhante e implacável perseguição das suas estruturas pelos sectários jacobinos do republicanismo e do positivismo, se aliou despudoradamente ao Estado, colhendo deste benefícios próprios, auxiliando sem vergonha e sem remorso uma política de controle e de imbecilização de massas, criando artificialmente barreiras preconceituosas entre os sexos e estimulando uma anacrónica guerra no ultramar; e a Universidade, casa do saber transformado pelos positivistas da I República e os professores acéfalos do Estado Novo em casa de uma elite decepada de inteligência, formadora de burocratas do regime - onde se presumia encontrar dúvida, interrogação, procura, investigação, encontrava-se conformismo, submissão e acatamento de ordens superiores, ou seja, uma cultura de passividade, retardando assim, por decénios, a criação de um espaço público crítico. "
Excerto retirado do livro "O pensamento português contemporâneo 1890-2010" de Miguel Real, editado pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, edição n.º 1018032, Março de 2011
António Fernando de Francheschi
Marechiave
te darei o braço se me pedes
para lançares a rede na rebentação
se me pedes te darei os olhos
para abarcares o arco da baía
também tuas serão as mãos se me pedes
safas para recolher velames
se me pedes te darei o ventre de escamas
e os pés para o mergulho se me pedes
os cabelos te darei para a última coreografia
e as coxas para a orgia
se me pedes a boca será tua
para as palavras finais
e mais te darei se me pedes
tudo
menos a chave do mar
(Tarde Revelada)
No Embarcadeiro da Volta
Em Portugal, onde anda um sol que se demora
a diluir uma erosão crepuscular;
no embarcadeiro dos fantasmas a esticar
constantemente o coração que se evapora,
que busca a luz que vem de dentro para fora
e nunca a luz das coisas como são; no pomar
da árvore de ouro, nem a árvore agora
nem a outra, a ancestral cansada de durar;
em Portugal, lugar do velho escoadouro
de todo um continente, deste Ocidente inteiro,
terminal das paixões peregrinas primeiro
e enfim partida aos precipícios do vindouro,
é ali que toca ao coração do brasileiro
despedir-se de Europa e entender-se com o touro
(Os Deuses de Hoje)
Carlos Nejar
Luis Vaz de Camões
Não sou um tempo
ou uma cidade extinta.
Civilizei a língua
e foi resposta em cada verso.
E à fome, condenaram-me
os perversos e alguns
dos poderosos. Amei
a pátria injustamente cega,
como eu, num dos olhos. E não pôde
ver-me enquanto vivo.
Regressarei a ela
com os ossos de meu sonho
precavido? E o idioma
não passa de um poema
salvo da espuma
e igual a mim, bebido
pelo sol de um país
que me desterra. E agora
me ergue no Convento
dos Jerónimos o túmulo,
quando não morri.
Não morrerei, não
quero mais morrer.
Nem sou cativo ou mendigo
de uma pátria. Mas da língua
que me conhece e espera.
E a razão que não me dais,
eu crio. Jamais pensei
ser pai de tantos filhos.
(Os viventes)
Ministro de Estado e das Finanças - Vitor Gaspar
Ministro da Economia e do Emprego - Álvaro Santos Pereira
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros - Paulo Portas
Ministro da Defesa Nacional - José Pedro Aguiar Branco
Ministro da Administração Interna - Miguel Macedo
Ministra da Justiça - Paula Teixeira da Cruz
Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares - Miguel Relvas
Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território - Assunção Cristas
Ministro da Saúde - Paulo Macedo
Ministro da Educação, do Ensino Superior e da Ciência - Nuno Crato
Ministro da Solidariedade e da Segurança Social - Pedro Mota Soares
Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros - Luís Marques Guedes
Secretário de Estado Adjunto do Primeiro Ministro - Carlos Moedas
Secretário de Estado da Cultura - Francisco José Viegas
A Grécia está a ferro e fogo, na rua. Atenas está paralisada. Primeiro-ministro com apoio maioritário no parlamento propôs demitir-se para dar espaço à formação de um governo de salvação nacional. A Europa ignora. A Alemanha está, há um século, sempre na origem das grandes catástrofes europeias. Estamos a avançar perigosamente para o momento em que haverá uma inversão de situações: os mercados vão ter de pagar as dívidas dos Estados. E com juros. Altíssimos. Os povos, as nações e os Estados não acabam. Os «mercados» podem acabar.
in
Reunião Familiar
O homem trouxe
o pão
o suor
a paixão
para a mesa da família.
