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[Martin Alipaz / EFE]
«Desnudos contra Evo. Mujeres y ex mineros semidesnudos protestan a las puertas de las oficinas de la Corporación Minera de Bolivia para exigir al gobierno del presidente Evo Morales indemnizaciones laborales.» [20 Minutos]
O escritor catalão é o primeiro autor a ganhar o «Nobel das Letras espanholas» (no valor de 125 mil euros) depois das alterações introduzidas pelo Ministério de Cultura na composição do júri».
João Ribeiro - jardim de harcrates
Onde vais buscar a luz
que aquece e ilumina o teu ocaso?
Onde vais buscar a cor do sangue
que incendeia a idade dos teus dedos?
Onde vais buscar a força
que alimenta os nervos
que abrem janelas
aos dias luminosos?
Onde vais buscar tamanha força?
Diego El Cigala
The Coughers of Cologne
have joined forces with Cologne Clappers
and established the Cough and Clap Society
a non-profit-making organization
whose aim it is
to guarantee each concertgoer's right
to cough and applaud
Attempts by unfeeling artists and impresarios
to question such privileges
have led to a Coughers and Clappers initiative
Members are required to applaud
immediately after sublime codas
and cough distinctly
during expressive silences
Distinct coughing is of paramount importance
to stifle or muffle it
forbidden on pain of expulsion
Coughers of outstanding tenacity
are awarded the Coughing Rhinemaiden
a handsome if slightly baroque appendage
to be worn around the neck
The C & C' recent merger
with the New York Sneezers
and the London Whistlers
raises high hopes
for Cologne's musical future.
by Alfred Brendel, taken from ONE FINGER TOO MANY
Faber Poetry Series
E passáveis a sorrir
E dizíeis ele é hábil...
E passáveis a sorrir.
Mas naquele momento nenhum de vós viu
Que as minhas mãos tremiam de ternura
Que todo o grande sonho terrestre
Vivia em mim para viver neles
Que eu gravava em metais piedosos os meus deuses.
Que eles eram o rosto vivo do que nós sentimos do mundo
Do vento, da floresta e do mar
De todas as coisas na nossa carne
E que eles são nós, divinamente.
Poema de Henri Régnier
Tem início, amanhã, Sexta-Feira, na Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira.
Ver programação em
Ángel Campos Pámpano, 51 anos, poeta espanhol, galardoado com o Prémio Eduardo Lourenço 2008, faleceu ontem.
Afinal, não foi Paulo Coelho. O prémio Bad Sex in Fiction 2008 foi atribuído a Rachel Johnson pelo romance Shire Hell. As quatro nomeações consecutivas de John Updike não foram esquecidas.
As pálpebras
inclinadas sobre lenços de partidas -
bandeiras de vidas doridas -
lágrimas que rolam até à doca
e perdem-se no silêncio rancoroso do metal.
frio, indiferente
como a saudade que restará embrulhada,
para sempre, em ventres
sem desejo ou vontade.
E, o vapor já ronca
em suspiros de grosso fumo
carregando no seu ventre
demónios e fantasmas que,
antes de o serem,
eram oliveiras e carvalhos,
montes,
um casario em ruas de gargalhadas
e afectos
e miudagem,
e murmúrios,
e seios que ardiam as mãos,
a banda no coreto.
os domingos.
E, hoje é domingo.
poderia ser outro qualquer.
ou não ser nenhum.
já não importa se os dias somam meses,
se as estações têm nome,
frio,
chuva
ou calor.
A rua está despida,
nua
frágil
severa.
as casas envelheceram
as flores murcharam em hortas magoadas;
apenas raízes,
grandes
grossas
tentaculares,
esganam a cor do sol
e uma névoa densa, espessa,
aprisiona e definha
as bocas dos que não partiram.
A Wook.pt, a maior livraria virtual portuguesa, coloca a partir de hoje um milhão de livros grátis na Internet, numa iniciativa inédita de promoção da leitura, anunciou hoje a Porto Editora, proprietária desta livraria on-line.Nos próximos dias, livros como A Viagem do Elefante, A Vida num Sopro ou O Priorado do Cifrão estarão disponíveis a preço zero", refere a Porto Editora, num comunicado enviado à Lusa, aludindo aos mais recentes livros de José Saramago, José Rodrigues dos Santos e João Aguiar.
O escritor Juan Goytisolo obteve o Prémio Nacional das Letras Espanholas, um dos mais prestigiosos galardões atribuídos em Espanha.
