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Escondeu o mar dentro da boca,
saliva salgada
voz de espuma.
a baleia quiz ser vaca para comer erva
verde, azul ou cor de alga.
Quer erva, por isso, quer ser vaca
malhada
com tetas
cornos e
patas.
é um sonho, apenas um sonho
que o desmaiar da onda apaga
e a baleia amanhece baleia
porque o mar se esconde dentro da sua boca.
Roço a minha testa pela luz poente
que posso sorver. Todas as metáforas
de alimentos me saciam. Tudo se fundamenta
na existência das coisas. Um pomo
do tamanho da abóbada celeste. O tempo abstracto
vai-se tomando impensável à medida que apreendo
os pormenores da realidade. O pavão que é o sol
no Ocaso caminha com a majestade dos sonhos.
Estampa na minha cara o seu leque
negro. O meu pensamento é invisível
debaixo dos arcos escuros. A que passa
lembra-se de mim, quando me extasiei
com a Natureza enriquecida pelas interpretações
estranhas. Crio este encadeamento de metáforas
que se harmonizam com as minhas obsessões.
Eu mesmo analiso a minha biografia sincera.
Admiro as horas naturais sobretudo
o poente ilustrado. Com vinhetas de malvas rubras
entre riscos de ouro e pinceladas.
Por olhos que mastigam. Pelos dedos
onde descansa a minha medula encosada.
Passo a tarde com o cérebro inclinado
na direcção da mão. Até que um passante
desfere o golpe e corta a seda dos raios.
Entro no túnel do reconhecimento. Vejo
cores e vultos que me entristecem. As molduras
dos animais estão colocadas demasiado alto.
São tão inacessíveis que só com amargura
lhes toco. Tenho mais prazer em esperar
a madrugada como um corpo inerte do que
em seguir tresloucada o rasto da destruição.
Vai chegar a manhã espessa cheia de lodo leve
para apagar os vestígios da posição das coisas.
Poema de Fiama Hasse Pais de Brandão, retirado do livro "Obra Breve"-Poesia Reunida, editado pela Assírio & Alvim, edição 0976, Maio de 2006
As pálpebras encerram, para todo o sempre, os olhos mais belos do cinema. Só nos resta a memória.
O escritor colombiano Juan Gabriel Vásquez ganhou o XIV PRÉMIO ALFAGUARA DE NOVELA com o livro "El ruido de las cosas al caer"
As palavras que valem a pena são aquelas que ecoam na cabeça e se alojam no coração.
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