A mulher trouxe
o pano
a paciência
o perdão
para a hera da partilha.
Entre o prato
e a comida,
este filho
e esta filha
dividiram a solidão
de outra fome
já perdida.
(Natureza da coisa)
Poema de Mário Chamie
in ""
Desta vez foi "engano", mas a coisa mostra como funcionam consultoras financeiras e agências de "rating" (até onde é possível distinguir umas e outras, pois as agências de "rating" aconselham e avaliam ao mesmo tempo).
A crer na consultora High Frequency Economics, Portugal entraria hoje em falência, não tendo com que pagar 6,4 mil milhões em Obrigações do Tesouro e cupões que hoje vencem.
Os "mercados" entraram logo "em pânico" o que, em economês, significa que abriram logo a imensa e voraz boca a exigir mais sangue, isto é, juros mais usurários ainda. Entretanto, a consultora, emendou a mão: havia um pequeno "engano" de 12 mil milhões de euros. Pelos vistos"esquecera-se" dos 6,1 mil milhões que Portugal recebera tanto do FMI como do FEEF. E, de um momento para o outro, por suave milagre, os "mercados" sossegaram.
Imagine-se agora porque é que os grandes fundos de investimento (BlackRock, Capital, Fidelity...) são simultaneamente accionistas de agências como a Moody's, a S&P ou a Fitch - as mesmas que, com os desmesurados "ratings" atribuídos ao lixo financeiro do Lehmans Brothers e outros bancos estiveram na origem da crise financeira internacional - e quanto metem esses fundos ao bolso sempre que as "suas" agências baixam o "rating" das dívidas públicas ou empresas em que pretendem investir. Para quando leis contra o terrorismo financeiro, que mata e desemprega muito mais que o islâmico?
In ""
Jovem, tentei escamotear. Impossível.
Culpado eu era. O quanto não sabia.
Fui eu quem armou a mão de Brutus
na traição a César no Senado.
Fui eu quem traiu Atahualpa, o inca,
e dizimou os astecas.
Fui eu quem matou o czar e sua família
e ateou fogo à aldeia vietnamita
e toda noite comete execráveis crimes
na tevê.
Se não fui eu
quem morreu em Waterloo e traiu em erdun,
se não fui eu
quem torturou o guerrelheiro argelino-argentino
se não fui eu
quem matou Lorca. Chatterton e Maiakovski,
então,
por que essa insônia,
esse impulso de entrar na primeira delegacia
e declarar: me Prendam!
Se não fui eu,
então por que volto sempre tenso ao local do crime
deixando ali vestígios e poemas?
(O Lado Esquerdo do meu Peito)
poema de Affonso Romano de Santa'Anna
El filósofo portugués Jose Gil (1939) nació en Mozambique cuando este territorio era colonia portuguesa, pero ha vivido más de 30 años en Francia donde se formó en, dice, "el gran tumulto que fue aquel país en los años sesenta y setenta". Se fue impregnando del pensamiento que emanaba de Lévi-Strauss, Sartre, Derrida y Foucault. "Fue una experiencia única para millares de estudiantes". Le ha quedado el espíritu crítico, que evidenció en Barcelona en unas jornadas sobre Portugal. Una de las cosas que tiene clara es que "el descrédito de los políticos se debe a la promiscuidad entre la política y los negocios".
Llegó a la filosofía a través de la oposición a la dictadura portuguesa. El marxismo, explica, "era la única doctrina que aglutinaba a los opositores al régimen". Pese a ello, no se considera marxista, aunque admire a Marx. Tampoco se ha adscrito a ningún movimiento político. "Nunca podría militar en un partido. En absoluto", sostiene con rotundidad.