Dotado com 40000 euros, o Prémio, concedido em reconhecimento da trajectória de um autor espanhol, vem juntar-se a outros importantes galardões já recebidos pelo escritor: Prémio Europália (1985), Prémio Nelly Sachs (1993), Prémio Octavio Paz de Literatura (2002) e Prémio Juan Rulfo 2004.
Um dos nomes maiores da novelística espanhola da actualidade, Goytisolo nasceu em Barcelona em 1931 e durante o franquismo esteve exilado em Paris, onde trabalhou como assessor literário da editora Gallimard, e em Marraquexe (Marrocos), onde actualmente reside.
Ficcionista e ensaísta, é também conhecido pelos seus trabalhos de reportagem, literatura de viagens e memórias.
O espantalho
espanta-se
com o espanto de
chapéus
que
enfeitam
cabeças de trapos,
olhos de botões
espetados
em paus.
***************************
A luz brinca com
os teus dedos
que fingem pincéis
desenhando
caretas
nas sombras
do chão
alexandea de pinho
Apontas o dedo
arremessas a alma
o diabo foge.
de ti, tem medo
*****************************
A cadeira está vazia.
tem muita idade.
cansada
de tanto sentar.
reformou-se.
está suspensa do tecto
em teias de aranha.
está a descansar.
*******************************
Esta flor não tem
sexo,
nem dentes,
nem língua.
por isso murchou.
*******************************
Soberba a tua voz
que sussurra indececências
afasta temores e
abriga vastos calores.
Onde porei o ouvido que não escute
minha voz a chamar-te?
E onde não escutar este silêncio
que te afasta lentamente triste?
Eu caminho as horas presenciadas
em nós por nós os dois.
Sei desse fruto maduro das vozes
em campos de setembro.
Sei da noite esbelta e já tão nua
em que nossos corpos eram um.
Sei do silêncio perante a gente obscura,
de calar este amor que é de outro modo.
Enquanto chove a ausência liberto
a escravidão de carne e a alma só
no ar suspende sua águia amorosa
que as nuvens pacíficas igualam.
Poema de Carlos Pellicer (1899-1978) - México
No dia que a âncora enfim seja tempo de erguer,
Do porto um barco partindo, sem meta saber,
Sem voz passa: ao largo trará passageiro afinal?
Não há mão no ar, nem de lenço no adeus um sinal
P'ra quantos ficaram no cais, travessia é ruim,
O húmido olhar, negro céu fita dias sem fim.
Oh, almas penadas! O último barco não é!
Da vida deserta o último luto não é!
No mundo, amante e amado esperam em vão:
Mal sabem que amores partidos não mais voltarão.
De quantos partiram, contente lá está cada um,
Muito ano passou: da viagem não volta nenhum.
Poema de Yahyã Kemal Beyatli [1884-1958] - Turquia, tradução de Doina Zugravescu
A tradução portuguesa do segundo volume da trilogia (Millennium) escrita por Stieg Larsson já está disponível nas livrarias. Edição Oceanos.
Depois de o rato das declarações de Manuela Ferreira Leite ter parido a montanha que se viu, tudo indica que a fábula retomará os eixos e que a montanha do BPN irá parir o rato que montanhas do género, quando envolvem montanhistas de peso, sempre parem. O primeiro passo está dado, um inquérito parlamentar, isto é, a transformação de um caso de polícia em caso de política. Toda a gente sabe para que servem os inquéritos parlamentares. Para concluir, em 700 ou 800 páginas, coisa nenhuma.
É da sua natureza, como, para Aristóteles, era da natureza das coisas pesadas cair para o centro do Universo. Nem o mais notório, o do "Envelope 9", concluiu fosse o que fosse, apesar do empenhamento da maioria na famosa tese da cabala, ou da "urdidura". Enfiado na "selva oscura" da AR, onde Dias Loureiro sempre o quis, o "caso BPN" fica entregue a todo o tipo de comércios político-partidários, meio caminho andado para se chegar à conclusão de que tudo foi, afinal, um mal-entendido. Depois, se o MP concluir diferentemente, abrir-se-á novo inquérito, desta vez ao MP, que também não concluirá coisa nenhuma.
THE INSIDER
Música de Lisa Gerrard e Pieter Bourke
VOZ: LISA GERRARD
Ennio Morricone
Cinema Paraíso
A RTP é a lavandaria do regime. Não há vítima de cabala que não lave a consciência naquela espécie de Santa Casa da Misericórdia dos aflitos.
Desde a entrevista a Carlos Cruz lavado (o termo é apropriado) em lágrimas, os queridos telespectadores já não choravam como choraram com Dias Loureiro (talvez com excepção da entrevista a outra perseguida, a dolorosa mártir Fátima Felgueiras).
Dias Loureiro, um homem, como aquele, Malaquias, de Manuel de Lima, barbaramente agredido, foi aos estúdios de baraço ao pescoço e sem bigode, confessando que, sim, era administrador da SLN, mas, enquanto aconteciam no BPN as trapaças que têm vindo a público (e as que hão-de vir), calhou sempre de estar a olhar para outro lado. Assinava as contas sem as ler, pois só lê biografias e romances policiais (as contas do BPN eram um romance policial, mas como podia Dias Loureiro sabê-lo?). Por isso está, obviamente, de consciência limpa.
Eu acredito em Dias Loureiro (que diabo, é um conselheiro de Estado!) e não em cínicos como Stanislaw Lec, para quem a melhor forma de manter a consciência limpa é não lhe dar uso.
Meu caro Hans Bender,
Agradeço-lhe a sua carta de 15 de Maio e o amável convite para colaborar na sua antologia Mein Gedicht ist mein Messer (O meu poema é a minha faca).1
Lembro-me de há tempos lhe ter dito que assim que o poema verdadeiramente está aí, o poeta volta a libertar-se da sua cumplicidade original. Hoje formularia esta opinião de maneira completamente diferente, ou então tentaria diferenciá-la; mas no fundo continuo a ter esta - velha - opinião. É claro que existe também o que hoje, tão fácil e despreocupadamente, se designa de ofício. Mas - permita-me esta redução do pensamento e da experiência - o ofício é, como a correcção em geral, condição de toda a poesia. Este ofício não se faz, com certeza, sobre um chão dourado.2 - quem sabe até se ele assenta sobre algum chão. Tem os seus abismos e profundezas, e alguns - ah, mas eu não faço parte deles - têm até um nome para isso.
Ofício - é coisa das mãos. E estas mãos, por outro lado, só pertencem a um indivíduo, isto é, a um único ser mortal que com a sua voz e o seu silêncio busca um caminho.
Só mãos verdadeiras escrevem poemas verdadeiros. Não vejo nenhuma diferença de princípio entre um aperto de mão e um poema. E não nos venham com o "poieín" e coisas assim. Isso significava, juntamente com as suas proximidades e distâncias, sem dúvida qualquer coisa totalmente diferente do que no seu contexto actual.
Existem, com certeza, exercícios - no sentido espiritual, caro Hans Bender! E para além disso há também, a cada esquina lírica, toda a espécie de experiências com o chamado material verbal. Poemas são também oferendas - oferendas àqueles que são atentos.3 Oferendas que transportam um destino.
"Como se fazem poemas?"
Há anos atrás pude, por algum tempo, ver e, mais tarde, a partir de uma certa experiência, observar atentamente como o "fazer" se vai transformando, através da factura em contra-facção.4 Sim, isto também existe, como deve saber... Não acontece por acaso.
Vivemos sob céus sombrios e... existem poucos seres humanos. Talvez por isso existam também tão poucos poemas. As esperanças que ainda me restam não são grandes; tento conservar aquilo que me restou.
Com os melhores votos, para si e para o seu trabalho.
Paul Celan
Paris, 18 de Maio de 1960
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1 A antologia em questão, que inclui a carta de Paul Celan, é uma edição aumentada, em relação à primeira, de 1955, e foi publicada pela Editora List, de Munique, em 1961. A páginas 166 pode ler-se a seguinte nota do organizador: "Paul Celan autorizou a publicação desta sua carta pelo organizador da Antologia, com o desejo expresso de que "ela fosse tomada por aquilo que é: como uma carta dirigida a si, com a data do dia de hoje (18 de Maio de 1960)".
2 A frase só se compreende à luz de um antigo provérbio segundo o qual um bom ofício, uma vez aprendido, é sempre rentável. Nos Provérbios de Sebastian Franck (Frankfurt, 1560) ele é citado na versão atribuída ao humanista Johannes Agricola: "Um ofício tem um chão de ouro".