Cuando mira hacia el presente de su país no tiene reparos en decir que vive una situación "terrible", en la que los recientes resultados electorales no son ni un empeoramiento ni una mejora. "Portugal tiene dos posibilidades. Una, a largo plazo, es entrar en bancarrota, porque no será posible pagar las deudas que acumulamos. Y será muy difícil elegir el camino que nos lleve a poder pagar: la transformación económica del país. Hay que cambiar nuestra posición respecto a Europa".
Su segunda receta: "Un cambio radical en el modo de gobernar respondiendo a dos principios, transparencia y vinculación directa con la población". Explica que la acción del Gobierno tiene que ser transparente y contar con el apoyo de la gente. "Los políticos están hoy desacreditados hasta unos niveles nunca vistos", reflexiona.
¿Solo en Portugal? "No. En Francia pasan cosas impensables desde hace unos años". Y esto convive con una "gran desorientación por parte de la mayoría de la población, más cierta desconfianza respecto al Estado-providencia que fue la conquista de más de un siglo de luchas". En la base de las propuestas de izquierdas estaban más igualdad, más justicia y más libertad. Pero el presente no es eso: "Lo que impera es el capitalismo global muy poco igualitario".
El futuro, opina, pasa por reelaborar un proyecto colectivo inspirado en las utopías del siglo XIX, Fourier y también Marx. "Lo que no podemos es quedarnos en las nuevas formas del capitalismo. Lo que dice la economía no es lo único posible. Hay que pensar en nuevas formas de trabajar, vincular el trabajo al individuo, no solo a las plusvalías". Aunque desprende optimismo a largo plazo, este no se reproduce al mirar hacia la actual Europa: "Se está deshaciendo. Yo no creo en ella. La Europa de los políticos no es posible. Ya somos europeos, no necesitamos ser una superpotencia. Europa es la mezcla cultural que somos los europeos".
In
As futuras notícias vão atrapalhar-me a vida. Parto para o deserto para procurar a redenção.
Téa Obreht tem 25 anos e é até aqui a autora mais jovem a recebido este prémio literário, no valor de 30 mil libras (cerca de 33 900 euros). O romance, uma primeira obra, foi considerado “excepcional” pela presidente do júri, Bettany Hughes que acrescentou que Téa Obreht é um “novo talento” e tem uma capacidade de observação e uma maneira de ver o mundo notável. “O livro lembra-nos como facilmente podemos deslizar para a barbárie, mas também nos mostra a extensão e a profundidade do amor. Obreht celebra a arte de contar histórias e lembra-nos que são as histórias que contamos sobre nós próprios e sobre os outros que nos fazem ser quem somos e que o mundo seja como ele é ”, acrescentou. Além de Bettany Hughes (historiadora), o júri era composto por Liz Calder (fundadora da Bloomsbury Publishing e do Festival Literário Internacional de Paraty), Tracy Chevalier (romancista), Helen Lederer (actriz e escritora) e Susanna Reid (jornalista e apresentadora).
Téa Obreht nasceu na antiga Jugoslávia e cresceu em Belgrado. Em 1992 a sua família mudou-se para o Chipre e depois para o Egipto onde aprendeu a falar inglês e foi para os Estados Unidos em 1997. Formou-se na University of Southern California e, em 2009, fez o programa de escrita criativa da Cornell University.
Faz parte da lista dos vinte melhores ficcionistas com menos de 20 anos escolhidos pela revista “The New Yorker”. Em Julho, o seu romance vai ser publicado pela LeyaBrasil com o título “A noiva do Tigre”.
In
Jorge Semprún nasceu em Madrid a 10 de Dezembro 1923. Exilado em França em Fevereiro de 1939, licenciou-se em Filosofia na Sorbonne. Em 1942, ingressou no Partido Comunista e participou na resistência anti-nazi. Detido em Setembro de 1943, foi deportado para Buchenwald, de onde só saiu em 1945. Entre 1953 e 1954, foi militante e depois dirigente do Partido Comunista espanhol, sob o pseudónimo Federicio Sánchez. Foi ministro da Cultura no governo socialista de Felipe Gonzáles entre 1988 e 1991.