3 Cf. nota 21 a "O Meridiano".
4 O original explora um jogo de palavras que se procurou manter: a machen (o acto) / die Mache (o processo e o resultado) / Machenscaft (o fazer intriga, trama, manobra) corresponde "fazer" / "factura" / "contra-facção".
A história da Byblos é uma história de equívocos, a começar pelos mal medidos sonhos de grandeza do seu proprietário (Américo Augusto Areal, aqui fotografado a 9 de Dezembro de 2007, cinco dias antes da inauguração da loja) e a acabar em pequenos pormenores que foram mostrando um desfasamento (maior ou menor) com essa coisa tramada que se chama realidade.
Olhando agora para a curta vida deste projecto, há qualquer coisa de cruel na constatação de um erro básico que perdurou, em letras de bronze, numa das paredes da Byblos. Refiro-me a esta citação de Jorge Luis Borges:
Uma bela frase, cheia de efeito. Acontece que Borges escreveu outra coisa. O que Borges escreveu foi: «Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de biblioteca.» Suponho que alguém terá traduzido a citação a partir do inglês, sucumbindo a um famoso falso amigo (library). O certo é que uma biblioteca não é uma livraria, como os bolsos de qualquer leitor bem sabem. Borges nunca imaginaria o paraíso como um sítio onde temos que pagar por livros que talvez nem estejam disponíveis. Biblioteca, sim, de preferência infinita como a de Babel. Já Américo Augusto Areal acredito que imaginasse o paraíso sob a forma de uma livraria, de preferência a sua livraria gigante e high tech. Em vez disso, porém, saiu-lhe um inferno.
Jorge Reis-Sá, editor das Quasi, olha para o fecho da Byblos de um ângulo particular. O de quem fornecia a matéria-prima do negócio (os livros) aparentemente a fundo perdido, já que nunca viu um cêntimo sequer:
«Vou contar. Não resisto. Vou contar. A Byblos pagava (ou dizia que pagava) a 120 dias. 120, meus queridos, 120. A Byblos pedia um desconto de 40% sobre o preço de capa. 40%, meus queridos, 40%. A Byblos nunca, desde que em Fevereiro vendi o primeiro livro e coloquei uma consignação, me pagou um tostão. Um tostão que fosse. Mas a culpa não é deles. Fevereiro com quatro meses (120 dias) dá Junho. Metem-se as férias. Depois em Setembro é o escolar. Outubro e Novembro o grande veículo de espantosa gestão estaria a pensar no Natal, pagar não dava. Em Janeiro devolvia-se tudo e vinha o acerto (”sem a nota de crédito não podemos efectuar o pagamento”, parece que estou a ouvir, mesmo que a nota de crédito fosse de 20,34 euros e o pagamento devido – desde Junho – de 3409,89 euros). Depois era a Feira do Livro e a Byblos iria ter um grande e maravilhoso stand. Depois vinham as férias, e desta maneira podemos ir vivendo à custa dos fornecedores.
Mas, meus amigos, acham a Byblos a única? Eu consegui ir buscar os livros há quinze dias, depois de dizer que ia facturar tudo e meter tudo em tribunal. Ah, o tribunal. Agora o Estado quer o seu – que está em atraso (aposto como a segurança social também quer o seu) – e depois há os bancos. Os fornecedores? Que carreguem no botão. Mas dizia: a única? Deixem-me rir, dizia o Jorge Palma. O pão nosso de cada dia é este. Os editores que carreguem no botão.»
O texto completo pode ser lido aqui.
Está disponível o "best of" de Katie Melua que junta os 14 temas mais conhecidos e três novos temas.
“Teixeira dos Santos é o pior ministro europeu das Finanças no “ranking” do Financial Times” Não teria dúvidas em escrever que o Ministro das Finanças é um mau ministro. Para dar corpo a esta afirmação nem sequer seria necessário falar nas políticas do governo nesta área e nas suas consequências nefastas para a vida dos portugueses. Bastava-me invocar a incompetência e arrogância demonstrada na rocambolesca apresentação do Orçamento de Estado, fingindo na Assembleia da República que o estava a apresentar e depois não estava ou convidando os jornalistas para um pequeno almoço que depois já não era.Teixeira dos Santos é o pior ministro europeu das Finanças no “ranking” do Financial Times
por Tiago Mota Saraiva
A notícia do Financial Times, pelos seus (deles) motivos, apenas corrobora aquilo que os portugueses já sabem.
A nova chancela da Guimarães Editores
A Centauro é uma nova chancela da Guimarães Editores. Publicará panfletos, pequenos cadernos em papel de qualidade, bem desenhados e paginados, com textos clássicos de autores portugueses. Tem coordenação editorial de Vasco Silva e design de Luís V. Vilaça. “Os Preceitos Práticos em geral e os de Henry Ford em particular”, de Fernando Pessoa; “Tabacaria” de Álvaro de Campos; “Carta ao Príncipe Real D. Luís Filipe de Bragança” de Mouzinho de Albuquerque e “Tentativa de um Ensaio sobre a Decadência” de Luiz de Montalvor são alguns dos cadernos publicados. Seguem-se “O Caso Mental Português” de Fernando Pessoa (”Se fosse preciso usar de uma só palavra para com ela definir o estado presente da mentalidade portuguesa, a palavra seria provincianismo” - é com esta frase que Fernando Pessoa inicia o seu ensaio de 1932) e “Carta à Memória de Fernando Pessoa” de Carlos Queiroz, que foi publicado pela primeira vez publicado na Revista Presença, em 1936. Cada livrinho da Centauro custa € 3,80.
Prémio Teixeira de Pascoaes para João Rui de Sousa
O livro Quarteto Para as Próximas Chuvas, de João Rui de Sousa, editado em Março pela Dom Quixote, é o vencedor da edição de 2008 do Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes, instituído pela Câmara Municipal de Amarante. O júri (Fernando Pinto do Amaral, António Cândido Franco, Luís Adriano Carlos, Isabel Morujão e António José Queiroz) decidiu por unanimidade.
Ao prémio, com um valor monetário de 5000 euros, concorreram 144 trabalhos.
Manuela Ferreira Leite disse: "E até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia." Disse? Disse. É grave? Não me parece. Sabem porquê? Por causa daquele "E" com que começa a frase. É copulativo. Garante que o que vem a seguir une, copula, faz truca-truca, junta com alguma coisa que vem de trás. Houve frase de Manuela Ferreira Leite antes da frase escandalosa. Frase que, certamente, explica a tal frase. Ela, certamente, disse qualquer coisa antes para prosseguir depois: "E até não sei se..." Só pode. Noutras circunstâncias eu teria ido procurar a frase anterior para ver se a ironia era conseguida. Mas irrompeu por aí um tal vendaval de indignações que não fui tirar a coisa a limpo. Tenho horror a manadas, sobretudo quando empurradas. Manuela Ferreira Leite tem todo o direito em achar os portugueses inteligentes para entenderem uma ironia. Pelos vistos, é um risco. Mas eu prefiro frases que parecem ser o que não são a indignações que são exactamente aquilo que parecem. Manuela Ferreira Leite não disse, não quer, não sugeriu suspender a democracia.|
A ironia é uma arte perigosa (eu que o diga!), pois exige do leitor ou ouvinte mais do que ele às vezes está em condições de dar. A edição 'online' do "Público" abria ontem com um título prometedor: "Ferreira Leite pergunta se 'não seria bom haver seis meses sem democracia' para pôr 'tudo na ordem'". A notícia, da Lusa, citava críticas da líder do PSD às reformas do actual Governo, acusado de procurar fazê-las atacando as respectivas classes profissionais e virando a opinião pública contra elas.
Os ouvidos têm paredes
Só que o contexto era o de recentes afirmações suas defendendo que não deve caber aos media decidir o que publicam. Apesar do seu fácies mais severo que o de Buster Keaton, Manuela Ferreira Leite não é propriamente famosa pelo espírito de humor, e isso também não ajudou. Meteu-se a gracejar e estragou tudo. A blogosfera encheu-se imediatamente das mais estratosféricas denúncias e acusações. Aprenda com quem sabe, dra. Manuela: quando disser uma piada diante de jornalistas, distribua antecipadamente um manual de instruções a explicá-la. Como se eles fossem muito burros (ou muito mal intencionados).
Já chegámos à boa-moeda à la Madeira ou
o novo paradoxo do ornitorrinco «E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia»
Palavras para quê? É uma artista portuguesa que trocou o silêncio por uma catrefada de disparates.
Manuela Ferreira Leite
LNT
Perceber o silêncio mortal no
fundo de uma gargalhada é entender
a angústia do condenado
ao ver o carvalho,
ponto final da matéria
suspenso de um galho
esmagando o último sopro e,
o corpo,
relógio de muitas voltas dadas
completará o seu último ciclo,
e marcará a
eternidade do momento e
se quedará para todo o sempre.