A sua produção narrativa compreende, para além de Veinte Años y Un Día , (vencedor do Prémio Fundação José Manuel Lara Hernández), as obras El Desvanecimiento, La Segunda Muerte de Ramón Mercader (que obteve o Prémio Femina), Autobiografia de Federico Sánchez (Prémio Planeta), Aquel Domingo…, La Algarabía, La Montaña Blanca, Netchaiev Ha Vuelto e O Adeus de Federico Sánchez, fruto da experiência do seu regresso a Espanha na qualidade de ministro da Cultura.
É autor da adaptação francesa para teatro de El Vicario, de Rolf Hochhuth, dos guiões cinematográficos de La Guerre est Finie e Stavisky, para Alain Resnais, Z, La Confesión e Section Spéciale, para Costa-Gavras e Las Rutas del Sur, para Joseph Losey, entre outros.
São notáveis também os seus ensaios A Escrita ou a Vida e Adiós Luz de Veranos. Jorge Semprún é um escritor singular que se move com facilidade entre a autobiografia e o romance e que, apesar da sua nacionalidade espanhola, surpreende escrevendo em francês. A sua experiência no campo de concentração de Buchenwald marcou o carácter de toda a sua obra, onde se desenvolve a sua experiência na II Guerra Mundial, os seus trabalhos para a resistência, o seu recrutamento nos campos e a sua rejeição do estalinismo.
Ana e o tio Deus, livro de FYNN e ilustrações de William PAPAS, traduzido por Ricardo Alberty para a Editora Ulisseia, 1974
Filosofia, Leis e Medicina,
Teologia até, com pena o digo,
Tudo, tudo estudei com vivo empenho!
E eis-me aqui agora, pobre tolo,
Tão sábio como dantes! É verdade
Que sou mestre, doutor, e há já dez anos
Que discípulos levo, a meu talante,
À esquerda, à direita, a sul ou norte, -
Mas conheço que nada nós sabemos!
Rói-me isto o coração! Sinto-me acima
De mestres e de padres e de escribas;
Não me perseguem dúvidas nem 'scrúpulos,
Nem do demónio ou do inferno hei medo -
Mas também nunca tenho um'hora alegre!
Nem chego a imaginar que haja ciência
Cousa alguma ensinar que aos homens sirva,
E convertê-los possa ou melhorá-los.
Um excerto de "Fausto" de J.W. Goethe, traduzido por Agostinho d'Ornellas, numa edição de Paulo Quintela e apresentação de Ludwig Scheidl - Asa Editores, Abril de 2006
Mudaram as moscas mas...
Escrevo onde à nudez cabe o papel habitualmente atribuído a uma janela. Quando afasto as cores para no lugar delas não deixar senão a luz ou me debruço ao peitoril sobre os meus próprios intestinos, a ficção fica por conta dos relâmpagos. É como se habitasse uma cidade que tivesse um espelho por subúrbios e o mar viesse estilhaçar-se ao fundo da memória, onde se encontra o coração. Abro na página um buraco onde alicerço a casa, as letras vêm às janelas.
Poema de luís Miguel Nava [1957-1995]
Portugal abolió la censura tras la revolución de abril de 1974. Treinta y siete años después, los responsables de La hija rebelde, obra teatral que deja malparado al último jefe de la PIDE, la funesta policía política de la dictadura salazarista, están en el banquillo de los acusados del Tribunal Criminal de Lisboa, en un juicio por difamación y "ofensa a la memoria" del mayor Fernando Silva Pais (1905-1981). Los autores de la demanda son dos sobrinos del jefe policial fallecido, Berta María y Carlos Alberto Silva Pais. El proceso, de poca repercusión en Portugal, ha indignado a intelectuales y artistas de la península Ibérica que han expresado su solidaridad a las víctimas de este atentado a la libertad de expresión.