A mente separada do corpo
vagueia por etéreas estrelas,
mas o corpo, matéria frágil,
decadente,
vagueia por esquinas de pedra,
medo
raiva
pecado,
sem sentido, desnorteado, à procura do nada.
olhos já cegos, as lágrimas que secaram
os pés que choram em
sapatos desassossegados
já disformes de tanto cansaço
tropeçam em corpos semelhantes
tão famintos
esfarrapados
silenciosos
que não se queixam,
já não se importam
as dores às vezes esquecidas no
fundo de uma garrafa.
As mãos ainda arregassam a alma,
e espantam, às vezes, o esquecimento;
outras vezes,
um sorriso infantil em noite de natal,
a desesperança na esperança de saber
o nome por que o chamarão
não importa se amanhã
mas esse dia,
num amanhã qualquer
acabará por acordar
Concebida como parte de um conjunto de dez casas, cada uma destinada a um canto de Os Lusíadas, de Luís de Camões, a casa Machina Mundi é dedicada ao Canto X. Neste trecho, o poeta descreve a explicação dada pelas ninfas aos argonautas Portugueses sobre o funcionamento do universo de acordo com a ideia de Machina Mundi.
Bernardo Rodrigues interpretou esta encomenda, inicialmente destinada aos jardins de um solar do século XV no Ribatejo, como uma casa que está de acordo com as leis de que o universo é uma "máquina etérea e elementar", "sem princípio nem fim". E projectou um espaço simultaneamente do passado, do presente e do futuro, com reminiscências tanto às novas tecnologias, como os sistemas de energias renováveis, como ao pensamento clássico renascentista, evocando arquitectos deste período como Bruneleschi.
E conferiu um valor cénico à casa, cuja forma se assemelha tanto a uma ave como a uma nave espacial. Esta solução permitiu extravasar os limites de tempo e espaço geralmente associados a uma habitação: por um lado dá- -lhe uma conotação de algo fora do espaço tradicionalmente conhecido para habitar e acentua o seu carácter etéreo. Por outro, evoca a "intemporalidade" por sugerir tanto o futuro (nave espacial) como o passado ou e o eterno (a ave).
Por outro lado, a forma esférica da cúpula, que domina a volumetria da casa, remete para as definições de universo contemporâneas a Camões, como a baseada em Ptolomeu, que sugeriam que o universo era constituído por uma esfera, cujo centro era a Terra e a partir da qual giravam planetas e estrelas.
A casa é organizada a partir desta grande cúpula, de cerca de quinze metros de diâmetro, para onde os espaços sociais e "públicos" da casa convergem no piso da entrada, esta forma aloja salas e cozinha, e em particular a mesa de refeições, colocada no centro geométrico da projecção circular da esfera. Duas piscinas, uma interior e outra exterior, completam este nível. No piso imediatamente superior localizam-se dois quartos, numa plataforma que sustenta a cúpula, e a biblioteca/sala de leitura, estes últimos em forma circular e já dentro da cúpula. O último piso é ocupado por um quarto, na plataforma de base, e por uma grande espiral, que vai fechando a cúpula.
Os interiores destes espaços são pontuados de acontecimentos, ora subtis ora dramáticos, mais uma vez com forte carácter cénico e simbólico: a título de exemplo, a sala de leitura tem uma frincha no sentido norte-sul que deixa entrar um raio de luz que aponta para a piscina exterior. Noutras ocasiões, este feixe vai inundar a cúpula de luz, criando um efeito cintilante, semelhante ao céu inebriado de estrelas.
A cúpula é totalmente revestida a painéis solares, extremamente finos, que recebem a luz e a transformam em energia eléctrica para alimentar a casa. Estas superfícies, que aludem a asas de uma ave pela forma e agrupamento, têm a particularidade de se adaptarem ao movimento do Sol optimizando esta fonte de energia natural e inesgotável. É uma opção que reflecte as escolhas de Bernardo Rodrigues em enfatizar a casa enquanto sistema ou máquina, mas também de a tornar o mais sustentável possível do ponto de vista de consumo energético.
Sentas-te
o outro senta-se
[um desconhecido]
entre vós uma nuvem de crânios estarrecidos
suporta
dois copos,
uma garrafa.
Serves o outro
serves-te
Ergues o copo, "Saúde";
O outro, com voz rouca, proclama, "Saúde".
O líquido é levado às bocas
aquece as gargantas
afunda-se nos estômagos.
Um arrepio sobe até à cabeça e
é expulso pelos cabelos
quente
é fogo
não arde
estão mortos
haviam esquecido.
Quatro estações do ano e nenhuma quinta para se decidir por uma delas
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Era tão grande o seu amor por ela que teria conseguido levantar a tampa do caixão - se a flor que ela aí colocou não fosse tão pesada.
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O abraço dela durou tanto que o amor deseperou deles.
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Tinha chegado o dia do juízo e, para se procurar a maior das infâmias, a cruz foi pregada em Cristo.
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Enterra a flor e põe o homem sobre esta campa.
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A hora saltou do relógio, pôs-se à frente dele e ordenou-lhe que andasse certo.
Paul Celan - A arte poética [O Meridiano e outros textos] - Edições Cotovia, 1996, e Suhrkamp Verlag, Frankfurt am Main, 1971.
sinopse
Pierre (Romain Duris), um jovem bailarino parisiense, descobre que sofre de uma doença que lhe poderá ser fatal. A perspectiva da morte faz com que valorize a sua vida e a das pessoas com quem se cruza diariamente no seu bairro, seja a sua irmã (Juliette Binoche), os vizinhos ou os comerciantes. Através de um novo olhar, Pierre assiste ao desenrolar das histórias destas pessoas, dos seus problemas, dos seus encontros e das suas emoções...
intérpretes
Juliette Binoche, Romain Duris, Fabrice Luchini
Na cama
um corpo horizontal
cabeça inclinada
os braços, a bússula da alma
este,
oeste.
Um lençol branco, imaculado esconde o sexo,
morto,
veias secas,
de repente se empertiga em
cores, muitas cores,
milhões de cores,
de luz, muita luz,
milhões de luzes
que rebentam as paredes do quarto
e o corpo com tamanho espanto
solta-se num grande salto
incendeia a janela e
voa até ao infinito.
João Ubaldo Ribeiro, Prémio Camões 2008, acaba de assinar contrato com as Edições Nelson de Matos para a publicação em exclusivo da sua obra literária em Portugal.
O plano de edições iniciar-se-á no início do próximo ano com a publicação em simultâneo dos seus romances Viva O Povo Brasileiro (Prémio Jabuti e Prémio Golfinho de Ouro em 1985) e com A Casa dos Budas Ditosos (de 2000) e a que se seguirá, ainda antes da data de entrega do Prémio Camões 2008, o romance Miséria e Grandeza do Amor de Benedita. Até agora, João Ubaldo Ribeiro era publicado pela Dom Quixote.
O primeiro livro que João Aguiar lança com a chancela da Porto Editora, é uma sátira aos romances que exploram teorias da conspiração. É também uma rábula a romances como "O Código da Vinci", a que o autor nunca se refere mas sobre o qual deixa uma série de analogias enquanto aproveita para ajustar contas com um certo modo de estar na sociedade portuguesa neste mundo globalizado e de grandes grupos económicos
Gonçalo M. Tavares acaba de receber em Itália o Prémio Internacional Trieste 2008, com o livro “1″, originalmente publicado na Relógio D’Água.
É a décima primeira edição do Premio Internazionale Trieste-Poesia.
O prémio é composto por uma parte monetária, no valor de mil e quinhentos euros, e por uma obra de arte. O autor estará presente na noite de sexta-feira, 21 de Novembro, em Trieste, para receber o prémio.
Nos anos anteriores ganharam este prémio autores como Justo Jorge Padròn (Espanha),Alvaro Mutis (Colombia), Tahar Ben Jelloun ( Marrocos/ França - participou no VI Simpósio Sete Sóis Sete Luas, na biblioteca municipal de Santa Maria da Feira , a 1 de Dezembro de 2007) e Omar Lara (Chile).
(retirado do blog Ciberescritas)
O MÁGICO NO INTERIOR DO SEU CÍRCULO
Exposição de pintura e escultura de obras de Alfredo Luz, João Ribeiro, Rui Matos e Vitor Ribeiro naGaleria Ao-Quadrado, em Santa Maria da Feira.
De 15 de Novembro a 31 de Dezembro
No barro
caem pequenas esfinges de suor
nascidas em olhos espantados
moldando a tua imagem
a minha semelhança
almas gémeas
gotas iguais.