In
Ao sol começa a faltar lenha, a rua
por onde agora eu sigo
vai só até onde a memória a conseguir abrir.
Poema de Luís Miguel Nava
In
Um dia
quando já não vieres dizer-me Vem
jantar
quando já não tiveres dificuldade
em chegar ao puxador
da porta quando
já não vieres dizer-me Pai
vem ver os meus deveres
quando esta luz que trazes nos cabelos
já não escorrer nos papéis em que trabalho
para ti será o começo de tudo
Uma outra vida haverá talvez para os teus sonhos
um outro mundo acolherá talvez enfim a tua oferenda
Hás-de ter alguma impaciência enquanto falo
Ouvirás com encanto alguém que não conheço
nem talvez ainda exista neste instante
Mas para mim será já tão frio e já tão tarde
E nem mesmo uma lembrança amarga
ou doce ficará
desta hora redonda
em que ninguém repara
Poema escrito por Mário Dionísio em 1953
Ruy Cinatti
A grande ilusão de ter-te
nas mãos húmidas,
de beijar-te
e querer-te,
homem enlaçado em ti perdido.
És mais forte do que eu
quando apenas,
mãos húmidas ou não,
tacteio o teu corpo
e, sexo oposto
ao teu,
pedes que te coma
e te empreste os dentes.
E assim prossigo
entre o aroma do cio
e o caixote do lixo
por onde passeio vazio.
Palavras!...
Árvore de jardim e pés ligeiros,
calçados. De bico
ródro.
Rosto fino ao longe assim trigueiro.
Olhos de amêndoa.
Cabelos de onda preta e um berloque.
Olhos de amêndoa.
Esponja.
Ó fox-trot
de ostras e hotéis
provinciais.
Popocatepétl!
Zagreus!
Mas é isto vida,
manter pregação no nada?
Montar selim
com debaixo nada
e cavalgar a noite?!
Meretrizes suadas
queb eu não conheci.
Popocatepétl!
Zagreus!
Senhor, deita-te na cama.
Possui-me como um toiro,
minotauro sagrado.
Dá-me o horror do pecado
enganchado nos teus braços!
Tenho sede!
Fome, fome do teu corpo!
O que como
pela boca
vai e volta
defecado.
O que como
sai pela boca
defecado.
Palavras defecadas.
E eu, e eu, e eu...
Beijar-te-ei os cornos siderais!
Meus irmãos!
Aqui me tendes unido.
Aerograma de amor, rosto fendido
pela graça!
Ilhas de prudência, escala por fazer.
Momentos do sim, do não.
Meretrizes, secundum
scripturas,
entram primeiro no Céu.
O resto
"é a vida e o seu ofício".
Nesta vida
morrer não é difícil.
O difícil
é a vida e o seo ofício."
Vamos, Maiakowsky-Jesus Cristo,
com pés ligeiros,
aprender a vida,
seguir a vida,
viver a vida
com Jesus Cristo.
O suicídio
é nada
Poema escrito por Ruy Cinatti em 1984
O músico e poeta canadiano Leonard Cohen venceu o Prémio Príncipe das Astúrias das Letras de 2011, foi hoje anunciado em Oviedo, Espanha.
Leonard Cohen era um dos finalistas ao galardão, ao lado da escritora canadiana Alice Munro e do romancista inglês Ian McEwan.
O júri, que iniciou as deliberações na terça-feira em Oviedo, é composto por escritores como Andrés Amorós, Juan José Armas Marcelo, Fernando Sánchez Dragó e Berta Pitán e pela diretora do Instituto Cervantes, Cármen Cafarell.
O galardão é o reconhecimento da personalidades cujo trabalho criativo ou de investigação representa uma contribuição relevante para a cultura universal nos campos da literatura ou da linguística.
No ano passado, o vencedor foi o escritor libanês Amin Maalouf. Vargas Llosa, Camilo José Cela, Günter Grass, Doris Lessing, Paul Auster, Cláudio Magris, Amos Oz foram alguns dos outros galardoados em edições anteriores na área das Letras.
In