Dedos hábeis
raízes da cabeça
sopram mistérios invisíveis
e nasce a alma, depois dos gritos,
uma boca
vermelha
perfumada cereja
o coração e,
depois todo o resto.
Fecha-se o círculo
e o mistério encerra-se
nas extremidades
dos dedos dos pés.
Aguaviva
Patxi Andion
LOCAL Guimarães, Centro Cultural Vila Flor - Avenida D. Afonso Henriques, 701
HORARIOS De 13-11-2008 a 22-11-2008
Todos os dias
PREÇO Passe Festival: 80€.
SÍTIO OFICIAL http://www.aoficina.pt
A cabeça pousada nos meridianos do círculo
os dedos afagam a aliança
promessas feitas
envoltas em sombras
que regurgitam lembranças escondidas
que a noite é parda
o silêncio cristal de pedra
uma lua de névoa
e a memória
que já não tem cor
se tolhe
morre em labirintos
fingidores de sonhos
jovens
que teve
já esqueceu
e não quer lembrar
Uma felicidade nos dedos
um fluir cálido o sol
captado no repouso sobre a mesa
e escrito aqui um sol tão rápido
Nada se separa sob os dedos
ignorantes da divisão do vidro
E se o pássaro fica
sem o canto
não o sabem os dedos
Eles deslizam sobre a superfície
na absoluta densidade indesvendável
Poema extraído do livro Antologia poética, de António Ramos Rosa, Publicações D. Quixote, 2001
alguém salgado porventura
te
toca
entre as omoplatas,
alguém algures sopra quente nos ouvidos,
e te apressa, enquanto corres
algumas braças acima
do chão fluido, leva-te a luz e subleva,
tão aturdidos dedos e sopros,
até ao recôndito,
alguma vez tocaram nas têmporas e nos testículos, alto,
baixo,
com mais mão de sangue e abrasadura,
e te cruzaram nesse furor,
e criaram, com bafo
ardido, ásperos sais nos dedos, e te levaram,
a luz corrente lavrando o mundo,
cerrado e duro e doloroso, acaso
sabias
a que domínios e plenitudes idiomáticas
de íngremes ritmos, que buraco negro,
na labareda radioactiva,
bic cristal preta onde atrás raia às vezes
um pouco de urânio escrito
Jacinto Lucas Pires é o vencedor do Prémio Europa - David Mourão-Ferreira, atribuído pela Universidade de Bari e pelo Instituto Camões, que permitirá a tradução e publicação das suas obras nos países da União Europeia e do Mediterrâneo. O escritor, de 34 anos, que lançará a 19 de Novembro um livro de contos intitulado "Assobiar em Público", editado pela Cotovia, foi distinguido por um júri presidido pelo filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço, indicou hoje a Cotovia, em comunicado.
O prémio, cujo objectivo é difundir a língua portuguesa e as culturas dos países lusófonos, homenageando o poeta David Mourão-Ferreira, é promovido pelo Centro de Estudos Lusófonos - Cátedra David Mourão-Ferreira, da Universidade de Bari e do Instituto Camões, com o patrocínio do Instituto Camões, Universidade de Bari, Câmara de Bari, Região da Apúlia, Banco Unicredit e outras entidades italianas e estrangeiras.
Jacinto Lucas Pires nasceu no Porto em 1974, vive em Lisboa e nos últimos dez anos publicou quatro livros de teatro, cinco de ficção e um de viagens. [sic.pt]
As trompetas, sopradas por cabeças gretadas, anunciam os mágicos que desfilam em triunfo pelas avenidas da cidade. Celebra-se o maior feito da humanidade depois da invenção da roda: a invenção, por portugueses, de um supercomputador que tem o nome glorioso de "Magalhães".
Um grande cartaz com os dizeres "Sim, Eu posso" abre a cabeça da parada transportado pelo magnífico e genial Hugo Chavez; mais atrás alguns professores do ensino básico exibem, com galhardia, coroas com cabeças de burro, e encenam com rigor de alunos bem comportados o remar glorioso dos marinheiros em barcos acostados em doca seca.
E, para grande júbilo da multidão, debaixo de um magnífico pálio, empunhado por ministros, secretários de estado, ex-ministros e ex-administradores do BPN, o grande José Sócrates - o mago divino - transportando nas suas mãos de orago o sacrário com a descoberta que a humanidade jamais sonhou ter.